Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Forte e fiel a si mesmo, Nenhum de Nós canta contra os ventos no 17º álbum

Resenha de CD
Título: Sempre é hoje
Artista: Nenhum de Nós
Gravadoras: Imã Records (edição física) e Deck (edição digital)
Cotação: * * * 1/2

 Ontem ou hoje, o grupo gaúcho Nenhum de Nós é sempre o mesmo. E isso é um elogio no caso da já longínqua trajetória de Thedy Correa (voz), Carlos Stein (guitarra), João Vicenti (teclados, acordeom e vocais), Sady Homrich (bateria e percussão) e Harvey Veco Marques (guitarra e violão de 12 cordas). Sem querer impressionar ou soar moderno em seu 17º álbum, Sempre é hoje, o quinteto alterna rocks e baladas com a habitual competência. Escalado para produzir o disco, cujo título Sempre é hoje homenageia Gustavo Cerati (1959 - 2014) ao reproduzir o nome de álbum do roqueiro argentino, o carioca JR Tostoi parece ter entendido o sentido de continuidade que pauta a discografia do Nenhum de Nós, diluindo sua forte marca de produtor e guitarrista para realçar a personalidade musical do grupo ao longo das 10 músicas inéditas e autorais do álbum. "Não é fácil / Cantar correndo contra o vento / Sonhar lutando contra o tempo", reconhece o grupo em versos de Milagre (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti), rock de cepa pop lançado em maio como single digital para anunciar a chegada do álbum que sucede o CD e DVD Contos acústicos de água e fogo (Radar Records, 2013) na discografia do Nenhum de Nós. Não é fácil mesmo. O fato de ter emplacado quatro hits nacionais entre 1987 e 1990 com seus três primeiros álbuns - Camila, Camila (Thedy Correa, Sady Homrich e Carlos Stein, 1987), a controvertida versão O astronauta de mármore (Starman) (David Bowie, 1972, em versão de Thedy Correa, Sady Homrich e Carlos Stein, 1989), Eu caminhava (Thedy Correa, Sady Homrich e Carlos Stein, 1989) e Sobre o tempo (Thedy Correa) - não evitou que, ao longo dos anos 1990, difíceis para a geração pop revelada na década anterior, o Nenhum de Nós fosse empurrado novamente para longe demais das capitais. Mas lá, longe demais das capitais que ditam sons e modas, o grupo seguiu com a coerência observada em Sempre é hoje. Quem atravessou o milênio com fidelidade ao Nenhum de Nós vai reconhecer de imediato o d.n.a. desse resistente grupo em rocks como Descompasso (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti) e Amanhã (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti), dois destaques do repertório do álbum. Na seara das baladas, os maiores trunfos são a apaixonada canção Se você ficar um pouco mais (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti) e Foi amor, esta criada e entoada por Thedy Correa com a cantora e compositora mineira Roberta Campos em gravação feita com as cordas do Quinteto da Paraíba, que soam mais reluzentes em Estrela do Oriente (Thedy Correa e Estevão Camargo), tema que encerra Sempre é hoje em grande estilo, atenuando a sensação de que, por vezes, o álbum soa linear. Talvez porque o Nenhum de Nós tenha sido extremamente fiel a si mesmo neste disco que evoca com sutileza o regionalismo da música gaúcha através do toque do acordeom de João Vicenti em Total atenção (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti). Nem as guitarras de Jr. Tostoi - postas em Caso raro (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti) e Colhendo tempestades (Thedy Correa e Fábio Cascadura), canções que versam sobre amores feliz e infeliz, respectivamente - diluem a identidade do Nenhum de Nós. Cantando contra os ventos fracos do mercado fonográfico, o grupo reafirma sua força - e sua personalidade.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Ontem ou hoje, o grupo gaúcho Nenhum de Nós é sempre o mesmo. E isso é um elogio no caso da já longínqua trajetória de Thedy Correa (voz), Carlos Stein (guitarra), João Vicenti (teclados, acordeom e vocais), Sady Homrich (bateria e percussão) e Harvey Veco Marques (guitarra e violão de 12 cordas). Sem querer impressionar ou soar moderno em seu 17º álbum, Sempre é hoje, o quinteto alterna rocks e baladas com a habitual competência. Escalado para produzir o disco, cujo título Sempre é hoje homenageia Gustavo Cerati (1959 - 2014) ao reproduzir o nome de álbum do roqueiro argentino, o carioca JR Tostoi parece ter entendido o sentido de continuidade que pauta a discografia do Nenhum de Nós, diluindo sua forte marca de produtor e guitarrista para realçar a personalidade musical do grupo ao longo das 10 músicas inéditas e autorais do álbum. "Não é fácil / Cantar correndo contra o vento / Sonhar lutando contra o tempo", reconhece o grupo em versos de Milagre (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti), rock de cepa pop lançado em maio como single digital para anunciar a chegada do álbum que sucede o CD e DVD Contos acústicos de água e fogo (Radar Records, 2013) na discografia do Nenhum de Nós. Não é fácil mesmo. O fato de ter emplacado quatro hits nacionais entre 1987 e 1990 com seus três primeiros álbuns - Camila, Camila (Thedy Correa, Sady Homrich e Carlos Stein, 1987), a controvertida versão O astronauta de mármore (Starman) (David Bowie, 1972, em versão de Thedy Correa, Sady Homrich e Carlos Stein, 1989), Eu caminhava (Thedy Correa, Sady Homrich e Carlos Stein, 1989) e Sobre o tempo (Thedy Correa) - não evitou que, ao longo dos anos 1990, difíceis para a geração pop revelada na década anterior, o Nenhum de Nós fosse empurrado novamente para longe demais das capitais. Mas lá, longe demais das capitais que ditam sons e modas, o grupo seguiu com a coerência observada em Sempre é hoje. Quem atravessou o milênio com fidelidade ao Nenhum de Nós vai reconhecer de imediato o d.n.a. desse resistente grupo em rocks como Descompasso (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti) e Amanhã (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti), dois destaques do repertório do álbum. Na seara das baladas, os maiores trunfos são a apaixonada canção Se você ficar um pouco mais (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti) e Foi amor, esta criada e entoada por Thedy Correa com a cantora e compositora mineira Roberta Campos em gravação feita com as cordas do Quinteto da Paraíba, que soam mais reluzentes em Estrela do Oriente (Thedy Correa e Estevão Camargo), tema que encerra Sempre é hoje em grande estilo, atenuando a sensação de que, por vezes, o álbum soa linear. Talvez porque o Nenhum de Nós tenha sido extremamente fiel a si mesmo neste disco que evoca com sutileza o regionalismo da música gaúcha através do toque do acordeom de João Vicenti em Total atenção (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti). Nem as guitarras de Jr. Tostoi - postas em Caso raro (Thedy Correa, Carlos Stein, Harvey Marques, Sady Homrich e João Vicenti) e Colhendo tempestades (Thedy Correa e Fábio Cascadura), canções que versam sobre amores feliz e infeliz, respectivamente - diluem a identidade do Nenhum de Nós. Cantando contra os ventos fracos do mercado fonográfico, o grupo reafirma sua força - e sua personalidade.

Cristiano RM disse...

capa bem legal