Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Francis e Guinga unem canções e afetos em álbum grande como suas obras

Resenha de CD
Título: Francis e Guinga
Artista: Francis Hime e Guinga
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

 Os caminhos musicais de Francis Hime e Guinga se cruzaram em 1976 na gravação de Canto das três raças, álbum que marcou o encontro da cantora mineira Clara Nunes (1942 - 1983) com o compositor e produtor carioca Paulo César Pinheiro. No registro da valsa Ai, quem me dera (Vinicius de Moraes), uma das dez músicas do disco, Guinga tocou o violão do arranjo criado por Francis. Nasceu ali uma admiração entre os dois compositores e músicos cariocas que, 37 anos depois, gera o primeiro disco gravado em dupla pelos artistas. Francis e Guinga - o CD que a gravadora Biscoito Fino está lançando neste mês de fevereiro de 2013 - irmana as obras dos dois compositores na mesma estrutura do roteiro do show estreado por Francis e Guinga em 23 de outubro de 2012 no Studio RJ, no Rio de Janeiro (RJ), dentro do evento Noite Jazzmania (clique aqui para ler a resenha do show postada em Notas Musicais). Os cancioneiros dos compositores se entrelaçam em medleys que unem as músicas por afinidades rítmicas e temáticas, sendo que, normalmente, um compositor dá voz à música do outro. A noiva da cidade (Francis Hime e Chico Buarque, 1976), por exemplo, é entoada (lindamente) por Guinga no medley que a une com Senhorinha (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1986), cantada por Francis no tom de modinha que pauta a faixa. Aliás, além de excepcional compositor, de talento atestado já nos anos 70 por cantoras como a citada Clara Nunes e Elis Regina (1945 - 1982), Guinga foi se revelando intérprete capaz de alcançar emoções profundas com sua voz rouca. Seu solo em Saudade de amar (Francis Hime e Vinicius de Moraes, 1966) - música da fase em que Francis era visto como um dos expoentes da segunda fase da Bossa Nova - é um dos ápices deste disco que realça todo o lirismo e toda a poesia de obras de almas afins. Essa irmandade salta aos ouvidos quando Francis canta Noturna (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1991), para citar somente um exemplo. Não, Francis não é um intérprete tão imponente quanto Guinga. Contudo, mesmo que não atinja profundas regiões emotivas com sua voz sempre bem colocada, Francis também se mostra um intérprete habilidoso ao abordar temas do colega como Mar de Maracanã (Guinga e Edu Kneip, 2007). Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que expõe as afinidades entre os cancioneiros dos compositores ao irmaná-los em medleys como o que junta Porto de Araújo (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1989) com Desacalanto (Francis Hime e Olivia Hime, 2006) e o que une Saci (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1993) com Parintintin (Francis Hime e Olivia Hime, 1980), o CD Francis e Guinga também realça as individualidades dos autores. Fica nítido que é de Francis o desenho melódico da segunda parte da instantânea obra-prima A ver navios, uma das duas inéditas parcerias de Francis com Guinga lançadas no disco. A ver navios navega em águas densas, no tom poético dos versos de Olivia Hime, letrista do tema. Quase tão genial quanto A ver navios, a outra parceria inédita de Francis e Guinga, Doentia, tem versos de Thiago Amud, que perfila na letra o caráter escorregadio de mulher que "tem a lábia de uma atriz". Enfim, diante da magnitude das obras de Francis Hime e Guinga, o álbum Francis e Guinga - gravado somente com o piano de Francis e o violão de Guinga - logo se impõe naturalmente como um grande disco ao cruzar harmoniosamente as canções e os afetos destes dois gênios da Música Popular Brasileira em união pautada por uma beleza atemporal.

Demitido do Stone Temple Pilots, cantor Scott Weiland aciona advogados

Tudo indica que o Stone Temple Pilots - grupo norte-americano de rock, formado em 1986, dissolvido em 2003 e reagrupado em 2008 - vai ter que explicar na Justiça a demissão, via Facebook, de Scott Weiland. Vocalista e fundador da banda, Weiland já acionou seus advogados para que Dean DeLeo (guitarra), Eric Kretz (bateria) e Robert DeLeo (baixo) expliquem a decisão - unilateral, ao que parece - perante a lei. De todo modo, Weiland já planeja turnê solo. Já o grupo - que voltou ao mundo do disco em 2010 com o álbum  Stone Temple Pilots e lançou em junho de 2012 o DVD Alive in the windy city - se limitou a comunicar ao universo pop a demissão de Weiland sem entrar em detalhes sobre a razão da dispensa e sem revelar quais são os próximos passos da banda. O clima obviamente está tenso.

Regionalismo pop de 'A fim de onda' firma Luê na maré de vozes do Pará

Resenha de CD
Título: A fim de onda
Artista: Luê
Gravadora: Edição independente da artista
Cotação: * * * *

A maré está para artistas do Norte, sobretudo os do Pará, Estado cercado de aura hype na mídia desde o sucesso nacional de Gaby Amarantos em 2012.  Não por acaso, a maré está cheia de cantoras paraenses em busca de visibilidade nacional. Luê é uma delas e uma das que mais têm chances de se firmar na cena pop brasileira quando a onda nortista passar. Seu primeiro álbum, A fim de onda, deixa ótima impressão com um regionalismo pop urdido sem clichês. Produzido por Betão Aguiar, o disco soa leve com a voz suave dessa cantora de Belém (PA) que estudou violino clássico dos nove aos 21 anos e, depois, passou para a rabeca, instrumento que toca em seis das dez faixas deste seu promissor CD de estreia. A fim de onda acerta ao cruzar a ponte que liga Belém a São Paulo (SP) e a Recife (PE) em busca de músicos como o baterista Pupillo (músico da banda pernambucana Nação Zumbi), o também baterista Curumim, Guizado (presente ao longo do CD com seu trompete sonoro) e o guitarrista Régis Damasceno (do grupo cearense Cidadão Instigado) e o também guitarrista Edgard Scandurra. Aliada ao bom repertório selecionado por Luê, a sonoridade resultante da união desses músicos - ao qual se juntam eventualmente músicos do Pará, como o guitarrista Felipe Cordeiro e os integrantes da banda Strobo - impõe A fim de onda como um dos melhores discos brasileiros deste primeiro bimestre de 2013. Música composta por Luê com Betão Aguiar, letrada por Arnaldo Antunes, a faixa-título A fim de onda é abolerada delícia pop apimentada com toque de cha-cha-cha - amostra da bem-sucedida mistura pop de ritmos do Norte do Brasil com gêneros da América Latina que pauta o álbum. Cabeça (Leonardo Reis e e Peu Meurray), por exemplo, combina a levada do ijexá, o balanço da cumbia e uma pitada de dub em música cujos versos destilam um romantismo mais alegre do que o de Onde andará você? (Alípio Martins e Jesus Couto), bom tema da lavra popular do cantor e compositor paraense Alípio Martins (1944 - 1997). Nesta faixa, Luê dá suave tratamento pop ao brega, diluindo o chororô romântico da letra trivial. Já gravada por Jussara Silveira em seu CD Ame ou se mande (Joia Moderna, 2011), Bom (André Carvalho e Qinho) se ambienta bem no clima arejado de A fim de onda. Parceria de Ronaldo Silva com o pai de Luê, Junior Soares, Nós dois é xote que se insinua sensual no toque de múltiplas cordas (dos violões, das guitarras e da rabeca). Junior Soares e Ronaldo Silva também assinam o zouk Faróis nessa mesma linha romântica. Faixa que mais identifica o Pará na intercontinental rota rítmica do disco, Sei lá (Felipe Cordeiro) combina as guitarra(da)s do compositor do tema e de seu pai, Manoel Cordeiro, ícone da música paraense. Com Luê e Betão Aguiar, Felipe Cordeiro também assina Se colar, faixa de menor poder de sedução que transita na ponte Pará-América Central que liga o repertório de A fim de onda. Menos palatável no confronto com as outras músicas do disco, Prática repõe em evidência o talento de André Carvalho como compositor. A faixa tem o toque da(s) guitarra(s) de Edgard Scandurra. Por fim, Cavalo marinho (Ronaldo Silva e Renato Torres) emerge das águas psicodélicas da banda Strobo, revelação da efervescente cena de Belém (PA). No todo, A fim de onda é belo CD que mostra que a maré está para Luê.

Grupo Terço volta ao estúdio para retocar faixas de DVD filmado em 2012

Postada por Flávio Venturini em seu Facebook, a foto acima flagra os músicos do grupo carioca O Terço em estúdio. Venturini (teclados), Sérgio Hinds (guitarra), Sérgio Magrão (baixo) e Fred Barley - substituto do baterista Sérgio Melo, que está nos Estados Unidos - entraram em estúdio neste mês de fevereiro de 2013 para refazer faixas do DVD filmado em 2012. O retoque no DVD foi feito com a adesão do baixista Cezar de Mercês (de camisa lilás na foto).

Titã Sergio Britto finaliza CD solo que agrega Alaíde, Rita, Roberta e Toto

Gravado ao longo de 2012, o quarto CD solo do titã Sergio Britto já está em fase final de masterização. Intitulado Pura bossa nova, o sucessor de A minha cara (2000), Eu sou 300 (2006) e SP55 (2010) vai apresentar 12 músicas da lavra autoral do cantor e compositor paulista. Produzido por Emerson Villani com Guilherme Gê, o disco alinha participações das cantoras Alaíde Costa (uma das vozes femininas da Bossa Nova nos anos 60), Eugênia Brusa (cantora argentina, convidada de uma canção composta em espanhol por Britto), Marcela Mangabeira, Rita Lee e Roberta Sá. O violonista uruguaio Toto Mendez também figura no CD. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Após Damon Harris, sai de cena Richard Street, outro Temptation dos 70

Nove dias após a morte do cantor Damon Harris (17 de julho de 1950 - 18 de fevereiro de 2013), integrante do grupo The Temptations entre 1971 e 1975, sai de cena outra voz que ingressou no conjunto na década de 70. Richard Street (5 de outubro de 1942 - 27 de fevereiro de 2013) saiu hoje de cena em Las Vegas (EUA), aos 70 anos, vítima de embolia pulmonar. Tal como Harris, Street ingressou no Temptations em 1971 - para substituir o vocalista principal, Paul Williams - mas sua permanência no grupo foi mais duradoura do que a de Harris. Street permaneceu no grupo até 1993. Mas sua carreira começara, a rigor, em 1959, quando se tornou o vocalista principal de Otis Williams & the Distants, conjunto que foi uma semente dos Temptations, no qual Street deu sua (bela) voz a temas como Papa was a rollin' stone (1972).

No Doubt para turnê e entra em estúdio para gravar sétimo CD de inéditas

O grupo norte-americano No Doubt interrompeu a turnê promocional de seu sexto álbum de estúdio - Push and shove (2012),  disco que levou três anos para ser concluído e que marcou a volta do quarteto da Califórnia (EUA) ao mercado fonográfico após hiato de 11 anos - e entrou em estúdio para começar a trabalhar no repertório de seu sétimo álbum de inéditas. Na realidade, o No Doubt já está em estúdio desde janeiro, mas somente anunciou a mudança de planos - decorrente do fato de a vocalista e compositora do grupo, Gwen Stefani, ter se inspirado para compor durante a turnê - neste mês de fevereiro de 2013, através do facebook. 

DVD capta Flack em 1975, no auge, em show com sinfônica de Edmonton

Em 1975, a cantora, compositora e pianista norte-americana Roberta Flack ainda colhia os louros por dois grandes sucessos mundiais quando dividiu o palco com The Edmonton Symphony Orchestra - longeva sinfônica de Edmonton, no Canadá -  em show que, filmado para a TV, ganhou em 2012 edição em DVD, recém-lançado no Brasil pela gravadora ST2. Os dois grandes sucessos mundiais de Flack na época eram  The first time ever i saw your face - música composta por Ewan MacColl e Peggy Seeger em 1957 e regravada por Flack em 1969 em registro que se tornou hit internacional em 1972 ao ser popularizada na trilha sonora Play Misty for me, primeiro filme dirigido pelo ator e cineasta norte-american Clint Eastwood - e Killing me soflty with his song (Charles Fox e Norman Gimbel, 1973), tema que inspirou o título do quarto álbum solo de Flack e que seria repaginado pelo trio The Fugees em 1997. Estes dois hits internacionais tornaram Flack uma das cantoras mais bem-sucedidas dos Estados Unidos na primeira metade dos anos 70. Não por acaso, Killing me soflty with his song abre o DVD Roberta Flack in concert with The Edmonton Symphony Orchestra enquanto The first time ever i saw your face fecha o roteiro de apenas oito músicas que totalizam os 50 minutos de show exibidos pelo DVD. Entre um hit e outro, Flack dá voz com a sinfônica de Edmonton a temas como Suzanne (Leonard Cohen), Reverend Lee - gravado pela cantora em seu segundo álbum, Chapter two (1970) - e Jesse (Janis Ian). O detalhe é que, como o show foi filmado para a TV, o áudio do DVD é apenas 2.0. De toda forma, é um registro de Flack em seu auge.

Sai no Brasil edição que festeja 30 anos de álbum popular do Judas Priest

Embora há quem aponte o álbum British steel (1980) como a obra-prima da discografia do Judas Priest, o grupo britânico de heavy metal atingiu pico de popularidade e vendas com outro álbum, Screaming for vengeance, lançado em julho de 1982. Consta que este disco teria vendido mais de cinco milhões de cópias ao redor do mundo, no embalo do grande sucesso dos singles You've got another thing comin', (Take these) Chains e Electric eye. Por isso mesmo, a banda produziu em 2012 a Special 30th anniversary edition do álbum com seis faixas-bônus que incluem Prisoner of your eyes e cinco registros ao vivo de músicas do álbum original, reposto em catálogo em edição remasterizada. Lançado no Brasil neste mês de fevereiro de 2013, a edição de 30 anos de Screaming for vengeance vem com DVD, que exibe a gravação ao vivo do show feito pelo Judas Priest em 29 de maio de 1983 no US Festival, realizado em San Bernardino, na Califórnia (EUA). A edição especial inclui também libreto com texto do jornalista norte-ameicano Eddie Trunk e fotos de Mark Weiss. Mimo para metaleiros!

Timberlake se une a Mumford na trilha sonora de filme dos Irmãos Coen

Com estreia prevista para fevereiro de 2013 nos Estados Unidos, o novo filme dos Irmãos Coen, Inside Llewyn Davis, junta na trilha sonora o cantor e compositor norte-americano Justin Timberlake com o cantor e compositor inglês Marcus Mumford, mentor e vocalista do quarteto Mumford & Sons. Timberlake e Mumford fizeram, juntos, gravações para a trilha do filme que inspirado livremente na vida do cantor de folk Dave Van Ronk (1936 - 2002), que no filme se chama Llewyn Davis e é interpretado pelo ator Oscar Isaac. Timberlake figura no filme como ator. Aliás, a foto do post mostra o cantor (de barba) em cena de Inside Llewyn Davis.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Universal lança a edição em blu-ray de 'Músicas para churrasco ao vivo 1'

Gravado no Rio de Janeiro (RJ) em 20 de novembro de 2011, no Dia da Consciência Negra, o DVD Músicas para churrasco ao vivo na Quinta da Boa Vista vol. 1, ganha edição em blu-ray. Nas lojas a partir desta terça-feira, 26 de fevereiro de 2013, via Universal Music, o blu-ray tem o mesmo conteúdo do DVD lançado no fim de 2012. Clique aqui para (re)ler a resenha do registro ao vivo deste show em que Jorge faz a festa da raça ao lado de convidados como Caetano Veloso, Racionais MC's, Sandra de Sá e Zeca Pagodinho, entre outros nomes populares.

Faixas de Alceu, Djavan e Elba desabrocham na trilha de 'Flor do Caribe'

Ambientada no Rio Grande do Norte, a próxima novela das 18h da Rede Globo - Flor do Caribe, no ar a partir de 11 de março de 2013 - pode fazer desabrochar gravações de cantores como Alceu Valença, Djavan e Elba Ramalho (vista em foto de Lívio Campos). É que há fonogramas destes cantores na trilha sonora da trama de Walter Negrão. O artista pernambucano figura na trilha sonora de Flor do Caribe com Dona de 7 colinas, música de sua autoria, lançada pelo compositor no álbum Embolada do tempo (Indie Records, 2005). Djavan dá voz na trilha a Sorriso de luz, música de Gilson Peranzzetta e Nelson Wellington. A gravação foi feita pelo cantor alagoano para o CD Fonte das canções (Movieplay, 1997), de Peranzzetta. Já Elba emplacou Minha vida é te amar (Dominguinhos e Nando Cordel), um dos fonogramas de seu recém-lançado álbum Vambora lá dançar (Sala de Som Records, 2013). A trilha sonora de Flor do Caribe inclui também gravações de Dani Black (Miragem), Isabella Taviani (A canção que faltava), Luiza Possi (Cacos de amor, canção entoada com Zizi Possi), Marcelo Jeneci (Feito pra acabar), Maurício Manieri (Era só pra ser) e do grupo 5 a Seco (Em paz, faixa gravada pelo bom grupo paulista com a adesão de Maria Gadú), entre outros nomes.

Ao tentar unir samba e jazz, Andrea Dutra cai no sambalanço em 'Jamba'

Resenha de CD
Título: Jamba
Artista: Andrea Dutra
Gravadora: Mills Records
Cotação: * * 1/2

Andrea Dutra é cantora e compositora carioca que já transitou bastante pelas trilhas do funk e do soul. Foi vocalista da banda de Tim Maia (1942 - 1998) e já dividiu palcos com cantores como Seu Jorge e Sandra de Sá. Mas Dutra também caminha pelas trilhas do samba e do jazz à moda brasileira na cena do Rio de Janeiro (RJ). Em Jamba, CD produzido por Carlos Mills com a própria Andrea Dutra para o selo carioca Mills Records, a artista esboça mistura de samba e jazz, ainda que a funkeada Estilo (Paulo Bi) remeta à fase em que a cantora dava voz à black music. A fusão está exposta já no título Jamba, nome também de cidade do Senegal, país da Costa Oeste da África-mãe, matriz tanto do samba como do jazz, continente que inspirou Moacir Santos (1926 - 2006) na composição de Sou eu, afro-samba letrado por Nei Lopes que se destaca no repertório do disco. A rigor, a mistura tende para o samba. Os melhores momentos do disco são quando a cantora, com suingue, cai no sambalanço. Mandingueiro (Moacyr Luz e Aldir Blanc) exemplifica com brilho essa vertente. O entrosamento de Dutra com a banda do disco - Paulo Malaguti Pauleira (piano, arranjos e direção musical), Augusto Mattoso (baixo acústico), Zé Luiz Maia (baixo elétrico) e Rafael Barata (bateria) - salta aos ouvidos logo na primeira das 12 músicas de Jamba, o samba A criação, parceria inédita de Dutra com Fred Martins. O clima jazzy de algumas passagens do samba-canção Medo de amar (Vinicius de Moraes) sinaliza que o jazz é mais um tempero de Jamba do que uma matéria-prima da mistura. O disco começa bem, mas vai perdendo força. Há algumas composições menos inspiradas lá na segunda metade - em especial, os sambas Branquinha (Paulo Malaguti Pauleira e Andrea Dutra) e Mea culpa (Andrea Dutra) - e há o fato de Dutra não ser intérprete vocacionada para canções de alto teor emocional, caso de Sete véus (Fátima Guedes). Nessa seara mais densa, suas interpretações são apenas corretas. Como apenas corretas são também as abordagens de A ilha (Djavan) e de Muito romântico (Caetano Veloso). Já Vou procurar esquecer (Monarco e Ratinho) é samba tirado do fundo de seu nobre quintal com arranjo que o ambienta em clima de boate. Enfim, Jamba tem seus bons momentos. Mas cativa para valer quando Andrea Dutra cai no sambalanço, dividindo (bem) o tempero dos temas mandingueiros.

Branco de voz negra, Hucknall oscila ao requentar soul e r & b dos EUA

Resenha de CD
Título: American soul
Artista: Mick Hucknall
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *

Em 2008, quando estava em atividade como cantor do grupo inglês Simply Red, Mick Hucknall inaugurou sua discografia solo com Tribute to Bobby, álbum que celebrava o legado do cantor norte-americano de blues Bobby Blue Bland. Quatro anos depois, em 2012, já com o Simply Red desativado, Hucknall gravou e lançou no Exterior seu segundo álbum solo, American soul, editado no Brasil neste mês de fevereiro de 2013. Trata-se de mais um projeto de covers. Desta vez, o cantor aborda temas do soul e do r & b dos Estados Unidos. Gemas propagadas dos anos 50 aos 70. Como bem sabem os milhões de fãs do Simply Red, Hucknall é um branco ruivo de voz negra. Mesmo assim, as interpretações do artista oscilam ao longo das 12 faixas deste disco de alma retrô, traduzida visualmente no tratamento de imagem que faz a capa do CD parecer a capa de um vinil envelhecido. Mesmo sem jamais superar os originais, Hucknall - justiça seja feita - faz bonito em temas como I'd rather go blind (Jordan e Foster), sucesso da cantora norte-americana Etta James (1938 -2012), e I only have eyes for you (Harry Warren e Al Dubin), baladão glicosado de 1934 que fez sucesso em 1959 nas vozes do grupo norte-americano de doo wop The Flamingos, em evidência na década de 50. Hucknall vai bem em baladas de pegada r & b como Tell it like it is (George Davis e Lee Diamond), lançada em 1965 na voz do cantor norte-americano Aaron Neville. Em contrapartida, Hucknall jamais se impõe como intérprete de alentado blues como Baby what you want me to do (Reed) - sucesso em 1959 na gravação do bluesman Jimmy Reed (1925 - 1976) - e tampouco roça a alma de Otis Redding (1941 - 1967), imbatível intérprete de That's how strong my love is (Jamison). E o que dizer da abordagem descafeinada de Don't let me be misunderstood (Bennie Benjamim, Gloria Caldwell e Sol Marcus)? Melhor ouvir a gravação original feita por Nina Simone (1933 - 1993) em 1964 ou a releitura disco music do grupo Santa Esmeralda. Enfim, como Mick Hucknall é cantor de méritos vocais e como a seleção do repertório é irretocável e nada óbvia, American soul se torna um bom disco desde que se esqueça as comparações com as matrizes destas pérolas da música negra norte-americana. Hucknall tem mais voz do que alma.

Quarto CD do Reik sai no Brasil com duas faixas vertidas para português

Trio mexicano formado em 2003 por Jesús Navarro (voz), Julio Ramírez (guitarra acústica) e Gilberto Bibi Marín (guitarra elétrica), Reik investe no mercado brasileiro - com o aval da gravadora Sony Music - ao completar uma década de vida. Quarto álbum de estúdio do grupo, lançado em 2011, Peligro chega ao Brasil em 2013 com duas de suas 14 músicas vertidas para o português. Cred en ti foi traduzida literalmente e virou Creio em você. Música-bônus da edição especial de Peligro, lançada no México em 2012, Te fuiste de aquí ficou intitulada Partiu daqui na (também literal) versão em português. Em qualquer idioma, o pop rock do Reik soa inofensivo - ao contrário do que possa sugerir o nome de seu quarto álbum, Peligro.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Eis a capa de 'Ready to die', álbum que Iggy e Stooges lançam em abril

Esta é a capa de Ready to die, álbum que Iggy and The Stooges vão lançar em 30 de abril de 2013, em edição do selo Fat Possum Records. Produzido pelo guitarrista da banda, James Williamson, o sucessor do fraco The weirdness (2007) vai apresentar músicas inéditas como Burn e Sex & money. O álbum é o primeiro a juntar Iggy Pop com James Williamson e com o baterista Scott Asheton desde o antológico Raw power (1973). Como o guitarrista e baixista Ron Asheton (1948 - 2009) já saiu de cena, Mike Watt assume o baixo no disco, gravado no Fantasy Studios, em San Francisco (EUA), embora Iggy Pop tenha gravado em Miami (EUA) as vozes de faixas como I got a job but it don't pay shit e Gun. O disco foi finalizado em janeiro.

Três discos de Erasmo dos anos 70 são reeditados em box da série 'Tons'

Iniciada em 2012, com reedições de álbuns de Carlos Lyra, Fafá de Belém e Maysa (1936 - 1977), a série de Tons, da Universal Music, vai ter continuidade neste ano de 2013 - como a gravadora anunciou em comunicado oficial no ano passado. O jornalista pernambucano Cleodon Coelho, por exemplo, já prepara as novas reedições do box intitulado Três tons de Erasmo Carlos.  Foram selecionados os álbuns Carlos, Erasmo (1971), Sonhos e memórias 1941 . 1972 (1972) e Banda dos Contentes (1976) - três ótimos títulos da cultuada discografia do Tremendão na década de 70. Embora já reeditados em CD na caixa Mesmo que seja eu, lançada em 2002, com produção de Marcelo Fróes, os três álbuns já estavam fora de catálogo.

Adele ganha Oscar por conta de 'Skyfall', tema-título do 23º filme de 007

Como era esperado, Adele ganhou um Oscar de Canção Original por sua música Skyfall, composta pela artista inglesa com o produtor Paul Epworth para a trilha sonora do filme Operação Skyfall, 23º título da série de James Bond. A cantora interpretou a música concorrente na cerimônia realizada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood no Dolby Theatre, em Los Angeles (EUA), na noite de 24 de fevereiro de 2013. Mas o Oscar de Trilha Sonora Original - disputado por Thomas Newman pela trilha de Operação Skyfall - ficou com Mychael Danna pela música que compôs para o filme As aventuras de Pi.

Após recesso do Agridoce, Pitty retorna ao rock e grava disco de inéditas

Pitty vai voltar ao rock após o fim da turnê do duo Agridoce, que entra em recesso por tempo indeterminado a partir de abril. A cantora e compositora planeja gravar disco solo de inéditas para lançá-lo no segundo semestre de 2013. O último álbum solo de inéditas da artista foi Chiaroscuro (2009), que gerou o DVD e CD ao vivo A trupe delirante no Circo Voador (2011).

Música inédita de Ocean, possível sobra de 'Channel orange', cai na rede

Caiu na internet uma gravação inédita de música também inédita do cantor e compositor norte-americano Frank Ocean. Provável sobra das sessões de gravação do primeiro álbum do artista, Channel orange (2012), Eyes like sky é balada levada ao violão. Ocean, aliás, já grava seu segundo álbum com produtores como Pharrell Williams e Tyler - The Creator. Especula-se, aliás, que o cantor teria gravado faixa com Martin Gore (vocalista e músico do grupo inglês Depeche Mode) e Christopher Berg (um produtor do duo sueco de música eletrônica The Knife).

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Mariene de Castro lança o CD e DVD 'Ser de luz', em homenagem a Clara

Segundo registro ao vivo de show da cantora baiana Mariene de Castro, Ser de luz - Uma homenagem a Clara Nunes vai chegar às lojas a partir da próxima quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013, em edição da gravadora Universal Music. Como o subtítulo do CD e DVD já explicita, Ser de luz é tributo à cantora mineira Clara Nunes (1942 - 1983). Sob a direção musical de Alceu Maia, Mariene deu sua voz calorosa a 16 músicas lançadas por Clara entre 1971 e 1982 em seleção de repertório que prioriza os hits da cantora. O show foi gravado ao vivo no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 9 de outubro de 2012 com intervenções de Diogo Nogueira (no samba Juízo final, de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, lançado por Nelson em 1973 e regravado por Clara em 1975) e de Zeca Pagodinho (no partido alto Coisa da antiga, de Wilson Moreira e Nei Lopes, lançado por Clara em 1977). Eis os 16 sucessos de Clara Nunes regravados por Mariene de Castro no CD ao vivo e no DVD Ser de luz:

1. Minha missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1981) - do álbum Clara (1981)
2. Guerreira (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1978) - do álbum Guerreira (1978)
3. Menino Deus (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, 1974) - do álbum Alvorecer (1974)
4. Feira de mangaio (Sivuca e Glória Gadelha, 1977) - do álbum Esperança (1979)
5. Coisa da antiga (Wilson Moreira e Nei Lopes, 1977) - do álbum As Forças da Natureza (1977)
6. Morena de Angola (Chico Buarque, 1980) - do álbum Brasil Mestiço (1980)
7. Canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, 1976) - do álbum Canto das Três Raças (1976)
8. A deusa dos orixás (Romildo e Toninho, 1975) - do álbum Claridade (1975)
9. Juízo final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, 1973) - do álbum Claridade (1975)
10. Coração leviano (Paulinho da Viola, 1977) - do álbum As Forças da Natureza (1977)
11. Sem companhia (Ivor Lancellotti e Paulo César Pinheiro, 1980) - do álbum Brasil Mestiço (1980)
12. O mar serenou (Candeia, 1975) - do álbum Claridade (1975)
13. Ijexá (Edil Pacheco, 1982) - do álbum Nação (1982)
14. Conto de areia (Romildo e Toninho, 1974) - do álbum Alvorecer (1974)
15. Ê baiana (Fabrício da Silva, Ênio dos Santos Ribeiro, Baianinho e Miguel Pancracio, 1971) - do LP Clara Nunes (1971)
16. Portela na avenida (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, 1981) - do álbum Clara (1981)

'Straight out of hell', o 14º álbum da banda Helloween, é lançado no Brasil

Lançado no Exterior em janeiro deste ano de 2013, o 14º álbum de estúdio da banda alemã Helloween - uma  das pioneiras do subgênero rotulado como power metal - ganha edição no Brasil neste mês de fevereiro via Sony Music. Intitulado Straight out of hell, o disco apresenta 13 músicas inéditas que desenvolvem o estilo mais positivo - e menos apocalíptico - experimentado pelo quinteto em seu álbum anterior, 7 sinners (2010). Hold me in your arms (balada da lavra do baixista do grupo, Markus Grosskopf), World of war, YearsWaiting for the thunder, Wanna be God - faixa dedicada pelo grupo ao cantor inglês Freddie Mercury (1946 - 1991) - e o single Nabataea são músicas do álbum, produzido por Charlie Bauerfeind.

Elton John programa para setembro a edição do álbum 'The diving board'

Previsto de início para ser lançado no segundo semestre de 2012, o 31º álbum de estúdio de Elton John, The diving board, vai chegar efetivamente às lojas em setembro de 2013. Produzido por T Bone Burnett, o CD alinha 13 músicas inéditas - assinadas pelo cantor e compositor inglês com seu fiel parceiro Bernie Taupin, letrista da maior parte do cancioneiro de Elton desde os anos 70 - em repertório que transita por gospel, jazz e blues, entre outros ritmos norte-americanos. Disco calcado no piano de Elton, The diving board foi quase todo gravado no início de 2012 em Los Angeles (EUA), com (poucos) músicos como Raphael Saadiq (baixo) e Jay Bellerose (bateria). Contudo, insatisfeito com o material resultante dessas gravações, Elton registrou mais músicas no começo deste ano de 2013, fazendo com que o CD ficasse com 13 faixas. Uma delas, Voyeur, foi cogitada para dar nome ao disco, mas o artista acabou optando pelo título original The diving board. Eis, na ordem, as 13 músicas do 31º álbum de estúdio de Elton John, sucessor do CD de remixes Good morning to the night (2012):

1. Oceans away
2. Oscar Wilde gets out
3. A town called Jubilee
4. The ballad of Blind Tom
5. My quicksand
6. Can't stay alone tonight
7. Voyeur
8. Home again
9. Take this dirty water
10. The new fever Waltz
11. Mexican vacation (Kids in the candlelight)
12. Candlelit dedroom
13. The diving board

Araripe retorna ao disco, produzido por Baleiro, 31 anos após álbum 'cult'

Após cinco compactos lançados entre 1974 e 1978, o cantor e compositor cearense Tiago Araripe conseguiu em 1982 a chance de lançar seu primeiro LP, Cabelos de sansão. Lançado pelo selo Lira Paulistana por vias independentes, o álbum se tornou cult e influenciou artistas como Zeca Baleiro com sua fusão experimental da música nordestina com o universo pop. Tanto que Baleiro viabilizou em 2008, por seu selo Saravá Discos, a primeira reedição em CD de Cabelos de sansão. Pois o mesmo Baleiro é o parceiro e o convidado de Araripe em Baião de nós, faixa-título do segundo álbum do artista cearense. Baleiro não somente assina Baião de nós e também Esfinge com Araripe como produz este disco que repõe o cantor no mercado fonográfico após 31 anos de ausência involuntária. Já nos versos da primeira faixa de Baião de Nós - o reggae A quantas anda você?, uma das cinco músicas do disco assinadas por Araripe sem parceiros - fica nítida a influência da obra de Araripe na construção poética do cancioneiro de Zeca Baleiro. Embora nascido em Crato, no interior do Ceará, Araripe migrou para o Recife (PE), onde se integrou nos anos 70 à cena vanguardista de Pernambuco com o grupo Nuvem 33. Mais tarde, já em São Paulo (SP), o artista se associou aos artistas da Lira Paulistana. Tanto que seu cultuado álbum Cabelos de sansão contou com a participação de Itamar Assumpção (1949 - 2003) e Tetê Espíndola. Antes tarde do que nunca, Baião de Nós traz Araripe de volta ao mundo do disco com músicas como Feito Beatles, No centro do furacão e Canção do silêncio. "Que bom que ele tá produzindo como nunca! Melhor pra nós, seus fãs, que esperamos ansiosamente por um segundo disco do cara", saúda Zeca Baleiro em depoimento inserido ao fim do texto que apresenta Baião de nós para formadores de opinião.

Com Unidade, Saulo Duarte junta suingue do Norte com brega dos anos 1970

Resenha de álbum
Título: Saulo Duarte e a Unidade
Artista: Saulo Duarte e a Unidade
Gravadora: YB Music / Baritone Records
Cotação: * * * 1/2

 É fácil identificar ecos das canções de Odair José em Essa semana (Saulo Duarte), quarta das dez faixas do primeiro álbum de Saulo Duarte e a Unidade. A harmoniosa combinação do universo do brega dos anos 70 com o suingue do Norte é o mote do disco. Saulo é cantor, compositor e guitarrista nascido no Pará. Sua origem é perceptível no toque de carimbó embutido em Mistério no olhar (Saulo Duarte) - outra boa faixa do CD lançado pela YB Music neste mês de fevereiro de 2013 - e também no balanço da guitarra tocada pelo artista em temas autorais como Amor de piração (Saulo Duarte). Contudo, Saulo Duarte e a Unidade é disco de arquitetura pop cosmopolita, formatado com a ajuda de Carlos Eduardo Miranda. Onze horas (Saulo Duarte) - canção pop dividida por Saulo com Tulipa Ruiz - é exemplo de faixa que dribla os clichês regionais. De todo modo, o álbum tem espírito gregário. Radicado em São Paulo (SP) há mais de três anos, o artista lidera a banda A Unidade, na qual canta e toca guitarra ao lado de Beto Gibbs (bateria), João Leão (teclados) e Klaus Sena (baixo). A opção por desenvolver um projeto de banda dá unidade ao CD, ainda que a combinação de brega e balanço do Norte soe meio repetitiva lá pela segunda metade do álbum, sobretudo em músicas como Não vale a pena (Saulo Duarte e Beto Gibbs), Meu sonho é você (Saulo Duarte) - exemplo do romantismo despudorado que pauta as letras do CD - e Querida (Victor Hudson), faixa que explicita a reciclagem do brega dos 70. Mas há temas pautados por maior diversidade rítmica. Amor e outras cositas más (Saulo Duarte) adiciona rock à mistura pop de Saulo Duarte e a Unidade. Já Manda ela comprar im iglu (Beto Gibbs, Klaus Sena e Saulo Duarte) se acomoda na praia do reggae. E tudo acaba em samba aos quatro minutos de Que massa, tema gravado por Saulo com seus parceiros Daniel Groove e Diogo Soares. Enfim, mesmo que transitem por trilha não exatamente original (já seguida por outros artistas do Pará),  Saulo Duarte e a Unidade conseguem imprimir sua identidade sonora neste primeiro álbum.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Gravação de show feito por Bethânia em 2001 ganha edição em dois CDs

Intitulada Noite luzidia e lançada no formato de DVD pela gravadora Biscoito Fino, em dezembro de 2012, a gravação ao vivo do show comemorativo dos 35 anos de carreira de Maria Bethânia - apresentado na extinta casa Canecão, no Rio de Janeiro (RJ), em 4 de setembro de 2001, com lista estelar de convidados - vai ganhar edição em CD em março de 2013. Tal como no DVD, o show chega ao CD na íntegra, em dois volumes vendidos de forma avulsa pela Biscoito Fino. Eis a distribuição das 31 faixas nos dois volumes do CD Noite luzidia:

CD Noite luzidia 1:
1. Maria Bethânia - Instrumental com a banda
2. De manhã - com Caetano Veloso
3. O canto de Dona Sinhá (Toda Beleza Que Há) - com Vanessa da Mata e Caetano Veloso
4. Dona do dom - com Chico César
5. Primavera - com Carlos Lyra e Mariana De Moraes
6. Sina de caboclo
7. Opinião
8. Guantanamera
9. Diz que fui por aí
10. Nem o sol nem a lua nem eu - com Lenine
11. Quando você não está aqui - com Branco Melo e Arnaldo Antunes
12. Água e pão (Bahia)
13. Expresso 2222 - Instrumental com a banda de Maria Bethânia /
14. Lamento sertanejo (Forró do Dominguinhos) - com Gilberto Gil
15. Viramundo - com Gilberto Gil
16. Se eu morresse de saudade - com Gilberto Gil

CD Noite luzidia 2:
1. Adeus, meu Santo Amaro (citação) 

2. Noite de estrelas - com Roberto Mendes
3. As canções que você fez pra mim
4. Antes que amanheça - com Chico César
5. Juntar o que sentir - com Renato Teixeira
6. Depois de ter você - com Adriana Calcanhoto
7. Pra rua me levar - com Ana Carolina
8. Depois de uma tarde (texto da poeta Sophia de Mello Breyner Andresen)
9. Sonho impossível
10. Sem fantasia - com Chico Buarque
11. A moça do sonho - com Chico Buarque e Edu Lobo
12. Maricotinha - com Moreno Veloso, Nana Caymmi e Dori Caymmi
13. Começaria tudo outra vez / Travessia (citação)
14. Alegria
15. O que é o que é?

Eis a capa de '11º aniversário', o retrospectivo quarto álbum do Mombojó

Esta é a capa de 11º aniversário, o retrospectivo quarto álbum do grupo pernambucano Mombojó. Com título que alude ao fato de a banda formada em 2001 ter completado 11 anos de vida em 2012, ano da gravação do disco, 11º aniversário recicla com outra sonoridade nove músicas dos três álbuns anteriores do grupo - atualmente formado por Felipe S. (voz e guitarra), Marcelo Machado (guitarras), Vicente Machado (bateria e samplers), Chiquinho (teclados e samplers) e Samuel Vieira (baixo) - e apresenta a inédita Procure saber, música composta há anos (com música de Marcelo Campello, ex-integrante da banda, e letra de Felipe S.), mas somente registrada em disco neste projeto revisionista que agrega convidados como a Nação Zumbi (que toca na faixa Justamente), China, Cannibal (vocalista do grupo Devotos) e o pianista Vítor Araújo - nomes da cena de Pernambuco. Eis as 10 músicas de 11º aniversário:

1. Vazio e momento - Música do álbum Homem-espuma (2006)
2. Procure saber - Música inédita
3. Saborosa - Música do álbum Homem-espuma (2006)
4. Faaca - Música do álbum Nadadenovo (2004)
5. Realismo convincente  - Música do álbum Homem-espuma (2006)
6. Estático - Música do álbum Nadadenovo (2004)
7. Baú - Música do álbum Nada de novo (2004)
8. Amigo do tempo - Música do álbum Amigo do tempo (2010)
9. Deixe-se acreditar  - Música do álbum Nadadenovo (2004)
10. Justamente - Música do álbum Amigo do tempo (2010)

Kleber Albuquerque prova vitalidade da canção amorosa em '10 coisas...'

Resenha de CD
Título: 10 coisas que eu podia dizer no lugar de eu te amo
Artista: Kleber Albuquerque
Gravadora: Sete Sóis
Cotação: * * * 

"Às vezes me sinto anacrônico como um vendedor de caleidoscópios por debruçar-me sobre um gênero já há tanto tempo dado como morto, como é a canção. Mas o fato é que este 10 coisas que eu podia dizer no lugar de eu te amo é um claro disco de canções brasileiras. Mais do que isso, é um disco de canções brasileiras de amor, coisa que os mais modernos talvez considerassem coisa mais extinta do que a varíola. Talvez eu devesse pedir desculpas públicas nestes tempos de música tão sensorial (...)". Com fina dose de ironia, o cantor e compositor paulista Kleber Albuquerque conceitua com clareza este seu sexto álbum autoral, 10 coisas que eu podia dizer no lugar de eu te amo, no texto que escreveu para apresentar o CD que está lançando de forma independente neste mês de fevereiro de 2013. De fato, sem aderir a turmas e modismos, o artista atesta a vitalidade da canção neste disco de vários sotaques, aberto a capella com o samba cool Besouro (Kleber Albuquerque), belo cartão de visitas deste álbum gravado entre janeiro e maio de 2012 com produção do próprio Kleber Albuquerque. 10 coisas que eu podia dizer no lugar de eu te amo apresenta flashes de viagem amorosa ao longo de suas 14 músicas. Viagem no sentido literal e poético. Se a maranhense Lúcia Santos poetiza a solidão na estradeira balada All star (Single soul) (Kleber Albuquerque e Lúcia Santos), os versos de Sérgio Lima situam a leve Brincadeira de amor (Kleber Albuquerque e Sérgio Lima) em Salvador (BA), cenário ensolarado da axé music. Já Procura no google (Kleber Albuquerque) é levada para o interior pelo toque da sanfona de Ricardo Prado sem chegar a ser uma toada sertaneja. Com sua voz eficaz de cantautor, Kleber revolve memórias das águas em Vazante (Kleber Albuquerque) - faixa entoada com a cantora Elaine Guimarães -  e segue o curso do rio romântico em Canoeiro (Kleber Albuquerque) em ritmo regional que evoca o balanço do xote. Metalinguística, Maquinário (Kleber Albuquerque) aciona a fábrica de canções e poesia com menor dose de inspiração. Entre a valsa Permitido (Kleber Albuquerque) e o fado Devoluto (Kleber Albuquerque e Sérgio Natureza), 10 coisas que eu podia dizer no lugar de eu te amo sintoniza Tevê, parceria com Zeca Baleiro, que versa sobre a vida que passa, solitária, em frente à tela que exibe comerciais, novelas e filmes de drama e conteúdo vulgares. Baleiro, aliás, também marca presença como cantor convidado do disco, recitando versos poéticos de Sérgio Natureza no recém-citado Devoluto, fado em que Kleber simula leve sotaque português. Enfim, por mais que seja variável o grau de inspiração das 14 canções de amor e solidão do CD, 10 coisas que eu podia dizer no lugar de eu te amo expõe o valor de gênero que atravessa gerações e turmas, mesmo soando anacrônica para mudernos sensoriais.

Socorro Lira faz seu 'Singelo tratado sobre a delicadeza' em disco autoral

O título do CD Singelo tratado sobre a delicadeza já traduz de forma clara o tom do repertório do sétimo álbum da cantora e compositora paraibana Socorro Lira, distribuído pela Tratore. Com intervenções do cantor carioca João Pinheiro, solista de temas como Delicadeza V - Absorta, a artista experimenta climas delicados nas canções, toadas, modinhas e valsas que compõem o repertório inteiramente autoral do disco. São 13 músicas intituladas Delicadeza e numeradas de 1 a 13. Delicadeza I - Delicado e a seresteira Delicadeza VI - Frágil são alguns destaques do cancioneiro pautado pelo tema que inspirou o repertório evocador de tempos idos.

Pearl Jam lança este ano álbum experimental influenciado por Pink Floyd

O Pearl Jam vai lançar neste ano de 2013 o álbum que sucede Backspacer (2009) em sua discografia oficial. Produzido por Brendan O' Brien, tal como seu antecessor, o CD teria caráter experimental, combinando influências de Pink Floyd e do punk rock - de acordo com declarações do guitarrista Mike McCready à revista Rolling Stone. Ainda segundo McCready, sete músicas já estariam praticamente prontas e outras quinze estariam em fase de produção.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ângela e Cauby preparam em São Paulo seu terceiro álbum em conjunto

A foto acima - postada pelo produtor Thiago Marques Luiz em sua página no Facebook - flagra Ângela Maria com Cauby Peixoto nos preparativos para a gravação de seu terceiro álbum em dupla, em São Paulo (SP). O sucessor de Ângela & Cauby (EMI-Odeon, 1982) e Ângela & Cauby ao vivo (BMG-Ariola, 1992) tem produção de Marques Luiz e lançamento previsto para meados de 2013, pela Lua Music. O repertório do disco está em fase de seleção pelos cantores.

Dois meses após '1978', Ed Motta lança balada em inglês de seu 14º disco

Dois meses após lançar 1978 (Ed Motta e Edna Lopes), música de estilo funk / soul que vai estar em seu 14º  disco (o 11º álbum de estúdio), Ed Motta apresenta na rede uma segunda faixa do disco que vai lançar neste primeiro semestre de 2013. Trata-se de Simple guy, balada em inglês assinada pelo cantor e compositor carioca com o artista britânico Rob Gallagher, mais conhecido como Earl Zinger. A gravação de Simple guy foi produzida e arranjada pelo próprio Ed Motta, mas, a exemplo de 1978, o arranjo de metais é uma criação de Jessé Sadoc.

Bowie lança aplicativo para fã personalizar capa do álbum ''The next day'

David Bowie está lançando em seu site oficial um aplicativo que permite a personalização da capa de seu 24º álbum de estúdio - The next day, previsto para chegar às lojas a partir de 12 de março de 2013 em lançamento orquestrado pela Sony Music - a partir do uso de fotos do perfil do Facebook. A capa de The next day recicla a capa de Heroes (1977), o segundo álbum da trilogia de Berlim gravada pelo cantor e compositor inglês na segunda metade dos anos 70.

Nogueira acerta com Sony distribuição dos CDs do selo Versão Acústica

Cantor mineiro projetado em escala nacional nos anos 2000 com a série de discos de covers intitulada Versão acústica, Emmerson Nogueira possui selo também batizado Versão acústica. Os CDs desse selo vão passar a ser distribuídos pela Sony Music no mercado fonográfico brasileiro a partir deste ano de 2013. O contrato com a gravadora foi assinado esta semana por Nogueira. Estão previstas as distribuições de discos do cantor Gleison Túlio e das bandas Pequeno John e Três Dias. Na foto postada pela Sony Music em sua página oficial no Facebook, o cantor (de boné) posa com André Vilella (A&R Digital e Publisher - à esquerda), Bruno Baptista (Gerente Artístico) e Luis Felipe (Diretor de Marketing - na extrema direita da foto).

Banda da cena 'indie' carioca, Kita finaliza CD 'Twisted complicated world'

Banda da cena indie carioca que faz rock de textura eletrônica  e que tem pouco mais de um ano de vida, Kita finaliza seu primeiro CD, Twisted complicated world. Com apenas sete músicas, o disco foi gravado no estúdio do quinteto formado por Sabrina Sanm (voz), Renato Pagliacci (guitarra, teclado e arranjo), Jayme Neto (guitarra), Guilherme Dourado (baixo) e Kelder Paiva (bateria). O lançamento está previsto para o fim de março de 2013. O repertório inédito e autoral foi composto em inglês, o idioma da música da Kita. O disco é independente.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Voz altiva e politizada, Nina Simone é lembrada na rede por seus 80 anos

Eunice Kathleen Waymon (21 de fevereiro de 1933 - 21 de abril de 2003), mais conhecida pelo nome artístico de Nina Simone, foi alvo de homenagens nas redes sociais nesta quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013, por conta dos 80 anos que poderia ter completado hoje se não tivesse saído de cena há uma década. Embora associada ao jazz, a cantora, compositora e pianista norte-americana logo transcendeu rótulos com seu jeito altivo, seu canto politizado e sua voz resistente. Cantava o que ela mesma caracterizou de "música clássica negra", termo que, na visão da artista, definia seu repertório multifacetado. Com sua bela voz grave, Nina Simone transitou por jazz, blues, gospel, soul e música africana - entre outros ritmos - sem nunca esquecer a paixão pela música clássica. Mas irmanou todos esses gêneros com sua postura engajada na luta pela igualdade social e racial. Musicalmente, a formação clássica permitiu a Nina Simone alçar voos altos, seguros, conciliando música e ativismo - sem jamais sair do tom.

Mestre do blues elétrico de Chicago, Magic Slim sai de cena aos 75 anos

Para os fãs do blues elétrico de Chicago (EUA), o toque da guitarra do cantor e músico norte-americano Morris Holt (7 de agosto de 1937 - 21 de fevereiro de 2013) era mesmo mágico. Não por acaso, Magic Slim foi o nome artístico do bluesman que saiu hoje de cena, aos 75 anos, em Filadélfia (EUA). Cria do Mississippi, um dos berços do blues, Slim ajudou a formatar o som do blues eletrificado de Chicago, para onde migrou em 1955. Em sua pré-história, o músico estudou piano, mas a perda do dedo mindinho da mão direita o obrigou a trocar de instrumento - incidente que gerou o amor de Magic Slim pela guitarra que lhe daria fama e reconhecimento entre astros do blues e do rock. Iniciada em 1966, a carreira fonográfica do bluesman continuava movimentada. Em agosto de 2012, Slim lançou Bab boy, álbum que veio a se tornar o derradeiro título de sua prolífica discografia. Slim fez mágica com sua guitarra... 

Brit Awards elege álbum de Emeli Sandé o melhor de 2012 na Inglaterra

Lançado em fevereiro de 2012 pela Virgin Records, o primeiro álbum da cantora escocesa Emeli Sandé, Our version of events, foi eleito o melhor álbum britânico de 2012 no Brit Awards. Sandé também recebeu o prêmio de Artista Britânica Feminina. Realizada na noite de ontem, 20 de fevereiro de 2013, a premiação mais importante da indústria fonográfica britânica laureou também Ben Howard (Artista Britânico Masculino e Revelação),  Mumford & Sons (Grupo Britânico), Adele (Single Britânico, por conta de Skyfall, tema gravado para a trilha sonora do último filme da franquia 007) e Coldplay (Show Britânico), entre outros nomes.

Saulo inicia carreira solo em abril com gravação ao vivo que vai ter Ivete

Após ter passado uma década à frente da Banda Eva, na qual entrou em 2002 e permaneceu até o Carnaval deste ano de 2013, Saulo Fernandes já se prepara para iniciar sua carreira solo. O primeiro passo vai ser a gravação ao vivo de CD e DVD, agendada para 6 e 7 de abril, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA). A participação de Ivete Sangalo - artista que gerencia a carreira de Saulo através da empresa Caco de Telha - está confirmada.

Caixa com discos de Pery mostra como cantor ganhou bossa nos anos 60

Resenha de caixa de CDs
Título: Pery Ribeiro Anos 60
Artista: Pery Ribeiro
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * *

Pery Ribeiro (27 de outubro de 1937 - 24 de fevereiro de 2012) morreu subestimado. Em seus últimos anos de vida, o cantor carioca esteve mais associado às histórias lendárias sobre seus pais - a cantora Dalva de Oliveira (1917 - 1972) e o compositor Herivelto Martins (1912 - 1992), célebre e ruidoso casal que viveu entre tapas e beijos - do que à sua própria história como intérprete refinado. Lançada neste mês de fevereiro de 2013, para lembrar o primeiro ano da morte do artista, a caixa Pery Ribeiro Anos 60 - produzida pelo pesquisador musical Marcelo Fróes para seu selo Discobertas - é boa oportunidade de recolocar Pery Oliveira Martins em seu devido lugar, o de grande cantor da música brasileira dos anos 60 e 70. A caixa embala os sete álbuns gravados pelo cantor na década de 60, quase todos com valiosas faixas-bônus extraídas de raros compactos da época. É fato que, a partir da década de 80, Pery passou a gravar - por contingências mercadológicas - discos insípidos que requentavam os sucessos do tempo áureo do artista. Entretanto, nas décadas de 60 e 70, Pery Ribeiro - assim batizado artisticamente no fim dos anos 50 por sugestão do radialista César de Alencar (1917 - 1990) - brilhou. E muito. A caixa flagra o cantor em álbuns gravados no seu apogeu vocal e artístico, mostrando como Pery soube refinar seu canto e seu repertório ao longo dos anos 60, década em que ganhou progressiva bossa. A evolução é nítida. A rigor, Pery Ribeiro sempre foi um cantor moderno. Seu fraseado macio já veio ao mundo em sintonia com as conquistas estéticas da Bossa Nova. Só que, nos dois primeiros álbuns da caixa, Eu gosto da vida (1961), Pery Ribeiro e seu mundo de canções românticas (1962), esse canto cheio de frescor foi posto a serviço de repertório criado na era folhetinesca do samba-canção. O segundo, em especial, foi pautado pela melancolia mais ou menos dramática do gênero, exposta já em títulos como Meu nome é ninguém (Luiz Reis e Haroldo Barbosa) e Até o amargo fim (Newton Teixeira e David Nasser). Foi a partir de seu arejado terceiro álbum, Pery é todo bossa (1963), que o cantor encontrou sua turma, seu estilo. Trata-se do disco que trouxe a antológica gravação original de Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), o clássico (quase) instantâneo lançado em shows no ano de 1962. Neste Pery é todo bossa, o repertório do cantor desanuviou e ficou ensolarado. Rio (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) foi um dos destaques do carioquíssimo cancioneiro. Como o título Pery muito mais bossa (1964) já deixava entrever, o álbum seguinte seguiu os padrões de seu bem-sucedido antecessor, mas, ao mesmo tempo em que cantou a Moça da praia (Roberto Menescal e Lula Freire), Pery deu voz ao afro-samba Berimbau (Baden Powell e Vinicius de Moraes) e à vertente mais social da bossa que se engajava, gravando Feio não é bonito (Carlos Lyra e Gianfrancesco Guarnieri). Na sequência, Pery (1965) mexeu no time vitorioso. Sob os arranjos e regências do maestro Lyrio Panicalli (1906 - 1984), o cantor deu voz a quatro músicas de Marcos Valle - que tocou piano em Preciso aprender a ser só, um dos clássicos que compôs com seu irmão Paulo Sérgio Valle - enquanto gravou Carlos Lyra e olhou o passado da música brasileira através de abordagens de Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro) e João Valentão (Dorival Caymmi). De certa forma, Pery (1965) já aproximou o cantor da MPB que começava a germinar na efervescente era dos festivais. Só que, naquela época, Pery já era todo bossa e, por isso, lançou naquele mesmo ano de 1965 Gemini V - Show da boite Porão 73, álbum ao vivo que registra o show feito por Pery com Leny Andrade (então a sensação feminina da Bossa Nova) e o conjunto Bossa 3, sob a direção musical do pianista carioca Luiz Carlos Vinhas (1940 - 2001). O mesmo trio Bossa 3 divide com Pery os créditos de Encontro (1966), álbum posterior, gerado a partir do sucesso do show Gemini V. Encontro é grande disco orquestral, pautado pelo suingue do Bossa 3. No balanço da bossa, Pery Ribeiro encerrou magistralmente sua discografia brasileira da década de 60. Nos anos 70, mesmo já sem a exposição da década anterior, o cantor ainda faria ótimos discos antes de embarcar na onda kitsch da nostalgia, dando continuidade à sua carreira fonográfica de forma melancólica - o que contribuiu para que as flores não lhe tivessem sido dadas em vida. Daí a importância da caixa de Discobertas...