Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


domingo, 31 de março de 2013

Maria de Medeiros cruza sotaques no clima 'jazzy' de 'Pássaros eternos'

Resenha de CD
Título: Pássaros eternos
Artista: Maria de Medeiros
Gravadora: Genesis Music / Tratore
Cotação: * * *

Atriz e cantora portuguesa, estrela cult do cinema lusitano dos anos 80 e 90, Maria de Medeiros aproveitou sua vinda ao Brasil neste mês de março de 2013 - para encenar no Rio de Janeiro (RJ) Aos nossos filhos, peça batizada com o nome da canção de Ivan Lins e Vítor Martins gravada pelo cantor carioca em seu álbum Nos dias de hoje (1978) - e lançou o disco Pássaros eternos. No CD, editado no mercado brasileiro pela Genesis Music, Medeiros apresenta canções autorais, como Quem é você? e Canto da pantera, e dá voz ao pungente tema de Ivan Lins e Vítor Martins. Sem sequer esboçar a intensidade emocional da canção, Medeiros revive Aos nossos filhos no mesmo clima jazzy em que estão ambientadas as faixas Por delicadeza - poema de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 - 2004) musicado pela compositora - e Diz que é fado, outra música de autoria de Medeiros. Cruzando sotaques e fronteiras musicais, mas se afastar muito do tom jazzy que pontua o disco, a cantora também cai no samba em Trapichana, misturando o baticum dos quintais nacionais com a levada frenética do flamenco. Na letra, a compositora traça o perfil multifacetado de Trapichana, brasileiro de alma tão carioca quanto andaluz. Além de apresentar faixa em italiano, 24 mila baci (Celentano,Vivarelli e Fulci), Medeiros voa bem alto em Pássaros eternos quando se junta ao guitarrista Legendary Tigerman para dar voz a Shadow girl, minimalista faixa em inglês repleta de climas. Além de arranjar a faixa e de dividir os vocais do tema com Medeiros, The Legendary Tigerman - nome artístico do guitarrista português Paulo Furtado - põe em Shadow girl o toque preciso e bluesy de sua guitarra. Beleza pura! Ainda dentro do universo do blues, a propósito, Medeiros adentra a escura Noite sem transmitir a angústia que retrata nas imagens de seus versos noturnos, densos. Na sequência, ainda em tom cinematográfico, Nasce o dia na cidade (Maria de Medeiros e Raimundo Amador) clareia o álbum com o balanço samba-jazzístico do arranjo. "...E uma criança sopra nuvens / Para pássaros eternos", poetiza a artista, com esperança, no fim do álbum. Maria de Medeiros abre asas em Pássaros eternos.

Autobiografia de Johnny Ramone vai direto ao ponto como um rock punk

Resenha de livro
Título: Commando - A autobiografia de Johnny Ramone
Autor: Johnny Ramone
Editora: Leya
Cotação: * * * *

Pela própria natureza, autobiografias são livros que expõem visões unilaterais da vida e dos fatos - a visão do autor do livro, claro. Commando - a autobiografia de Johnny Ramone (1948 - 2004), editada a partir de entrevistas concedidas pelo guitarrista norte-americano após a descoberta do câncer de próstata que o tirou de cena em 15 de setembro de 2004 - também padece desse mal. Contudo, o relato - cru e sem firulas, feito com a objetividade de um rock do grupo Ramones, ícone do punk dos Estados Unidos - parece honesto e com dose salutar de autocrítica. Johnny é bem severo, por exemplo, ao avaliar cada um dos 14 álbuns lançados pelos Ramones entre 1976 e 1995 em anexo do livro recém-editado no Brasil pela Leya. O músico, por exemplo, culpa a produção de Phil Spector pelo relativo fracasso comercial do álbum, End of the century (1980), arquitetado para levar os Ramones ao topo das paradas dos EUA e, por tabela, do mundo. A honestidade para ser a tônica destas memórias em que Johnny não poupa a si mesmo de sua autocrítica e de sua língua ferina. O artista relata a fase em que foi um adolescente delinquente - encerrada com acontecimento místico que redirecionou sua vida - com a mesma aparente sinceridade com que descortina os bastidores dos Ramones, deixando evidente a disputa de poder travada por ele com Joey Ramone (1951 - 2001), o vocalista da banda que legou ao universo pop clássicos como Blitzkrieg Bop, I wanna be sedated e  Sheena is a punk rocker. De forma às vezes até rude, Johnny expões as regras do jogo da indústria da música e emite opiniões sobre outros grupos e sobre assuntos polêmicos. Na página 102, o guitarrista se declara totalmente a favor da pena de morte por conta de ter sido vítima, em 14 de agosto de 1983, de agressão que lhe causou danos cerebrais que não geraram sequelas, mas a vontade de ver seu agressor no corredor da morte. Em outras passagens de Commando, Johnny discorre sobre o alcoolismo do baterista do grupo, Marky Ramone, único remanescente da formação clássica do quarteto. O título Commando é bem apropriado para a autobiografia porque, em essência, Johnny Ramone defende no livro que sempre esteve no comando da engrenagem que manteve os Ramones em cena com coerência com a ideologia da banda. Johnny não esconde as vezes em que foi voto vencido, mas, de certa forma, menospreza cada um de seus colegas de banda, até o baixista Dee Dee Ramone (1951 - 2002), com quem tinha relação mais próxima. O amor por sua última mulher - Linda Ramone, então namorada de Joey Ramone, fato que poderia ter provocado a extinção da banda - é assunto recorrente nas páginas deste livro em que Johnny Ramone revolve suas memórias sem maquiagem, indo direto ao ponto com um rock dos Ramones. Merece leitura!!!

Maré do duo Dois em Um alterna enchentes e vazantes no álbum 'Agora'

Resenha de CD
Título: Agora
Artista: Dois em Um
Gravadora: Sem indicação
Cotação: * * 1/2

"Repare a maré / Tem horas de enchentes, tem horas vazantes / Assim como a lua tem quarto crescente / Tem nova, tem cheia, tem quarto minguante", relativiza o compositor baiano Ederaldo Gentil (1943 - 2012) em versos de Compadre, samba em que Gentil prega fé e esperança na transformação incessante da vida e do amor. Lançado pelo compositor em seu álbum Pequenino (1976), Compadre ganha a voz de Fernanda Monteiro em sagaz releitura feita pelo Dois em Um, o duo formado pela cantora e violoncelista carioca com o multi-instrumentista baiano Luisão Pereira (sobrinho de Gentil), em seu segundo álbum Agora. Tal como a maré, o poder de sedução do sucessor do CD Dois em Um (2009) também oscila pela irregularidade do repertório e pelo fato de Monteiro ser melhor violoncelista do que cantora. Paira a sensação de que algumas boas músicas do disco - casos da melancólica Um porto (Luisão Pereira e Mateus Borba), composta por Luisão em memória de seu pai, Humberto Pereira, recentemente falecido - cresceriam em vozes mais vocacionadas para o canto. De todo modo, Você tem o que eu preciso (Luisão Pereira e Ronaldo Bastos) joga Agora numa onda boa. A letra de Ronaldo Bastos expõe romantismo feito sob medida para o Dois em Um. Você tem o que eu preciso é o destaque do disco juntamente com a música-título Agora (Luisão Pereira e Mateus Borba), faixa de clima etéreo introduzida pelo violoncelo virtuoso de Monteiro, e com Eu aqui (Luisão Pereira e Mateus Borba), tema de bela arquitetura pop. São músicas que se impõem pelo conjunto harmônico de melodia, letra e sonoridade dos arranjos (geralmente criativos). Melodicamente menos inspirada, Saturno (Luisão Pereira) põe em órbita, em tom pop indie, a guitarra de Gustavo Ruiz e a voz vigorosa de Tulipa Ruiz, convidados da faixa. A guitarra (no caso, tocada pelo próprio Luisão Pereira) também leva Uma valsa (Luisão Pereira e Nana) para o universo do pop rock indie. Incrementada com sopros orquestrados pelo maestro Letieres Leite, Matinê (Luisão Pereira, Nana, Fernanda Monteiro e João Vinicius) evoca a cadência das antigas marchas-ranchos. Já Festim (Luisão Pereira) é samba torto em que o violão de Luisão Pereira - baiano de Juazeiro, terra natal de João Gilberto - reverbera a influência da Bossa Nova. O tema ostenta vocais de Rebeca Matta. Mar nos olhos (Luisão Pereira e Mateus Borga) - uma das várias músicas do disco que falam em ondas - faz emergir a recorrente sensação de que, por vezes, a sonoridade pouco usual do duo é mais interessante do que seu repertório autoral. A climática Às vezes (Tatau Pereira e Expedito Almeida) também corrobora a impressão de que Agora perde fôlego em sua segunda metade (em que pese a boa lembrança de Compadre). Enfim, a maré do Dois em Um em Agora ora vaza, ora fica cheia ao longo das 11 músicas do CD. Mas em essência a onda é boa.

Show da paralisada turnê de Morrissey nos EUA vai ser editado em DVD

Por conta de sérios problemas de saúde, Morrissey teve que interromper a turnê que fazia pelos Estados Unidos neste mês de março de 2013. Contudo, o show apresentado pelo cantor e compositor inglês em 2 de março no Hollywood High School, em Los Angeles (EUA), foi gravado ao vivo para ser editado em DVD pela Eagle Vision. O lançamento do DVD vai ser feito até o fim do ano. Eis o roteiro seguido pelo artista britânico na apresentação captada pelas câmeras:

1. Alma matters
2. Ouija board, ouija board
3. Irish blood, english heart
4. You have killed me
5. November spawned a monster
6. Maladjusted
7. You’re the one for me, Fatty
8. Still ill
9. People are the same everywhere
10. Speedway
11. That joke isn’t funny anymore
12. To give (The reason i live)
13. Meat is murder
14. Please, please, please let me get what i want
15. Action is my middle name
16. Everyday is like sunday
17. I’m throwing my arms around Paris
18. Let me kiss you
19. The boy with the thorn in his side

sábado, 30 de março de 2013

Importante produtor de discos dos EUA, Phil Ramone sai de cena aos 72

Em 2007, Phil Ramone (5 de janeiro de 1941 - 30 de março de 2013) lançou um livro, Making records (Gravando!, na edição brasileira de 2008), em que descortinou os bastidores da indústria do disco e expôs o delicado equilíbrio exigido de quem quer se aventurar na arte de produzir álbuns - função na qual foi mestre este compositor, violinista, engenheiro de som e (acima de tudo) produtor fonográfico nascido na África do Sul, mas consagrado nos Estados Unidos, onde fez seu nome e sua carreira a partir dos anos 60. Basta dizer que três álbuns produzidos por Ramone - Still crazy after all these years (Paul Simon, 1975), 52nd street (Billy Joel, 1978) e Genius loves company (Ray Charles, 2004) - foram laureados com o Grammy de Álbum do Ano, a premiação mais cobiçada da indústria fonográfica norte-americana. Ramone - que saiu de cena aos 72 anos neste sábado, 30 de março, em Nova York (EUA) - ganhou o Grammy outras onze vezes. O produtor pilotou discos de Frank Sinatra (1915 - 1998) - inclusive o consagrador Duets (1993) - e Barbra Streisand, entre outras estrelas norte-americanas. Ao todo, Phil Ramone dedicou 50 de seus 72 anos à produção e engenharia de discos. É dele, a propósito, a engenharia de som do cinquentenário álbum Getz / Gilberto, gravado em 1963 e lançado em 1964. Produtor da velha guarda, Phil Ramone entendia de música - começou a tocar violino aos três anos, sendo considerado um prodígio no instrumento já aos dez - e dominava a técnica dos estúdios. O que lhe possibilitou dialogar com os artistas na procura da batida perfeita no estúdio. Foi um mestre na arte de produzir disco!!

DVD 'Janelas do Brasil' documenta doce presença de Amelinha em cena

Resenha de CD e DVD
Título: Janelas do Brasil ao vivo
Artista: Amelinha
Gravadora: Lua Music / Canal Brasil
Cotação: * * * 1/2

O primeiro DVD de Amelinha - lançado neste mês de março de 2013 pela gravadora Lua Music - é fruto dos bons serviços prestados à música brasileira pela gravadora Joia Moderna em 2011, ano que o DJ Zé Pedro deu voz a cantoras que estavam esquecidas, sem chance de gravar em um mercado fonográfico cada vez mais cruel e imediatista. Calcado em violões, o álbum de tom interiorano gravado por Amelinha na Joia Moderna, Janelas do Brasil, mostrou uma cantora em boa forma vocal e foi justamente saudado na mídia como o grande disco que efetivamente é. Materializado pela garra do produtor Thiago Marques Luiz, o DVD Janelas do Brasil ao vivo - com gravação lançada também em formato de CD, o primeiro ao vivo da cantora cearense - é bom desdobramento do disco do estúdio. Mesmo tendo sido captado num show tenso, feito em 16 de maio de 2012 no Teatro Fecap de São Paulo (SP), o DVD resulta digno. A qualidade da filmagem é meramente regular e o áudio disponível, por questões orçamentárias, é somente 2.0. Ainda assim, Janelas do Brasil ao vivo é produto que soma na discografia de Amelinha por ser seu primeiro registro ao vivo de show e pelo conjunto da obra reunida no ótimo roteiro. Tal como o disco de estúdio, a gravação ao vivo está centrada em violões, os de Dino Barioni e o de Emiliano Cristo. As cordas dão o tom   folk das 18 regravações do repertório. Além das cordas, somente o piano de Alex Viana entra em cena em Depende (Fagner e Abel Silva, 1977), música interpretada por Amelinha em dueto harmonioso com Fagner. Inevitavelmente, Janelas do Brasil ao vivo rebobina parte do repertório do disco de 2011, mas mesmo esses números, redundantes para quem comprou o álbum da Joia Moderna, têm lá seu charme. Em cena, Amelinha ajusta seu canto doce à leveza pop de Felicidade (Marcelo Jeneci e Chico César, 2010), saúda orgulhosamente as origens em Terral (Ednardo, 1973) e acerta a pegada frenética de Quando fugias de mim (Alceu Valença e Emannoel Cavalcanti, 2001). Fora do universo do disco que originou o show, a cantora percorre Légua tirana (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949) com firmeza, dá feitio de oração a Ave Maria (Vicente Paiva e Jayme Redondo, 1951), entoa lindamente a valsa Ai, quem me dera (Vinicius de Moraes, 1974) - composta em sua casa, mas nunca gravada pela cantora - e explora seus agudos em sintonia com a guitarra de Dino Barioni ao dar voz à balada Água e luz (Tavito e Ricardo Magno, 1984), boa lembrança de fase em que flertou perigosamente com o tecnopop romântico que imperou na década de 80. O toque do violão de Toquinho em Valsinha (Vinicius de Moraes e Chico Buarque, 1971) dá a impressão de soar mais virtuoso no CD/DVD do que no show - provavelmente por conta das tensões que pontuaram a gravação. E por falar em violão, o solo de Dino Barioni em Sol de primavera (Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 1979) resulta dispensável. Inevitáveis na primeira gravação ao vivo da cantora, os sucessos Frevo mulher (Zé Ramalho, 1979) e Mulher nova bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor (Otacílio Batista e Zé Ramalho, 1982) ganham registros pálidos que não resistem às comparações com suas respectivas gravações originais. Em contrapartida, Asa partida (Fagner e Abel Silva, 1976) soa mais pungente no DVD, inclusive por conta da participação de Zeca Baleiro, preciso na interpretação dos versos doídos do poeta Abel Silva. Baleiro se une a Fagner e a Amelinha no fim para juntos fazerem desabrochar novamente Flor da paisagem (Robertinho de Recife e Fausto Nilo, 1977), canção-título do primeiro álbum da cantora. Enfim, é muito bom que Amelinha tenha tido a chance de voltar a gravar. Janelas do Brasil ao vivo é documento para as futuras gerações da doce presença da intérprete em cena.

Picada de 'Mosquito', quarto disco do Yeah Yeah Yeahs, é suave e inócua

Resenha de CD
Título: Mosquito
Artista: Yeah Yeah Yeahs
Gravadora: Interscope Records
Cotação: * * 

Em 2009, o trio norte-americano Yeah Yeah Yeahs saiu da garagem e foi para pista ao lançar It's blitz, seu excelente terceiro álbum, hábil no cruzamento da pegada do indie-rock do grupo com a batida da dance music. Quatro anos depois, Karen O (voz e piano), Nick Zinner (guitarra e teclados) e Brian Chase (bateria) se preparam para lançar em 16 de abril de 2013 um quarto álbum, Mosquito, que soa bem menos sedutor do que seu antecessor. Um disco irregular com faixas de tom lo-fi como Always e Despair. Curiosamente, a dupla de produtores de Mosquito - o norte-americano Dave Sitek (do grupo TV On The Radio) e o inglês Nick Launay - é a mesma de It's blitz. Somente uma faixa, Buried live, teve a mão de James Murphy - mentor do desativado LCD Soundsystem - e esta música se diferencia no disco mais pela inserção do rap do norte-americano Kool Keith (que figura no CD sob seu codimone artístico Dr. Octagon) do que pela produção de Murphy. Faixa já apresentada em fevereiro, Sacrilege abre o disco com o vocal angelical de Karen O e adiciona ao indie rock do Yeah Yeah Yeahs um coro gospel que injeta vigor no tema. Na sequência, Subway introduz o tom lo-fi de parte do álbum em clima etéreo no qual se ambienta bem o vocal angelical de Karen O. Mosquito, a música-título, pousa com mais energia na batida do indie-rock, presente tambem em Slave, faixa na qual se ouve com mais nitidez o toque da guitarra de Nick Zinner. Já Under the earth  expõe batida de trip hop entre sons sintetizados de aura ora sexy, ora funky. These paths também tem um ar de trip hop enquanto Area 52 é rock sobre invasão de ETs. No fim, a climática Wedding song confirma a intenção do Yeah Yeah Yeahs de desacelerar os beats em Mosquito. Mas o mercado fonográfico está cheio de discos de boas intenções e resultado ruim. Além de suave, a picada de Mosquito é inócua. O efeito maior está na controversa capa do CD.

Bethânia faz a gravação ao vivo do show 'Carta de amor' no Rio em abril

Maria Bethânia fará no Rio de Janeiro (RJ), em 13 e 14 de abril de 2013, a gravação ao vivo de seu show Carta de amor para edição em CD e DVD. O registro vai ser feito pela cantora na mesma casa, Vivo Rio, onde aconteceu a estreia nacional do espetáculo em 18 de novembro de 2012. No show, Bethânia - em foto de Rodrigo Amaral - dá voz a cerca de 30 músicas sob a direção musical de Wagner Tiso, convidado a assumir função que era do maestro Jaime Alem.

Dido concilia eletrônica com inspiração pop no álbum 'Girl who got away'

Resenha de CD
Título: Girl who got away
Artista: Dido
Gravadora: RCA Records / Sony Music
Cotação:  * * * 1/2

Cantora e compositora inglesa que despontou no universo pop com o álbum No angel (1999), cuja faixa Thank you foi reciclada por Eminem e gerou o hit Stan, Dido voltou ao mercado fonográfico neste mês de março de 2013 - após cinco anos de ausência - com o lançamento de seu quarto álbum de estúdio, Girl who got away. No sucessor de Safe trip home (2008), a artista concilia canções de inspiração pop - e cabe ressaltar que a linda No freedom (Dido Armstrong e Rick Nowels) está entre as melhores canções da lavra autoral da compositora - com faixas de forte tonalidade eletrônica, casos de Love to blame (Dido Armstrong, Rollo Armstrong, John P'nut e Vera Bohl), End of the night (Dido Armstrong e Greg Kurstin) e Blackbird (Dido Armstrong e Rollo Armstrong). As onze músicas da edição standard do álbum - há outras cinco na Deluxe edition - foram formatadas por Dido e seu irmão Rollo Armstrong com intervenções de produtores como Greg Kurstin e Rick Nowles. Apesar de a dose de eletrônica soar por vezes excessiva, Girl who got away ostenta canções que vão contentar admiradores da Dido de outrora. Sitting on the roof of the world (Dido Armstrong, Rollo Armstrong e Rick Nowles) e a música-título Girl got away (Dido Armstrong e Rollo Armstrong) são exemplos de (boas) canções que reiteram a inspiração da artista. Dentro do tom pop eletrônico do disco, o rap inserido por Kendrick Lamar em Let us move on (Dido Armstrong, Rollo Armstrong, Jeff Bhasker, Kendrick Lamar e Pat Reynolds) - faixa de trip hop lançada em dezembro de 2012 para anunciar o álbum - soa perfeitamente natural. Dido eventualmente se joga na pista em Girl who got away, mas jamais esquece o valor de uma boa melodia e letra.

'Amok' refaz a rota da experimental viagem particular de Yorke e Godrich

Resenha de CD
Título: Amok
Artista: Atoms For Peace
Gravadora: XL Recordings / Lab 344
Cotação: * * 1/2

Como o universo pop já sabe, Amok soa mais como um disco solo de Thom Yorke do que como o que Amok em tese é: o primeiro álbum do grupo Atoms For Peace, formado por Yorke em Los Angeles (EUA), em 2009, com o baixista Flea (do Red Hot Chili Peppers), o produtor Nigel Godrich (nos teclados e na guitarra), o baterista Joey Waronker e o percussionista brasileiro Mauro Refosco. Por mais que a linha do baixo de Flea esteja delineada já na primeira das nove faixas do álbum, a futurista Before your eyes..., Amok refaz em essência a rota da viagem particular de Yorke e Godrich no tom experimental da discografia do grupo Radiohead pós-Kid A (2000). Para quem se sente confortável na viagem, o som resultante da combinação de sintetizadores, guitarras e batidas eletrônicas - mote de faixas como Default (apresentada em setembro de 2012, cinco meses antes do lançamento do álbum, feito em 25 de  fevereiro de 2013), Dropped (com intensidade adicional) e Unless - pode ter caráter sedutor. De toda forma, Amok deixa entrever que Yorke e Godrick repisam trilhas já experimentadas com o Radiohead. A angústia recorrente no canto de Yorke reverebera inclusive em Amok. Lançado oficialmente como o segundo single do álbum neste mês de março de 2103 (com S.A.D. no lado B), Judge, jury and executioner reitera a personalidade do baixo de Flea, mas não a ponto de diluir a estranha sensação de que Amok soa, sim, como um CD solo de Thom Yorke.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Regravação de hit proibido de Roberto é bônus de 'best of' digital do Jota

A compilação digital de sucessos do grupo Jota Quest lançada no iTunes pela Sony Music nesta última semana de março de 2013 - dentro da série de coletâneas digitais intitulada Mega hits - foi turbinada com três fonogramas nunca incluídos nos álbuns oficiais do quinteto mineiro. Um deles é o Freak funk mix da música De volta ao planeta, faixa-título do segundo álbum gravado pela grupo na Sony Music, em 1998. Alocados como faixa-bônus da coletânea J Mega hits, os outros dois fonogramas são mais valiosos. Trata-se de releituras dançantes de Quero que vá tudo pro inferno (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1965) - sucesso detonador da explosão da Jovem Guarda que o Rei proibiu de ser regravado a partir dos anos 80, mas que o Jota Quest gravou em 1998 para projeto do DJ Marcello Mansur, o Memê - e de Pra frente Brasil (Miguel Gustavo), o hino do Brasil na Copa do Mundo de 1970, rebobinado pelo Jota Quest em 2008 com arranjo eletrônico. As gravações podem ser adquiridas de maneira avulsa.

'All that echoes' reverbera intenção de Groban de soar cada vez mais pop

Resenha de CD
Título: All that echoes
Artista: Josh Groban
Gravadora: Reprise Records / Warner Music
Cotação: * * 1/2

Josh Groban é um astro pop nos Estados Unidos. O sexto álbum de estúdio do tenor norte-americano, All that echoes, reverbera a intenção do cantor e compositor de soar cada vez mais pop. Para tal, Groban atenua o tom operístico de seu canto - sem o diluir por completo - ao dar voz a canções de maior ou menor tom épico como Brave (John Groban, Thomas Salter e Chantal Kreviazuk), False alarms (Josh Groban e Mendez) e Falling slowly (Hansard e Irglova), trinca inicial do disco que se impõe em repertório parcialmente autoral que vai perdendo fôlego e potência à medida em que All that echoes avança (com direito à abordagem de tradicional tema celta, She moved through the fair). Já na quinta faixa, Bellow the line (Josh Groban, Thomas Salter e Simon Wilcox), o álbum começa a perder parte de seu poder de sedução. Habituado a formatar discos de rock, o produtor Rob Cavallo atua com eficiência e arma a cama suntuosa para que Groban e Laura Pausini deitem e duetem na grandiloquente  E ti prometteró (Josh Groban, Mendez, Thomas Salter e Marco Marinangeli), faixa italiana de exagerados arroubos vocais. Em tom mais comedido, o tenor regrava The moon is a harsh mistress (Jimmy Webb, 1974) e revive com êxito I believe (when i fall in love it will be forever), parceria de Wonder com Yvonne Wright, lançada pelo cantor de soul no álbum Talking book (1972). A bela abordagem do cantor para o tema de Wonder começa delicada, mas ganha progressiva intensidade, coro e peso orquestral sem prejuízo da sensibilidade da música.  Entre um e outro cover, Groban recebe em Un alma mas (Josh Groban, Mendez, Thomas Salter e Claudia Brant) o trompetista cubano Arturo Sandoval, que faz seu solo aos três minutos da faixa cantada em espanhol sem fazer efetivamente diferença. Da mesma forma, temas como Happy in my heartache (Josh Groban e Thomas Salter) reiteram volta e meia a irregularidade da safra autoral de Groban neste até certo ponto decepcionante All that echoes.

Música dilui a dramaticidade do musical 'As mulheres de Grey Gardens'

Resenha de musical
Título: As mulheres de Grey Gardens - O musical
Texto: Doug Wright
Música: Scott Frankel        Letras: Michael Korie
Versão brasileira: Jonas Calmon Klabin
Direção: Wolf Maya
Direção musical: Carlos Bauzys e Daniel Rocha
Elenco: Soraya Ravenle, Suely Franco, Carol Puntel, Guilherme Terra, Sandro Christopher,
           Pierre Baitelli, Jorge Maya, Danilo Timm, Raquel Bonfante, Sofia Viamonte, Mina
           Rubim e Thuany Parente
Cotação: * * 1/2
Musical em cartaz na Sala Baden Powell, no Rio de Janeiro (RJ), até 28 de abril de 2013

Em 1973, a imprensa norte-americana noticiou, em tom bem sensacionalista, as insalubres condições em que viviam Edith Bouvier Beale e sua filha, a pequena Edie Beale, na mansão de Grey Gardens, na cidade de East Hampton, em Long Island (Nova York, EUA). Outrora símbolo da ostentação e do glamour das duas mulheres, tia e prima de Jacqueline Kennedy (1929 - 1994) respectivamente, a mansão era na ocasião o retrato da decadência. No rastro desse escândalo, a relação simbiótica e doentia de mãe e filha virou tema de documentário, Grey Gardens, lançado em 1975. É nesse (ótimo) filme de Albert e David Maysles que está baseado o musical dirigido por Wolf Maya e recém-estreado no Rio de Janeiro (RJ) neste mês de março de 2013, quarenta anos após os conflitos de Edith e Edie virarem notícia nos jornais dos EUA. Com a ação centrada em dois tempos, 1941 (ano em que o ocorre o primeiro ato) e 1973 (ano do segundo ato), As mulheres de Grey Gardens - O musical provoca a estranha sensação de que a música sobra na encenação. Além de serem em si inexpressivas, as músicas de Scott Frankel e as letras de Michael Korie diluem a dramaticidade do espetáculo e impedem uma exposição mais profunda, em cena, dos amores, ódios e ressentimentos que movem a relação de mãe e filha. No primeiro ato, com liberdade ficcional, o texto de Doug Wright esboça retrato da fase de opulência de Edith (Soraya Ravenle) e Edie (Carol Puntel) sem tornar verossímil a forma com que a mãe arruina em minutos o casamento da filha com Joseph Patrick Kennedy Jr. (Pierre Baitelli, jovem ator que está subaproveitado na encenação). No segundo ato, o impacto do cenário de Bia Junqueira - que sugere um lixão, fiel tradutor visual da turbulenta e confusa relação de Edith e Edie - prepara a cama para que a ação alcance pico de dramaticidade. Mas ainda aí - com Suely Franco atraindo atenções com sua magnética e acalorada interpretação de Edith - a música resulta dispensável, impedindo o desenvolvimento e aprofundamento de história já em si fascinante. No papel de Edith jovem e de Edie na maturidade, a boa atriz e cantora Soraya Ravenle reafirma seu talento e sua vocação para musicais. No tema Canjica de miúdos, Ravenle inclusive sai de seu belo tom habitual e evoca o estilo das tradicionais cantoras negras norte-americanas. Mas nem a tarimba das duas atrizes protagonistas amenizam a sensação de que música e texto estão fora de sintonia em As mulheres de Grey Gardens, brigando pela atenção quando, a rigor, deveriam  formar um todo harmonioso. A encenação brasileira está dentro do padrão técnico exigido pelos musicais, apuro perceptível tanto na iluminação cuidadosa de Luiz Paulo Nenem como na orquestra regida pelo maestro Juliano Dutra. Contudo, algo resulta fora da ordem no musical e esse algo - vale enfatizar - é  a própria música, entrave para a exposição mais detalhada de história cuja força paira sobre todas as coisas. Por si só, a simbiose entre Edith e Edie já rende bom teatro.

Humor alavanca o fluente musical 'Como vencer na vida sem fazer força'

Resenha de musical
Título: Como vencer na vida sem fazer força
Texto: Abe Burrows, Jack Weinstock & Willie Gilbert
Música e letras: Frank Loesser
Versão brasileira: Claudio Botelho
Direção: Charles Möeller
Direção musical: Paulo Nogueira
Elenco: Gregório Duvivier, Luiz Fernando Guimarães, Letícia Colin, Adriana Garambone,
           Andre Loddi, Gottsha e Ada Chaseliov, entre outros
Foto: Marcos Mesquita
Cotação: * * * *
Musical em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), até 16 de junho

É sintomático que os protagonistas da remontagem brasileira de Como vencer na vida sem fazer força - musical de 1961 que inovou ao levar para a Broadway as artimanhas e picuinhas recorrentes no mundo competitivo das grandes empresas - sejam dois atores identificados com o rótulo de comediante no imaginário nacional. Dois atores sem dotes vocais que os credenciem a protagonizar um musical.  É sintomático porque é justamente no humor preciso de Gregório Duvivier (Finch, o empregado que quer ascender na World Rebimboca Company sem galgar todos os degraus) e de Luiz Fernando Guimarães (J. B. Biggley, o grande chefe da corporação) que se sustenta a encenação dirigida por Charles Möeller. Duvivier usa bem a (aparente) fragilidade de J. Finch como arma de sedução numa minuciosa construção de personagem. Guimarães jamais abandona sua persona artística em cena, mas seu fraseado peculiar serve bem ao espetáculo e está em fina sintonia com o tom de seu colega. Por seu caráter satírico, quase farsesco, o texto de Abe Burrows, Jack Weinstock & Willie Gilbert pede mesmo atores com timing perfeito de comédia. Até porque Como vencer na vida sem fazer força não é um musical de grandes músicas. Um dos poucos destaques do cancioneiro de Frank Loesser é Brotherhood of man - Clube dos irmãos, na tradução de Claudio Botelho, autor das sempre fluentes versões. No segundo ato, o tema é alvo de vibrante número musical comandado por Gottsha, intérprete da secretária Smitty, no tom caloroso das cantoras negras norte-americanas de soul e gospel. Gottsha é o nome do elenco com maior recurso vocal e aproveita bem suas intervenções musicais. Contudo, o maior destaque no elenco feminino é Adriana Garambone, iluminada no papel da secretária-amante burra Hedy La Rue. Com modulação vocal específica para a personagem, que cria tom anasalado para as falas de Hedy, Garambone extrai humor de cada aparição de sua personagem e se garante como cantora, diluindo involuntariamente a presença no espetáculo da figura romântica de Rosemary (Letícia Colin, eficiente), a secretária apaixonada pelo amoral Finch (papel que foi de Marília Pêra na primeira montagem brasileira do musical, em 1964). Também merece menção honrosa a atuação de Andre Loddi como o patético Bud Frump, rival de Finch na escalada empresarial. Com coreografias de Alonso Barros (inspiradas no estilo emblemático de Bob Fosse), a atual encenação de Como vencer na vida sem fazer força resulta sempre fluente, leve, o que ameniza a sensação de que a trilha sonora não chega a ser memorável. Hábil na orquestração dos  elementos cênicos, a direção de Möeller tem boas sacadas. Uma delas é congelar e realçar a expressão de Finch - com a ajuda da bela luz de Paulo César Medeiros - nos momentos em que o rapaz acredita estar tendo ideia sagaz. Como versionista, Claudio Botelho ratifica sua habilidade ao impedir que o público se lembre de que texto e músicas foram traduzidos para o português. Diálogos e letras soam perfeitamente naturais, sem perda da musicalidade original. Enfim, Como vencer na vida sem fazer força é mais um acerto da afinada dupla Charles Möeller & Claudio Botelho, única responsável pela revitalização do mercado carioca de musicais.

César Menotti & Fabiano incluem hit inicial da Legião no bailão sertanejo

Sucesso inicial da Legião Urbana, Será (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá) - primeira música a despontar entre o repertório do primeiro álbum da banda, Legião Urbana (1985) - entrou no roteiro do bailão sertanejo da dupla mineira César Menotti & Fabiano. Será faz parte do repertório do CD e DVD Ao vivo no Morro da Urca, postos nas lojas pela gravadora Som Livre neste mês de março de 2013. O terceiro registro ao vivo de show da dupla foi gravado em 16 e 17 de agosto de 2012 no anfiteatro do Morro da Urca, um dos mais belos cartões-postais da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Na ocasião, César Menotti & Fabiano receberam convidados como a dupla Jorge & Mateus (em Dois corações, parceria de Menotti com Victor Hugo), a cantora Preta Gil (em Amor em dobro, tema de Elvis Pires e Rodrigo Mell) e o grupo Sorriso Maroto (em Tomou de assalto, parceria de Menotti com Bruno Cardoso e Munir Trad). Ao vivo no Morro da Urca apresenta músicas como Caso marcado e Vida cigana.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Sai no Brasil 'Parklive', DVD que perpetua show catártico do Blur em 2012

Em 12 de agosto de 2012, o grupo inglês Blur voltou à cena - sob o comando de seu compositor e vocalista Damon Albarn - e fez show catártico no Hyde Park, em Londres, terra natal da banda formada em 1988, no encerramento dos jogos olímpicos. Captado por 12 câmeras, sob a direção de Mathew Amos, o show gerou o terceiro registro ao vivo do grupo de BritPop, editado em combo triplo que agrega CD duplo e DVD e que foi intitulado Parklive. O título faz trocadilho com Parklife, nome do terceiro álbum de estúdio da banda, lançado em 1994. Músicas desse álbum - como London loves, Tracy Jacks, Jubilee e Girls & boys - aparecem no roteiro do DVD que chegou às lojas do Reino Unido em dezembro de 2012 e que está sendo editado pela EMI Music no Brasil neste mês de março de 2013, em formato simples, sem o CD duplo ao vivo. Parklive mostra que o jogo do Blur com o público britânico está sempre ganho.

Reedição de obra de Paulinho na Warner ganha somente na arte gráfica

Resenha de reedições em CD
Títulos: Paulinho da Viola (1981), A toda hora rola uma história (1982)
            e Prima luminoso (1983)
Artista: Paulinho da Viola
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * * 1/2 (Paulinho da Viola), * * * * (A toda hora rola uma história) 
             e * * * 1/2 (Prisma luminoso)

Enquanto a EMI Music finaliza a caixa que vai embalar os discos lançados por Paulinho da Viola na gravadora Odeon entre 1968 e 1979, a Warner Music repõe em catálogo neste mês de março de 2013 os três álbuns feitos pelo cantor e compositor carioca na companhia entre 1981 e 1983. Os discos voltam às lojas de forma avulsa, remasterizados por Robson. Contudo, a rigor, todos os três títulos - Paulinho da Viola (1981), A toda hora rola uma história (1982) e Prima luminoso (1983) - já haviam sido reeditados de forma decente em CD sob a supervisão do ex-Titã Charles Gavin. Os dois primeiros foram remasterizados por Ricardo Garcia em 2000 para edição conjunta na série Dois momentos que reproduziu capas e encartes originais. Prima luminoso foi remasterizado (pelo mesmo competente Ricardo Garcia) e reeditado em 2001 na série Arquivos Warner. Portanto, o ganho - mínimo, mas real - destas atuais reedições reside somente na adaptação das artes gráficas dos LPs originais para o formato de CD, inclusive nas contracapas externas (geralmente alvo de padronizações horrendas). O ganho é perceptível sobretudo nos casos de Paulinho da Viola (1981) e de A toda hora rola uma história (1982), cujas reedições atuais ressaltam o caráter individual de cada disco sem agregar suas artes gráficas num único encarte, como foi feito na série Dois momentos. No que diz respeito ao som, a remasterização anterior já se mostrou plenamente satisfatória. A nova remasterização - mesmo tendo sido feita mais de uma década depois - nada avança no quesito som. Especificidades técnicas à parte, trata-se de três belos títulos da discografia de Paulinho da Viola, discos de fase menos popular do artista, mas nem por isso menos inspirada. Produzido por Sérgio Cabral, o Paulinho da Viola de 1981 - que trouxe sambas do quilate de Onde a dor não tem razão (Paulinho da Viola e Elton Medeiros) e Pra jogar no oceano (Paulinho da Viola) - é álbum pautado por refinado intimismo. A toda hora rola uma história - disco produzido por Fernando Faro - reiterou o tom introspectivo do samba filosófico do artista. Não é um disco que gerou hits, mas apresentou a obra-prima Só o tempo (Paulinho da Viola). Já Prisma luminoso esboçou clima mais expansivo por conta dos metais que pontuam boa parte dos arranjos deste disco produzido por Guti. É o álbum em que Paulinho deu voz a Mas quem disse que eu te esqueço? - parceria de Dona Ivone Lara com Hermínio Bello de Carvalho - e a Mais que a lei da gravidade, pérola da parceria do compositor com José Carlos Capinam que luziu três anos depois, em 1986, em precisa gravação de Cida Moreira. Enfim, as reedições dos três álbuns feitos por Paulinho da Viola são oportunas e bem-vindas - sobretudo no momento em que a produção fonográfica do artista fica cada vez mais escassa. Paulinho da ViolaA toda hora rola uma história e Prima luminoso  merecem estar sempre em catálogo - assim como o restante da (coesa) discografia de Paulinho da Viola.

'Delta machine' flagra Depeche Mode com vigor no seu mundo sombrio

Resenha de CD
Título: Delta machine
Artista: Depeche Mode
Gravadora: Mute Records / Columbia / Sony Music
Cotação: * * * 1/2

É sintomático que o 13º álbum de estúdio do Depeche Mode - Delta machine, lançado em escala mundial nesta última semana de março de 2013 - abra com (ótima) música intitulada Welcome to my world. Desde que reanimou seu espírito dark em Playing the angel (2005), já distante da frivolidade dance de Exciter ((2001), o grupo inglês tem se mostrado à vontade em seu mundo atormentado. É essa a impressão que fica de Delta machine. Tal como seu antecessor Sounds of the universe (2009), Delta machine concilia sintetizadores, guitarras distorcidas e as tonalidades sombrias que dão cor própria ao cancioneiro do Depeche Mode. A novidade talvez seja a (pequena) influência do blues, já alardeada pela banda e perceptível somente na pegada de Slow e de Goodbye. Contudo, o que faz de Delta machine um bom disco é a boa qualidade de seu repertório. Angel (lenta, mas sedutora), Heaven (a melhor música do álbum) e Broken (com alta dose de eletrônica) são composições que se destacam no disco - e, sob certo prisma, até na obra da banda - e que sinalizam que o pulso ainda pulsa. Soft touch / Raw nerve Soothe my soul se insinuam mais pegajosas, quase comerciais, próximas de uma definição de pop - se é que se pode caracterizar o som do Depeche como comercial ou pop. Em suma, Andy Fletcher, Dave Gahan e Martin Gore acionam sua máquina de synthpop com vigor. Gravado nos Estados Unidos, com produção de Ben Hillier, Delta machine mostra que - mesmo atormentado - o mundo do Depeche Mode resiste em harmonia.

Com Alex Turner, o sexto do álbum do QOTSA sai no Brasil via Lab 344

Com lançamento agendado para junho de 2013, via Matador Records, o sexto álbum de estúdio do grupo norte-americano Queens of the Stone Age, ...Like clockwork, vai ser editado simultaneamente no Brasil pelo selo carioca Lab 344. E por falar no sucessor de Era vulgaris (2007), foi confirmado esta semana que Alex Turner - vocalista e guitarrista do grupo Arctic Monkeys - participa do disco ao lado de convidados estelares como Dave Grohl (Foo Fighters), Elton John, Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Jake Shears (Scissor Sisters), entre outros nomes.

quarta-feira, 27 de março de 2013

No show 'Trinta', Marx veste roupa adulta até nos sucessos adolescentes

Resenha de show
Título: Trinta
Artista: Patricia Marx (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 26 de março de 2013
Cotação: * * * 

Após abordar Rock with you (Rod Temperton, 1979) em tom suave, em registro que diluiu a pegada funk-pop-disco do sucesso de Michael Jackson (1958 -2009), Patricia Marx avisou ao público do Theatro Net Rio que iria cantar uma música que compusera pouco antes de entrar em cena. Era pegadinha com os fãs que, em sua maioria, estavam lá na noite de 26 de março de 2013 para ver e ouvir a cantora dar voz aos hits de sua fase infanto-juvenil na estreia carioca do show Trinta. Na sequência, Marx começou a cantar Te cuida, meu bem (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1987), música de seu primeiro disco solo, Paty, o LP de 1987 que também trouxe Festa do amor (hit que os fãs pediram em vão no bis). Contudo, não era a adolescente Paty que estava em cena. Era a Patricia Marx, uma cantora adulta, de 38 anos, que filtrou os hits de sua fase teen pela estética neosoul que dá o tom elegante, mas linear, de seu recém-lançado CD Trinta. Por conta da habilidade de Marx e do suingue black de sua banda, formada por músicos como o tecladista Filiph Neo e o baterista Sorry Drummer, baladas fabricadas em linha industrial por hitmakers - caso de Cedo demais (Chico Roque, Ed Wilson e Carlos Colla, 1988), entoada por Marx em tom quase sussurrante - vestiram bem essa roupagem mais adulta e nem destoaram tanto da arquitetura de temas bem mais recentes como Despertar (Patricia Marx e Bruno E, 2002) - reminiscência do álbum Respirar (2002), gravado na fase em que a cantora se tornou mãe e se converteu ao budismo - e Burning luv. (Patricia Marx, Robinho, Marcelo Maita e Ivan Carvalho, 2004), representante do disco em que Marx adotou o neosoul recorrente nos arranjos do disco e show Trinta. Em cena, a elegância e a afinação da artista amenizam eventuais redundâncias dessa estética neosoul. De cara, quando Marx entra em cena e dá voz a Espelhos d'água (Dalto e Claudio Rabello, 1983) - canção que a artista gravou com certa repercussão em seu álbum Quero mais (1995) - fica claro que o show tem classe e charme. Nessa cena blackCedo ou tarde (Patricia Marx, Bruno E., Filiph Neo e Sorry Drummer,2013) - música inédita do disco Trinta, apresentada pela cantora em dueto com o tecladista Filiph Neo, seu parceiro na música - se ajustou com perfeição ao espírito neosoul do show. Mais tarde, já com o collant que constitui o figurino da segunda metade do show, Marx injetou alguma sensualidade na melancolia de Quando chove - versão em português de Nelson Motta para a canção italiana Quando chiove (Pino Daniele), gravada originalmente pela cantora no disco Ficar com você (1994) - e elevou os tons de Ficar com você, versão de Nelson Motta para I wanna be where you are (T-Boy Ross e Leon Ware, 1971), hit da fase inicial de Michael Jackson (1958-2009). No bis, o groove de Tudo o que eu quero (Patricia Marx, Bruno E., Filiph Neo e Sorry Drummer, 2013) reverbera a pegada black do show. Aos 38 anos, Patricia Marx faz a festa do amor adulto. Podem barrá-la na festa ploc!

Marx faz 'Trinta' em cena com tema da fase solo de Michael e hits dos 80

Música do compositor inglês Rod Temperton lançada por Michael Jackson (1958 - 2009) no primeiro álbum solo da fase adulta de sua carreira (Off the wall, 1979), Rock with you foi a novidade do roteiro seguido por Patricia Marx na estreia carioca do show Trinta. Presença rara em palcos do Rio de Janeiro (RJ), a cantora e compositora paulista fez no Theatro Net Rio na noite de terça-feira, 26 de março de 2013, o show baseado no projeto fonográfico em que revisa trinta anos de carreira. Se no recém-lançado CD Trinta Marx rebobina músicas de sua discografia pós-1994, no show a artista voltou um pouco mais no tempo. Não chegou a cantar hits do Trem da Alegria, o grupo infantil no qual ingressou em 1984, mas reviveu - com a pegada neosoul de sua banda black - sucessos da fase adolescente de sua obra fonográfica como Te cuida, meu bem (Michael Sullivan e Paulo Massadas), gravado em seu primeiro álbum solo, Paty (1987). Eis o roteiro seguido por Patricia Marx - vista em foto de Rodrigo Amaral - no elegante show feito no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ), em 26 de março de 2013:

*  Instrumental banda
1. Espelhos d'água (Dalto e Claudio Rabello, 1983)
2. Sem pensar (Patricia Marx e Mad Zoo, 2002)
3. Despertar (Patricia Marx e Bruno E, 2002)
4. Rock with you (Rod Temperton, 1979)
5. Te cuida, meu bem (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1987)
6. Cedo demais (Chico Roque, Ed Wilson, Carlos Colla, 1988)
7. Burning luv. (Patricia Marx, Robinho, Marcelo Maita e Ivan Carvalho, 2004)
8. Cedo ou tarde (Patricia Marx, Bruno E., Filiph Neo e Sorry Drummer, 2013)
*  Instrumental banda
9. Melody of love (Patricia Marx, Marc Mac, Filiph Neo e Sorry Drummer, 2013)
10. Destino (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, 1991)
11. Quando chove (Quando chiove) (Pino Daniele em versão de Nelson Motta, 1994)
12. Ficar com você (I wanna be where you are) (T-Boy Ross e Leon Ware em versão de Nelson Motta, 1994)
13. Sonho de amor (Michel Sullivan e Paulo Massadas, 1991)
Bis:
14. Tudo o que eu quero (Patricia Marx, Bruno E., Filiph Neo e Sorry Drummer, 2013)

Música do coletivo The Bottletop Band, 'Maná' puxa 'Cavalo' de Amarante

Cavalo é o nome do primeiro disco solo de Rodrigo Amarante. O CD tem lançamento previsto para junho de 2013. Música que já havia sido gravada pelo cantor e compositor carioca com The Bottletop Band, coletivo orquestrado por Mario Caldato que agrega músicos brasileiros e ingleses, Maná é - por enquanto - a faixa que puxa Cavalo na internet. Na gravação solo de Amarante, Maná preserva seus toques de samba, a baianidade nagô que evoca de longe o suingue do grupo Novos Baianos e a pegada afro que remete a alguns registros do cantor e pernambucano Otto. Em que pesem tantas referências, ou talvez até por causa delas, Maná diverge de tudo que Amarante vinha mostrando em shows - com e sem o grupo Los Hermanos.

Marx revisa em 'Trinta' quase vinte anos de carreira em clima de neo soul

Resenha de CD
Título: Trinta
Artista: Patricia Marx
Gravadora: Lab 344
Cotação: * * 1/2

Trinta - 11º álbum da discografia solo de Patricia Marx, lançado neste mês de março de 2013 - tem esse título porque celebra os 30 anos de carreira fonográfica da cantora e compositora paulista. Trajetória iniciada em 1983 com a gravação de faixa no LP infantil 1º Festival Internacional da Criança. Contudo, a rigor, Trinta poderia se chamar Vinte ou, mais precisamente, Dezenove, pois a revisão do repertório começa em 1994, ano em que, sob produção de Nelson Motta, a cantora adotou o nome artístico de Patricia Marx e lançou o CD Ficar com você. Versão de Motta para I wanna be where you are (T-Boy Ross e Leon Ware), sucesso de Michael Jackson (1958 - 2009) em 1971, a música-título Ficar com você é rebobinada em Trinta em tonalidade suave, sem a pegada da gravação do Rei do Pop. É a última das dez faixas de disco que ignora a fase infantil de Patricia no Trem da Alegria - grupo infantil criado pelo produtor e compositor Michael Sullivan em 1984 - e também o cancioneiro adolescente gravado pela cantora nos álbuns Paty (1987), Patrícia (1988) e Incertezas (1990). Até mesmo os álbuns Neoclássico (1992) - a incursão da artista pela MPB pré-Bossa Nova - e Charme do mundo (projeto de covers de 1997) foram omitidos neste primeiro volume da revisão (está prevista para o fim do ano, pelo selo Lab 344, a edição do segundo volume do projeto, após o lançamento do DVD e CD ao vivo). Embora incompleta nesse volume inicial, a seleção de Trinta soa coerente ao expor músicas que se prestam bem a abordagem neosoul que dá o tom do disco e que o torna por vezes linear. Marx já cantou pop dançante e já se embrenhou no universo eletrônico (Despertar, parceria da cantora com Bruno E, é lembrança dessa fase eletrônica). Mas nunca escondeu o apreço pelo soul. Mote de temas como Dito e feito (Patricia Marx, Filiph Neo e Sorry Drummer) e Cedo ou tarde (Patricia Marx, Bruno E., Filiph Neo e Sorry Drummer), este gravado por Marx em dueto com o tecladista Filiph Neo, o neosoul já motivou a cantora até a fazer um disco editado na Europa e no Japão em 2004. Trinta também é disco pautado pelo neosoul e, nesse sentido, a escolha dos convidados se adequou perfeitamente ao tom black pop do disco. Ed Motta deita e rola no groove da inédita Tudo o que eu quero (Patricia Marx, Bruno E., Filiph Neo e Sorry Drummer). Seu Jorge aveluda a releitura de Espelhos d'água, parceria de Dalto e Claudio Rabello, bela canção lançada por Dalto em 1983 e regravada por Marx em seu álbum Quero mais (1995). Já Diego Oliveira põe seu rap no samba Menino (Patricia Marx e Marc Mac). Única faixa em inglês do disco, Melody of love (Patricia Marx, Marc Mac, Filiph Neo e Sorry Drummer) sinaliza que o groove dos temas por vezes soa mais sedutor do que as músicas em si. Para quem faz questão de melodia, Quando chove - versão em português de Nelson Motta para a canção italiana Quando chiove (Pino Daniele), gravada originalmente por Marx no disco Ficar com você (1994) - vai soar como um dos destaques de Trinta. De todo modo, aos 38 anos de vida, Marx revisa 19 dos 30 anos de sua carreira musical com elegância e charme, num tom íntimo e pessoal, como se Trinta fosse antes um disco moldado para sua satisfação própria do que para atender exigências de mercado que, por preguiça e conveniência, adora se escorar no passado.

Obra de Noel cai no samba-jazz, no ponto de Bala, em disco instrumental

Resenha de CD
Título: Noel Rosa ao entardecer
Artista: Flávio Bala
Gravadora: Selo Sesc
Cotação: * * * 

Afirma Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo, em texto escrito para o encarte do CD Noel Rosa ao entardecer, que é difícil encontrar leituras da obra de Noel Rosa (1910 - 1937) que não sigam a trilha apontada pelo próprio compositor carioca, mestre nos anos 30 na criação de um samba mais urbano, apimentado com a verve dos seus versos. Pois o saxofonista Flávio Bala aponta outro caminho no disco editado pelo Selo Sesc neste mês de março de 2013. Em Noel Rosa ao entardecer, CD inteiramente instrumental que começou a ser gestado em 2010, ano do centenário de nascimento do compositor, a obra de Noel cai no samba-jazz. Bala lidera quarteto de formação jazzística. Mas os músicos não abusam da liberdade proporcionada pelo jazz para desfigurar a obra do Poeta da Vila. Ao contrário. As melodias inventivas, sempre originais, podem ser apreciadas no disco, sopradas pelo sax de Bala. As intervenções do quarteto ficam geralmente para a parte final das faixas. No suave ponto de Bala, Último desejo (1937) e Feitio de oração (Noel Rosa e Vadico, 1932), por exemplo, têm preservadas suas melancolias. A rigor, aliás, Feitio de oração nem deveria estar no disco, pois, em registro instrumental, sem a letra de Noel, o que fica é a bela e triste melodia do compositor e pianista paulista Oswaldo Gogliano (1910 - 1962), o Vadico, principal parceiro de Noel. Já Palpite infeliz (1935) é exemplo da maestria de Noel no exercício da criação de música e letra. Por conta de um problema de prensagem, a disposição dos sambas Fita amarela (1933) e Onde está a honestidade? (1933) resulta invertida no disco - o mesmo ocorrendo com os sambas Feitiço da Vila (1934) e o menos ouvido Mentir (1933). Problema técnico à parte, o CD Noel Rosa ao entardecer cumpre sua função de abordar a obra do Poeta da Vila por viés pouco usual. Vale por isso, embora o melhor caminho seja o de Noel...

Já na rede, o single 'Toda doida' anuncia o segundo álbum de Boss in Drama

 Já em rotação na internet, o single Toda doida - rap festivo cantado com batida de dance music e toque de reggae, produzido pelo DJ curitibano Péricles Martins com a voz da MC Karol Conka, também de Curitiba (PR) - anuncia o segundo álbum de Boss in Drama, codinome artístico usado por Martins para seu projeto de música eletrônica. Toda doida é composição assinada por Martins em parceria com Karol Conka. Inspirada na ilustrações dos discos de reggae lançados na Jamaica na década de 70, a capa do single Toda Doida é assinada por Chuck Hipolitho, vocalista da banda Vespas Mandarinas. Em fase de pré-produção, o segundo álbum de Boss in Drama sai até o fim deste ano de 2013 e vai ter convidados em todas as faixas. Martins vai atuar essencialmente como produtor no sucessor de Pure gold (Deck, 2011).

terça-feira, 26 de março de 2013

É divulgado novo cartaz do filme que foca a juventude de Renato Russo

Foi divulgado nesta terça-feira, 26 de março de 2013, um novo poster de Somos tão jovens, filme de ficção que conta a história de Renato Russo (1960 - 1996) até a formação da banda Legião Urbana. Assinado pelo diretor e roteirista paulista Antonio Carlos da Fontoura, o longa-metragem foca Brasília (DF) no período que vai de 1976 a 1986, englobando a criação do grupo Aborto Elétrico. Renato Russo é interpretado por Thiago Mendonça. A direção musical do filme é de Carlos Trilha, tecladista que participou da banda de apoio da Legião Urbana e arranjou e produziu os dois álbuns individuais de Russo, The Stonewall Celebration Concert (1994) e Equilíbrio distante (1995). A estreia de Somos tão jovens está programada para 3 de maio.

Sai no Brasil DVD com registro integral de mítico show dos Doors em 68

Em 5 de julho de 1968, o grupo norte-americano The Doors subiu ao palco do Hollywood Bowl para fazer show que adquiriria aura lendária - como quase tudo que cerca o grupo que eternizou a figura icônica de Jim  Morrison (1943 - 1971). O registro audiovisual do show já havia sido lançado no vídeo intitulado The Doors live at Hollywood Bowl. De todo modo, o DVD que a Eagle pôs no mercado norte-americano em outubro de 2012 e que a ST2 lança no Brasil neste mês de março de 2013, Live at the Bowl '68, tem iscas capazes de fisgar colecionadores de gravações dos Doors. Trata-se do registro integral do show, o que adiciona ao roteiro três números então dados como perdidos, casos de The WASP (Texas radio and the big beat), Spanish caravan e de Hello, i love you. Além do mais, o alardeado incremento na qualidade do som e do áudio é real, tendo sido obtido através da restauração do filme original. Por fim, há extras no DVD como clipe de Gloria e registros ao vivo de Wild child (extraído do programa de variedade The Smothers Brothers Show) e do sucesso Light my fire (captado no programa The Jonathan Winters Show). Iscas que vão induzir fãs dos Doors a comprar o DVD...

Strokes ratifica em 'Comedown machine' a guinada tecnopop de 'Angles'

Resenha de CD
Título: Comedown machine
Artista: The Strokes
Gravadora: RCA Records / Sony Music
Cotação: * * 1/2

Quinto álbum de estúdio do grupo norte-americano The Strokes, Comedown machine - nas lojas dos Estados Unidos a partir desta terça-feira, 26 de março de 2013 - sepulta as esperanças dos fãs que ansiavam pela volta do grupo ao rock. Não, o grupo não volta ao rock que revitalizou na virada do século com o lançamento de seu primeiro álbum, Is this it (2001). Comedown machine deixa claro que a guinada tecnopop experimentada pelo Strokes em seu álbum anterior, o fraco Angles (2011), não foi mera aventura de uma banda sem inspiração. A bem da verdade, essa verdade incômoda para fãs de primeira hora do Strokes começou a ficar clara já início do ano com o lançamento, em janeiro, de One way trigger, faixa irresistível que fez o Strokes soar como A-ha na melhor fase do desativado trio norueguês, combinando os falsetes do vocalista Julian Casablancas com sintetizadores à moda do tecnopop dos anos 80 e com guitarras à moda do próprio Strokes. Só que a dúvida permanecia, pois o primeiro single oficial de Comedown machine - All the time, lançado em fevereiro - evocou a sonoridade clássica da banda. Contudo, quando Comedown machine foi jogado na rede, liberado pelo próprio grupo para audição, não restou mais dúvidas: o Strokes prolonga neste quinto álbum a viagem tecnopop de Angles. É esse o som que vai ser ouvido em faixas como Wellcome to Japan (com um toque de disco music), Slow animals (com um toque de funk) e Partners in crime. Se One way trigger evoca A-ha (e não há demérito nisso para nenhum dos dois grupos), Tap out remete ao duo inglês Pet Shop Boys já na abertura do álbum, mas tem também uma pegada latina. Há rock? Sim, até há, mas em dose econômica. 50/50 vai contentar admiradores do velho Strokes de Is this it e do posterior Room on fire (2003). Só que a faixa chega a soar alienígena dentro da atmosfera retrô do álbum, que ainda apresenta duas baladas - Chances e 80's comedown machine - e termina em tom mais experimental, climático, com a instigante Call it fate, call it karma. Resumo da ópera pop: Comedown machine não constrange como Angles, sendo ligeiramente superior ao seu antecessor no confronto dos respectivos repertórios, mas tampouco torna a viagem tecnopop do Strokes realmente agradável - com exceção da inebriante One way trigger, pista certa do som do CD.