Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


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quinta-feira, 7 de abril de 2016

Edição de 30 anos de 'Legião Urbana' está à altura (da importância) do álbum

Resenha de álbum
Título: Legião Urbana (Edição comemorativa dos 30 anos do disco)
Artista: Legião Urbana
Gravadora: EMI / Universal Music
Cotação: * * * * *

Para começo de conversa, a edição comemorativa dos 30 anos do lançamento do primeiro álbum da banda Legião Urbana, Legião Urbana (EMI-Odeon, 1985), está tão à altura da relevância do disco na história do rock brasileiro que pouco importa o fato de estar chegando ao mercado fonográfico com um ano de atraso por conta de pendengas entre o herdeiro de Renato Russo (1960 - 1996) e os dois remanescentes da formação original da banda de Brasília (DF), Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Álbum que captou as ansiedades e inquietações de juventude que amargava os últimos anos da ditadura instaurada no Brasil em 1964, Legião Urbana volta ao catálogo em edição dupla, acrescido de um disco e de um encarte adicionais. Encarte, aliás, que valoriza o CD 2 por trazer fotos raras, desenhos, reproduções de cartazes de shows e informações sobre as gravações em formato que lembra os fanzines da década de 1980. Raro no mercado fonográfico brasileiro, o requinte desta edição de 30 anos remete às edições similares produzidas no exterior para festejar aniversários de álbuns que fizeram história no universo pop. O CD 1 reproduz o álbum original em nova edição remasterizada. Para colecionadores de discos, a grande novidade reside no CD 2 com 18 fonogramas inéditos. Além de registros históricos, como o cassete gravado em Brasília (DF) em meados de 1983 com músicas como Petróleo do futuro (Renato Russo e Dado Villa-Lobos, 1985), tal material inédito ou no mínimo raro abarca remixes - o de A dança (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, 1985) foi produzido por Mario Caldato e o de O reggae (Renato Russo e Marcelo Bonfá, 1985) foi formatado por Liminha - e até falas de Renato Russo que ajudam a registrar para a posteridade a personalidade meticulosa e sincera do líder e mentor da Legião Urbana. Destes 18 fonogramas adicionais, os mais valiosos - do ponto de vista musical e documental - são as gravações definidoras de Geração Coca-cola (Renato Russo, 1985), de Ainda é cedo (Ico Ouro Preto, Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, 1985) e da já mencionada A dança. Os três registros foram feitos entre novembro e dezembro de 1983 para demo produzida pela Legião a convite de Jorge Davidson, então diretor artístico da EMI-Odeon, companhia com a qual a banda assinaria contrato em 1984 para gravar Legião Urbana, o álbum lançado originalmente em janeiro de 1985 e abafado de início pela mídia voltada para as estrelas da primeira edição do festival Rock in Rio, realizado naquele mês de janeiro de 1985. As três demos de 1983 flagram a Legião Urbana envolvida pela aura punk que criava esquinas metafóricas na Brasília (DF) do início da década de 1980. Na faixa falada Renato apresenta, no qual Renato Russo se refere a ele mesmo na terceira pessoa, o letrista da Legião contextualiza a cena brasiliense daquela época e a aparição da Legião Urbana naquele universo de inspiração punk. Há também falas de Renato em registros como o de Química (Renato Russo), feito para programa juvenil da TV Globo, Clip clip pirata. "Ficou barra limpa", avalia Renato ao fim da gravação da música lançada em disco pelo grupo carioca Paralamas do Sucesso no primeiro álbum do trio, Cinema mudo (EMI-Odeon, 1983), e registrada pela Legião somente no disco revisionista Que país é este? 1978 - 1987 (EMI-Odeon, 1987), no qual a banda recupera repertório do Aborto Elétrico (1978 - 1982), embrionário grupo punk cuja dissolução em 1982 gerou o grupo Capital Inicial e a própria Legião. Entre falas, registros documentais de temas improvisados que se perderam na história da banda como ADUUUUUUHHHH! (Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá, 1984) e takes descartados de Será (Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá, 1985), a edição de 30 anos do álbum Legião Urbana revolve a raiz punk de banda que, a partir do segundo álbum, Dois (EMI-Odeon, 1986), foi se distanciando dessa origem punk e se aproximando da canção com letras filosóficas e existenciais que recorreram cada vez mais às metáforas. Foi a partir daí que a Legião Urbana extrapolou o universo do rock e a figura de Renato Russo foi ficando cada vez mais mítica até transformar o cantor, compositor e músico carioca em espécie de Messias do rock brasileiro da década de 1980 e 1990. Contudo, como o próprio Russo diz em fala da faixa Profecia de Renato, existe a música e o que importa, acima de tudo, é ser feliz. A Legião Urbana parece ter sido feliz neste começo batalhador perpetuado nas gravações adicionais que valorizam e justificam a bela edição de 30 anos de Legião Urbana, álbum antológico, imortal.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Edição estendida do primeiro álbum da Legião apresenta três demos de 1983

A rigor, já são 31 anos, pois o álbum Legião Urbana foi lançado em janeiro de 1985 pela extinta gravadora EMI-Odeon. Mesmo com atraso, provocado por discórdias sobre a autoria da música inédita 1977, a edição dupla comemorativa dos 30 anos do álbum Legião Urbana vai ser enfim lançada em março de 2016, com distribuição da gravadora Universal Music, após ser cancelada. Alvo de pendenga entre Giuliano Manfredini - herdeiro de Renato Russo (1960 - 1996) - e os legionários remanescentes Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, a música 1977 foi limada do CD 2, que reúne, ao longo de 18 faixas, sete registros alternativos das músicas do álbum de 1985, dois remixes (o de Liminha para a música O reggae e o de Mario Caldato para a música A dança), falas de Renato Russo, um registro pirata de Química e várias demos, inclusive três demos gravadas pela banda em 1983 a convite da EMI-Odeon. Essas seminais demos de 1983 - descartadas na época e nunca mais aproveitadas - das músicas Ainda é cedo, A dança (gravada com a participação de Herbert Vianna) e Geração coca-cola são as raridades mais antigas e valiosas do CD 2 da edição de 30 anos do álbum Legião Urbana. Já o CD 1 reapresenta o disco original em edição remasterizada.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O livro sobre o disco 'As quatro estações' é mais informativo do que analítico

Resenha de livro
Título: O livro do disco - As quatro estações (Legião Urbana)
Autor: Mariano Marovatto
Editora: Cobogó
Cotação: * * 

De todos os quatro títulos nacionais produzidos pela editora Cobogó para a série O livro do disco, o assinado pelo escritor, pesquisador, cantor e compositor carioca Mariano Marovatto é o de tom mais superficial. O autor mais reproduz informações críveis sobre o disco em questão - As quatro estações (EMI-Odeon, 1989), uma das obras-primas da banda brasiliense Legião Urbana - do que disseca as músicas do álbum mais espiritualista do grupo de Renato Russo (1960 - 1996), Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Mesmo tendo acesso a valioso material de arquivo sobre a gravação (14 fitas dentre as 86 cedidas por Dado que reproduzem todos os takes das 11 músicas do álbum e inclusive diálogos travados entre os músicos no estúdio), Marovatto jamais elabora um raciocínio próprio e aprofundado sobre o disco. Ao longo das 88 páginas do livro, há mais reproduções de entrevistas - uma foi feita com Dado especialmente para o livro - e informações da vida pessoal do autor do que uma análise propriamente dita do álbum. Há, claro, detalhes interessantes sobre a construção das músicas, sobretudo no que diz respeito às letras por vezes enigmáticas de Russo. Mas são detalhes dispersos em narrativa que flui somente porque o texto de Marovatto é bom. Mas é uma narrativa que, se dissecada com rigor, pouco acrescenta ao que um admirador atento da obra da Legião Urbana provavelmente já sabe. Em vez de tomar as rédeas do discurso e refletir sobre o álbum frente ao que apurou e ouviu, como fizeram outros autores de livros da série, Marovatto dá geralmente a palavra para Russo, reproduzindo falas de entrevistas do trovador que criava solitariamente, mesmo quando imerso no cotidiano elétrico de um estúdio de gravação. Para quem desconhece a discografia da Legião Urbana, o livro contextualiza bem a gestação de As quatro estações na história da banda e dá pistas valiosas sobre o método usado por Russo para criar letras como as de Há tempos (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá), Monte Castelo (Renato Russo) e Pais e filhos (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá). Aliás, a rigor, descontadas as informações da vida pessoal do autor e as excessivas citações de obras alheias, Marovatto produziu alentada reportagem sobre o angustiado álbum, mas não um livro de caráter realmente analítico sobre a luz jogada por  As quatro estações  no universo pop brasileiro.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

RETROSPECTIVA 2015 – Dado e Bonfá reavivam Legião em livro e em turnê

RETROSPECTIVA 2015 – Quando Dado Villa-Lobos tirou a foto acima com Marcelo Bonfá na sede da Universal Music (gravadora que adquiriu o acervo da EMI Music), em julho deste ano, e a postou no Facebook, Dado acreditava que iria lançar no último trimestre de 2015 uma reedição dupla de Legião Urbana (EMI-Odeon,1985), o primeiro álbum da homônima banda que formara com Renato Russo (1960 - 1996) em Brasília (DF) em 1982. A edição comemorativa dos 30 anos do disco traria até música inédita do repertório da banda, 1977, mas acabou ficando no plano das ideias, por ora, por conta de mais uma divergência de Dado e Bonfá com Giuliano Manfredini, filho e herdeiro de Renato. Como a discórdia foi parar na Justiça, Dado e Bonfá abortaram - até segunda ordem - a reedição do álbum. Mas nem por isso deixaram de reavivar o legado da Legião Urbana em livro e show. O livro, Memórias de um legionário, foi lançado em maio. Em tese, é livro autobiográfico de Dado. Mas predominam na narrativa fatos que envolvem a Legião Urbana e Renato Russo. Em outubro, Dado e Bonfá iniciaram a turnê nacional do show idealizado com o objetivo de celebrar os 30 anos do álbum Legião Urbana. Apesar dos revivals do grupo, o nome da Legião Urbana ainda continuou sendo notícia por conta de discórdias em 2015, ano que já começou triste para os fãs da banda com a saída de cena, em fevereiro, do baixista dos três primeiros álbuns, Renato Rocha (1961-2015), o NegreteUrbana Legio omnia vincit? Legião Urbana vence tudo, exceto a morte...

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Bonfá e Dado abortam reedição do primeiro álbum da Legião por divergência

Às vésperas de iniciar a primeira turnê nacional da Legião Urbana sem Renato Russo (1960 - 1996), Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá cancelaram a reedição do primeiro álbum da banda brasiliense, Legião Urbana (EMI-Odeon, 1985), produzida pela Universal Music com inéditas faixas-bônus. O motivo do cancelamento foi mais uma divergência de Dado e Bonfá - em foto de Marcos Hermes - com Giuliano Manfredini, filho e herdeiro da obra de Renato Russo. Desta vez, o ponto da discórdia é a autoria da música inédita 1977, cuja gravação (nunca lançada pela Legião) seria incluída na turbinada reedição do álbum. Manfredini alega que a música é de autoria somente de Renato Russo e - como tal - assim ela foi registrada no ECAD após a morte de Renato. Bonfá e Dado sustentam que têm direitos sobre a composição. Para evitar mais um embate judicial, eles optaram por abortar o projeto da reedição do álbum - ansiosamente aguardada pelos fãs da banda.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Edição de 30 anos do álbum 'Legião Urbana' vai ser dupla e terá pérolas raras

Em comunicado expedido na tarde de hoje, 2 de setembro de 2015, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá revelaram que a edição comemorativa dos 30 anos do primeiro álbum da banda Legião Urbana é dupla e vai apresentar gravações raras. No mercado fonográfico no último trimestre de 2015, em edição do selo EMI distribuída pela gravadora Universal, a edição dupla vai trazer no disco 1 a edição remasterizada do álbum original de 1985. No disco 2, o álbum Legião Urbana - 30 anos vai apresentar registros até então guardados nos arquivos da gravadora EMI-Odeon. Entre estes fonogramas raros, há as gravações das três músicas registradas pela Legião Urbana em 1983, quando o grupo ainda era um trio e Renato Russo (1960 - 1996) acumulava as funções de vocalista e baixista da banda. No comunicado, Dado e Bonfá ressaltam que a turnê nacional a ser feita a partir de outubro - com o cantor paulista André Frasteschi no posto de vocalista da banda - tem o objetivo de promover a edição comemorativa das três décadas do disco e que não se trata de uma volta da Legião Urbana. O roteiro do show inclui o repertório integral do álbum Legião Urbana. Eis as palavras oficiais de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá sobre o projeto  Legião Urbana - 30 anos:

"Em 2014, enquanto atravessávamos o difícil processo judicial pelos nossos direitos sobre o nome da banda, acabamos achando - em comunicados como este - uma ferramenta clara de nos comunicar de forma direta com a imprensa e, principalmente, com os fãs da Legião Urbana. 

Nesses comunicados dizíamos que, enquanto esse problema não fosse resolvido, não haveria nenhum lançamento da banda. Foi assim que, depois de termos nossos direitos reconhecidos pela justiça, recebemos da EMI - hoje parte da Universal Music - a proposta de lançar uma edição especial do nosso primeiro disco, também chamado de Legião Urbana e originalmente lançado em 1985. 

Surgia então o projeto Legião Urbana - 30 anos. Edição especial que, além de trazer o disco original remasterizado, vai trazer um outro disco contendo algumas pérolas e raridades cuidadosamente guardadas nos cofres da gravadora. Entre elas estão, por exemplo, as três músicas que a EMI nos convidou para gravar no Rio de Janeiro em 1983, quando éramos um trio de rapazes vindo de Brasília - ainda com o Renato tocando baixo e cantando! Este lançamento da EMI / Universal está previsto para o final de 2015.

O processo de mexer com todas essas fitas, de ver aquelas fotos, de ler aqueles textos e, principalmente, de ouvir aquelas primeiras versões das nossas músicas, foi realmente emocionante. Tanto que acabou despertando a vontade de estarmos juntos tocando de novo. 

Dessa vontade surgia uma segunda ideia: a de chamar alguns amigos e montar um show para tocar o nosso primeiro disco na íntegra. Mas, para evitar erros ou mal-entendidos, sentimos a necessidade de deixar bem claro que não existe possibilidade alguma de “volta” da Legião Urbana. Como já dissemos inúmeras vezes, a Legião - como banda - acabou junto com a morte do Renato, em 1996. E ninguém pode substituir o Renato. Único e insubstituível.

Esse encontro onde vamos comemorar os 30 anos do nosso primeiro disco - tocando ele na íntegra - vai levar o nome do próprio disco, e será divulgado da seguinte forma: 

Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá
em
Legião Urbana – 30 anos
Como o Renato sempre dizia nos nossos shows: "A gente está aqui no palco, mas a verdadeira Legião Urbana são vocês”. Só que, desta vez, alguns de vocês vão estar no palco junto conosco!"

URBANA LEGIO OMNIA VINCIT

sábado, 29 de agosto de 2015

Universal Music dissocia reedição do disco 'Legião Urbana' da volta do grupo

Em comunicado expedido no fim da tarde de ontem, 28 de agosto de 2015, a gravadora Universal Music anunciou que prepara, através de seu selo EMI, reedição comemorativa dos 30 anos do álbum Legião Urbana (EMI-Odeon, 1985), o primeiro da banda formada em Brasília (DF) em 1982 por Renato Russo (1960 - 1996), mas ressaltou que tal iniciativa está dissociada dos "projetos pessoais dos integrantes originais da banda ou de qualquer outra ação envolvendo a marca". O comunicado se refere veladamente à volta da Legião à cena a partir de outubro em show que vai percorrer o Brasil. Como recuperaram na Justiça o direito de usarem a marca Legião Urbana, após longo embate nos tribunais com Giuliano Manfredini, filho e herdeiro de Russo, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá vão fazer show como Legião Urbana com o cantor paulista André Frateschi no posto de vocalista da banda, ocupando a função de Russo (tal como o ator e cantor Wagner Moura fez em 2012 em controvertido projeto da MTV), mentor e cantor original do grupo. O show tem direção cênica do encenador de teatro Felipe Hirsch. Liminha - de boné na foto acima, postada por Bonfá no Facebook - cuida da produção musical. Lucas Vasconcelos (à esquerda) faz parte da banda que acompanhará Bonfá, Dado e Frateschi no palco - assim como o baixista Mauro Berman e o tecladista Roberto Polo. O comunicado da Universal Music sinaliza que a briga continua.

domingo, 14 de junho de 2015

Com Lenine em hit da Legião, Capital Inicial grava 'Acústico 2' em Nova York

A IMAGEM DO SOM - A foto de Keith Alves Bentrup, compartilhada pelo grupo Capital Inicial na sua página oficial no Facebook, flagra o grupo de Brasília (DF) na casa Terminal 5, em Nova York (EUA), na gravação de seu segundo registro audiovisual de tom acústico, feito em 6 de junho de 2015, 15 anos após o lançamento do consagrador CD e DVD Capital Inicial Acústico MTV (Abril Music, 2000). Lenine participou da gravação ao vivo, dividindo com o vocalista do Capital, Dinho Ouro Preto, a interpretação de Tempo perdido (Renato Russo), sucesso da conterrânea banda brasiliense Legião Urbana em 1986.

domingo, 24 de maio de 2015

Dado repassa tensa história da Legião pelo filtro da memória própria e alheia

Resenha de livro
Título: Dado Villa-Lobos - Memórias de um legionário
Autor: Dado Villa-Lobos, Felipe Demier e Romulo Mattos
Editora: Mauad X
Cotação: * * 1/2

Em tese, o livro Memórias de um legionário é a autobiografia de Dado Villa-Lobos, o compositor e guitarrista de origem belga que ganhou projeção nacional a partir dos anos 1980 como músico da banda Legião Urbana (1982 - 1996). Na prática, embora concentre dados biográficos da infância e adolescência do artista em seus capítulos iniciais, o livro reconta basicamente a saga da Legião Urbana. Sim, há também menções, ao longo das 256 páginas do livro, aos trabalhos feitos por Dado antes, durante e depois de seu ingresso na banda. Mas o foco principal é sempre a Legião, banda alvo de culto sagrado que conseguiu transcender o universo do rock por conta das letras políticas, filosóficas e existenciais escritas pelo mentor do grupo, Renato Russo (1960 - 1996). No livro, Dado repassa a tensa história da Legião pelo filtro da sua memória e de memórias alheias, pois volta e meia o artista recorre às versões de fatos escritos em outros livros que narraram a vida de Renato Russo e dissecaram a cena roqueira de Brasília (DF) que gerou em 1982 a Legião Urbana - banda nascida após o fim do lendário Aborto Elétrico (1978 - 1982), grupo de aura punk para o qual Russo criou músicas que ganhariam alcance nacional em registros da Legião Urbana. A narrativa do legionário flui muito bem, provavelmente pelo fato de o autor ter se juntado a dois historiadores, Felipe Demier e Romulo Matos, para organizar os dados no livro. Por ter sido um dos agentes dessa história, Dado Villa-Lobos tem muito o que contar. Mas o fato é que sua autobiografia pouco ou nada acrescenta de relevante ao que já se sabia sobre a Legião. Por mais que Dado detalhe a gestação de cada álbum da Legião (reproduzindo - e comentando - trechos de críticas para mostrar como cada disco foi recebido na imprensa) e que reviva o clima dos shows mais emblemáticos da banda, descortinando atribulados bastidores de turnês, as memórias do legionário são indicadas preferencialmente para quem nunca leu um livro sobre a heroica aventura de Dado, Marcelo Bonfá (bateria), Renato Rocha (1961 - 2015), o controvertido baixista Negrete, e Renato Russo no universo pop brasileiro. A fartura de menções ao que foi publicado em livros, jornais e revistas sinaliza que Dado confiou menos na sua memória do que deveria. E é justamente quando o autor deixa escapar uma impressão mais pessoal - como a exposta na frase "Essa banda teve poucos momentos divertidos, e esse foi um deles", dita ao comentar a performance e os figurinos dos legionários no especial infantil A era dos Halley, exibido pela TV Globo em outubro de 1985 - que o livro avança em relação às publicações anteriores e fica mais interessante, posto que mais pessoal. Mas tais impressões são raras. Dado tampouco se posiciona sobre a polêmica atitude de cantar o repertório da Legião em especial da MTV com o ator e cantor Wagner Moura no posto de vocalista. De todo modo, Memórias de um legionário documenta mais uma (bem-vinda) visão de grande história que atravessa gerações, tal como o som da Legião Urbana. Sempre haverá novos leitores...

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Baixista dos três primeiros álbuns da Legião, Renato Rocha sai de cena

♪ Baixista dos três primeiros álbuns da banda brasiliense Legião Urbana (1982 - 1996), Renato da Silva Rocha (27 de maio de 1961 - 22 de fevereiro de 2015), o Negrete, vivenciou como poucos os clichês do universo do rock'n'roll. Foi do céu ao inferno até sair de cena na manhã de hoje, a três meses de completar 54 anos, tendo vivido as experiências tão díspares de ser integrante de um dos grupos de rock mais idolatrados do Brasil e de, a partir de sua expulsão desse grupo, ter iniciado movimento de declínio que o levou a ser morador de rua - situação exposta ao Brasil em 2012 pelas câmeras de programa populista da TV Record. O compositor e músico carioca foi encontrado morto em quarto de hotel de Guarujá (SP). De acordo com informação postada pela família do artista em rede social, Negrete saiu de cena por conta de parada cardíaca. Mas já entrou para a história do rock brasileiro muito antes. Mais precisamente em 1984, ano em que - por conta de tentativa de suicídio de Renato Russo (1960 - 1996), dias antes da gravação do primeiro álbum da Legião - Rocha foi convidado a assumir o posto de baixista da banda quando o disco Legião Urbana (EMI Music, 1985) ainda estava em processo de pré-produção. Acabou tocando nos três primeiros álbuns do grupo - o citado Legião Urbana, Dois (EMI Music, 1986) e Que país é este? 1978 / 1987 (EMI Music, 1987) - e se tornando parceiro dos seus colegas de banda em músicas como Angra dos Reis (Renato Russo, Marcelo Bonfá e Renato Rocha, 1987) e Quase sem querer (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Renato Rocha, 1986). Embora nascido na cidade do Rio de Janeiro, no subúrbio de São Cristóvão, Rocha foi morar em Brasília (DF) nos anos 1970, se enturmando com a cena punk construída na Capital Federal entre a segunda metade da década de 1970 e o início dos anos 1980. Rocha integrou bandas como a Gestapo e a Hosbond Kama antes de ser convidado a entrar na Legião Urbana pelo mesmo Renato Russo que o expulsou do então quarteto em 1988. De acordo com declarações de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá (os dois remanescentes da formação original da Legião Urbana) à imprensa, Rocha - que teve problemas com álcool e drogas - nem sempre honrava os horários e os compromissos da agenda do grupo. Dono de personalidade temperamental que o levava a gestos autoritários, Russo expulsou Rocha do grupo no prédio da gravadora EMI, antes da gravação do quarto álbum da banda, As quatro estações (EMI Music, 1989). A saída de Renato Rocha da Legião Urbana foi tão intempestiva quanto sua entrada na banda. Só que Negrete fica na história do rock do Brasil em lugar de honra.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Justiça faz justiça ao devolver a Dado e Bonfá o direito da marca Legião

EDITORIAL - Em comunicado expedido hoje, 30 de outubro de 2014, por meio de sua assessoria de imprensa, os músicos Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá (à direita) anunciaram que readquiriram na Justiça o direito de também usar a marca Legião Urbana em produtos e atividades artísticas relacionadas à banda que mantiveram de 1982 a  1996 com Renato Russo (1960 - 1996). Pela sentença proferida em 28 de outubro de 2014 na 7ª vara empresarial do Rio de Janeiro (RJ), o herdeiro de Russo - seu filho Giuliano Manfredini - já não pode mais impedir Dado e Bonfá de usar a marca da banda do qual eles também fizeram parte desde a fundação até a dissolução por conta da saída de cena de Russo. Com tal sentença, a Justiça fez justiça. Por mais que Renato Russo tenha sido informalmente o mentor, o líder e o porta-voz da Legião Urbana, Dado e Bonfá eram membros ativos da banda, para cujo repertório também contribuíram, e estavam em posição de igualdade com Russo - como ressaltado na sentença, aliás - de forma legal. Já que houve impossibilidade de acordo (mais por parte de Manfredini, como frisa o comunicado de Dado e Bonfá), é justo que os dois músicos também tenham o direito de usar a marca que ajudaram a erguer. Que sejam feitas a paz e a justiça!

sábado, 19 de julho de 2014

Natiruts canta Charlie Brown, Legião e Paralamas no ao vivo '#NOFILTER'

A banda brasiliense de reggae Natiruts lança mais um registro ao vivo de show. Com lançamento programado para 29 de julho de 2014, em edição da Zeropontodois distribuída pela gravadora Sony Music, #NOFILTER chega ao mercado fonográfico nos formatos de CD (foto) e DVD. #NOFILTER traz o registro de show captado em apresentação feita pelo grupo em 25 de janeiro de 2014 na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro (RJ). No CD e DVD, o Natiruts recicla seus sucessos (Natiruts reggae power e O carcará e a rosa, entre outros), apresenta a inédita Onde as ondas quebram - exibida no DVD na forma de clipe - e aborda sucessos de bandas brasileiras como Charlie Brown Jr. (Zoio de lula), Legião Urbana (Faroeste caboclo) e Paralamas do Sucesso (Mensagem de amor). Eis, na ordem, as 21 músicas do DVD #NOFILTER:

1. O carcará e a rosa
2. Meu reggae é roots
3. Au de cabeça
4. Glamour tropical (Rio em dia de paz)
5. Você me encantou demais
6. Dentro da música
7. Groove bom
8. No mar
9. Sorri, sou rei
10. Naticongo
11. Pérola negra
12. Leve com você
13. Espero que um dia
14. Zoio de lula
15. Mensagem de amor
16. Deixa o menino jogar
17. Faroeste caboclo
18. Natiruts reggae power
19. Is this love?
20. Quero ser feliz também
21. Onde as ondas quebram - Videoclipe

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Site oficial da banda Legião Urbana retorna ao ar sob o signo da discórdia

Editorial - É triste que o site oficial da banda brasiliense Legião Urbana (1982 - 1996) retorne ao ar hoje, 4 de junho de 2014, sob o signo da discórdia. A briga judicial entre os dois músicos remanescentes da formação original da banda - o guitarrista Dado Villa-Lobos (à direita) e o baterista Marcelo Bonfá (ao centro) - e o filho (e herdeiro) do cantor Renato Russo (1960 - 1996), Giuliano Manfredini. Embora já fosse eventualmente abordada na mídia, a discórdia foi amplificada em 29 de maio, quando Dado e Bonfá emitiram comunicada em que expressaram indignação com o fato de a nova versão do site oficial da Legião Urbana ter sido arquitetada e concretizada sem a mínima participação deles, coprotagonistas da história. Na sequência, Manfredini se manifestou, repudiando o comunicado dos músicos e alegando que a marca Legião Urbana é legalmente de propriedade dos herdeiros de Renato Russo. Do ponto de vista legal, Manfredini está com a razão. Como Dado e Bonfá ainda lutam na Justiça para recuperar a parte que ambos acreditam lhes caber no uso da marca, Manfredini tem o poder total sobre essa marca enquanto não for proferida uma sentença definitiva sobre o caso. Contudo, na questão artística, a razão está com os músicos. Manfredini se excedeu quando retirou do ar o site original da banda - feito com a participação dos dois lados e dos fãs, tendo sido inaugurado em 2010 - e, pior, redirecionou o endereço desativado para o site pessoal de Renato Russo. Ora, por mais que tenha sido o mentor de Legião Urbana, Renato Russo formou uma banda. Dado e Bonfá jamais atuaram na banda como músicos contratados (caso do baixista Renato Rocha, que tocou nos três primeiros álbuns de estúdio do grupo). Eles TAMBÉM são Legião Urbana - sem falar no fato de que assinam com Russo boa parte do cancioneiro do trio. Sim, é certo que Dado e Bonfá também cometeram excessos quando se juntaram ao ator e cantor baiano Wagner Moura em show feito com o repertório da Legião Urbana com Moura como vocalista - como se Renato Russo fosse peça substituível na engrenagem quando, na verdade, Russo foi a alma da Legião. Mesmo assim, é injusto que ambos tenham sido alijados do processo de construção do novo site da banda. E, sim, se trata do novo site da banda, não do site da marca Legião Urbana, como quer fazer crer Manfredini no argumento mais frágil de sua defesa. Porque a marca se confunde, na prática, com a banda. Enfim, mesmo que ambos os lados tenham suas razões e mágoas, a briga é triste. A Legião Urbana é uma das bandas mais importantes da história do rock produzido no Brasil. O culto quase messiânico à banda não se originou do poder de sedução de um vocalista bonito - caso do RPM, competente grupo paulista de tecnopop que, apesar de seus reais méritos musicais, usou e abusou do sex-appeal do cantor Paulo Ricardo para arrastar multidões aos seus shows nos anos 1980. A Legião Urbana conquistou o Brasil unicamente pela qualidade de suas músicas, pelo recado dado em repertório que resiste esplendidamente bem ao tempo como um dos mais sólidos legados da música brasileira. Por isso mesmo, a discórdia entre Dado, Bonfá e Giuliano entristece quem acompanhou a trajetória da banda. Que haja entendimento entre as duas partes para que a música de Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá seja o único assunto sobre a imortal Legião Urbana!LEGIÃO URBANA = DADO VILLA-LOBOS + RENATO RUSSO + MARCELO BONFÁ

terça-feira, 9 de abril de 2013

Dado dá passo solo no palco entre lado B da Legião e tema de Cat Power

Música de autoria de Cat Power lançada pela cantora e compositora norte-americana em seu radiante nono álbum de estúdio, Sun (2012), 3,6,9 ganhou a voz de Dado Villa-Lobos. O tema de Power integra o roteiro do show de lançamento do CD O passo do colapso (2012), segundo disco solo de estúdio do compositor e guitarrista projetado na banda brasiliense Legião Urbana (1982 - 1996). Do repertório da Legião, aliás, Dado pinçou algumas músicas menos badaladas, como Depois do começo (Renato Russo, 1987) e Giz (Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, 1993), para cantar no show. Contudo, o show O passo do colapso - cuja estreia foi na noite de ontem, 8 de abril de 2013, no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ) - tem roteiro centrado nas músicas do álbum homônimo que foi lançado em edição digital em dezembro de 2012 e ganha edição física em CD neste mês de abril. Eis o roteiro seguido por Dado Villa-Lobos - visto em foto de Mauro Ferreira - na estreia nacional do show O passo do colapso:

1. Colapso (Dado Villa-Lobos, China e Jr. Black, 2012)
2. Brilho de gente que faz brilhar (Beto Callado, 2012)
3. Filho (Son) (Scott Weilland e Victor Indrizzi em versão em português de Dado Villa-Lobos, 2012)
4. Lucidez (Nenung e Dado Villa-Lobos, 2012)
5. Sobriedade (Nenung e Dado Villa-Lobos, 2012)
6. Depois do começo (Renato Russo, 1987)
7. Beleza americana (Fausto Fawcett e Carlos Laufer, 2012)
8. Tudo bem (Marcelo Guimarães, 2012)
9. Quando a casa cai (Nenung, 2012)
10. Overdose coração (Fausto Fawcett e Carlos Laufer, 2012)
11. Giz (Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, 1993)
12. 3,6,9 (Cat Power, 2012)
13. O passo do colapso (Nenung e Dado Villa-Lobos, 2012)
Bis:
14. O teatro dos vampiros (Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, 1991)
15. O homem que calculava (Nenung, 2012)
16. Índios (Renato Russo, 1986)
17.O parto (Dado Villa-Lobos e Cristina Braga sobre poema de Eduardo Galeano,2012) - texto em off

sexta-feira, 29 de março de 2013

César Menotti & Fabiano incluem hit inicial da Legião no bailão sertanejo

Sucesso inicial da Legião Urbana, Será (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá) - primeira música a despontar entre o repertório do primeiro álbum da banda, Legião Urbana (1985) - entrou no roteiro do bailão sertanejo da dupla mineira César Menotti & Fabiano. Será faz parte do repertório do CD e DVD Ao vivo no Morro da Urca, postos nas lojas pela gravadora Som Livre neste mês de março de 2013. O terceiro registro ao vivo de show da dupla foi gravado em 16 e 17 de agosto de 2012 no anfiteatro do Morro da Urca, um dos mais belos cartões-postais da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Na ocasião, César Menotti & Fabiano receberam convidados como a dupla Jorge & Mateus (em Dois corações, parceria de Menotti com Victor Hugo), a cantora Preta Gil (em Amor em dobro, tema de Elvis Pires e Rodrigo Mell) e o grupo Sorriso Maroto (em Tomou de assalto, parceria de Menotti com Bruno Cardoso e Munir Trad). Ao vivo no Morro da Urca apresenta músicas como Caso marcado e Vida cigana.

domingo, 11 de novembro de 2012

Registro ao vivo do tributo sinfônico à Legião Urbana sai em CD e DVD

Apresentado em 29 de setembro de 2011, na abertura da quarta edição carioca do festival Rock in Rio, o tributo sinfônico à banda Legião Urbana (1978 - 1982) - feito pela Orquestra Sinfônica Brasileira com a adesão e o aval de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, músicos remanescentes da formação original do grupo de Brasília (DF) - ganha registro ao vivo em CD e DVD lançados pela Sony Music neste mês de novembro de 2012. É a primeira vez que a Sony Music lança produto que envolve a Legião Urbana, banda cujo catálogo pertence integralmente à EMI Music. No CD e DVD Concerto Sinfônico - Legião Urbana ao Vivo, o repertório da banda é enquadrado em moldura sinfônica nas vozes dos solistas convidados Dinho Ouro Preto (Por Enquanto), Herbert Vianna (Será), Marcelo Bonfá (Teatro dos Vampiros), Pitty (Índios), Rogério Flausino (Tempo Perdido e Quase Sem Querer) e Toni Platão (Quando o Sol Bater na Janela do teu Quarto). Na abertura do tributo, a OSB toca medley com seis sucessos da banda.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Nem a entrega sincera de Wagner Moura dá sentido ao 'tributo' à Legião

Resenha de show 
Título: MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana
Artista: Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Wagner Moura (em foto de Mariana Caldas, do Flickr MTV)
Local: Espaço das Américas (São Paulo, SP)
Data: 29 de maio de 2012
Cotação: * * 
Resenha feita com base na transmissão ao vivo do show pela MTV

"Essa é talvez a noite mais emocionante da minha vida. Essa banda mudou a minha vida", garantiu Wagner Moura, com provável dose de exagero, efeito de sua emoção, após cantar Daniel na Cova dos Leões (1986), terceira das 26 músicas do roteiro seguido por Moura com o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá na estreia nacional do show MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana. Elétrico em cena, o ator transformado em cantor deu a impressão de estar sendo sincero na apresentação de 29 de maio de 2012. Contudo, a entrega de Moura e a adesão passional do público que lotou o Espaço das Américas, em São Paulo (SP), não bastaram para legitimar um tributo a rigor sem sentido. Afinal, dividindo o palco com Moura, estavam dois dos quatro legionários da formação clássica da banda criada em Brasília (DF) em 1982 por Renato Russo (1960 - 1996), mentor e alma do grupo que seria adorado com devoção messiânica pela juventude dos anos 80 e começo dos 90. Ou seja, Dado e Bonfá prestavam tributo a eles mesmos, já que, impedidos de usar o nome Legião Urbana pelos herdeiros de Renato Russo, os músicos e a MTV tiveram que conceituar o show - gravado ao vivo para edição em CD e DVD - como  tributo à banda formada há 30 anos. Como vocalista, na função ingrata de dar voz a músicas já eternizadas no canto imortal de Renato Russo, Moura se mostrou seguro e espontâneo, superando expectativas - ainda que suas limitações vocais tenham ficado evidentes, sobretudo nas canções mais melódicas como Antes das Seis (1997) e Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar (1989), números da segunda metade do roteiro que beiraram o constrangimento (Moura pareceu com menos fôlego nesse segundo bloco). De todo modo, contra todas as expectativas, houve momentos bonitos. Índios (1986) foi um deles, número em que Moura expôs sua intimidade com o cancioneiro do grupo, já evidenciada antes quando o ator se iluminou ao cantar Quando o Sol Bater na Janela do teu Quarto (1989). Monte Castelo (1989), com cordas em clima sinfônico, foi outro bom momento. É que, por mais que a natureza do tributo seja questionável, é inegável a força do repertório da Legião Urbana, a maior banda brasileira da geração pós-Mutantes por conta da ideologia desse cancioneiro composto à flor da pele - com verdade. Wagner Moura está longe de ser bom cantor, mas defendeu com garra esse repertório e convenceu no papel de vocalista de uma banda de rock - universo musical em que por vezes uma entrega sincera a uma ideologia redime a falta de uma boa voz. Sem essa entrega, o convidado Fernando Catatau mostrou - ao dividir com Moura os vocais de Andrea Doria (1986) - que, como cantor, é um dos melhores guitarristas de sua geração. E por falar em guitarra, Eu Sei (1987) se diferenciou no roteiro pelo solo memorável de Dado Villa-Lobos. Já O Teatro dos Vampiros (1991) - cantada por Bonfá - reiterou que o músico deve se limitar ao toque de sua bateria. Músicas nunca apresentadas ao vivo pela Legião Urbana, a bela A Via Láctea (1996) e Esperando por Mim (1996) deram tom ligeiramente introspectivo ao show, pois são temas do melancólico álbum A Tempestade (1996) em que Renato Russo - então já bastante debilitado pelas complicações decorrentes da contaminação pelo vírus da Aids - expressou nas letras tristeza que beirava a depressão. Geração Coca-Cola (1985) tangenciou a trilha folk-country por conta da gaita de Clayton Martins, músico do grupo Cidadão Instigado. Já Damaged Goods - música que deu início em 1978 à discografia da banda inglesa de pós-punk Gang of Four - se justificou no roteiro pela afetiva presença em cena de Andy Gill, guitarrista do grupo que influenciou os jovens que viviam em Brasília (DF) na virada dos anos 70 para os 80. O número contou com a adesão do baixista Bi Ribeiro, do trio carioca Paralamas do Sucesso, colega de geração da Legião. Gill permaneceu em cena durante Ainda É Cedo (1985). Daí para o fim, o tributo transcorreu mais irregular. Músicas dispensáveis - casos de 1965 (Duas Tribos) (1989) e Giz (1993) - se alternaram com hits como Há Tempos (1989). Será (1985) arrematou o bis de show que por vezes deu a impressão de ser mero karaokê. Mas o público, que ainda pedia em vão Faroeste Caboclo (1987), embarcou na onda, alheio à sensação de estranhamento causada pelo tributo em quem entende que a alma da Legião Urbana era e sempre será Renato Russo.

Roteiro do tributo à Legião Urbana tem 'Damage Goods', da Gang of Four

Música lançada em single pela banda inglesa Gang of Four em 1978, ano em que Renato Russo (1960 - 1996) formou o grupo Aborto Elétrico, Damaged Goods foi a (relativa) surpresa do roteiro da gravação ao vivo do CD e DVD MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana. Relativa porque, como já tinha sido divulgado, Andy Gill - guitarrista da  formação original da banda que influenciou Renato Russo e Dado Villa-Lobos - foi um dos convidados do show realizado no Espaço das Américas, em São Paulo (SP), na noite de ontem, 29 de maio de 2012. Gill também tocou em Ainda É Cedo (1985), hit do primeiro álbum da Legião Urbana, uma das 25 músicas da banda de Brasília (DF) rebobinadas na voz do ator e cantor Wagner Moura. Além de Gill, outro guitarrista - o brasileiro Fernando Catatau, do grupo Cidadão Instigado - também entrou em cena para fazer  participação especial no show, em cartaz até esta quarta-feira, 30 de maio. Catatau - visto com Moura, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos na foto de Mariana Caldas do álbum da MTV no Flickr - tocou  em Andrea Doria (1986), música em que também soltou a voz opaca. Eis o roteiro da estreia do show MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana:

1. Tempo Perdido (1986)
2. Fábrica (1986)
3. Daniel na Cova dos Leões (1986)
4. Andrea Doria (1986) - com a voz e a guitarra Fernando Catatau
5. Quase Sem Querer (1986)
6. Eu Sei (1987)
7. Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto (1989)
8. A Via Láctea (1996)
9. Esperando Por Mim (1996)
10. Índios (1986)
11. Monte Castelo (1989)
12. Teatro dos Vampiros (1991) - com a voz do baterista Marcelo Bonfá
13. Geração Coca-Cola (1985) - com a voz do guitarrista Dado Villa-Lobos
14. Damage Goods (Gang of Four, 1978) - com Andy Gill
15. Ainda é Cedo (1985)  - com Andy Gill e citação de Love Will Tear Us Apart (Joy Divison, 1979)
16. Baader-Meinhof  Blues (1985)
17. Sereníssima (1991)
18. Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar (1989)
19. Há Tempos (1989)
20. 1965 (Duas Tribos) (1989)
21. Perfeição (1993) - com citação de Lithium (Nirvana, 1991)
Bis
22. Teorema (1985) 
23. Antes das Seis (1997)
24. Giz (1993)
25. Pais e Filhos (1989) - com citação de Stand By Me (Ben. E King, Jerry Leiber e Mike Stoller, 1960)
26. Será (1985) 

terça-feira, 29 de maio de 2012

'Tributo' à Legião com Moura tem adesão do guitarrista da Gang of Four

Guitarrista da Gang of Four, banda inglesa surgida na cena pós-punk e adorada por Renato Russo (1960 - 1996), Andy Gill é o convidado da gravação ao vivo do show Tributo à Legião Urbana, programada dentro da série MTV ao Vivo em duas apresentações no Espaço das Américas, em São Paulo (SP). Além de ser gravada, a primeira - agendada para esta terça-feira, 29 de maio de 2012 - vai ser transmitida ao vivo pela MTV. No tributo ao grupo criado em Brasília (DF) há 30 anos, dois músicos remanescentes da Legião Urbana - o guitarrista Dado Villa-Lobos (à direita na foto de Stefan Hess) e o baterista Marcelo Bonfá - se juntam ao ator e cantor baiano Wagner Moura, que assume o posto de vocalista no lugar de Renato Russo. Com roteiro e direção de arte de Felipe Hirsch, o trio vai apresentar músicas como Teorema, Sereníssima, Tempo Perdido, Daniel na Cova dos Leões, Eu Sei e Há Tempos, entre outras. Os músicos Rodrigo Favaro (baixo e arranjos), Caio Costa Silva (teclados e arranjos) e Gabriel Carvalho (violão) formam a banda de apoio arregimentada para a gravação. MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana vai ser editado em CD, DVD e blu-ray no segundo semestre de 2012.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Dado e Bonfá gravam repertório da Legião com Moura no lugar de Russo

Remanescentes da banda Legião Urbana (1982 - 1996), o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá vão rebobinar o cancioneiro do grupo criado por Renato Russo (1960 - 1996) com o ator e cantor Wagner Moura no posto de vocalista que era de Russo. As duas apresentações do show - agendadas para 29 e 30 de maio de 2012, no Espaço das Américas, em São Paulo (SP) - vão ser gravadas para edição de CD e DVD dentro da série MTV ao Vivo. A gravação está sendo alardeada como um tributo à banda, pois herdeiros de Russo vetaram o uso do nome Legião Urbana no projeto. O lançamento está previsto para o segundo semestre.

Na página de Notas Musicais no Facebook, 'A alma da Legião Urbana era Renato Russo'