Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Álbum de Takai com Andy Summers, 'Fundamental' sai em julho via Deck

Fundamental é o nome do álbum gravado pela cantora Fernanda Takai com Andy Summers - o guitarrista britânico projetado no extinto grupo inglês The Police - neste primeiro semestre de 2012. O lançamento está agendado para julho pela gravadora carioca Deck. Além do Brasil, Fundamental vai ser editado no Japão, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. O repertório é composto por onze músicas inéditas compostas por Summers, sendo que cinco foram vertidas para o português por John Ulhoa, Zélia Duncan e a própria Takai. A faixa-título, Fundamental, ganhou versos de Ulhoa e Takai. Com Zélia, Takai escreveu a letra de Chuva no Oceano (Teardrops in the Sea) e Sorte no Amor (Music in Darkness). Zélia assina sozinha os versos em português de Pra Não Esquecer (I Remember). Já Ulhoa responde pela letra de No Mesmo Lugar (Here I'm Again). As outras seis músicas são cantadas por Takai em inglês. Fundamental foi gravado e mixado no estúdio do próprio Andy Summers, em Venice Beach, Los Angeles (EUA), com Marcos Suzano (percussão) e Abraham Laboriel Senior (baixo).

Máquina de Florence Welch funciona na fábrica acústica, mas perde força

Resenha de CD e DVD
Título: Florence + The Machine MTV Unplugged
Artista: Florence + The Machine
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * 

Somente a ganância da indústria fonográfica por registros ao vivo de shows justifica o lançamento deste precoce Unplugged MTV de Florence + The Machine. Florence Welch foi um dos grandes destaques do mercado fonográfico do ano passado por conta de seu grandioso segundo álbum, Ceremonials, lançado em 28 de outubro de 2011. Justamente pelo fato de o álbum ter sido tão aclamado, soa despropositado o fato de a cantora inglesa ter gravado ao vivo um show em Nova York (EUA) em 16 dezembro de 2011 - ou seja, menos de dois meses após a edição de Ceremonials - para edição em CD e DVD da série MTV Unplugged. Lançado em abril de 2012 no exterior e já disponibilizado no Brasil pela Universal Music neste mês de maio, em CD e DVD vendidos de forma avulsa, o projeto acústico de Florence + The Machine soa sem sentido neste momento. Por mais que o som épico, majestoso e algo sombrio da artista tenha se ajustado bem ao formato acústico, o teor de redundância é alto. Sem falar que, na engrenagem acústica, a máquina perde força na comparação com o álbum de estúdio. Basta comparar o registro ao vivo de Shake It Out com o fonograma de Ceremonials. Para (tentar) amenizar a redundância, dois covers foram inseridos no curto roteiro de 10 músicas perpetuado no DVD. Try a Little Tenderness (Jimmy Campbell, Reg Connelly e Harry M. Woods) - música de 1932 que Florence introduz no show como sendo sua canção favorita - ganha registro classudo que expõe o alcance da voz da intérprete. Já Jackson (Jerry Leiber e Billy Edd Wheeler, 1963) - sucesso do casal country Johnny Cash (1932 - 2003) e June Carter (1929 - 2003) - é revivido por Florence e sua banda com a adesão dos vocais de Josh Homme. Enfim, não era hora de a indústria pôr a máquina de Florence Welch para funcionar de novo... 

Arlindo ensaia com Alcione e Caetano para gravação de DVD no Terreirão

Depois de Sombrinha e Zeca Pagodinho, foi a vez de Alcione e Caetano Veloso ensaiarem com Arlindo Cruz para a gravação ao vivo do CD e DVD Batuques do Meu Lugar, agendada para a próxima quarta-feira, 6 de junho de 2012, no Terreirão do Samba, no Rio de Janeiro (RJ). Os ensaios estão acontecendo no Pólo de Cine e Vídeo, na Barra da Tijuca. Arlindo - visto com Alcione e Caetano nas fotos de Cristina Granato - vai lançar seu terceiro DVD via Sony Music.

Parceiro de Mautner no 'Maracatu Atômico', Jacobina sai de cena aos 58

Parceiro de Jorge Mautner no Maracatu Atômico, música lançada por Gilberto Gil em compacto de 1973 e revisitada em 1996 pelo grupo Chico Science & Nação Zumbi, o compositor e violonista carioca Nelson Jacobina (1953 - 2012) saiu de cena na manhã desta quinta-feira, 31 de maio de 2012, vítima de câncer. Integrante da Orquestra Imperial desde 2000, Jacobina tem sua obra e seu nome ligados a Mautner, com quem compôs nos anos 70 músicas como Lágrimas Negras - gravada por Gal Costa no álbum Cantar (1974) - e Árvore da Vida, tema que deu título ao único álbum gravado e assinado por Jacobina. Lançado em 1988, numa parceria da Warner Music com o selo Geléia Geral (de Gilberto Gil), o LP Árvore da Vida foi dividido por Jacobina com o fiel parceiro Jorge Mautner. Contudo, as últimas gravações do artista ainda permanecem inéditas. Mesmo doente, Jacobina se uniu aos colegas da Orquestra Imperial na gravação do segundo álbum de estúdio do coletivo carioca. O CD da Orquestra vai ser lançado pelo novo selo da gravadora Biscoito Fino, Da Lapa, no segundo semestre de 2012.

Disco '100 Anos de Gonzagão' vai para fábrica com 50 gravações inéditas

Com 50 gravações inéditas, como alardeado na capa ilustrada com imagem de Luiz Gonzaga (1912 - 1989) criada por Elifas Andreato em 1976, o CD triplo 100 Anos de Gonzagão já está na fábrica. Produzido por Thiago Marques Luiz para a Lua Music em tributo ao centenário de nascimento do Rei do Baião, o álbum vai estar nas lojas entre o fim de junho e o início de julho de 2012. Eis as 50 faixas e os respectivos intérpretes do projeto 100 Anos de Gonzagão:

CD 1 - SERTÃO
1. Asa Branca - Dominguinhos, Amelinha, Geraldo Azevedo, Ednardo e Anastácia
2. A Volta da Asa Branca - Fafá de Belém
3. A Morte do Vaqueiro - Zé Ramalho
4. No Meu Pé de Serra - Elba Ramalho
5. Estrada de Canindé - Geraldo Azevedo
6. Légua Tirana - Amelinha
7. Assum Preto - Vanguart
8. Acauã - Cida Moreira
9. Juazeiro - Daniel Gonzaga
10. Riacho do Navio - Ayrton Montarroyos
11. A Vida do Viajante - Zezé Motta
12. A Feira de Caruaru - Anastácia e Osvaldinho do Acordeon
13. Vozes da Seca - Cátia de França
      Baião da Garoa - Passoca
14. Pau de arara - Chico César
15. Ave Maria Sertaneja - Guadalupe e Liv Moraes
16. Boiadeiro - André Rio (com participação especial de Mestre Genaro)
17.Noites Brasileiras - Gonzaga Leal


CD 2 - XAMÊGO
1. A Sorte É Cega - Filipe Catto
2. Orélia - Ylana Queiroga
3. Xamêgo - Maria Alcina
4. O Cheiro da Carolina - Forró in the Dark
5. Xanduzinha - Karina Buhr
6. Balance Eu - Thaís Gulin
7. Vem Morena - Ednardo
8. Cintura Fina - Gaby Amarantos
9. Qui Nem Jiló - Angela RoRo
10. Sabiá - Jussara Silveira
11. A letra I - Verônica Ferriani e Chorando as Pitangas
12. Açucena Cheirosa - Rolando Boldrin e Regional Imperial
13. O Xote das Meninas / Capim Novo - Elke Maravilha e Trio Dona Zefa
14. Roendo a Unha - Célia
15. Dúvida - Maria Creuza
16. Olha pro Céu - Vânia Bastos


CD 3 - BAIÃO
1. Baião - Wanderléa
2. Respeita Januário - Zeca Baleiro
3. Daquele Jeito - Dominguinhos
4. Imbalança - Paulo Neto
5. Paraíba - Márcia Castro
6. Dezessete Légua e Meia - Milena
7. Forró de Mané Vito - Eliana Pittman
8. ABC do Sertão - Virgínia Rosa
9. Forró no Escuro - Simoninha
10. Baião de Dois - Claudette Soares e B3 Orgão Trio
11. Dezessete e Setecentos / 

     Calango da Lacraia / 
     O Torrado - Edy Star e Banda Monomotor
12.Deixa a Tanga Voar - Ela
13. Lorota Boa - Silvia Machete
14. Siri Jogando Bola - China
15. Derramaro o Gai - 5 a Seco
16. Mangaratiba - Silvia Maria e Dalua

17.Madame Baião - Nation Beat

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Filipe Catto grava no Rio o clipe de '2 Perdidos', canção de Arnaldo e Dadi

Cantor e compositor gaúcho radicado em São Paulo (SP), Filipe Catto veio ao Rio de Janeiro (RJ) gravar o clipe de 2 Perdidos, canção de Arnaldo Antunes e Dadi, regravada por Catto em seu primeiro álbum, Fôlego (Universal Music, 2011). Gravado sob a direção de Janaína Diniz e Bruno Laet, o vídeo teve cenas externas filmadas na praia de Grumari e tomadas feitas no interior de um quarto de hotel. Produzido pela Kinossaurus Filmes, o clipe de 2 Perdidos tem roteiro assinado por Ricky Scaff, Bruno Laet, Janaína Diniz e pelo próprio Catto, nome em ascensão na cena musical brasileira. 2 Perdidos é a atual música promocional do álbum Fôlego.

Arlindo grava 'batuques' ao vivo com Alcione, Caetano, D2, Rogê e Zeca

A foto de Cristina Granato flagra Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho no ensaio da gravação do terceiro DVD de Arlindo, Batuques do Meu Lugar. Programada para 6 de junho de 2012 em show no Terreirão do Samba, palco de eventos associados ao Carnaval do Rio de Janeiro (RJ), a gravação ao vivo vai contar com numerosos convidados. Além de Zeca, estão previstas participações de Alcione, Caetano Veloso, Marcelo D2, Rogê, Seu Jorge e Sombrinha, entre outros nomes. DVD e CD ao vivo vão ser editados pela Sony Music no segundo semestre do ano.

Nem a entrega sincera de Wagner Moura dá sentido ao 'tributo' à Legião

Resenha de show 
Título: MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana
Artista: Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Wagner Moura (em foto de Mariana Caldas, do Flickr MTV)
Local: Espaço das Américas (São Paulo, SP)
Data: 29 de maio de 2012
Cotação: * * 
Resenha feita com base na transmissão ao vivo do show pela MTV

"Essa é talvez a noite mais emocionante da minha vida. Essa banda mudou a minha vida", garantiu Wagner Moura, com provável dose de exagero, efeito de sua emoção, após cantar Daniel na Cova dos Leões (1986), terceira das 26 músicas do roteiro seguido por Moura com o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá na estreia nacional do show MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana. Elétrico em cena, o ator transformado em cantor deu a impressão de estar sendo sincero na apresentação de 29 de maio de 2012. Contudo, a entrega de Moura e a adesão passional do público que lotou o Espaço das Américas, em São Paulo (SP), não bastaram para legitimar um tributo a rigor sem sentido. Afinal, dividindo o palco com Moura, estavam dois dos quatro legionários da formação clássica da banda criada em Brasília (DF) em 1982 por Renato Russo (1960 - 1996), mentor e alma do grupo que seria adorado com devoção messiânica pela juventude dos anos 80 e começo dos 90. Ou seja, Dado e Bonfá prestavam tributo a eles mesmos, já que, impedidos de usar o nome Legião Urbana pelos herdeiros de Renato Russo, os músicos e a MTV tiveram que conceituar o show - gravado ao vivo para edição em CD e DVD - como  tributo à banda formada há 30 anos. Como vocalista, na função ingrata de dar voz a músicas já eternizadas no canto imortal de Renato Russo, Moura se mostrou seguro e espontâneo, superando expectativas - ainda que suas limitações vocais tenham ficado evidentes, sobretudo nas canções mais melódicas como Antes das Seis (1997) e Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar (1989), números da segunda metade do roteiro que beiraram o constrangimento (Moura pareceu com menos fôlego nesse segundo bloco). De todo modo, contra todas as expectativas, houve momentos bonitos. Índios (1986) foi um deles, número em que Moura expôs sua intimidade com o cancioneiro do grupo, já evidenciada antes quando o ator se iluminou ao cantar Quando o Sol Bater na Janela do teu Quarto (1989). Monte Castelo (1989), com cordas em clima sinfônico, foi outro bom momento. É que, por mais que a natureza do tributo seja questionável, é inegável a força do repertório da Legião Urbana, a maior banda brasileira da geração pós-Mutantes por conta da ideologia desse cancioneiro composto à flor da pele - com verdade. Wagner Moura está longe de ser bom cantor, mas defendeu com garra esse repertório e convenceu no papel de vocalista de uma banda de rock - universo musical em que por vezes uma entrega sincera a uma ideologia redime a falta de uma boa voz. Sem essa entrega, o convidado Fernando Catatau mostrou - ao dividir com Moura os vocais de Andrea Doria (1986) - que, como cantor, é um dos melhores guitarristas de sua geração. E por falar em guitarra, Eu Sei (1987) se diferenciou no roteiro pelo solo memorável de Dado Villa-Lobos. Já O Teatro dos Vampiros (1991) - cantada por Bonfá - reiterou que o músico deve se limitar ao toque de sua bateria. Músicas nunca apresentadas ao vivo pela Legião Urbana, a bela A Via Láctea (1996) e Esperando por Mim (1996) deram tom ligeiramente introspectivo ao show, pois são temas do melancólico álbum A Tempestade (1996) em que Renato Russo - então já bastante debilitado pelas complicações decorrentes da contaminação pelo vírus da Aids - expressou nas letras tristeza que beirava a depressão. Geração Coca-Cola (1985) tangenciou a trilha folk-country por conta da gaita de Clayton Martins, músico do grupo Cidadão Instigado. Já Damaged Goods - música que deu início em 1978 à discografia da banda inglesa de pós-punk Gang of Four - se justificou no roteiro pela afetiva presença em cena de Andy Gill, guitarrista do grupo que influenciou os jovens que viviam em Brasília (DF) na virada dos anos 70 para os 80. O número contou com a adesão do baixista Bi Ribeiro, do trio carioca Paralamas do Sucesso, colega de geração da Legião. Gill permaneceu em cena durante Ainda É Cedo (1985). Daí para o fim, o tributo transcorreu mais irregular. Músicas dispensáveis - casos de 1965 (Duas Tribos) (1989) e Giz (1993) - se alternaram com hits como Há Tempos (1989). Será (1985) arrematou o bis de show que por vezes deu a impressão de ser mero karaokê. Mas o público, que ainda pedia em vão Faroeste Caboclo (1987), embarcou na onda, alheio à sensação de estranhamento causada pelo tributo em quem entende que a alma da Legião Urbana era e sempre será Renato Russo.

Roteiro do tributo à Legião Urbana tem 'Damage Goods', da Gang of Four

Música lançada em single pela banda inglesa Gang of Four em 1978, ano em que Renato Russo (1960 - 1996) formou o grupo Aborto Elétrico, Damaged Goods foi a (relativa) surpresa do roteiro da gravação ao vivo do CD e DVD MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana. Relativa porque, como já tinha sido divulgado, Andy Gill - guitarrista da  formação original da banda que influenciou Renato Russo e Dado Villa-Lobos - foi um dos convidados do show realizado no Espaço das Américas, em São Paulo (SP), na noite de ontem, 29 de maio de 2012. Gill também tocou em Ainda É Cedo (1985), hit do primeiro álbum da Legião Urbana, uma das 25 músicas da banda de Brasília (DF) rebobinadas na voz do ator e cantor Wagner Moura. Além de Gill, outro guitarrista - o brasileiro Fernando Catatau, do grupo Cidadão Instigado - também entrou em cena para fazer  participação especial no show, em cartaz até esta quarta-feira, 30 de maio. Catatau - visto com Moura, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos na foto de Mariana Caldas do álbum da MTV no Flickr - tocou  em Andrea Doria (1986), música em que também soltou a voz opaca. Eis o roteiro da estreia do show MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana:

1. Tempo Perdido (1986)
2. Fábrica (1986)
3. Daniel na Cova dos Leões (1986)
4. Andrea Doria (1986) - com a voz e a guitarra Fernando Catatau
5. Quase Sem Querer (1986)
6. Eu Sei (1987)
7. Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto (1989)
8. A Via Láctea (1996)
9. Esperando Por Mim (1996)
10. Índios (1986)
11. Monte Castelo (1989)
12. Teatro dos Vampiros (1991) - com a voz do baterista Marcelo Bonfá
13. Geração Coca-Cola (1985) - com a voz do guitarrista Dado Villa-Lobos
14. Damage Goods (Gang of Four, 1978) - com Andy Gill
15. Ainda é Cedo (1985)  - com Andy Gill e citação de Love Will Tear Us Apart (Joy Divison, 1979)
16. Baader-Meinhof  Blues (1985)
17. Sereníssima (1991)
18. Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar (1989)
19. Há Tempos (1989)
20. 1965 (Duas Tribos) (1989)
21. Perfeição (1993) - com citação de Lithium (Nirvana, 1991)
Bis
22. Teorema (1985) 
23. Antes das Seis (1997)
24. Giz (1993)
25. Pais e Filhos (1989) - com citação de Stand By Me (Ben. E King, Jerry Leiber e Mike Stoller, 1960)
26. Será (1985) 

Já com 21 anos, Dead Fish lança via Deck o DVD '20 Anos', filmado no Rio

A rigor, os 20 anos de carreira do Dead Fish já são 21, já que a banda capixaba de hardcore surgiu em 1991. Mas o DVD 20 Anos -  posto nas lojas neste mês de maio de 2012 em edição da gravadora Deck - alude com propriedade no título às duas décadas de carreira do grupo pelo fato de exibir o registro ao vivo do show filmado em 11 de novembro de 2011, no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ), sob direção de Daniel Ferro. Único remanescente da formação original da banda de Vitória (ES), o cantor Rodrigo Lima dá voz a 30 músicas. Integram o repertório sucessos como Você, Zero e Um, Obrigação, Um Homem Só, Venceremos e Asfalto.

terça-feira, 29 de maio de 2012

'Tributo' à Legião com Moura tem adesão do guitarrista da Gang of Four

Guitarrista da Gang of Four, banda inglesa surgida na cena pós-punk e adorada por Renato Russo (1960 - 1996), Andy Gill é o convidado da gravação ao vivo do show Tributo à Legião Urbana, programada dentro da série MTV ao Vivo em duas apresentações no Espaço das Américas, em São Paulo (SP). Além de ser gravada, a primeira - agendada para esta terça-feira, 29 de maio de 2012 - vai ser transmitida ao vivo pela MTV. No tributo ao grupo criado em Brasília (DF) há 30 anos, dois músicos remanescentes da Legião Urbana - o guitarrista Dado Villa-Lobos (à direita na foto de Stefan Hess) e o baterista Marcelo Bonfá - se juntam ao ator e cantor baiano Wagner Moura, que assume o posto de vocalista no lugar de Renato Russo. Com roteiro e direção de arte de Felipe Hirsch, o trio vai apresentar músicas como Teorema, Sereníssima, Tempo Perdido, Daniel na Cova dos Leões, Eu Sei e Há Tempos, entre outras. Os músicos Rodrigo Favaro (baixo e arranjos), Caio Costa Silva (teclados e arranjos) e Gabriel Carvalho (violão) formam a banda de apoio arregimentada para a gravação. MTV ao Vivo - Tributo à Legião Urbana vai ser editado em CD, DVD e blu-ray no segundo semestre de 2012.

Rita gesta outro CD de inéditas com músicas que não entraram em 'Reza'

Rita Lee já começou a gestar outro disco de inéditas. Uma vez concluído o álbum Reza (2012), recém-lançado pela gravadora Biscoito Fino, a cantora voltou ao estúdio com seu produtor Roberto de Carvalho. Só que, em vez de trabalhar no já iniciado projeto Bossa'n'Movies (com releituras de músicas que fizeram sucesso em trilha sonoras de filmes), como pretendia o casal, os artistas começaram a preparar outro CD com músicas que não entraram em Reza. Mas Rita - vista em foto de Roberto de Carvalho feita para o ensaio fotográfico de Reza - decidiu não estipular e anunciar prazos para a conclusão e lançamento deste disco de inéditas.

Com ou sem a engrenagem sinfônica, máquina de ritmo de Gil funciona

Resenha de show - Gravação de DVD
Evento: Série MPB & Jazz 2012
Título do show: Gilberto Gil Sinfônico - Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo
Artista: Gilberto Gil (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 28 de maio de 2012
Cotação: * * * *

Com ou sem a engrenagem sinfônica da Orquestra Petrobrás, a máquina de ritmos de Gilberto Gil - em atividade ininterrupta há 50 anos - funcionou muito bem na gravação ao vivo do espetáculo Gilberto Gil Sinfônico - Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo. Feito para edição em CD ao vivo e em  DVD filmado sob a direção do Andrucha Waddington, o registro do concerto aconteceu em apresentação aberta ao público no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 28 de maio de 2012. Autossuficiente, a máquina rítmica do artista mostrou que nem precisa de tanto aparato quando, a sós com seu violão, Gil extraiu sons percussivos do instrumento e esboçou soturno registro vocal para tocar nas questões transcendentais da letra da canção Não Tenho Medo da Morte (Gilberto Gil), um dos números mais sedutores do roteiro que enfileirou 21 músicas de lavra própria e alheia. Aliás, até a máquina vocal - que andou dando sinais de desgaste nos últimos anos - estava azeitada, viçosa. Ao longo de duas horas de concerto, o cantor alternou números feitos somente com sua Banda Quatro - Bem Gil (violão), Gustavo Di Dalva (percussão), Jaques Morelenbaum (violoncelo) e Nicolas Krassik (violino), quarteto ao qual se juntou em cena Eduardo Manso, responsável pelos (sutis) efeitos eletrônicos - e outros feitos com a adição da Orquestra Petrobrás Sinfônica, todos apresentados sob a direção musical do próprio Gil e sob as regências (também alternadas) dos maestros Carlos Prazeres e Jaques Morelenbaum. Dos números orquestrais, o maior destaque foi Domingo no Parque (Gilberto Gil), revivido com arranjo introduzido pelo berimbau de Gustavo Di Dalva. A majestosa orquestração de Jaques Morelenbaum aproveitou bem as cordas da Sinfônica ao mesmo tempo em que preservou a pulsação original da música de 1967 e reverenciou o antológico arranjo (de natureza já orquestral) criado pelo maestro tropicalista Rogério Duprat (1932 - 2006). Houve ecos das orquestrações de Duprat também no arranjo de Panis et Circensis (Gilberto Gil e Caetano Veloso), outro tema emblemático da era tropicalista. E cabe ressaltar que o arranjo orquestral de La Renaissance Africaine (Gilberto Gil) também foi show à parte no espetáculo programado dentro da série MPB & Jazz, criada por Giselle Goldoni Tiso e Wagner Tiso. Em roteiro corajoso, Gil evitou redundâncias e, em vez de enfileirar hits, optou por revisitar canções autorais de menor empatia popular como Quanta (Gilberto Gil) - faixa-título do álbum duplo editado em 1997 - e Futurível (Gilberto Gil), uma das quatro músicas que compôs na prisão, em 1969, como o cantor contou ao público. Fora da seara autoral, Gil celebrou compositores cujas obras prepararam o terreno para a arquitetura da música popular brasileira e para que ele, Gilberto Gil, erguesse sua própria construção, de proporções monumentais no universo da MPB. Do seminal Dorival Caymmi (1914 - 2008), Gil caiu no samba Saudade da Bahia (1957) com manemolência diluída pela própria natureza do arranjo orquestral. Do centenário Luiz Gonzaga (1912 - 1989), compositor cuja obra é um dos sustentáculos da música popular brasileira, Gil pescou Juazeiro (1949), baião da lavra inicial da parceria do mestre Lua com Humberto Teixeira (1915 - 1979). De Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), outro compositor-base, Gil escolheu lindo samba da fase pré-Bossa Nova,  Outra Vez, de 1954. Mas a bossa, de certa forma, esteve representada na alma de várias canções e, por vias indiretas, no bis, quando o cantor tocou choro instrumental de 1997, Um Abraço no João, composto por Gil com inspiração em Um Abraço no Bonfá (1960), tema da lavra do papa do gênero, João Gilberto, tributado no choro de Gil. Coerente com o espírito globalizado de sua obra tropicalista, o cantor extrapolou as fronteiras brasileiras e inseriu também no roteiro tema de Jimi Hendrix (1942 - 1970) - Up From The Skies, música lançada pelo trio The Jimi Hendrix Experience em seu segundo álbum, Axis: Bold as Love (1967), que não funcionou bem na máquina de ritmo de Gil - e bolero de lavra refinada do compositor cubano Osvaldo Ferrés (1903 - 1985), Tres Palabras, envolto de forma mais clássica na moldura sinfônica. Somente com o acionamento das máquinas de ritmos da banda de Gil, o Expresso 2222 circulou vibrante, elétrico, eletrônico, já no bloco final, quando Andar com Fé (Gilberto Gil) caminhou bem com o arranjo orquestral e com as palmas do público, reiterando o êxito do concerto sinfônico de Gilberto Gil. Já à beira dos 70 anos, o artista ainda cruza o tempo com maestria.

Gil vai de Caymmi a Hendrix na gravação ao vivo de belo show sinfônico

Com sua antena parabolicamará sintonizada com as liberdades globalizadas geradas pelo Tropicália, Gilberto Gil pôs sua azeitada máquina de ritmos para funcionar na gravação ao vivo do show Gilberto Gil Sinfônico - Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo, apresentado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ) na noite de 28 de maio de 2012. Programado dentro da série MPB & Jazz, criada por Giselle Goldoni Tiso e Wagner Tiso, o espetáculo foi captado pelas lentes do cineasta Andrucha Waddington para posterior edição em CD, DVD e blu-ray - a serem postos nas lojas no segundo semestre, pela gravadora Biscoito Fino. Na companhia de sua banda e da Orquestra Petrobrás Sinfônica, Gil - visto no palco do Municipal na foto de Mauro Ferreira - apresentou roteiro surpreendente, que incluiu balada inédita da lavra do compositor baiano, Eu Descobri, entre incursões pelos repertórios de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), Dorival Caymmi (1914 - 2008), Jimi Hendrix (1942 - 1970) e Osvaldo Farrés (1903 - 1985). De Tom, Gil escolheu Outra Vez (1974), samba da lavra inicial do Maestro Soberano. De Caymmi, o cantor caiu no samba Saudade da Bahia (1957). De Hendrix, a opção foi por Up From The Skies, música lançada pelo trio The Jimi Hendrix Experience em seu segundo álbum, Axis: Bold as Love (1967). De Farrés, compositor cubano, Gil cantou o bolero Tres Palabras, gravado por nomes como a cantora cubana Omara Portuondo e o cantor mexicano Javier Solís (1931 - 1966) - erroneamente creditado no programa do concerto como o autor do tema. Eis o roteiro seguido por Gilberto Gil na gravação ao vivo do show Gilberto Gil Sinfônico Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo, no Rio de Janeiro, em 28 de maio:

1. Máquina de Ritmo (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
2. Eu Vim da Bahia (Gilberto Gil) - com banda
3. Domingo no Parque (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
4. Estrela (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
5. Quatro Coisas (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
6. Quanta (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
7. Futurível (Gilberto Gil) - com banda
8. Eu Descobri (Gilberto Gil) - com banda  e Orquestra Petrobrás Sinfônica
9. Saudade da Bahia (Dorival Caymmi) - com banda  e Orquestra Petrobrás Sinfônica
10. Outra Vez (Tom Jobim) - com banda  e Orquestra Petrobrás Sinfônica
11. Não Tenho Medo da Morte (Gilberto Gil) - número solo de Gil
12. Lamento Sertanejo (Gilberto Gil e Dominguinhos) - com o violoncelo de Jaques Morelenbaum
13. Juazeiro (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) - com banda
14. Up From the Skies (Jimi Hendrix) - com banda
15. Tres Palabras (Osvaldo Farrés) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
16. La Renaissance Africaine (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
17. Panis et Circensis (Gilberto Gil e Caetano Veloso) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
18. Oriente (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
19. Expresso 2222 (Gilberto Gil) - com banda
20. Andar com Fé (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
Bis:
21. Um Abraço no João (Gilberto Gil) - com banda
22. Domingo no Parque (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica
Bis II (repetições para o DVD)
23. Estrela (Gilberto Gil) - com banda e Orquestra Petrobrás Sinfônica

CPM 22 planeja projeto acústico que vai ter Dinho entre os convidados

O grupo CPM 22 vai gravar projeto acústico no segundo semestre deste ano de 2012. Sucessor do álbum de inéditas Depois de um Longo Inverno (2011), primeiro trabalho da banda após seu rompimento com o produtor Rick Bonadio, o registro acústico vai ter repertório retrospectivo e intervenções de convidados como Dinho Ouro Preto. O lançamento está agendado para 2013.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Los Hermanos fazem e assistem no Rio a um espetáculo de 'fortes emoções'

Resenha de show
Título: Los Hermanos ao Vivo
Artista: Los Hermanos (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Fundição Progresso (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 27 de maio de 2012
Cotação: * * * *

 "Fortes emoções hoje, né?", brincou Rodrigo Amarante quando problema no som da Fundição Progresso atrapalhou o grupo Los Hermanos durante a execução do rock pesado Azedume (Marcelo Camelo, 1999),  repetido na sequência por exigência do público. Mal sabia Amarante que as emoções seriam ainda mais fortes ao fim da apresentação feita pelo quarteto carioca no Rio de Janeiro (RJ) na noite de domingo, 27 de maio de 2012. Ao término da que seria a última música do quarto dos seis shows programados pela banda na cidade natal dentro da agenda da turnê comemorativa de seus 15 anos, Pierrot (Marcelo Camelo, 1999), um espectador passou mal e desmaiou, abrindo por força das circunstâncias um clarão na pista hiperlotada da Fundição. O show parou, e para evitar o fim melancólico de seu Carnaval roqueiro, Los Hermanos adicionaram uma 31º música ao roteiro do show, Vai Embora (Marcelo Camelo, 1999). "A gente faz esse espetáculo, mas a gente também assiste a ele junto com vocês", ressaltara Marcelo Camelo 13 números antes, em breve discurso de agradecimento. De fato, o êxito do vibrante show dos Los Hermanos tem que ser creditado também ao público que - pelo que vem sendo relatado na mídia - vem recebendo a banda com fervor religioso a cada cidade visitada pela turnê na rota nacional iniciada em abril no festival Abril pro Rock, em Recife (PE). Não foi diferente no show de fortes emoções feito pela banda na sua cidade em 27 de maio. Em total comunhão com o grupo, a plateia fez coro em quase todas os números desde que reconhecia - já nos primeiros acordes - a música a ser tocada. A disposição do público para adorar a banda criou atmosfera vibrante que, no caso do show de 27 de maio, fez com que os problemas de som acabassem tendo menos importância do que eles, a rigor, tinham. Afinal, em músicas como Um par (Rodrigo Amarante, 2003), foi quase impossível entender os versos cantados por Amarante - cuja inédita Um milhão (Rodrigo Amarante, 2012) resultou num dos poucos números recebidos com frieza, talvez pela natureza mais introspectiva do tema, similar à atmosfera de algumas músicas do derradeiro álbum de estúdio do grupo, 4 (2005). No geral, o show transcorreu em tom quase sempre caloroso. Até porque o quarteto tocou várias músicas com arranjos pesados, casos do rock Quem sabe (Rodrigo Amarante,1999) e do ska Descoberta (Marcelo Camelo, 1999), temas do primeiro álbum da banda, bem representado no roteiro. Até a sedutora Anna Julia (Marcelo Camelo, 1999) deu o ar da graça, já no farto e carnavalizante bis. Dentro dessa atmosfera quase hardcore, Mais uma canção (Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, 2001) se diferenciou pela arquitetura melodiosa. Entre a relativa leveza da serena De onde vem a calma (Marcelo Camelo, 2003) e o peso de Condicional (Rodrigo Amarante, 2005), músicas alocadas lado a lado no roteiro, saltou aos ouvidos ao longo do show a qualidade da obra autoral de Marcelo Camelo, o compositor mais influente de sua geração. Presença destacada nos arranjos, o trio de metais - justiça seja feita - ajudou a manter na pressão um show quente, feito tanto pelos músicos quanto pelo público devoto do grupo criado em 1997 na cidade que, 15 anos depois, louva a existência dele nesta consagradora temporada na Fundição Progresso. É, as emoções foram fortes.

Los Hermanos põem 'Vai embora' em show no Rio para diluir 'tristeza' do fim

 Para evitar que seu Carnaval roqueiro tivesse fim melancólico na apresentação que eletrizou a Fundição Progresso na noite de ontem, o grupo Los Hermanos incluiu - "Sem planejamento", como frisou Marcelo Camelo - uma 31º música no roteiro do quarto dos seis shows agendados no Rio de Janeiro (RJ) dentro da  turnê nacional que celebra os 15 anos do grupo carioca. Coube a Vai embora - música de Marcelo Camelo, gravada pela banda no primeiro álbum, Los Hermanos (Abril Music, 1999) -  fechar o bis do show porque um espectador passou mal e desmaiou na pista lotada e quente da Fundição Progresso durante Pierrot (Marcelo Camelo, 1999), a música originalmente programada para encerrar a vibrante apresentação. Eis o roteiro seguido pelo grupo Los Hermanos - visto em foto de Rodrigo Goffredo - na Fundição Progresso (RJ) no show de 27 de maio de 2012:

1. O vencedor (Marcelo Camelo, 2003)
2. Retrato pra Iaiá (Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, 2001)
3. Todo Carnaval tem seu fim (Marcelo Camelo, 2001)
4. Além do que se vê (Marcelo Camelo, 2003)
5. O vento (Rodrigo Amarante, 2005)
6. Morena (Marcelo Camelo, 2005)
7. Um par (Rodrigo Amarante, 2003)
8. Casa pré-fabricada (Marcelo Camelo, 2001)
9. Do sétimo andar (Rodrigo Amarante, 2003)
10. Azedume (Marcelo Camelo, 1999)
11. Descoberta (Marcelo Camelo, 1999)
12. Onze dias (Rodrigo Amarante, 1999)
13. Sentimental (Rodrigo Amarante, 2001)
14. A flor (Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, 2001)
15. Cara estranho (Marcelo Camelo, 2003)
16. Condicional (Rodrigo Amarante, 2005)
17. De onde vem a calma (Marcelo Camelo, 2003)
18. Primeiro andar (Rodrigo Amarante, 2005)
19. A outra (Marcelo Camelo, 2003)
20. Deixa o verão (Rodrigo Amarante, 2003)
21. Um milhão (Rodrigo Amarante, 2012) - inédita
22. Mais uma canção (Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, 2001)
23. O velho e o moço (Rodrigo Amarante, 2003)
24. Conversa de botas batidas (Marcelo Camelo, 2003)
25. Último romance (Rodrigo Amarante, 2003)
Bis:
26. Adeus você (Marcelo Camelo, 2001)
27. Tenha dó (Marcelo Camelo, 1999)
28. Anna Júlia (Marcelo Camelo, 1999)
29. Quem sabe (Rodrigo Amarante, 1999)
30. Pierrot (Marcelo Camelo, 1999)
31. Vai embora (Marcelo Camelo, 1999)

Clássico dos Titãs, 'Cabeça Dinossauro' retorna com inédita 'Vai pra Rua'

Lançado uma única vez em CD pela Warner Music, numa edição paupérrima de 1987 que tinha contracapa padronizada (adaptada para todos os CDs postos nas lojas na época pela gravadora),  Cabeça Dinossauro (1986) - álbum clássico que deu cara aos Titãs - ganha enfim reedição em CD à altura de sua importância na trajetória do grupo e na história do próprio rock brasileiro. Dupla, a reedição chega ao mercado no rastro das comemorações pelos 30 anos da banda. Um dos trunfos da reedição  remasterizada de Cabeça Dinossauro é a inclusão no repertório de uma música inédita, Vai pra Rua. Composta por Arnaldo Antunes com Paulo Miklos, Vai pra Rua chegou a ser gravada na voz de Arnaldo, mas acabou sendo substituída no repertório final por Porrada (Arnaldo Antunes e Sérgio Britto). Outro chamariz da reedição dupla é a demo tape apresentada no CD 2 com as versões embrionárias das músicas gravadas pelos Titãs no Cabeça Dinossauro. Gravada em apenas dois dias no fim de fevereiro de 1986, no Estúdio Mosh, em São Paulo (SP), essa demo serviu de guia para a gravação definitiva do álbum, feita em abril de 1986 no estúdio carioca Nas Nuvens,  sob a batuta do produtor Liminha (então na primeira das suas bem-sucedidas parcerias com o grupo paulista). Nas lojas a partir de 1º de junho de 2012, com fotos inéditas da banda no farto encarte, o disco ganha também edição digital, disponível no iTunes a partir desta segunda-feira, 28 de maio. Detalhe: na edição digital, a capa é a contracapa do LP original de 1986, histórica obra-prima dos Titãs.

Killers batizam quinto álbum com nome de estúdio do grupo, 'Battle Born'

Nome do estúdio particular do grupo The Killers, Battle Born é também o título do quinto álbum da banda norte-americana. Sucessor de Day & Age (2008), Battle Born foi formatado ao longo de 2011 por um time de produtores formado por nomes como Stuart Price, Steve Lillywhite, Damian Taylor e Brendan O'Brien. Heart of a Girl, Flesh and Bone, Carry Me Home e Runaways são músicas confirmadas no CD, que sai no segundo semestre deste ano de 2012.

Quarto CD de Preta Gil, 'Sou Como Sou' sai no segundo semestre de 2012

Sou Como Sou é o título do quarto CD de Preta Gil. A música que dá nome ao álbum é de autoria de Alex Góes. Pai da artista, Gilberto Gil contribuiu para o repertório essencialmente inédito com a composição intitulada Praga. Terceiro disco de estúdio de Preta, Sou Como Sou tem lançamento agendado para o segundo semestre deste ano de 2012, por via independente.

domingo, 27 de maio de 2012

Arnaldo fica em casa ao girar o seu 'carrossel' acústico no Circo carioca

Resenha de show
Título: A_AA - Arnaldo Antunes Acústico MTV
Artista: Arnaldo Antunes (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 27 de maio de 2012
Cotação: * * * 1/2

"A casa é nossa", disse Arnaldo Antunes ao recepcionar o público que esperou duas horas no Circo Voador para ver a estreia carioca da turnê do show baseado na gravação ao vivo recém-lançada pelo artista em CD e DVD da série Acústico MTV. Já era uma da madrugada deste domingo, 27 de maio de 2012, quando o cantor apareceu no palco e, ao dizer que a casa era sua e do público, Arnaldo fazia jogo de palavras com a canção que entoaria a seguir, A Nossa Casa (Arnaldo Antunes, Alice Ruiz, Paulo Tatit, João Bandeira, Celeste Moreau Antunes, Edith Derdik e Sueli Galdino). "A nossa casa é aonde a gente está", sentencia verso da música lançada no álbum Saiba (2004). De fato, o compositor paulista parecia em casa sob a carioquíssima lona pop do Circo Voador, palco de alguns dos "melhores shows" de sua carreira, como disse em cena. Era a estreia de uma turnê, uma apresentação anterior do baterista Curumim tinha provocado o atraso que irritou o público, mas, quando o show começou, todo mundo pareceu à vontade, em casa mesmo. Embora tenha alterado a ordem de algumas músicas no roteiro do show, Arnaldo girou seu carrossel acústico pelo Circo sem atropelos, com a cumplicidade do público. O lúdico cenário montado na arena da gravação ao vivo do show - feita em dezembro de 2011 em São Paulo (SP) - foi bem adaptado para o formato de um palco italiano. Aberto com Se Assim Quiser (Arnaldo Antunes e Dadi Carvalho, 2004), outra música do belo álbum Saiba, o show repetiu os altos e baixos do registro ao vivo. Se as músicas inéditas Dentro de Um Sonho (Arnaldo Antunes e Márcia Xavier) e Ligado a Você (Arnaldo Antunes, Liminha e Paulo Miklos) não chegaram a empolgar, Até o Fim (Arnaldo Antunes e  Cézar Mendes, 2009) comoveu com o tom íntimo, quase sussurrado, da interpretação de Arnaldo. A ponto de a ausência de Moreno Veloso - convidado do DVD nesta música (e em outras) - nem ter sido sentida. Sucesso nas afinadas vozes de Marisa Monte e Zélia Duncan, respectivamente, De Mais Ninguém (Arnaldo Antunes e Marisa Monte, 1994) e Alma (Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes, 2001) ganharam suingue e o coro da plateia sem deixar de evidenciar a superioridade vocal do registro das cantoras. Já Hereditário (Arnaldo Antunes, Nando Reis e Tony Bellotto, 1993) - número que Arnaldo apresenta de pé - faz pulsar a veia roqueira dos Titãs, de cujo repertório o cantor também rebobina O Que (Arnaldo Antunes, 1986) e Comida (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sergio Britto, 1987) em medley mais zen que, tal como no DVD, teve na estreia a adesão do produtor Liminha ao violão. Boa lembrança da era tribalista, Passe em Casa (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte e Margareth Menezes, 2002) preparou o clima extrovertido do bloco final. Sim, público e artista estavam em casa, em festa.

DVD 'Ensaio de Cores' pinta um quadro de indecisão na carreira de Ana

Resenha de DVD
Título: Ensaio de Cores / Ao Vivo
Artista: Ana Carolina
Gravadora: Armazém Sony Music
Cotação: * * * 

Posto nas lojas pela gravadora Sony Music seis meses após o lançamento do homônimo CD ao vivo, o DVD Ensaio de Cores / Ao Vivo não exibe o melhor registro audiovisual de um show de Ana Carolina. Diretor da filmagem, o cineasta José Henrique captou de forma eficiente a apresentação feita pela cantora no Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ) em 3 de setembro de 2011. Mas sem jamais roçar o brilho obtido por Rodrigo Carelli na captação e edição das imagens do show Dois Quartos (2007). O DVD Multishow ao Vivo - Dois Quartos (2008) tornou mais sedutor um show a rigor irregular como o álbum duplo de 2006 que o gerou (ainda que o show tenha sido dirigido com requinte por Monique Garbenberg). Sem aumentar o poder de sedução do (bom) show  Ensaio de Cores, estreado em julho de 2010 em São Paulo (SP), o DVD Ensaio de Cores / Ao Vivo apenas exibe o que foi mostrado no palco pela cantora e o trio feminino formado por Délia Fischer (piano), Gretel Paganini (violoncelo) e LanLan (bateria). De todo modo, Fonseca jamais pode ser responsabilizado por Ensaio de Cores pintar um quadro de indecisão na carreira de Ana Carolina. Na gravação ao vivo, feita em uma apresentação ligeiramente menos envolvente do que os shows das duas anteriores temporadas cariocas, Ana parece se debater entre bem-vindas conexões com a MPB - Azul (Djavan), Força Estranha (Caetano Veloso) e Violão (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro) reiteram a personalidade e a força com que a  intérprete se apropria de obras alheias - e a necessidade de continuar gravando canções de apelo (pop)ular como Problemas (Ana Carolina, Dudu Falcão e Chiara Civello) - alocada em forma de clipe no DVD, pelo fato de não ter sido incluída no roteiro da gravação ao vivo - e a balada Simplesmente Aconteceu (Chiara Civello e Dudu Falcão), atual faixa promocional do projeto. Músicas que não estavam no roteiro original do show, no qual a compositora apresentou o samba Pra Tomar Três, sua primeira parceria com o geralmente inspirado Edu Krieger. Em seu próximo álbum de inéditas, o sexto de trajetória fonográfica que foi ficando irregular por conta da necessidade empresarial de garantir presença nas paradas populistas, Ana Carolina deve(ria) abrir ainda mais o leque de parceiros - no qual já está o genial Guinga - para seguir outras trilhas e evitar que sua obra autoral chegue a um irreversível ponto de exaustão. Ora em DVD que exibe nos extras o videokê de Encostar na Tua  (Ana Carolina) e quadro sobre as pinturas da artista (musas inspiradoras do show), Ensaio de Cores deixa claro que há outros tons a serem explorados pela voz potente de Ana Carolina.

Coletânea de gospel lembra que Johnny Cash viveu entre céu e inferno

Resenha de CD
Título: The Soul of Truth - Bootleg Vol IV
Artista: Johnny Cash
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Ícone da música country, o cantor e compositor norte-americano Johnny Cash (1932 - 2003) sempre transitou com desenvoltura pelo universo do rock'n'roll e pelo inferno das drogas sem deixar de ser devoto à música religiosa ouvida desde sua infância. Coletânea dupla recém-lançada pela Sony Music no Brasil, por conta dos 80 anos que Cash teria completado em 26 de fevereiro de 2012, The Soul of Truth - Bootleg Vol IV condensa em dois longo CDs nada menos do que 51 gravações de gospel e spirituals feitas por Cash entre 1975 e 1982 na Columbia Records, companhia pela qual o artista gravou seus discos entre 1958 e 1983. Cash vez por outra fazia suas incursões pela música religiosa, dedicando discos inteiros ao gênero, incluindo um ou outro tema religioso em seus álbuns convencionais ou mesmo lançando singles com gospel e spirituals. Os 51 registros da compilação são gravações feitas pelo astro com devoção aos cânones do universo gospel - caso de I've Got Jesus in My Soul. Na verdade, The Soul of Truth - Bootleg Vol IV agrega os fonogramas de três álbuns gravados pelo cantor. Um deles - um LP gravado em 1975, abortado e jamais intitulado - ocupa o CD 2 com 12 fonogramas inéditos extraídos de suas sessões. Ainda no CD 2,  há os 14 fonogramas de álbum de 1982, Johnny Cash - Gospel Singer, título atualmente já raro. Já o CD 1 rebobina as 20 músicas - sendo que cinco são apresentadas também em takes alternativos - registradas em 1979 nas sessões de gravação do álbum A Believer Sings the Truth. A julgar por tais registros, o cantor parecia ter mesmo fé nas louvações feitas nessas músicas assinadas ora pelo próprio Cash, ora por compositores como Billy Joel Shaver e Bill Monroe. Fé que talvez tenha sido reforçada nos momentos em que o artista conseguiu escapar de seu inferno pessoal.

Caixa com os álbuns dos Los Hermanos permite avaliar a influência do grupo

Resenha de caixa de CDs
Título: Los Hermanos
Artista: Los Hermanos
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *

 Alvo de culto fervoroso entre tribos de fãs de várias idades, o grupo carioca Los Hermanos formatou em  seus quatro álbuns de estúdio um som que cresceu, apareceu e se tornou uma das maiores influências da música produzida no Brasil ao longo dos anos 2000. Ora embalados em caixa no formato de miniLPs, à qual foi acrescentado o DVD Los Hermanos na Fundição Progresso 09 de junho de 2007 (Sony Music, 2008), os quatro CDs do grupo permitem avaliação dessa influência se analisados em perspectiva nestas reedições que nada acrescentam às edições originais (os álbuns foram encaixotados sem faixas-bônus e sem passar por processo de remasterização para faturar com a volta da banda à cena). A rigor um alien na discografia da banda, o primeiro álbum, Los Hermanos (Abril Music, 1999), jamais deu a pista certa da importância que o grupo adquiriria na próxima década. Nesse disco seminal, o Los Hermanos - então um quinteto, já que contava também com o baixista Patrick Laplan em sua formação - quase soou como mais um grupo de rock pesado. Que talvez até tivesse passado despercebido na época se a pop Anna Julia (Marcelo Camelo) não tivesse se tornado um hit radiofônico de repercussão nacional. Mas é fato que Primavera (Marcelo Camelo) já apresentava a melancolia que o grupo iria depurar a partir de seu segundo álbum - assim como Pierrot (Marcelo Camelo), música hoje sempre esperada em shows pela multidão de fãs fanáticos, já sinalizava a supremacia de Camelo como compositor do grupo. De todo modo, foi no álbum posterior, o já histórico Bloco do eu sozinho (Abril Music, 2001), que a banda começou a delinear sua identidade, às voltas com a decepção da diretoria da Abril Music, que cobrava um segundo disco nos moldes do primeiro. Só que, em vez de nova Anna Julia, os Hermanos - agora já sem Patrick Laplan e com a formação que se tornaria clássica (Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Rodrigo Barba e Bruno Medina) - apresentaram um som bem mais melancólico com elementos de samba. Lançado de início sem repercussão, Bloco do eu sozinho foi sendo progressivamente seguido por tribo fiel que, ao longo dos anos, se transformou nas multidões que ora acompanham o quarteto com devoção religiosa na turnê nacional que comemora as 15 primaveras da banda neste ano de 2012. Nessa folia tristonha, Rodrigo Amarante já apareceu mais como compositor em Sentimental, mas foram de Camelo as músicas - Casa pré-fabricada e Veja bem meu Bem - que ganhariam o público e as vozes de cantoras como Maria Rita e Roberta Sá, ambas também despontando na década. Ventura (BMG, 2003) sedimentou a conexão de rock e MPB dos Hermanos. A produção de Kassin deu o tom da música brasileira a partir de então - tanto que Kassin se tornaria o produtor mais requisitado dos anos seguintes, prestígio que perdura ainda hoje. E não foi surpresa o fato de a junção do quarteto com Kassin se revelar tão acertada, já que o produtor integrou a subestimada banda dos anos 90 Acabou La Tequila, influência assumida do hoje influente Camelo, então novamente dominando o cancioneiro do grupo com temas como Samba a dois, A outra (composta sob buarquiana ótica feminina), Cara estranho, O vencedor, Conversa de botas batidas e Além do que se vê. Derradeiro álbum de estúdio da banda, 4 (BMG, 2005) flagra os Hermanos mais introspectivos, mais para a MPB do que para o rock que havia sido o mote de seu som inicial. Já havia dissimulada rivalidade entre Camelo e Amarante (em boa forma como compositor de músicas como O vento e Condicional) como autores. De todo modo, cada um seguiu seu caminho quando a banda surpreendeu o universo pop nacional ao anunciar em 2007 seu recesso por tempo indeterminado, quebrado periodicamente para apresentações como os shows invariavelmente lotados da atual turnê que vem mobilizando tribos de todo o Brasil, num indício de que a (imensurável) influência do som dos Los Hermanos permanece imensa - maior do que nunca.

'Ao Vivo no Auditório Ibirapuera' documenta som promissor do 5 a Seco

Resenha de CD e DVD
Título: Ao Vivo no Auditório Ibirapuera
Artista: 5 a Seco
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * 1/2

Ao aceitar o convite para participar do CD A Voz da Mulher na Obra de Guilherme Arantes (Joia Moderna, 2012), Zizi Possi recrutou dois dos cinco violonistas do grupo 5 a Seco, Pedro Altério e Vinicius Calderoni, para a gravação da balada Meu Mundo e Nada Mais (Guilherme Arantes, 1976). A cantora não é a única a prestar atenção no quinteto formado pelos cantores, violonistas e músicos Leo Bianchini, Pedro Altério, Pedro Viáfora, Tó Brandileone e Vinicius Calderoni. Primeiro registro fonográfico do 5 a Seco, Ao Vivo no Auditório Ibirapuera documenta - com requinte - o talento emergente do grupo. Literalmente, já que o DVD não se limita a exibir o show captado de 3 a 5 de junho de 2011 no auditório de São Paulo (SP), costurando em tom documental cenas de bastidores, flashes de viagens e entrevistas. Já o CD incluído no kit duplo - editado de forma  independente - foca somente a música. As participações de Chico César, Lenine e Maria Gadú corroboram a visibilidade crescente do grupo na cena indie.  É sintomática, aliás, a presença de Lenine em Ou Não (Vinicius Calderoni e Tó Brandileone) - tema cantado de início a capella. Afinal, salta aos ouvidos a influência da obra do compositor pernambucano nas músicas do 5 a Seco, notadamente em Feliz pra Cachorro (Pedro Viáfora e Celso Viáfora) e em Feito Nós (Pedro Viáfora). Destaque da safra autoral que seduz mais pela forma como é apresentada em cena do que pelas músicas em si, Gargalhadas (Pedro Altério e Pedro Viáfora) abre CD e DVD que traz a onipresente Maria Gadú numa das canções mais palatáveis do roteiro, Em Paz (Pedro Altério, Rafael Altério e Rita Altério), único hit em potencial de repertório que costura influências do universo pop com a MPB. Dentro desse sotaque globalizado, o tom nordestino de No Dia Que Você Chegou (Leo Bianchini e Celso Viáfora) se ajusta bem a Chico César, convidado da faixa, exemplo de como os arranjos valorizam as músicas do 5 a Seco - no caso, com a ajuda dos vocais agitados de Chico César. No todo, Ao Vivo no Auditório Ibirapuera deixa boa impressão do 5 a Seco, nome promissor da cena indie paulista, embora os músicos não se imponham como cantores.   

sábado, 26 de maio de 2012

Transparente, Taviani poda excessos em seu melhor show, 'Eu Raio X'

Resenha de show
Título: Eu Raio X
Artista: Isabella Taviani (em foto de Alexandre Moreira)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 25 de maio de 2012
Cotação: * * * 
Show em cartaz na casa HSBC Brasil, em São Paulo (SP), em 16 de junho de 2012

Em cena, o coração de Isabella Taviani continua batendo no compasso da paixão. Contudo, a artista poda (alguns) excessos em seu melhor show, Eu Raio X, baseado no homônimo quinto álbum de Taviani, posto nas lojas em abril de 2012 em edição independente distribuída pela Microservice. Na estreia nacional do show, em apresentação que agitou o Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ) na noite de 25 de maio, a cantora deu voz à sua produção autoral de forma geralmente mais polida, em sintonia com a sonoridade elegante urdida pelo diretor musical André Vasconcellos. O show reiterou vícios e virtudes do disco. A opção de Taviani por deixar transparente em cena suas digitais de compositora é corajosa, mas ressalta eventuais clichês melódicos e poéticos de obra confessional pautada pela intensidade emocional. Mas o saldo é positivo. Já na abertura do show - feita com texto narrado em off que costura títulos de músicas da compositora e prepara o clima para a entrada em cena da cantora - a melodiosa Deixa Estar (Isabella Taviani, 2012) evidencia a evolução nas interpretações de Taviani, atualmente menos over, ainda que sempre passional. Canção sedutora em sua simplicidade, Deixa Estar é um destaque da safra 2012 da autora ao lado d'A Canção que Faltava, tema - estrategicamente repetido no bis - que já se insinua como o hit do disco pelo refrão-chiclete e pela melodia pop entoada por Taviani no tempo da delicadeza para celebrar a harmonia conquistada com a chegada de novo amor. Outro trunfo do álbum, a canção Raio X (Myllena) reitera a linha mais econômica adotada pela intérprete em alguns momentos do show. Com maior ou menor intensidade, o roteiro radiografa os vários estados emocionais da paixão. À frente do cenário moldado por Sérgio Marimba com cerca de 1,5 mil radiografias enviadas por seus fãs, Taviani desfia seu rosário de mágoas e gozos de amor. A banda - André Vasconcellos (guitarra, violão, baixo e teclados), Sérgio Morel (guitarra), Marco Vasconcelos (violão e guitarras) e Pedro Mamede (bateria e percussão) - enquadra Foto Polaroid (Isabella Taviani, 2003) e outros sucessos antigos com arranjos que transitam entre o rock e o vasto universo pop. Solos de guitarra pontuam Sentido Contrário (Isabella Taviani, 2005) ao passo que um capuz - resquício de exagerados efeitos cênicos de shows anteriores - cobre a cabeça de Taviani enquanto ela canta Contradição (Isabella Taviani, 2012), outro número ambientado em clima roqueiro. Já Estrategista (Isabella Taviani, 2012) sintoniza com as canções populares das rádios AMs com a linguagem direta que, a rigor, caracteriza toda a produção autoral da compositora. Estrategista encerra o primeiro bloco do show. Taviani sai do palco e ouve-se em off a voz da jornalista Leilane Neubarth, narradora de texto dito como se fosse um conto de fadas. É a deixa para que Taviani volte ao palco - com outro figurino e com sua parceira Myllena como convidada - para encenar a história de A Imperatriz e a Princesa (Isabella Taviani e Myllena, 2012), número cujo final feliz é em clima celta, numa dança que envolve as cantoras e os músicos. Na sequência, à sós com seu violão informal, Taviani desfia mais canções autorais - a maioria de seu terceiro álbum, Diga Sim (2007) -  em bloco acústico que resulta extenso e deixa a sensação de que, na segunda metade, o show já está longo. Nessa parte final, Roda Gigante (Isabella Taviani, 2012) gira em clima lúdico e Todos os Erros do Mundo (Isabella Taviani, 2009) parece estar sobrando no farto roteiro, ainda que - verdade seja dita - o público faço forte coro nessa música do álbum anterior da artista, Meu Coração Não Quer Viver Batendo Devagar (2009), de presença bissexta no repertório do show Eu Raio X. No fim propriamente dito, já no bis, Taviani faz pose de popozuda na parte funkeada de A Mulher Sábia (Isabella Taviani e Myllena) em momento de excesso que soa até déjà vu pelo fato de Gal Costa já estar fazendo a mesma pose no show Recanto.  No todo, o show Eu Raio X deixa transparecer que - livre de pressões de gravadoras - Isabella Taviani pavimenta sua trilha passional em marcha coerente, podando excessos sem descaracterizar o eu artístico.

Digitais autorais de Taviani transparecem no roteiro do show 'Eu Raio X'

Sucesso do quarto disco de Isabella Taviani, Meu Coração Não Quer Viver Batendo Devagar (2009), Presente-Passado foi a canção que faltou na estreia nacional do show Eu Raio X, feita pela cantora e compositora carioca na noite de ontem, 25 de maio de 2012, em apresentação que movimentou o Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ). As digitais autorais da artista transparecem no roteiro do show baseado no recém-lançado quinto CD de Taviani, Eu Raio X (2012). Com exceção de Raio X (a bela canção de Myllena que inspirou o título do disco editado de forma independente) e de  trecho de Ternura (Somehow It Got To Be Tomorrow - Today), sucesso de Wanderléa em 1965 revivido por Taviani em bloco acústico de voz & violão, todas as 26 músicas do roteiro são da lavra confessional da artista. Eis o roteiro seguido por Isabella Taviani - vista na foto de Rodrigo Amaral no set acústico - na estreia do bom show Eu Raio X:

1. Deixa Estar (Isabella Taviani, 2012)
2. Norte (Isabella Taviani, 2012)
3. Foto Polaroid (Isabella Taviani, 2003)
4. Digitais (Isabella Taviani, 2003)
5. A Palavra Errada (Isabella Taviani, 2012)
6. Contradição (Isabella Taviani, 2012)
7. A Canção que Faltava (Isabella Taviani, 2012)
8. Sentido Contrário (Isabella Taviani, 2005)
9. Raio X (Myllena, 2012)
10. Estrategista (Isabella Taviani, 2012)
11.A Imperatriz e a Princesa (Isabella Taviani e Myllena, 2012) - com Myllena
12. Diga Sim pra Mim (Isabella Taviani, 2007) /
13. Sinal de Adeus (Isabella Taviani, 2007) /
14. Outro Mar (Isabella Taviani, 2007) /
15. Letra Sem Melodia (Isabella Taviani, 2007) /
16. Ternura (Somehow It Got To Be Tomorrow - Today) (Estelle Kevitt e Kenny Karnen
      em versão de Rossini Pinto, 1965 / Gravação de Isabella Taviani, 2007) /
17. Falsidade Desmedida (Isabella Taviani, 2009) /
18. Olhos de Escudo (Isabella Taviani, 2003)
19. Roda Gigante (Isabella Taviani, 2012)
20. Encaixotei Minha Paz (Isabella Taviani e Myllena, 2012)
21. Todos os Erros do Mundo (Isabella Taviani, 2009) /
22. Iguais (Isabella Taviani, 2003)
23. Último Grão (Isabella Taviani, 2005)
24. Luxúria (Isabella Taviani, 2007)
25. De Qualquer Maneira (Isabella Taviani, 2003)
Bis:
26. A Canção que Faltava (Isabella Taviani, 2012)
27. A Mulher Sábia (Isabella Tavini e Myllena, 2012)