Mauro Ferreira no G1

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domingo, 20 de maio de 2012

Arnaldo roda bem por 30 anos de carreira no 'carrossel' acústico da MTV

Resenha de CD e DVD
Título: Acústico MTV Arnaldo Antunes
Artista: Arnaldo Antunes
Gravadora: Rosa Celeste / Microservice
Cotação: * * * 1/2

Há 20 anos, em 1992, Arnaldo Antunes deixou o grupo Titãs para alçar voo solo. De início, ao seguir sua própria trilha, o cantor e compositor paulista pavimentou sua discografia individual com sons por vezes herméticos por conta da recorrente conexão de sua música pop com a poesia concreta. Contudo, ao longo desses 20 anos, Arnaldo foi ampliando o leque de parceiros, fazendo outras conexões e buscando caminhos mais acessíveis para chegar ao público. De inspiração jovem-guardista, o já antológico álbum Iê Iê Iê (2009) representou o ápice da popularização nessa caminhada que, contada a década vivenciada com os Titãs, já totaliza 30 anos - ora revistos por Arnaldo num dos mais requintados títulos da já desgastada série Acústico MTV. Sob a produção de Liminha, o titã sentou no banquinho alocado no palco circular - montado em formato de carrossel - para rebobinar sua obra autoral em roteiro que apresenta as inéditas Dentro de Um Sonho (Arnaldo Antunes e Marcia Xavier) e Ligado a Você (Arnaldo Antunes, Liminha e Paulo Miklos). A banda de feras polivalentes - formada por Betão Aguiar, Chico Salem, Curumim, Edgard Scandurra e Marcelo Jeneci - garante a perfeita execução dos arranjos requintados, repletos de barulhinhos bons. Arranjos que por vezes chamam mais a atenção do que as interpretações de Arnaldo. Até porque é difícil para o cantor superar registros de músicas já propagadas em vozes mais imponentes como as das cantoras Marisa Monte (De Mais Ninguém, parceria de Arnaldo com a própria Marisa) e Zélia Duncan (Alma, parceria de Arnaldo com Pepeu Gomes). Nem por isso Arnaldo deixa de rodar com elegância no carrossel da MTV. Com quatro músicas a mais do que o CD, entre elas Pedido de Casamento (Arnaldo Antunes) e Hereditário (Arnaldo Antunes, Tony Bellotto e Nando Reis), o DVD exibe as imagens captadas no show realizado em São Paulo (SP) em 4 de dezembro de 2011. Ponto alto do roteiro, Até o Fim (Arnaldo Antunes e Cézar Mendes) ganha o falsete de Moreno Veloso e arquitetura meio parisiense que deixa a faixa no mesmo alto nível da abordagem feita por Maria Bethânia no álbum Tua (2009). Aparentemente sem a preocupação de agrupar hits em seu acústico ou de fazer uma retrospectiva completa (o único hit da fase tribalista, Passe em Casa, entra somente no DVD), Antunes recupera músicas esquecidas em sua já longa caminhada solo - casos de Consciência (Arnaldo Antunes e Edgar Scandurra) e de Engrenagem (Arnaldo Antunes), temas gravados pelo artista nos álbuns Ninguém (1995) e Um Som (1998), respectivamente. Engrenagem é remontada com o trompete sonoro de Guizado, convidado também de Pop Zen (Alexandre Leão, Manuca Almeida e Lalado), única música do acústico arregimentada fora da seara autoral de Antunes (é do repertório da extinta banda Lampirônicos). Em sintonia com o espírito sereno do registro, Nina Becker põe seu canto cool a serviço de O Seu Olhar (Arnaldo Antunes e Paulo Tatit). Já o produtor Liminha entra em cena como músico para tocar violão em Ligado a Você (a melhor das duas razoáveis inéditas), em Fora de Si (Arnaldo Antunes) - tema de alma punk que se diferencia por ser o número mais pesado e pela pegada roqueira, diluída na gravação de tons suaves - e no medley que une O Que (Arnaldo Antunes) e Comida (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sergio Britto), sucessos dos Titãs que não se ajustam tão bem ao tempo de delicadeza do Acústico MTV de Arnaldo Antunes. No todo, trata-se de um bonito giro do artista por sua expressiva trajetória.

17 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Há 20 anos, em 1992, Arnaldo Antunes deixou o grupo Titãs para alçar voo solo. De início, ao seguir sua própria trilha, o cantor e compositor paulista pavimentou sua discografia individual com sons por vezes herméticos por conta da recorrente conexão de sua música pop com a poesia concreta. Contudo, ao longo desses 20 anos, Arnaldo foi ampliando o leque de parceiros, fazendo outras conexões e buscando caminhos mais acessíveis para chegar ao público. De inspiração jovem-guardista, o já antológico álbum Iê Iê Iê (2009) representou o ápice da popularização nessa caminhada que, contada a década vivenciada com os Titãs, já totaliza 30 anos - ora revistos por Arnaldo num dos mais requintados títulos da já desgastada série Acústico MTV. Sob a produção de Liminha, o titã sentou no banquinho alocado no palco circular - montado em formato de carrossel - para rebobinar sua obra autoral em roteiro que apresenta as inéditas Dentro de Um Sonho (Arnaldo Antunes e Marcia Xavier) e Ligado a Você (Arnaldo Antunes, Liminha e Paulo Miklos). A banda de feras polivalentes - formada por Betão Aguiar, Chico Salem, Curumim, Edgard Scandurra e Marcelo Jeneci - garante a perfeita execução dos arranjos requintados, repletos de barulhinhos bons. Arranjos que por vezes chamam mais a atenção do que as interpretações de Arnaldo. Até porque é difícil para o cantor superar registros de músicas já propagadas em vozes mais imponentes como as das cantoras Marisa Monte (De Mais Ninguém, parceria de Arnaldo com a própria Marisa) e Zélia Duncan (Alma, parceria de Arnaldo com Pepeu Gomes). Nem por isso Arnaldo deixa de rodar com elegância no carrossel da MTV. Com quatro músicas a mais do que o CD, entre elas Pedido de Casamento (Arnaldo Antunes) e Hereditário (Arnaldo Antunes, Tony Bellotto e Nando Reis), o DVD exibe as imagens captadas no show realizado em São Paulo (SP) em 4 de dezembro de 2011. Ponto alto do roteiro, Até o Fim (Arnaldo Antunes e Cézar Mendes) ganha o falsete de Moreno Veloso e arquitetura meio parisiense que deixa a faixa no mesmo alto nível da abordagem feita por Maria Bethânia no álbum Tua (2009). Aparentemente sem a preocupação de agrupar hits em seu acústico ou de fazer uma retrospectiva completa (o único hit da fase tribalista, Passe em Casa, entra somente no DVD), Antunes recupera músicas esquecidas em sua já longa caminhada solo - casos de Consciência (Arnaldo Antunes e Edgar Scandurra) e de Engrenagem (Arnaldo Antunes), temas gravados pelo artista nos álbuns Ninguém (1995) e Um Som (1998), respectivamente. Engrenagem é remontada com o trompete sonoro de Guizado, convidado também de Pop Zen (Alexandre Leão, Manuca Almeida e Lalado), única música do acústico arregimentada fora da seara autoral de Antunes (é do repertório da extinta banda Lampirônicos). Em sintonia com o espírito sereno do registro, Nina Becker põe seu canto cool a serviço de O Seu Olhar (Arnaldo Antunes e Paulo Tatit). Já o produtor Liminha entra em cena como músico para tocar violão em Ligado a Você (a melhor das duas razoáveis inéditas), em Fora de Si (Arnaldo Antunes) - tema de alma punk que se diferencia por ser o número mais pesado e pela pegada roqueira, diluída na gravação de tons suaves - e no medley que une O Que (Arnaldo Antunes) e Comida (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sergio Britto), sucessos dos Titãs que não se ajustam tão bem ao tempo de delicadeza do Acústico MTV de Arnaldo Antunes. No todo, trata-se de um bonito giro do artista por sua expressiva trajetória.

Anônimo disse...

Há cerca de dez dias, zapeando pela TV, dei de cara com esse acústico. Juro que não estava com sono, mas dormi na segunda ou terceira música.
Em pese do formato pra lá de cansado do projeto, como bem frisou o Mauro, acho que o Arnaldo foi/está indo por um caminho fácil, extremamente fácil.
Na época fui um dos entusiastas do disco Iê Iê Iê, hoje em dia acho-o bem chatinho, como toda criação recente do ex-Titã.
Pegando carona na música Consciência: Tira a mão da consistência(antes fosse consistente sua atual obra) e coloca na consciência, Arnaldão.
Deixa de fru fru Tribalista, cara!

Felipe dos Santos disse...

Zé Henrique, conforme-se. É caminho sem volta. Arnaldão gostou de ser popular. Em alguns momentos, gosto dele assim. Mas sinto mais falta dele soturno

P.S.: Os Titãs faziam dobrada de "O Que" e "Comida", nos shows das turnês de "Go Back" (disco) e "Õ Blésq Blom". Quem sabe daí tenha partido a ideia.

Felipe dos Santos Souza

Pedro Progresso disse...

Comecei a gostar de Arnaldo em "Paradeiro" e me apaixonei de vez com "Qualquer". Gostei muito do "Ie ie ie" e do "Ao vivo lá em casa" (meu atual favorito). Posso dizer que virei fã da obra de Arnaldo e, diferentemente de muitas pessoas, gosto das canções em sua voz grave-quase-impossível.

Anônimo disse...

Fala, Felipão, são tantas as decepções no que tange a rumos artísticos de pessoas que admiro que já estou mais que conformado/vacinado.
Esse aí e a parceira dele(Marizete) já dobraram o cabo da Boa Esperança.
Foi só pra cultivar a nobre arte de cutucar.

Anônimo disse...

Arnaldo pode até tá meio fraquinho, mais ainda não supera o Roberto Carlos o rei do mais do mesmo...

Maria disse...

Reconheço a competência, mas só gosto do Arnaldo através de Marisa Monte mesmo.

André disse...

Grande Arnaldo Antunes, continua sendo um artista admirável e o que muitos não entendem é que um artista não pode ficar preso ao passado, ou somente a um disco e até na forma de compor. O artista pode sim lançar trabalhos mais empolgantes, outros nem tanto. E isto é válido para qualquer artista, agora se alguém conseguir citar um artista que só lance trabalhos ótimos a carreira toda, por favor mencione. Tô curioso!

André disse...

Grande Arnaldo Antunes, continua sendo um artista admirável e o que muitos não entendem é que um artista não pode ficar preso ao passado, ou somente a um disco e até na forma de compor. O artista pode sim lançar trabalhos mais empolgantes, outros nem tanto. E isto é válido para qualquer artista, agora se alguém conseguir citar um artista que só lance trabalhos ótimos a carreira toda, por favor mencione. Tô curioso!

Anônimo disse...

Sempre essa ladainha boboca de não ficar preso ao passado.
Quem falou nisso, André?
Até porque se os Beatles tivessem ficado preso ao passado(Iê Iê Iê) e não evoluissem(Revolver, Stg.Peppers...) ou invés de involuirem(como Arnaldo e sua queridinha Marisa) não seriam OS BEATLES.
Mudar é essencial, quem não muda apodrece. Agora, mudar não é sinônimo de piorar.
Manja?

PS: Já que pediu, um artista que não faz baboseira e mantém sempre a qualidade chama-se Paulinho da Viola. QUALQUER disco dele vale a pena.

Anônimo disse...

AA é ótimo.

Não estou com vontade de ver/ouvir esse acústico MTV porque em um intervalo pequeno ele já lançou o excelente "Ao Vivo no Estúdio" e depois o passável "Ao Vivo lá em Casa".

Ou seja, completamente desnecessário esse disco da emeteve.

Teria sido MUITO mais interessante lançar algo do programa GRÊMIO RECREATIVO.

André disse...

Zé Henrique tem tanta gente que mudou e apodreceu e a questão aqui não é somente de tempo, digo que qualquer artista em sua trajetória lança alguns trabalhos fracos, ninguém consegue ser unânime o tempo todo, até a minha queridinha Marisa, mas nem por isso desmereço e desvalorizo o trabalho de ninguém que se preocupa com a música de verdade. Já temos "artistas"demais que brincam de ser cantores no país e só lançam lixos no mercado, não são os casos de Arnaldo, Marisa e outros.

projetosolo disse...

Arnaldo Antunes é o artista mais relevante a ter surgido na geração de músicos dos anos 80 (BRock). Tem um trabalho interessantíssimo com a junção de palavras e de sons, como herdeiro natural do concretismo (fez a transição para a música de maneira ímpar). Além disso, é um artista inquieto, tendo firmado parcerias com grandes nomes de gerações anteriores (Jorge Ben, Caetano, Paulinho da Viola), de sua geração e com nomes de gerações posteriores (Jeneci, Fernando Catatau, Karina Buhr). Excelente vê-lo na ativa. Adorei o Acústico.

Anônimo disse...

Se o trabalho é ruim tem que desmerecer e desvalorizar, André!
Pô!
Mas concordo com vc. Tanto Arnaldo quanto sua queridinha Marisa parecem gostar das baboseiras que têm feito.
Não diria que fazem por grana ou fama.
Aliás, qual dos dois casos é o pior: Senilidade precoce ou oportunismo? :-)

PS: O Alexandre tem razão. O cara tem lançado cd ou dvd de seis em seis meses. E os dois/três primeiros programas do Grêmio Recreativo até os torcedores do Inter iriam querer ter em casa.

Anônimo disse...

Acertou em cheio Zé Henrique!

Até um colorado compraria o grêmio recreativo. Inclusive eu.

Anônimo disse...

Mas vc ia riscar o nome Grêmio, né Alexander?
E se a embalagem ainda por cima fosse azul? rsrsrrs

Anônimo disse...

Por falarem em grêmio demorou já pra MTV lançar logo um DVD, eu quero o que tem a Céu e o povo do Nação Zumbi, mas o acho q lançaram um DVD só com as "melhores" apresentações.