Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Guinga abarca obras de Caymmi, Gonzaga e Tom no disco 'Porto da Madama'

Música lançada em 1957 pelo cantor e compositor baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008), Cantiga da noiva - também conhecida como Canção da noiva - ganha arranjo de Guinga e o toque virtuoso do violão deste cantor, compositor e músico carioca em gravação feita para o álbum Porto da Madama com a voz da cantora portuguesa Maria João. Sucessor de Roendopinho (Acoustic Music Records / Rough Trade, 2014) na discografia de Guinga, Porto da Madama chega ao mercado fonográfico nesta primeira semana de setembro de 2015 em edição do Selo Sesc, unindo o violão do artista às vozes de quatro cantoras de nacionalidades distintas. Além da portuguesa Maria João, o disco - feito no Rio de Janeiro (RJ) no início deste ano de 2015 - alinha músicas gravadas com as vozes da norte-americana Esperanza Spalding, da italiana Maria Pia de Vito e da brasileira Mônica Salmaso. Além de rebobinar temas do cancioneiro de Guinga, como Cine Baronesa (Guinga e Aldir Blanc, 2001) e Passarinhadeira (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1993), Porto da Madama abarca no repertório abordagens de obras de outros compositores, como Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), Luiz Gonzaga (1912 - 1989) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980). De Tom, Guinga toca Lígia (1974) com a voz de Esperanza Spalding. Do Rei do baião, a escolhida foi a valsa Dúvida (Luiz Gonzaga e Domingos Ramos, 1946), ouvida na voz de Mônica Salmaso em Porto da Madama. De Vinicius, o disco revive Serenata do adeus (1958) na voz de Esperanza Spalding. Neste álbum de vozes e violão, Guinga geralmente assina os arranjos e toca o violão, mas o cantor também solta a voz em Cine Baronesa, em Passarinhadeira e em Caprichos do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), valsa lançada em 1938 na voz icônica do cantor carioca Orlando Silva (1915 - 1978).  Eis, na ordem do CD, as 13 músicas (e suas respectivas intérpretes) de Porto da Madama:

1. Cine Baronesa (Guinga e Aldir Blanc, 2001) - com Maria João
2. Lígia (Antonio Carlos Jobim, 1974) - com Esperanza Spalding
3. Boa noite, amor (José Maria de Abreu e Francisco Matoso, 1936) - com Maria Pia de Vito
4. Se queres saber (Peter Pan, 1947) - com Mônica Salmaso
5. Passarinhadeira (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1993) - com Maria João
6. Caprichos do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz, 1938) - com Maria Pia de Vito
7. Ilusão real (Guinga e Zé Miguel Wisnik, 2011) - com Mônica Salmaso
8. Contenda (Guinga e Thiago Amud, 2007) - com Maria João
9. Noturna (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1987) - com Maria Pia de Vito
10. Porto da Madama (Guinga, 2009) - com Mônica Salmaso
11. Canção da noiva (Dorival Caymmi, 1957) - com Maria João
12. Serenata do adeus (Vinicius de Moraes, 1958) - com Esperanza Spalding
13. Dúvida (Luiz Gonzaga e Domingos Ramos, 1946) - com Mônica Salmaso

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Elba grava ao vivo no Recife, em setembro, o show em torno de Gonzaga

Elba Ramalho vai gravar ao vivo, no Recife (PE), o show Cordas, Gonzaga e afins. A gravação do DVD vai ser feita na apresentação agendada para 23 de setembro de 2014 no Teatro Luiz Mendonça, na capital de Pernambuco. No show de arquitetura teatral, que vai chegar à cena pela primeira vez em Salvador (BA), em 23 de agosto, a cantora paraibana entrelaça a obra do compositor pernambucano Luiz Gonzaga (1912 - 1989) com músicas de Alceu Valença, Caetano Veloso, Geraldo Azevedo, Gilberto Gil, Lenine e Zé Ramalho, entre outros compositores influenciados - em maior ou menor grau - pelo cancioneiro seminal do Rei do Baião. Sob a direção de André Brasileiro, Elba vai cantar Gonzaga e afins na companhia do grupo instrumental pernambucano SaGRAMA, do quarteto de cordas Encore, do baterista Tostão Queiroga e das sanfonas de Beto Hortis e Marcelo Caldi. Espetáculo comemorativo dos 35 anos de carreira fonográfica da cantora, iniciada em 1979, Cordas, Gonzaga e afins tem textos do dramaturgo pernambucano Newton Moreno e patrocínio do projeto Natura Musical.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Parceiro de Luiz Gonzaga, João Silva sai de cena no Recife aos 78 anos

João Leocádio da Silva (16 de agosto de 1935 - 6 de dezembro de 2013) era pernambucano - nascido em Arcoverde - como seu parceiro e conterrâneo Luiz Gonzaga (1912 - 1989). Mas foi na cidade do Rio de Janeiro (RJ) que conheceu o Rei do Baião, em 1964, e com Gonzaga acabou fazendo músicas como Pagode russo (1984) e Sanfoninha choradeira (1984), dois sucessos do álbum Danado de bom (RCA, 1984), batizado por Gonzaga com o nome de outra parceria dos dois. Mesmo tendo sido um dos parceiros mais frequentes de Gonzaga de 1966 a 1989, ano da morte do Rei do Baião, a saída de cena de João Silva - encontrado morto hoje, aos 78 anos, em seu apartamento no Recife (PE) - deverá ser bem mais sentida na Nação Nordestina, embora Silva tenha vivido boa parte de sua vida na cidade do Rio de Janeiro (RJ), para onde migrou no início da década de 50. Antes de compor com Gonzaga, Silva - visto no post em foto enviada por Thaís Juriti para o site Forró em vinil - já tinha se tornado parceiro de outro gigante compositor nordestino, o maranhense João do Vale (1934 - 1996), com quem compôs o baião Não foi surpresa, gravado por Gonzaga em 1964. Anos depois, Silva se tornaria parceiro de Dominguinhos (1941 -2013) no Xote machucador. A primeira parceria com Gonzaga, Garota Todeschini, foi lançada na voz do Rei do Baião em LP de 1966. Mas os sucessos mais populares da parceria com Gonzaga datam da década de 80. Entre eles, há Sangue nordestino (1984), Nem se despediu de mim (1987) e Vou te matar de cheiro (1989), composição que deu título ao último álbum de Gonzagão, lançado em 1989 pela extinta gravadora Copacabana. João Silva - parceiro de Caboclinho em Pra não morrer de tristeza, música gravada por cantores como Ney Matogrosso - foi também arranjador e produtor de discos. Como cantor, teve atuação bissexta, tendo gravado somente cinco discos. Seu maior legado foi na área da composição, tendo criado sucessos já eternos para a Nação Nordestina.

domingo, 8 de setembro de 2013

Com o acordeom de Oswaldinho, Lira faz a festa com raridades de Gonzaga

Resenha de CD
Título: O samba do Rei do Baião
Artista: Socorro Lira e Oswaldinho do Acordeon
Gravadora: Genesis Music / Instituto Memória Brasil
Cotação: * * * 1/2

 Lançado neste ano de 2013, desgarrado dos tributos apresentados ao longo de 2012 por conta do centenário de nascimento de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), o CD O samba do Rei do Baião tem título dúbio. O nome pode sugerir um disco que reúna os sambas feitos pelo compositor pernambucano ou mesmo uma releitura em ritmo de samba da obra essencialmente nordestina de Gonzagão. Ambas as interpretações estão erradas. No caso, samba - como explica o jornalista Assis Ângelo (produtor do disco) - significa festa, tal como o termo era usado no século 19 e ainda na primeira metade do século 20. É nesse sentido que Socorro Lira - cantora paraibana, natural de Brejo da Cruz - faz sua festa ao lado de Oswaldinho do Acordeon ao dar voz a raridades do cancioneiro do compositor de Exu (PE). Gonzaga foi entronizado como Rei do Baião, mas sua obra cruzou a fronteira rítmica do Nordeste ao longo dos anos 40 e 50, como provam algumas preciosidades reunidas no disco. Meu pandeiro (Luiz Gonzaga e Ary Monteiro, 1947) é um samba mesmo, e dos bons, regravado por Lira em dueto com o cantor paulistano Oswaldinho da Cuíca, ex-integrante do grupo Demônios da Garoa. Já Tacacá (Luiz Gonzaga e Lourival Passos, 1956) é carimbó - o único composto por Gonzaga (sem o balanço típico do gênero). Gravado em O samba do Rei do Baião com a apropriada adesão da cantora portuguesa Susana Travassos, Ai, ai, Portugal (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1951) mistura fado e baião com ironia e orgulho nordestino. Já Bamboleado (Luiz Gonzaga e Miguel Lima, 1945) é maxixe quase tão buliçoso quanto os melhores títulos do gênero, tendo sua interpretação sido dividida por Lira com o supra-citada Oswaldinho da Cuíca. Menos rara, pois já resgatada por Elba Ramalho em gravação mais sedutora, a valsa Dúvida (Luiz Gonzaga e Domingos Ramos, 1946) ganha no disco o tom empostado do cantor Ventura Ramirez, convidado da faixa. Companheiro certeiro de todas as 14 gravações do disco, o acordeom de Oswaldinho brilha soberano no choro Sanfonando e na polca Fuga da África, dois temas instrumentais, lançados por Gonzaga em 1942 e em 1944, respectivamente. E por falar em África, o maracatu Rei Bantu (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1950) - gravado por Lira em dueto com a voz de Papete - também bebe na fonte. Ritmo de compasso ternário e origem polonesa, a mazurca está presente n'O samba do Rei do Baião através de Dança Mariquinha (Luiz Gonzaga e Miguel Lima, 1945). Há eventuais temas no vivaz CD que destoam do espírito festivo de um samba no sentido que o termo tem no disco, caso do Aboio apaixonado (Luiz Gonzaga, 1956), mas, no todo, a festa de Socorro Lira e Oswaldinho do Acordeom é boa e animada, além de ter valor documental.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Sai de cena Dominguinhos, herdeiro que expandiu o legado de Gonzaga

O título do primeiro álbum de José Domingos de Morais (Garanhuns - PE, 12 de fevereiro de 1941 - São Paulo - SP, 23 de julho de 2013), Fim de festa, foi enganador. A festa estava somente começando naquele ano de 1964 para o grande cantor, compositor e sanfoneiro pernambucano, popularmente conhecido no Brasil como Dominguinhos. A rigor, o fim mesmo foi somente nesta terça-feira, 23 de julho, data em que o artista saiu de cena, aos 72 anos, após sete meses de internação em hospital de São Paulo (SP) para tratamento de problemas cardíacos e respiratórios, agravados por um câncer de pulmão diagnosticado já há seis anos. Enquanto durou, o forró foi animado. Por mais que a sanfona do mestre tenha chorado ao tocar temas melancólicos ao longo de carreira pavimentada desde a década de 50, o som de Dominguinhos vai estar para sempre associado à alegria e à vivacidade da música nordestina. Já virou clichê apontá-lo como o legítimo herdeiro musical de Luiz Gonzaga (1912 - 1989) - o pilar mais forte da Nação Nordestina - e, sim, Dominguinhos foi mesmo o mais capacitado sucessor na linhagem nobre do Rei do Baião. Contudo, Seu Domingos soube expandir esse legado, delineando sua identidade como compositor e se recusando, com a delicadeza que pautou a maioria de sua músicas, a ser mero clone de Gonzaga, a quem sempre reverenciou sem submissão. Aliás, o último trabalho autoral de Dominguinhos - Luar agreste no céu cariri (Passa Disco, 2013), assinado com o compositor cearense Xico Bizerra - reiterou a versatilidade de compositor que extrapolou o universo musical nordestino, compondo choros, boleros, valsas e até fado. Mas é fato que Dominguinhos vai ser sempre mais lembrado pelos xotes, baiões e toadas que ganharam as paradas nas vozes de cantores do Brasil. Gilberto Gil fez grande sucesso em 1973 com o compacto que trazia a gravação do xote Eu só quero um xodó, uma das mais conhecidas parcerias de Dominguinhos com sua então mulher Anastácia. Tanto que, na sequência, Gil letrou tema originalmente instrumental de Dominguinhos - Lamento sertanejo, música lançada pelo sanfoneiro no álbum Tudo azul (1973) - e virou parceiro do mestre em outro sucesso. Fafá de Belém registrou Carece de explicação (Dominguinhos e Clodô) em seu álbum Estrela radiante (Philips, 1979). No mesmo ano, Fagner fez sucesso com a toada Quem me levará sou eu (Dominguinhos e Manduka) - incluída na segunda edição do álbum Eu canto (CBS, 1978) - e Nana Caymmi fez a primeira e definitiva gravação de Contrato de separação em seu álbum Nana Caymmi (Odeon, 1979). Elba Ramalho - a cantora que mais propagou o cancioneiro de Dominguinhos, a ponto de gravar e assinar com o compositor um álbum em 2005 - imortalizou De volta por aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel) em seu álbum Fogo na mistura (Barclay, 1985). Ao ser propagada na trilha sonora da novela Roque Santeiro (TV Globo, 1985), a toada nunca mais saiu da memória do Brasil e dos shows de Elba. Gostoso demais (Dominguinhos e Nando Cordel), outra canção composta no tempo da delicadeza, impulsionou as vendas de Dezembros (RCA, 1986), álbum que marcou a volta de Maria Bethânia à gravadora RCA. Entre um sucesso e outro na voz de cantoras do Brasil, o compositor se tornou parceiro do carioca Chico Buarque, com quem compôs Tantas palavras, lançada por Chico em álbum de 1984. Bissexta, a parceria seria reavivada em 1998 com o lançamento do Xote da navegação. Nesse mesmo ano de 1998, Djavan lançaria em seu álbum Bicho solto o XIII sua primeira e única parceria com Dominguinhos a belíssima Retrato da vida. Como sanfoneiro, o virtuosismo de Dominguinhos ia além das festas e forrós animados pelo músico - como pode ser comprovado com a audição do CD gravado com o violonista gaúcho Yamandu Costa, Yamandu + Dominguinhos (Biscoito Fino, 2007), título mais recente de discografia que inclui álbuns hoje raros, posto que nunca relançados em CD. São os casos de O forró de Dominguinhos (Philips, 1975), Domingo menino Dominguinhos (Philips, 1976), Oi, lá vou eu (Philips, 1977), Ó Xente! Dominguinhos (Philips, 1978) e Após tá certo (Philips, 1979) - para citar somente álbuns da segunda metade dos anos 70, década em que a carreira do artista engrenou em escala nacional. Até mesmo álbuns dos anos 80, como o popular Isso aqui tá bom demais (RCA, 1985), estão há anos fora de catálogo. Enfim, Dominguinhos fez sua festa na terra, alegrando o Brasil com sua música que, quando triste, embalava a tristeza com suavidade, sem peso. A partir de hoje, a festa é no céu. Puxe o fole, grande sanfoneiro!

sábado, 19 de janeiro de 2013

EMI festeja 100 anos de Gonzaga com atraso na coletânea 'O fole roncou'

Com atraso, a EMI Music entra de penetra na festa dos 100 anos de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), celebrados pelo Brasil ao longo de 2012. A coletânea O fole roncou - Luiz Gonzaga 100 anos rebobina 16 fonogramas extraídos dos quatro álbuns do Rei do Baião que pertencem ao acervo da EMI. Dois - Luiz Gonzaga (1973) e Daquele jeito (1974) - foram gravados para a Odeon. Os outros dois - Vou te matar de cheiro (1989) e Aquarela nordestina (1989) - encerraram a discografia oficial de Gonzagão já na extinta gravadora Copacabana. Nesses álbuns, Gonzaga deu voz a músicas como Só xote (Onildo Almeida), Samarica parteira (Zé Dantas), Daquele jeito (Luiz Gonzaga e Luiz Ramalho), Baião de São Sebastião (Humberto Teixeira), Vou te matar de cheiro (Luiz Gonzaga e João Silva), A rede véia (Luiz Queiroga e Cel. Ludugero), todas incluídas na tardia compilação O fole roncou - Luiz Gonzaga 100 anos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Trilha do espetáculo 'Gonzagão - A lenda' é perpetuada em CD de estúdio

Sucesso da atual temporada do teatro carioca, o musical Gonzagão A lenda - (bem) escrito, roteirizado e dirigido por João Falcão em 2012, ano em que o Brasil celebrou o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga (1912 - 1989) - tem sua trilha sonora perpetuada em CD editado pela Sarau Agência de Cultura Brasileira, da produtora Andréa Alves, idealizadora do espetáculo. À venda nas sessões do musical, em cartaz no Teatro Sesc Ginástico no Rio de Janeiro (RJ) em temporada prorrogada até 3 de fevereiro de 2013, o disco foi gravado em estúdio em outubro de 2012. O elenco de nove atores/cantores se reveza na interpretação vivaz de 35 músicas do repertório de Gonzagão sob a direção musical de Alexandre Elias, indicado ao Prêmio APTR de teatro por conta desse trabalho. O disco abre com Aboio, tema inédito de João Falcão em que o diretor expõe na letra as diretrizes deste espetáculo que celebra o Rei do Baião com liberdade estilística e alegria, sem o rigor dos musicais biográficos.

sábado, 29 de dezembro de 2012

'Luas do Gonzaga' ilumina valsas feitas antes do reinado de Luiz no baião

Resenha de CD
Título: Luas do Gonzaga - Uma História de Luiz
Artista: Gereba Barreto & Convidados
Gravadora: Maximus / Tratore
Cotação: * * * 1/2

Antes de ser entronizado no posto de Rei do Baião, Luiz Gonzaga (1912 - 1989) compôs, ao longo dos anos 40, valsas e choros instrumentais que permaneceram esquecidos a partir do reinado do baião e do xote em seu cancioneiro. Essa produção seminal é iluminada por Luas do Gonzaga, projeto arquitetado há cinco anos por Gereba Barreto, compositor e músico baiano egresso do setentista grupo Bendegó e em carreira solo desde 1985. Nas lojas neste fim de 2012, ainda a tempo de festejar o centenário de nascimento de Luiz, o CD Luas do Gonzaga tira da escuridão boa produção autoral que, embora se apequene diante da magnitude do cancioneiro forrozeiro do Rei do Baião, tem momentos de beleza e joga luz sobre a incrível versatilidade de Gonzaga como compositor. As valsas e choros instrumentais ganharam versos criados para o projeto de Gereba por letristas e poetas como Abel Silva, autor dos versos de Lygia, valsa cantada por Jorge Vercillo. Batizadas com nomes de mulheres, as valsas dominam o repertório de Luas do Gonzaga. Além de Lygia, há Mara (letrada e cantada por Zeca Baleiro), a especialmente bela Marieta (letrada com lirismo por Fernando Brant e gravada com a voz ainda quente de Jair Rodrigues), Verônica (letrada e interpretada por Lirinha) e Wanda (reapresentada com versos de Tuzé de Abreu e a voz de Flávio Venturini). Estranho no ninho de valsas e choros, o maracatu Rei Bantu (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) evoca nas vozes de Lenine e Margareth Menezes a origem pernambucana de Gonzaga, cuja voz abre o disco em fala captada em 1985 na terra natal do Rei, Exu (PE), ocasião em que Lua admitiu a Gereba sua insatisfação com o obscurantismo dessa sua produção autoral pré-baião. Dos choros, um - Treze de dezembro (Luiz Gonzaga, Zé Dantas e Gilberto Gil) - é bem conhecido, pois já foi gravado por Gilberto Gil, autor dos versos. Em contrapartida, Pisa de Mansinho (Luiz Gonzaga e Xico Bizerra) dá seu primeiro passo - com a letra de Bizerra - neste disco, em gravação feita por Adelmario Coelho e Santanna. Nesse museu de grandes novidades, vale destacar a beleza da inédita canção Sete Luas do Gonzaga, composta por Gereba em tributo a Luiz, letrada por Ronaldo Bastos e gravada com precisão pela voz límpida de Jussara Silveira. E por falar em canto límpido e preciso, Ná Ozzetti é a intérprete da seresteira Luar do Nordeste (Luiz Gonzaga e e J. Velloso), outro destaque do disco, cujo elenco inclui vozes desde sempre identificadas com a obra de Gonzaga, como as de Elba Ramalho - intérprete de Passeando em Paris (Luiz Gonzaga, Gereba Barreto, Bené Fonteles), tema onírico que segue a rota Paris-Rio com sutil toque de canção francesa - e Fagner, voz de Numa Serenata (Luiz Gonzaga e Carlos Pitta). Enfim, com valor musical e documental, Luas do Gonzaga joga luz sobre capítulo importante da história musical de Luiz e se impõe como um dos mais importantes tributos ao artista neste ano em que justa celebração de caráter multimídia reavivou o legado de Luiz Gonzaga em filme, musical de teatro, exposição, shows e discos como este projeto de Gereba. 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Brasil festeja 100 anos de Gonzaga, mas reedição de obra fica para 2013

O Brasil festeja nesta quinta-feira, 13 de dezembro de 2012, os 100 anos de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), eterno Rei do Baião. Vários discos foram lançados ao longo do ano com gravações inéditas e / ou fonogramas garimpados no acervo das gravadoras. Contudo, por questões editoriais, o tributo mais importante que seria prestado pela indústria do disco ao artista pernambucano - a reedição da discografia completa de Gonzagão, prometida pela Sony Music para 2012 - ficou para 2013. Ao longo do próximo ano, a gravadora planeja pôr progressivamente nas lojas 58 CDs - a serem vendidos de forma avulsa - com toda a obra fonográfica do artista, inclusive os fonogramas originalmente editados em discos de 78 rotações entre 1941 e 1960. Destes 58 CDs, 43 são de álbuns do artista, sendo que 15 são inéditos em CD e os demais 28 são álbuns já relançados em 1998 (os outros 15 CDs serão compilações das gravações lançadas em discos de 78 rotações). Com exceção de dois álbuns gravados pelo cantor na Odeon (em 1973 e 1974) e de outros dois na Copacabana (em 1989, ano da morte do artista), toda a discografia de Gonzaga foi gravada na RCA Victor, cujo acervo foi encampado pela Sony Music na fusão com a BMG Ariola realizada nos anos 2000. Foi nestes discos que Gonzaga mostrou ao Brasil como se dança o baião, ritmo que ele soube estilizar e urbanizar a partir de sua vivência nos sertões nordestinos. Luiz Gonzaga inseriu o Nordeste no mapa da música brasileira. É artista tão fundamental na história da música do Brasil quanto Dorival Caymmi (1914-2008), João Gilberto e Tom Jobim (1927-1994). Viva Lua!

domingo, 9 de dezembro de 2012

Falcão festeja Luiz Gonzaga em musical marcado pela vivacidade nordestina

Resenha de musical 
Título: Gonzagão - A lenda
Texto e direção: João Falcão
Direção musical: Alexandre Elias
Elenco: Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Laila Garin,
           Marcelo Mimoso,  Paulo de Melo, Renato de Paula e Ricca Barros
Cotação: * * * 1/2

♪ Bem que o diretor e dramaturgo João Falcão avisou que seu musical Gonzagão - A lenda contaria a história de Luiz Gonzaga (1912 - 1989) sem texto típico da Wikipedia. Em bom português, o artista pernambucano queira dizer que não ficaria preso à cronologia da biografia do Rei do Baião ao encenar o musical idealizado por Andréa Alves e em cartaz no Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro, até 16 de dezembro de 2012. De fato, Gonzagão - A lenda alinha (alguns) fatos da vida e obra do artista sem caráter didático, sem a pretensão de detalhar a trajetória do centenário Lua. A história de Gonzaga serve mais como um pretexto para vivaz celebração da cultura nordestina, universo que Falcão domina bem. Ao narrar paralelamente as aventuras da  trupe teatral que se dispõe a encenar a lenda do Rei Luiz, o diretor-escritor se liberta da fórmula dos musicais biográficos e da obrigação de dispor em cena dados que formem cronologia confiável da vida do artista. E é justamente por estar livre dessas amarras que Gonzagão - A lenda envolve o espectador com ágil jogo de cena que, não raro, remete à estética circense (evocada também nos figurinos de Kika Lopes) ao abordar o rico universo nordestino. A seu favor, o diretor conta com o talento de elenco extraordinário, que parece ter vivência e intimidade com a cultura nordestina. Cabe destacar as presenças em cena de Laila Garin e do estreante Marcelo Mimoso, hábil ao encarnar Gonzaga como ator e, sobretudo, como cantor. Escorado no repertório monumental do Rei do Baião, cujas músicas são inseridas no contexto da narrativa (podendo sublinhar um conflito que se desenha no cotidiano da trupe, por exemplo), Gonzagão - A lenda se desenvolve em ritmo de festa, reiterando a força da nação nordestina. E quem precisa de Wikipedia para festejar Luiz?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Alceu faz viagem interior ao rememorar Luiz Gonzaga no show 'Lua e Eu'

Resenha de show
Título: Lua e Eu - Alceu Valença Canta Luiz Gonzaga
Artista: Alceu Valença (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 12 de novembro de 2012
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ), até 13 de novembro de 2012

Ao iniciar o bis da estreia carioca de Lua e Eu, show em que celebra Luiz Gonzaga (1912 - 1989) e a  herança deixada pelo centenário Rei do Baião, Alceu Valença cantou Juazeiro (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949) de improviso. O cantor e compositor pernambucano puxou o baião no tom dos aboiadores que ouvia na infância vivida em São Bento do Una (PE) - canto que ainda reverbera na afetiva memória musical do artista. Ao evocar o canto dos aboiadores, Alceu aprofundou o lamento doído contido nos versos de Juazeiro e os misturou com trechos de músicas de sua lavra própria como Na Primeira Manhã (Alceu Valença, 1980) e Solidão (Alceu Valença, 1984). Feito de improviso, o número foi o ponto alto do show, o rasgo de criatividade de tributo sincero ao legado de Gonzagão. Sincero porque, ao migrar para o Rio de Janeiro (RJ) em 1971, Alceu Valença trouxe no seu matulão xote, maracatu e baião - bagagem herdada de Gonzaga que o artista iria filtrar pela estética do pop rock, criando sua própria bagagem artística, ainda que o canto elétrico de Alceu tenha, a rigor, mais a ver com as arretadas divisões rítmicas de Jackson do Pandeiro (1919 - 1982), outro pilar musical da Nação Nordestina. Por isso, faz sentido ouvir Alceu Valença cantar o maracatu Pau-de-Arara (Luiz Gonzaga e Guio de Morais, 1952) em Lua e Eu, show em cujo roteiro o artista mistura sua obra com o repertório do Rei do Baião. Anjo avesso, porta-voz da incoerência, como já avisa na letra do número de abertura Agalopado (Alceu Valença, 1977), Alceu faz viagem interior ao rememorar heranças de Gonzaga, ora marcando o tempo na base da embolada (Embolada do Tempo, Alceu Valença, 2005), ora traçando rota imaginária que o leva ao universo lusitano de Fernando Pessoa (1888 - 1935) através d'O P da Paixão (Alceu Valença, 1987), tendo sempre como guia a obra seminal de Gonzaga, vivaz com o canto de Alceu. Tal rota conduz Alceu por sucessos como Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1946), Vem Morena (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1949), O Xote das Meninas (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1953) - número em que Alceu imita o fraseado e o timbre de Gonzaga - e Sabiá (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1951). A viagem interior inclui paradas para longas e cansativas falas que situam o artista em universo particular e embolam o tempo, quebrando o ritmo do show. Retomado o fio da meada, Alceu entrelaça sucessos como o coco Coração Bobo (Alceu Valença, 1980) com temas autorais menos ouvidos - caso de Cabelo no Pente (Alceu Valença e Vicente Barreto, 1985) - que conduzem a viagem a um porto sempre seguro. É difícil resistir ao chamado de La Belle de Jour (Alceu Valença, 1992) - tão forte quanto o canto de um aboiador - e ao colorido de Girassol (Alceu Valença, 1987). Carismático, o mágico Alceu dá seu show e começa a preparar o gran finale com Anunciação (Alceu Valença, 1983), número em que caminha pela plateia, tal como vai fazer ao arrematar o bis com Tropicana (Alceu Valença e Vicente Barreto, 1982), confiante no destino da viagem interior em que saúda a dinastia do velho Lua.

Alceu marca o tempo de sua obra com a de Luiz no roteiro de 'Lua e Eu'

Sem embolar o ritmo, Alceu Valença marca o tempo de sua obra autoral com o cancioneiro de Luiz Gonzaga (1912-1989) no roteiro de Lua e Eu, show que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) em apresentações agendadas no Theatro Net Rio para 12 e 13 de novembro de 2012, dentro da série Dia de Biscoito. Eis o roteiro seguido por Alceu Valença - em foto de Mauro Ferreira - na estreia carioca de Lua e Eu, show que comemora o centenário de nascimento do Rei do Baião:

1. Agalopado (Alceu Valença, 1977)
2. Embolada do Tempo (Alceu Valença, 2005)
3. Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1946)
4.Vem Morena (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1949)
5. O Xote das Meninas (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1953)

6. O Chero da Carolina (Amorim Rego e Zé Gonzaga, 1956)
7. Sabiá (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1951)
8. O P da Paixão (Alceu Valença, 1987)
9. Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) - solo de Lucy Alves
10. Pau-de-Arara (Luiz Gonzaga e Guio de Morais, 1952)
11. Coração Bobo (Alceu Valença, 1980)
12. Pelas Ruas que Andei (Alceu Valença e Vicente Barreto, 1982)
13. Cabelo no Pente (Alceu Valença e Vicente Barreto, 1985)
14. Como Dois Animais (Alceu Valença, 1982)
15. Táxi Lunar (Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, 1979)
16. La Belle De Jour (Alceu Valença, 1992)
17. Girassol (Alceu Valença, 1987)
18. Anunciação (Alceu Valença, 1983)
Bis:
19. Juazeiro (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949)
     - com citações de Na Primeira Manhã (Alceu Valença, 1980) e Solidão (Alceu Valença, 1984)
20. Numa Sala de Reboco (Luiz Gonzaga e José Marcolino, 1964)
21. Tropicana (Alceu Valença e Vicente Barreto, 1982)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

'Baião de Dois' apresenta duetos virtuais de Gonzaga com 12 cantores

Dentro das comemorações pelos 100 anos de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), a serem festejados em 13 de dezembro de 2012, a gravadora Sony Music põe nas lojas o CD Baião de Dois. Produzido por Fagner com José Milton, Baião de Dois apresenta duetos virtuais do Rei do Baião com 12 cantores, viabilizados por conta da tecnologia digital. O time de intérpretes convidados é formado por Alcione (na faixa-título Baião de Dois), Chico César (em Estrada de Canindé), Dominguinhos (no Forró de Cabo a Rabo), Elba Ramalho (em Paraíba), Fagner (em Asa Branca), Geraldo Azevedo (em Onde Tu Tá Neném?), Ivete Sangalo (em Nem se Despediu de Mim), Jorge de Altinho (em Deixa a Tanga Voar), Zé Ramalho (em A Volta da Asa Branca), Zeca Baleiro (em Danado de Bom), Zeca Pagodinho (em Siri Jogando Bola) e Zélia Duncan (em Qui Nem Jiló). Além das 12 faixas inéditas, Baião de Dois apresenta três duetos já pré-existentes de Gonzaga com Alceu Valença (em Plano Piloto, gravação do álbum 70 Anos de Sanfona e Simpatia, de 1983), Gal Costa (em Forró nº 1, fonograma do álbum Sanfoneiro Macho, de 1985) e Gonzaguinha (A Vida do Viajante, faixa-título do álbum duplo de 1981). Ideia de Fagner, o CD Baião de Dois chega às lojas neste mês de novembro de 2012.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Com apelo e apuro, Gonzaga - De Pai pra Filho segue roteiro folhetinesco

Resenha de filme
Título: Gonzaga - De Pai pra Filho
Direção: Breno Silveira
Roteiro: Patrícia Andrade
Cotação: * * * * 1/2
Filme em exibição no Festival do Rio a partir de 27 de setembro de 2012
Estreia em circuito nacional prevista para 26 de outubro de 2012

"É muita história...", diz  Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. (1945 - 1991), o Gonzaguinha, a Luiz Gonzaga do Nascimento (1912 - 1989), o Gonzagão, à certa altura do papo-entrevista que levou o filho a acertar as contas emocionais com seu pai em 1981, ano em que o Rei do Baião já parecia destronado de seu poder popular, vivendo melancólico em sua terra natal, Exu, cidade do interior de Pernambuco. Sim, tem muita história envolvendo Gonzagão e Gonzaguinha, pai e filho separados por divergências nas esferas pública e privada, mas o filme Gonzaga - De Pai pra Filho acerta ao seguir basicamente o roteiro das terras onde passou o velho Lua. As tensões entre pai e filho pontuam e costuram a narrativa - estruturada em flashback a partir do reencontro retrospectivo de Gonzagão e Gonzaguinha naquele ano de 1981 que culminaria com a primeira turnê dos artistas - mas o roteiro preciso de Patrícia Andrade percorre basicamente os sertões e as recordações deixadas por Luiz Gonzaga em sua folhetinesca vida de viajante. A direção de Breno Silveira caminha segura por essas trilhas sertanejas, já pisadas quando o cineasta contou a história dos 2 Filhos de Francisco (2005), cinebiografia de Zezé Di Camargo & Luciano que ultrapassou os cinco milhões de espectadores por conta do mesmo apelo emocional que ronda a história humana de Gonzaga e Gonzaguinha, cantores-ícones vividos no filme por três atores distintos nas diferentes fases da vida. Gonzagão é encarnado de forma convincente pelos atores Land Vieira (dos 17 aos 23 anos),  Nivaldo Expedito de Carvalho (dos 27 aos 50 anos) - sanfoneiro conhecido pelo nome artístico de Chambinho do Acordeom - e Adélio Lima (aos 69 anos). O segundo se destaca pela habilidade com a sanfona e por refletir no sorriso largo a alegria no coração que o Rei do Baião carregou pelos sertões onde passou. O terceiro já traz no rosto as marcas físicas e emocionais do sofrimento imposto pela vida. Gonzaguinha é interpretado pelos atores Alison Santos (dos 10 aos 12 anos), Giancarlo Di Tommaso (dos 17 aos 22 anos) e Julio Andrade (aos 36 anos), sendo que o terceiro impressiona pela caracterização perfeita. Os trejeitos e a maneira de falar dão a sensação de que Gonzaguinha está na tela - impressão reforçada pelas imagens reais do cantor expostas ao longo do filme. No confronto entre pai e filho que costura o roteiro, os diálogos adquirem em certos momentos tom novelesco condizente com o caráter folhetinesco dos fatos que envolvem as vidas de ambos. "Nunca te deixei faltar nada", alega Gonzagão num dos momentos culminantes da discussão. "Faltou você", retruca Gonzaguinha. A dúvida sobre a natureza biológica do laço entre Gonzagão e Gonzaguinha - questão levantada, mas não desenvolvida, pelo filme - reforça esse clima de folhetim. Mas Gonzaga - De Pai pra Filho jamais apela para as emoções baratas. Tal como fez em 2 Filhos de Francisco, Breno Silveira apenas se deixa levar por uma grande história, filmada com apuro, sem recursos estilísticos que poderiam empanar o brilho dessa história. Mesmo sem caráter didático, o filme mostra como Gonzaga partiu de Exu (PE) para Fortaleza (CE) e, depois, para o Rio de Janeiro (RJ) em rota que o levaria ao sucesso nacional tão logo sintetizasse a batida do baião. Os passos fundamentais da trajetória artística de Gonzagão estão reconstituídos no filme. Já a caminhada de Gonzaguinha para o estrelato jamais vira o foco principal da narrativa. O espectador de Gonzaga - De Pai pra Filho sai do cinema sem saber que o filho - projetado na era dos festivais da canção com músicas engajadas e raivosas que lhe valeram o epíteto desagradável de cantor-rancor - somente obteve fama e popularidade similares ao do pai quando cantoras como Maria Bethânia e Simone revelaram a face mais romântica de seu repertório na segunda metade dos anos 70. Nada que deponha contra o filme. Havia muita história para contar e o roteiro de Patrícia Andrade, vale repetir, acerta ao priorizar a saga de Gonzagão em filme que estreia a tempo de festejar o centenário de nascimento do Rei do Baião. Gonzaguinha entra em cena somente quando seus caminhos se cruzam com os de seu pai, com quem se reconciliou definitivamente a partir do lendário papo-entrevista de 1981, ponto de partida deste grande filme sobre os (des)encontros de pai e filho, 2 filhos deste Brasil.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sem obviedade, Sartori e Ribeiro celebram bem os 100 anos de Gonzaga

Resenha de CD
Título: Que se Deseja Rever
Artista: Mateus Sartori e Guilherme Ribeiro
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * 1/2 

Tema bem pouco associado a Luiz Gonzaga (1912 - 1989), Rosa do Mearim (Luiz Guimarães) floresce com toda sua beleza melódica na gravação de voz e piano que abre o CD Que se Deseja Rever. De afinação e emissão perfeitas, a voz é a de Mateus Sartori. O piano é o de Guilherme Ribeiro, instrumentista que divide com o cantor paulista este tributo nada óbvio ao centenário de nascimento do Rei do Baião. A escolha do repertório - que tira do baú de Gonzaga músicas pouco conhecidas como Sanfona Sentida (Dominguinhos e Anastácia), veículo ideal para Ribeiro exercitar seus dotes musicais no acordeom - contribui para que o álbum se diferencie dentre as numerosas abordagens da obra seminal do compositor. Mesmo um clássico já excessivamente revisitado como Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) tem seu sentido realçado por estar alocado juntamente com O Adeus da Asa Branca, tema em que o compositor Dalton Voleger dialoga com os versos poéticos de Humberto Teixeira (1915 - 1979) para celebrar o parceiro mais importante de Lua. É fato que a atmosfera algo formal do disco dilui a malícia e o humor contido em temas como Ou Casa Ou Morre (Elias Soares e Paulo Roberto Machado), faixa que esboça clima forrozeiro neste disco em que o canto de Sartori chega ao céu da perfeição em Ave Maria Sertaneja (Júlio Ricardo e O. de Oliveira), oração feita ao som do acordeom de Ribeiro. É o mesmo acordeom que faz desabrochar Acácia Amarela (Luiz Gonzaga e Orlando Silveira), exemplo da habilidade da dupla ao revirar o baú de Gonzagão. É fato que o repertório de Gonzaga tem vivacidade que pouco ou nada aparece em Que se Deseja Rever. De todo modo, o tom classicista do disco - ambientado em atmosfera camerística - se revela suficiente para realçar o lirismo saudosista de Noites Brasileiras (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), tema junino de grande beleza. E no fim tudo acaba em samba. Sim, Tenho Onde Morar (Luiz Gonzaga e Dário de Souza) é bissexto samba da obra nordestina do Rei do Baião - gravado em 1947 - que encerra o tributo, sinalizando que, com boa vontade, é possível garimpar outras joias do baú de Gonzaga sem bater nas mesmas teclas da sanfona...

domingo, 29 de julho de 2012

Gravação inédita de Caetano é a isca de coletânea que celebra Gonzaga

Embora não possua em seu catálogo nenhum disco de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), a gravadora Universal Music também preparou seu tributo aos 100 anos do Rei do Baião. Trata-se da coletânea dupla Olha pro Céu, que reúne regravações da obra seminal do cantor e compositor pernambucano nas vozes de artistas da MPB. Nomes como Alceu Valença, Elba Ramalho, Gilberto Gil e Quinteto Violado se repetem ao longo dos dois discos. O chamariz da compilação - que tem texto assinado pelo jornalista Tárik de Souza - é gravação inédita do baião Respeita Januário (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) feita por Caetano Veloso em 1999. Trata-se de registro caseiro de voz e violão. Eis as faixas do CD duplo que vai sair em agosto de 2012:

CD 1
1. Asa Branca – Caetano Veloso
2. ABC do Sertão – Maria Bethânia
3. Cintura Fina – Alceu Valença
4. Baião – Claudette Soares
5. Algodão – Quinteto Violado
6. Dança da Moda – Gilberto Gil
7. A Vida do Viajante – Amelinha
8. Derramaro o Gai – MPB-4
9. Baião da Garoa – Carmélia Alves
10. O Xote das Meninas – Gerson King Combo e a Turma do Soul
11. Numa Sala de Reboco – Quinteto Violado
12. Dúvida – Elba Ramalho
13. Olha pro Céu – Gilberto Gil
14. Baião de Dois - Caetano Veloso

CD 2
1. Asa Branca – Quinteto Violado e Luiz Gonzaga
2. Assum Preto – Gal Costa
3. Vem Morena – Alceu Valença
4. Xamego – Fafá de Belém
5. Vozes da Seca – Quinteto Violado
6. Respeita Januário – Caetano Veloso (gravação inédita)
7. Qui nem Jiló – Claudette Soares
8. Imbalança – Gilberto Gil
9. Roendo Unha – Elba Ramalho
10. Siri Jogando Bola / Respeita Januário / Forró do Mané Vito – Dominguinhos
11. Pau de Arara – Marília Medalha
12. Juazeiro – Gilberto Gil (ao vivo)
13. São João do Carneirinho / São João na Roça / Polca Fogueteira – Quinteto Violado
14. A Volta do Asa Branca / Eu Só Quero um Xodó – Caetano Veloso

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Catto é destaque no disco que ressalta dengo sensual da obra de Gonzagão

Resenha de CD
Título: 100 anos de Gonzagão - Xamêgo
Artistas: Vários
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * 1/2

 Ao mesmo tempo em que mostrou ao Brasil como se dançava e fazia o baião, Luiz Gonzaga (1912 - 1989) temperou sua obra com a malícia sensual que caracteriza parte da música nordestina. A face mais dengosa do repertório de Lua está exposta em Xamêgo, o segundo dos três CDs do box 100 anos de Gonzagão, produzido por Thiago Marques Luiz - sob a direção musical do violonista Rovilson Pascoal e do baixista André Beduré - para celebrar o centenário de nascimento do Rei do Baião. Com gravações menos reverentes do que as do CD 1 (Sertão, de tom mais tradicional), Xamêgo soa mais descontraído. O jovem cantor Filipe Catto faz jus à honra de abrir o disco, com interpretação precisa de A sorte é cega (Luiz Guimarães, 1967), valorizando cada verso de letra que aborda amor e desejo reprimidos. Aliada à voz segura de Catto, a trama de violões e guitarras faz da gravação um dos grandes destaques do tributo triplo. A arejada produção musical de Yuri Queiroga abre caminho para que sua irmã, Ylana Queiroga (sobrinha de Lula Queiroga), encontre o tom dengoso de Orélia (Humberto Teixeira, 1979). Arretada por natureza, Maria Alcina exercita seu histrionismo em Xamêgo (Luiz Gonzaga e Miguel Lima, 1944), tema que ganha suingue nortista na gravação, outro destaque do disco. Radicado em Nova York (EUA), o grupo Forró in the Dark parece se divertir ao desconstruir o xote O cheiro da Carolina (Amorim Roxo e Zé Gonzaga, 1956). Cantora visceral no palco, Karina Buhr sustenta bem a leveza do baião Xanduzinha (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950). Já Thaís Gulin nada faz por Balance eu (Luiz Gonzaga e Nestor de Hollanda, 1958). Falta no registro de Gulin a vivacidade posta em Ednardo no baião Vem morena (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1949). Faltou malícia também à interpretação de Gaby Amarantos para Cintura fina (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1950), faixa turbinada pelas programações eletrônicas de Sandro Negão. Uma das joias de maior quilate do baú de Gonzagão, Qui nem jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) poderia reluzir mais se o arranjo fosse mais ousado para diferenciar o registro de Ângela RoRo das numerosas abordagens do antológico baião. Da mesma forma, nem a emissão límpida de Jussara Silveira faz Sabiá (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1951) voar alto. Por sua vez, a (ótima) cantora Verônica Ferriani mostra insuspeito domínio do ABC do sertão com sua primorosa interpretação de A letra I (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1953), em gravação feita e assinada com o grupo Chorando as Pitangas. O arranjo do gaitista Vítor Lopes contribui para tornar a faixa uma das melhores do tributo. Em sintonia com sua alma sertaneja, Rolando Boldrin dá sabor interiorano a Açucena cheirosa (Rômulo Paes e José Celso, 1956) em gravação feita com o Regional Imperial.  Já Vânia Bastos dilui a alegria junina de Olha pro céu (Luiz Gonzaga e José Fernandes, 1951) em registro sereno que realça a beleza da melodia do tema e a emissão cristalina da voz da cantora. Célia suaviza a angústia que move os versos de Roendo unha (Luiz Gonzaga e Luiz Ramalho, 1976) com o rigor estilístico que falta ao canto informal de Elke Maravilha, que jamais acerta o tom dengoso d'O xote das meninas (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1953), tema unido na faixa - assinada por Elke com o Trio Dona Zefa - com Capim Novo (Luiz Gonzaga e José Clementino, 1976). Luiz Gonzaga sabia brincar com as coisas do amor e do sexo. Mas a brincadeira somente tem graça quando é musicalmente levada a sério - como faz a maioria dos intérpretes de Xamêgo, com destaque para Filipe Catto e Verônica Ferriani. Sim, é preciso respeitar Januário.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ayrton, Cátia, Cida, Chico e Geraldo pisam firme no 'Sertão' de Gonzaga

Resenha de CD
Título: 100 Anos de Gonzagão - Sertão
Artistas: Vários
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * *

É com a autoridade de ser o discípulo mais legítimo de Luiz Gonzaga (1912 - 1989) que Dominguinhos abre  Sertão - o primeiro dos três CDs do box 100 Anos de Gonzagão, produzido com heroísmo por Thiago Marques Luiz para celebrar o centenário de nascimento do Rei do Baião - com citação de Hora do Adeus (Onildo de Almeida e Luiz Queiroga, 1966) antes de fazer Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1947) bater asas do sertão em voo agalopado orquestrado com as adesões de Amelinha, Anastácia, Ednardo e Geraldo Azevedo. Nessa abertura do tributo, os metais soprados pelos músicos do Meretrio - com arranjo vivaz do trombonista Emiliano Sampaio - sinaliza que pode haver alguma vida nova no Sertão de 100 Anos de Gonzagão. Com 50 gravações inéditas feitas sob a direção musical do violonista Rovilson Pascoal e do baixista André Beduré, autores da maioria dos arranjos, o tributo triplo peca por excessos e pela irregularidade de algumas interpretações. Contudo, o saldo é positivo. Se Elba Ramalho liga o automático ao reviver o xote No Meu Pé de Serra (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1946), Geraldo Azevedo repisa com propriedade a bela Estrada de Canindé (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) - na companhia de um elétrico violão arranjado e tocado pelo próprio Geraldo - e o jovem cantor pernambucano Ayrton Montarroyos se revela cantor promissor pela beleza de seu timbre e pela segurança com que embarca no Riacho do Navio (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1955). Se Zezé Motta parece turista acidental n'A Vida do Viajante (Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil, 1953), Cida Moreira lança mão de todo seu rigor estilístico para realçar a beleza poética de Acauã (Zé Dantas, 1952) em interpretação serena. Neto de Luiz, Daniel Gonzaga respeita o baião Juazeiro (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949), prejudicado por arranjo sem vida. Aliás, o índice de acertos é maior quando o artista tem o controle artístico de sua gravação. Chico César pega bem Pau de Arara (Luiz Gonzaga e Guio de Moraes, 1952) no toque de sua guitarra acústica. Em compensação, o grupo paulista Vanguart dá rasante cego por Assum Preto (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950), tirando toda a beleza e sentimento da toada. Em geral, os temas áridos do sertão de Gonzaga são encarados com mais desenvoltura por quem tem a vivência nordestina e conhece a extensão de uma Légua Tirana (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949), caso de Amelinha, intérprete que explora a região aguda de sua voz ao percorrer os caminhos melódicos dessa toada. Caso também de Zé Ramalho, cuja voz cavernosa é talhada para narrar A Morte do Vaqueiro (Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho, 1963). É por essa vivência nordestina que a paraibana Cátia de França sabe fazer ressoar Vozes da Seca (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1953) e que Anastácia se encontra feliz com Oswaldinho do Acordeom n'A Feira de Caruaru (Onildo de Almeida, 1957). Em contrapartida, Fafá de Belém forja alegria para festejar A Volta da Asa Branca (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1950). Não, tudo em volta não é só beleza no sertão centenário de Lua.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Sony Music planeja a reedição da discografia completa de Luiz Gonzaga

No embalo das comemorações pelo centenário de nascimento de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), a gravadora Sony Music planeja a reedição da discografia completa do Rei do Baião neste segundo semestre de 2012. Estão previstos os lançamentos de 58 CDs - a serem vendidos de forma avulsa - com toda a obra fonográfica do artista, inclusive os fonogramas originalmente editados em discos de 78 rotações entre 1941 e 1960 (a partir de 1961, Gonzaga passou a gravar álbuns, vários nunca lançados em CD). Destes 58 CDs, 43 são de álbuns do artista, sendo que 15 são inéditos em CD e os demais 28 são álbuns já relançados em 1998. Os outros 15 CDs serão compilações das gravações de 78 rotações. Com exceção de dois álbuns gravados pelo cantor na Odeon (em 1973 e 1974) e de outros dois na Copacabana (em 1989, ano da morte do artista), toda a discografia de Luiz Gonzaga foi construída na gravadora RCA Victor, cujo rico acervo foi encampado pela Sony Music na fusão com a BMG Ariola realizada nos anos 2000.

domingo, 1 de julho de 2012

Gilberto Gil canta Luiz Gonzaga em coletânea editada pela Warner Music

Idealizada e produzida por Marcelo Fróes, a coletânea Gilberto Gil Canta Luiz Gonzaga chega às lojas a partir do dia 11 deste mês de julho de 2012 com 14 gravações de músicas do centenário Rei do Baião na voz do cantor baiano. Editada pela Warner Music, em parceria com o selo Discobertas, a compilação alinha no repertório basicamente clássicos da obra do compositor pernambucano, com exceção de Macapá, título pouco ouvido da parceria de Luiz Gonzaga (1912-1989) com Humberto Teixeira (1915-1979), gravado por Gil em compacto de 1979. O detalhe empobrecedor é que, das 14 gravações, dez são extraídas dos álbuns As Canções de Eu Tu Eles (2000) e São João Vivo (2001). Eis os 14 fonogramas do CD Gilberto Gil Canta Luiz Gonzaga, que fecha com uma parceria de Gil e Gonzaga, Treze de Dezembro

1. Vem Morena (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) - Do álbum Raça Humana (1984)
2. Macapá (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) - Do compacto Não Chore Mais (1979)
3. Imbalança (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) - do álbum Cidade do Salvador (1973 / 1999)
4. Respeita Januário (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) - do álbum Gilberto Gil ao Vivo (1978)
5. Juazeiro (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)  - do álbum As Canções de Eu Tu Eles (2000)
6. Asa Branca (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga) - do álbum As Canções de Eu Tu Eles (2000)
7. Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) - do álbum As Canções de Eu Tu Eles (2000)
8. Assum Preto (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) - do álbum As Canções de Eu Tu Eles (2000)
9. Pau de Arara (Luiz Gonzaga e Guio de Moraes) - do álbum As Canções de Eu Tu Eles (2000)
10. A Volta da Asa Branca (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) - do álbum As Canções de Eu Tu Eles (2000)
11. Olha pro Céu (Luiz Gonzaga e José Fernandes) - do álbum São João Vivo (2001)
12. Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) / De Onde Vem o Baião (Gilberto Gil) - do CD São João Vivo (2001)
13. O Xote das Meninas (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) - do álbum São João Vivo (2001)
14.
Treze de Dezembro (Luiz Gonzaga, Zé Dantas e Gilberto Gil) - do álbum São João Vivo (2001)