Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


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domingo, 10 de janeiro de 2016

Riva canta Caymmi em disco gravado com adesões de Ney, Danilo e Donato

A IMAGEM DO SOM - Extraídas de vídeo postado por Marina de la Riva na página da artista no Facebook, as fotos mostram a cantora carioca - de ascendência cubana - em ação no Red Bull Studios, em São Paulo (SP), durante a gravação do álbum em que Riva interpreta músicas do cancioneiro do compositor baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008). Derivado de show apresentado pela cantora nos últimos dois anos, o disco tem lançamento previsto para este primeiro semestre de 2016. Ney Matogrosso - visto no estúdio numa das fotos - participa do álbum, dando voz ao samba-canção Só louco (1955), lançado por Caymmi há 60 anos. A música foi escolhida pelo cantor. Filho caçula de Dorival, Danilo Caymmi interpreta O bem do mar (Dorival Caymmi, 1954) e toca flauta na canção praieira. Já João Donato toca o piano de Rainha do mar (Dorival Caymmi, 1939).

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Claudette dá voz a Caymmi em clima de bossa em disco produzido por Nana

Em novembro de 2013, a cantora carioca Claudette Soares entrou em estúdio da cidade de São Paulo (SP) para gravar álbum com músicas de Dorival Caymmi (1914 - 2008) que tinha lançamento previsto para 2014, em edição da gravadora Pôr do Som. O disco sairia a tempo de fazer parte das comemorações pelo centenário de nascimento do cantor e compositor baiano. Mas o fato é que o CD Claudette Soares e a bossa de Caymmi acabou efetivamente lançado neste último trimestre de 2015 - já desvinculado dos festejos do centenário de Caymmi - em edição da gravadora Nova Estação distribuída discretamente via Eldorado. Gravado em tom quase sempre íntimo, o 22º álbum de Claudette Soares ostenta o nome de Nana Caymmi na produção. Nana atuou basicamente na seleção do repertório, pautado por sambas-canção como Não tem solução (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1950), Nem eu (Dorival Caymmi, 1952), Nesta rua tão deserta (Dorival Caymmi, Carlos Guinle e Hugo Lima, 2003), Nunca mais (Dorival Caymmi, 1949), Sábado em Copacabana (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1951) e Só louco (Dorival Caymmi, 1955). São títulos mais intimistas do cancioneiro de Caymmi que propiciam o clima de bossa proposto pelo título do disco gravado sob a direção musical do pianista Giba Estebez. Nana assina a produção do álbum, mas quem capitaneou de fato a produção na parte executiva foi Thiago Marques Luiz, dono da gravadora Nova Estação. Aos 78 anos, Claudette evoca no disco a bossa que pautou a discografia da cantora a partir da década de 1960, após a intérprete ter se livrado do rótulo de A princesinha do baião lhe imposto pela indústria da música nos anos 1950. Mas é na abordagem sincopada do samba Maricotinha (Dorival Caymmi, 1994) - repleta de quebras que dão vivacidade ao disco - que Claudette mostra o suingue que lhe rendeu o epíteto mais justo de A dona da bossa. Em tom íntimo ou balançado, Claudette canta Dorival Caymmi com aval dos três filhos do compositor. Nana elegeu o repertório. Dori Caymmi escreveu o texto (de tom superficial) reproduzido na contracapa do encarte do CD. Já Danilo pôs voz no mencionado samba-canção  Sábado em Copacabana  no clima íntimo da gravação.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Silva pinta rosto da 'Marina' de Caymmi no tom de seu tecnopop em 'Júpiter'

Cantor e compositor guardião das tradições da música brasileira, Dori Caymmi pode vir a se zangar, a se aborrecer e a ficar de mal com Lúcio Silva... É que o cantor e compositor capixaba Silva pinta o rosto de Marina (Dorival Caymmi, 1947) - um dos mais célebres sambas-canção do cancioneiro de seu pai, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008) - com as cores de seu tecnopop. Silva regrava Marina em seu quarto álbum, Júpiter. O disco chega ao mercado fonográfico através do selo Slap, da gravadora Som Livre, em 20 de novembro de 2015. Marina integra o repertório quase todo inédito e autoral composto pelo artista com seu irmão Lucas Silva. Sucessor de Claridão (Slap / Som Livre, 2012) e de Vista pro mar (Slap / Som Livre, 2014), Júpiter apresenta músicas como Deixa eu te falar, Notícias,  Se ela volta, Sou desse jeito, IO e Sufoco ao longo de 11 faixas.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Retrô 3º trimestre de 2015: Flanders, Danilo e Platão mostram 'discos do ano'

RETROSPECTIVA 3º TRIMESTRE DE 2015 - Encerrado hoje, 30 de setembro, o terceiro semestre deste ano de 2015 já inseriu três álbuns na lista de melhores discos do ano. Curiosamente, são três álbuns de três cantores e compositores. Enquanto as cantoras se destacaram nos palcos, três cantores lançaram discos irretocáveis. Hélio Flanders iniciou sua carreira solo com o primoroso Uma temporada fora de mim (Deck), doído álbum lançado em setembro. Fora do universo musical do Vanguart, grupo de Cuiabá (MT) que o projetou no universo pop, o cantor e compositor mato-grossense mostrou evolução como intérprete e como compositor neste disco existencial que arde na fogueira das paixões, com toques de tango. Com mais leveza, Danilo Caymmi deu voz e frescor ao cancioneiro de seu pai, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008), em Don don (Maravilha 8), disco gravado - e assinado - pelo cantor e compositor carioca com o baixista Bruno Di Lullo e com o baterista Domenico Lancellotti, expoentes da cena musical carioca. Disponível por ora somente nas plataformas digitais, nas quais chegou em 28 de agosto, Don don oferece visão contemporânea da obra de Dorival sem desfigurar as músicas do compositor baiano. Duas semanas antes, em 14 de agosto, Toni Platão jogou na rede - sem aviso prévio - seu melhor álbum, Lov (Independente), disco quente, gravado com pegada e com a produção de Berna Ceppas. Por ora também lançado somente em edição digital, Lov priorizou as canções de amor para lembrar que Platão (ainda) é um dos melhores cantores da geração roqueira revelada nos anos 1980. Embora não seja um disco perfeito, por deixar a sensação de ser longo demais, o segundo ótimo álbum de Emicida, Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa (Laboratório Fantasma / Sony Music, 2015) - lançado em agosto - merece menção honrosa por apontar e denunciar o racismo com músicas que alternam fúria e delicadeza. Se os homens deram os tons dos discos, as mulheres reinaram nos palcos. Sob a direção de Elias Andreato, a cantora paulistana Fabiana Cozza depurou seu canto, seu gestual e sua postura cênica em seu melhor show, Partir, baseado no excelente homônimo quinto álbum de Cozza Já Fafá de Belém fez seu coração assumidamente brega bater mais forte em espetáculo dirigido por Paulo Borges que amplificou o sentido do repertório extremamente popular de um álbun, Do tamanho certo para o meu sorriso (Joia Moderna), que fez a cantora paraense voltar com força à mídia e ao mercado fonográfico após anos de discos de menor expressão e quase nenhuma repercussão. Por fim, quase no apagar das luzes do trimestre, Gal Costa festejou seus 70 anos no palco com a estreia nacional de luminoso show, Estratosférica, no qual a senhora cantora baiana reitera a sintonia com a cena contemporânea - exposta no perfeito CD lançado em maio - enquanto se reflete no espelho cristalino dos momentos áureos dos seus 50 anos de carreira.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Guinga abarca obras de Caymmi, Gonzaga e Tom no disco 'Porto da Madama'

Música lançada em 1957 pelo cantor e compositor baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008), Cantiga da noiva - também conhecida como Canção da noiva - ganha arranjo de Guinga e o toque virtuoso do violão deste cantor, compositor e músico carioca em gravação feita para o álbum Porto da Madama com a voz da cantora portuguesa Maria João. Sucessor de Roendopinho (Acoustic Music Records / Rough Trade, 2014) na discografia de Guinga, Porto da Madama chega ao mercado fonográfico nesta primeira semana de setembro de 2015 em edição do Selo Sesc, unindo o violão do artista às vozes de quatro cantoras de nacionalidades distintas. Além da portuguesa Maria João, o disco - feito no Rio de Janeiro (RJ) no início deste ano de 2015 - alinha músicas gravadas com as vozes da norte-americana Esperanza Spalding, da italiana Maria Pia de Vito e da brasileira Mônica Salmaso. Além de rebobinar temas do cancioneiro de Guinga, como Cine Baronesa (Guinga e Aldir Blanc, 2001) e Passarinhadeira (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1993), Porto da Madama abarca no repertório abordagens de obras de outros compositores, como Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), Luiz Gonzaga (1912 - 1989) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980). De Tom, Guinga toca Lígia (1974) com a voz de Esperanza Spalding. Do Rei do baião, a escolhida foi a valsa Dúvida (Luiz Gonzaga e Domingos Ramos, 1946), ouvida na voz de Mônica Salmaso em Porto da Madama. De Vinicius, o disco revive Serenata do adeus (1958) na voz de Esperanza Spalding. Neste álbum de vozes e violão, Guinga geralmente assina os arranjos e toca o violão, mas o cantor também solta a voz em Cine Baronesa, em Passarinhadeira e em Caprichos do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), valsa lançada em 1938 na voz icônica do cantor carioca Orlando Silva (1915 - 1978).  Eis, na ordem do CD, as 13 músicas (e suas respectivas intérpretes) de Porto da Madama:

1. Cine Baronesa (Guinga e Aldir Blanc, 2001) - com Maria João
2. Lígia (Antonio Carlos Jobim, 1974) - com Esperanza Spalding
3. Boa noite, amor (José Maria de Abreu e Francisco Matoso, 1936) - com Maria Pia de Vito
4. Se queres saber (Peter Pan, 1947) - com Mônica Salmaso
5. Passarinhadeira (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1993) - com Maria João
6. Caprichos do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz, 1938) - com Maria Pia de Vito
7. Ilusão real (Guinga e Zé Miguel Wisnik, 2011) - com Mônica Salmaso
8. Contenda (Guinga e Thiago Amud, 2007) - com Maria João
9. Noturna (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1987) - com Maria Pia de Vito
10. Porto da Madama (Guinga, 2009) - com Mônica Salmaso
11. Canção da noiva (Dorival Caymmi, 1957) - com Maria João
12. Serenata do adeus (Vinicius de Moraes, 1958) - com Esperanza Spalding
13. Dúvida (Luiz Gonzaga e Domingos Ramos, 1946) - com Mônica Salmaso

sábado, 1 de agosto de 2015

Coletânea de Rosa repisa 13 passos dos 'songbooks' de Ary, Tom e Caymmi

De 1997 a 2000, Rosa Passos lançou quatro álbuns pela Lumiar Discos, gravadora do violonista e produtor musical carioca Almir Chediak (1950 - 2003). Três foram songbooks dedicados pela cantora baiana às obras dos compositores Ary Barroso (1903 - 1964), Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) e Dorival Caymmi (1914 - 2008). Lançada pela gravadora Biscoito Fino neste mês de agosto de 2015, a coletânea Rosa Passos canta Ary, Tom e Caymmi compila 13 fonogramas destes álbuns. De Letra & Música - Ary Barroso (Lumiar Discos, 1997), álbum assinado por Rosa com o violonista Lula Galvão, o CD rebobina Morena boca de ouro (Ary Barroso, 1941), Pra machucar meu coração (Ary Barroso, 1943), Camisa Amarela (Ary Barroso, 1939) e Isto aqui o que é? (Ary Barroso, 1942). Do álbum Rosa Passos canta Antonio Carlos Jobim - 40 anos de Bossa Nova (Lumiar Discos, 1998), a coletânea inclui Inútil paisagem (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1964 - e não Newton Mendonça, como creditado no álbum original em erro reproduzido na coletânea), Garota de Ipanema (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962), Vivo sonhando (Antonio Carlos Jobim, 1963) e Samba de uma nota só (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1960). Por fim, do álbum Rosa Passos canta Caymmi (Lumiar Discos), a compilação reapresenta Samba da minha terra (Dorival Caymmi, 1940), Vestido de bolero (Dorival Caymmi, 1944), Marina (Dorival Caymmi, 1947), Só louco (Dorival Caymmi, 1955) e Vatapá (Dorival Caymmi, 1942). Detalhe: os fuxicos que ilustram a capa e o encarte do CD Rosa Passos canta Ary, Tom e Caymmi - em projeto gráfico criado por Flavia Oliveira - foram confeccionados pela própria artista.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Nucci acarinha (de novo) o mestre em revisita simples à obra de Caymmi

Resenha de CD
Título: Claudio Nucci revisita Caymmi
Artista: Claudio Nucci
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * *

Em 2004, Claudio Nucci abordou o repertório de Dorival Caymmi (1914 - 2008) no álbum Ao mestre, com carinho, produzido por Luiz Fernando Gonçalves. Onze anos depois, o cantor e violonista paulista - de Jundiaí (SP) - volta ao cancioneiro do compositor baiano em outro álbum formatado por Gonçalves. Em Claudio Nucci revisita Caymmi, bom disco lançado por via independente no mercado fonográfico neste mês de abril de 2015, o cantor - projetado em 1979 como integrante da formação original do quarteto carioca Boca Livre - segue a toada de Caymmi com correção e intencional simplicidade. Como explica o próprio Nucci, em texto escrito para o encarte do CD, o objetivo foi ambientar o cancioneiro de Caymmi em sua atmosfera e tonalidades originais. Opção que garante a correção da revisita, mas que, por outro lado, deixa a impressão de que tudo já foi feito de forma muito mais sedutora pelo próprio Caymmi, intérprete soberano de seu cancioneiro. Nucci acarinha o mestre sem ao menos um afago inusitado que permita um vislumbre de outra face dessa obra já em si perfeita. Em boa forma vocal, o cantor revive obras-primas como Canção da partida (1957), Milagre (1977), Peguei um Ita no Norte (1945) e Maricotinha (1994) com arranjos calcados no seu próprio violão. O repertório prioriza o samba, base sólida de obra que também transitou com requinte pelo samba-canção sem cair no melodrama típico de boa parte do gênero. Além do violão, Nucci revisita Caymmi com as percussões sutis de Rafael Lorga e Renato Paquet, especialmente em evidência no samba Na cancela (1993), título menos conhecido do repertório, tendo sido lançado na voz de Toquinho há 22 anos. Dentre as boas surpresas do repertório, há também O anjo da noite - parceria de Dorival com seu filho caçula Danilo Caymmi, lançada em 1968 nas vozes da dupla Cynara & Cybele e desde então pouco lembrada - e Eu cheguei lá, samba apresentado pelo grupo MPB-4 em disco de 1971. Aliás, a voz de Nucci cai muito bem em sambas leves como Eu cheguei lá. Em contrapartida, o cantor jamais atinge a profundidade de Sargaço mar (1985), um dos títulos mais densos e sombrios do cancioneiro geralmente ensolarado de Caymmi. No fim, a revisita ao Buda Nagô culmina com samba inédito, Da cor de algodão, em que os compositores - o próprio Nucci, em parceria com Juca Filho - costuram referências desse cancioneiro que o cantor aborda com simplicidade e (mera) correção.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Álbum de Jussara com canções de Caymmi ganha reedição pela Dubas

Segundo álbum de Jussara Silveira, lançado originalmente pela gravadora Dubas Música em 1998, com distribuição da Warner Music, Canções de Caymmi vai ganhar (oportuna) reedição neste ano de 2015 pela mesma Dubas. Como o título já explicita, o disco da cantora mineira - de criação baiana  -  é dedicado ao cancioneiro do compositor baiano Dorival Caymmi  (1914 - 2008).

domingo, 18 de janeiro de 2015

Malta sopra obra de Caymmi em CD que sai após disco ao vivo na China

Virtuose dos sopros, o músico Carlos Malta gravou álbum com o cancioneiro de Dorival Caymmi (1914 - 2008) em meados de 2014, ano em que o Brasil celebrou o centenário de nascimento do compositor baiano. Ainda inédito, este disco de Malta sobre a obra de Caymmi vai ser lançado após a edição de Carlos Malta & Pife Muderno ao vivo na China, álbum duplo que registra show feito pelo grupo em setembro de 2011 na Cidade Proibida, em Pequim. O disco ao vivo celebra os 20 anos do grupo carioca Pife Muderno, completados em 2014. Malta - visto em foto de Aluízio Jordão - tem ainda engatilhado um terceiro disco, este baseado nos afro-sambas compostos na década de 1960 por Baden Powell (1937-2000) em parceria com Vinicius de Moraes (1913 - 1980).

domingo, 9 de novembro de 2014

Casuarina oscila no passo de Caymmi, embora mostre real evolução no álbum

Resenha de álbum
Título: Casuarina no passo de Caymmi
Artista: Casuarina
Gravadora: Superlativa
Cotação: * * *

É bem difícil seguir o passo de Dorival Caymmi (1914 - 2008), compositor de músicas aparentemente simples, mas que exigem apuro de seus intérpretes - até porque todas já foram gravadas de forma magistral pelo próprio cantor e compositor baiano. Embora convidativo a mergulhos nesse cancioneiro de arquitetura original, o mar de Caymmi esconde perigos em suas ricas profundezas. Grupo carioca de samba que despontou no mercado fonográfico há dez anos, o Casuarina não se afoga nesse mar ao longo do CD No passo de Caymmi, mas tampouco emerge dele com gravações capazes de serem alinhadas entre os melhores registros da obra do compositor centenário.  Produção independente da Superlativa, o CD No passo de Caymmi registra em estúdio o show homônimo que o grupo estreou em maio deste ano de 2014, no rastro das comemorações dos 100 anos de nascimento do Buda Nagô. Em 16 faixas, o disco alinha 17 músicas de Caymmi lançadas entre 1939 e 1994. Algumas - como o samba Maricotinha (1994), levado no disco no ritmo ditado pelas mãos - estão alocadas como vinhetas. Embora o Casuarina oscile no passo de Caymmi, o grupo mostra evolução, nem tanto na parte vocal - embora haja brilho nesse quesito, perceptível já na harmonização de Suíte dos pescadores (1957) - mas sobretudo  nos arranjos criados por Daniel Montes e João Fernandes. Gravado com mix de molejo carioca e manemolência baiana, o samba Você já foi à Bahia? (1941) aponta na sequência o passo seguido pelo Casuarina em músicas como Lá vem a baiana (1947). Abordagens como a de Peguei um ita no Norte (1945) - tema ouvido no canto do vocalista João Cavalcanti - indicam o apuro dos arranjos. Requinte ratificado no toque do violão que introduz Saudade da Bahia (1957), samba cuja combinação de vozes na gravação do Casuarina remete - nessa introdução - aos grupos vocais da fase pré-Bossa. Tal evocação também é feita em algumas partes de Dora (1945), música que pede interpretação mais viçosa, problema também detectado em É doce morrer no mar (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1941), tema talhado para vozes de alcance mais profundo. Da mesma forma, o samba A vizinha do lado (1946) carece de dengo e malícia no registro do Casuarina. Sambas-canção como Só louco (1955) e Marina (1947) - com sonoridade que remete aos conjuntos regionais dos anos 1940 - reiteram que o mergulho do Casuarina na obra de Caymmi têm arranjos mais inspirados do que as interpretações em si. Oração de Mãe Menininha (1972), por exemplo, tem diluída sua sagrada carga espiritual na vinheta ouvida no disco produzido pelo próprio Casuarina. Já O bem do mar (1954) se destaca no álbum justamente pelo equilíbrio entre arranjo e canto. De todo modo, ao seguir o passo de Dorival Caymmi, o Casuarina mostra que está em movimento, indo bem além das fronteiras do bairro da Lapa, matriz do grupo carioca.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Eis a capa e contracapa do álbum em que Casuarina vai no passo de Caymmi

Estas são a capa e a contracapa do CD Casuarina no passo de Caymmi. As ilustrações da arte da capa e contracapa foram desenhadas à mão pelo designer Diogo Montes, em sintonia com o tom artesanal do cancioneiro do compositor baiano Dorival Caymmi (1914-2008). Editado pela Superlativa, o sexto álbum do grupo carioca Casuarina já está na fábrica e traz o registro de estúdio do show que o quinteto estreou no Rio de Janeiro (RJ) em maio deste ano de 2014 para celebrar o centenário de nascimento de Caymmi. O disco reproduz os arranjos criados por Daniel Montes e João Fernandes para o show. Com 16 músicas, em seleção que abrange músicas compostas por Caymmi entre 1939 e 1994, o CD foi finalizado sem recursos de afinação e pós-produção. O grupo optou por manter a gravação fiel ao que foi captado no estúdio Tenda da Raposa, em maio, na sequência imediata da estreia do show. Previstas no repertório inicial do CD, as músicas Sábado em Copacabana (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1951) e Saudade de Itapoã (Dorival Caymmi, 1948) acabaram não entrando na seleção final do disco por questões autorais. Eis - na ordem do álbum - as músicas de Casuarina no passo de Caymmi:

1. Suíte dos pescadores (1957)
2. Você já foi à Bahia? (1941)
3. Peguei um ita no Norte (1945)
4. Saudade da Bahia (1957)
5. Dora (1945)
6. Maricotinha (1994)
7. É doce morrer no mar (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1941)
8. O bem do mar (1954)
9. Lá vem a baiana (1947) / O que é que a baiana tem? (1939)
10. Requebre que eu dou um doce (1941)
11. João Valentão (1953)
12. Oração de Mãe Menininha (1972)
13. Marina (1947)
14. Só louco (1955)
15. A vizinha do lado (1946)
16. Maracangalha (1956)

domingo, 7 de setembro de 2014

Cordas refinadas de 'Caymmi centenário' avivam brilho de solos de Nana

Resenha de CD
Título: Caymmi - Dorival Caymmi centenário
Artistas: Caetano Veloso, Chico Buarque, Danilo Caymmi, Dori Caymmi, Gilberto Gil,
              Mario Adnet e Nana Caymmi
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

A bissexta reunião de Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil no álbum Caymmi - Dorival Caymmi centenário está longe de arrebatar ou justificar a compra do disco em que os maestros Dori Caymmi e Mario Adnet orquestram 15 conhecidos títulos do cancioneiro de Dorival Caymmi (1914 - 2008) em tributo ao centenário do compositor baiano. O trio está reunido na faixa que abre o CD, O que é que a baiana tem? (1939), mas não vai no Bonfim com os balangandãs exigidos pelo samba buliçoso de Caymmi. Como já ensinou o mestre João Gilberto, um violão pode ser suficiente para cair no samba de Caymmi. O atual tributo transita na trilha inversa, optando pela opulência em caminho que - justiça seja feita - também se depara diversas vezes com a beleza. Invariavelmente refinadas, as cordas orquestradas por Adnet e Dori no CD caem bem nos sambas-canção - e aí é preciso ressaltar a maestria da interpretação de Danilo Caymmi e do arranjo de Dori em Nem eu (1952) - e roçam o sublime nos dois solos de Nana Caymmi, destaques absolutos do álbum. Sargaço mar (1985) ganha sua melhor gravação. A orquestração de Adnet acentua a profundidade dessa doída e desesperada canção de fim de som. Nana arrebenta no tom exato do tema. Da mesma forma, Dori ilumina os tons sombrios da lagoa escura que emerge n'A lenda do Abaeté (1948). Como intérprete, Dori alcança seu melhor momento com João Valentão (1953) enquanto a escolha de Danilo para dar mais uma vez a receita do Vatapá (1942) peca pela previsibilidade. Sem comprometer, Adnet dá voz opaca ao samba A vizinha do lado (1946). Quanto a Caetano, Chico e Gil, os três cantam Caymmi em tons baixos, graves. Chico se desvia dos tons mais altos de Dora (1945) e delineia os contornos de Marina (1947) com precisão. Caetano realça toda a beleza de Sábado em Copacabana (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1951) e expressa Saudade da Bahia (1957) com mera correção. Já Gil cai no suingue de Rosa morena (1942) e do Samba da minha terra (1940) com seu apurado sem rítmico. Enfim, Caymmi - Dorival Caymmi centenário tem seus méritos pela sofisticação imprimida ao cancioneiro do mestre. Mas, com exceções dos solos de Nana e de Nem eu na voz de Danilo, a maioria das gravações não se impõe entre os melhores registros das músicas desse compositor genial cuja existência honra a música do Brasil. Como disse Caymmi, quem não tem balangandãs não vai no Bonfim.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Em cena, 'Bossa negra' ganha o tempero do jazz e do 'Vatapá' de Caymmi

Inspirado pelos afro-sambas compostos por Baden Powell (1937 - 2000) com Vinicius de Moraes (1913 - 1980), o álbum Bossa negra (Universal Music, 2014) - lançado neste mês de agosto pelo cantor e compositor Diogo Nogueira com o compositor e bandolinista Hamilton de Holanda - tem sutis toques de jazz à moda brasileira. No show, que estreou no Rio de Janeiro (RJ) em três apresentações que lotaram o Theatro Net Rio de 25 a 27 de agosto, o tempero do jazz sobressai mais em saboroso roteiro ao qual os artistas cariocas adicionam os infalíveis ingredientes do Vatapá receitado em 1942 pelo centenário compositor baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008). O afro-samba Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966) e os - azeitados - sambas Batendo a porta (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1974) e Sem compromisso (Nelson Trigueiro e Geraldo Pereira, 1954) também encorpam o roteiro, alocados entre as 14 musicas do CD Bossa negra. Eis o roteiro seguido por Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda - em foto de Rodrigo Goffredo - em 27 de agosto de 2014 na apresentação do show Bossa negra que lotou o Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro, a cidade natal dos bambas:

1. Bossa negra (Hamilton de Holanda, Marcos Portinari e Diogo Nogueira, 2014)
2. Desde que o samba é samba (Caetano Veloso, 1993)
3. Mais um dia (Hamilton de Holanda, Marcos Portinari, Diogo Nogueira, André Vasconcellos e Thiago da Serrinha, 2014)
4. Bicho da terra (Diogo Nogueira, Bruno Barreto, Wallace Perez e Hamilton de Holanda, 2014)
5. Batendo a porta (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1974)
6. Salamandra (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 2014)
7. Brasil de hoje (Hamilton de Holanda, Arlindo Cruz, Marcos Portinari e Diogo Nogueira, 2014)
8. Até a volta (Hamilton de Holanda, Marcos Portinari e Diogo Nogueira, 2014) /
9. Tá (Hamilton de Holanda e Thiago da Serrinha, 2014)
10. Doce flor (Hamilton de Holanda, Marcos Portinari, Diogo Nogueira, André Vasconcellos e Thiago da Serrinha, 2014)
11. Vatapá (Dorival Caymmi, 1942)
12. O que é o amor (Arlindo Cruz , Maurição e Fred Camacho, 2007)
13. Risque (Ary Barroso, 1952)
14. Mineira (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1975) /
15. Samba de Arerê (Arlindo Cruz, Xande de Pilares e Mauro Jr., 1999)
16. Mundo melhor (Pixinguinha e Vinícius de Moraes, 1962)
Bis:
17. Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966) /
18. Berimbau (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1964)
19. Sem compromisso (Nelson Trigueiro e Geraldo Pereira, 1954)
20. Bossa negra (Hamilton de Holanda, Marcos Portinari e Diogo Nogueira, 2014)

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Eis a capa de 'Caymmi Centenário', disco que junta Caetano, Chico e Gil

Esta é a capa de Dorival Caymmi - Centenário, álbum lançado pela Biscoito Fino neste mês de agosto de 2014. Idealizado para festejar o centenário de nascimento de Dorival Caymmi (1914 - 2008), o disco tem arranjos sinfônicos divididos entre Dori Caymmi e Mario Adnet. Diferentemente de Caymmi (Som Livre, 2013), álbum de raridades do cancioneiro lapidar de Dorival, gravado por Dori com seus irmãos Danilo e Nana Caymmi, Dorival Caymmi - Centenário está centrado nos grandes sucessos do compositor e reúne os três irmãos com Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil. Juntos, Caetano, Chico e Gil se unem na abordagem do samba O que é que a baiana tem? (Dorival Caymmi, 1939), faixa que abre o CD. Sozinho, Caetano dá voz ao samba-canção Sábado em Copacabana (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1951) e ao samba Saudade da Bahia (Dorival Caymmi, 1957). Solo, Gil cai no Samba da minha terra (Dorival Caymmi, 1940) e canta Rosa Morena (Dorival Caymmi, 1942). Já Chico sola Dora (Dorival Caymmi, 1945) e Marina (Dorival Caymmi, 1947). Por sua vez, Danilo canta sozinho Nem eu (Dorival Caymmi, 1952) e remexe no Vatapá (Dorival Caymmi, 1942) enquanto Nana reconta A lenda do Abaeté (Dorival Caymmi, 1948) e se embrenha no Sargaço mar (Dorival Caymmi, 1985). Além de arranjar metade do disco, Dori canta João Valentão (Dorival Caymmi, 1953) e O bem do mar (Dorival Caymmi, 1952) assim como Adnet dá voz ao samba A vizinha do lado (Dorival Caymmi, 1946). Juntos, os três irmãos Caymmi entoam a Canção da partida (Dorival Caymmi, 1957). O CD já está no iTunes.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Casuarina entra no passo de Caymmi em álbum gravado, em estúdio, no Rio

Previsto para ser lançado em outubro de 2014, em edição da Superlativa, o sexto álbum do grupo carioca Casuarina é o registro de estúdio do show 100 anos de Caymmi. Idealizado para festejar o centenário de nascimento do cantor, compositor e violonista baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008), o show estreou na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em maio de 2014. Na sequência da estreia, ainda em maio, Daniel Montes (violão de sete cordas), Gabriel Azevedo (pandeiro e voz), João Cavalcanti (tantã e voz), João Fernando (bandolim e vocais) e Rafael Freire (cavaquinho e vocais) entraram no estúdio carioca Tenda da Raposa para gravar o disco intitulado No passo de Caymmi. Criado e produzido pelo próprio Casuarina, o CD reproduz em estúdio os arranjos criados por Daniel Montes e João Fernandes para o show. O disco - o primeiro gravado pelo quinteto sem overdubs, músicos convidados e gravadora - apresenta 19 músicas do cancioneiro de Caymmi lançadas entre 1939 e 1994. Três - Suíte dos pescadores (1957), Oração de mãe menininha (1972) e Maricotinha (1994) - figuram como vinhetas. Eis  - na ordem do CD  - as 19 músicas gravadas pelo grupo Casuarina no álbum  No passo de Caymmi:

1. Suíte dos pescadores (1957)
2. Você já foi à Bahia? (1941)
3. Peguei um ita no Norte (1945)
4. Saudade da Bahia (1957)
5. Dora (1945)
6. Maricotinha (1994)
7. É doce morrer no mar (1941) - Parceria com Jorge Amado
8. O bem do mar (1954)
9. Lá vem a baiana (1947) / O que é que a baiana tem? (1939)
10. Requebre que eu dou um doce (1941)
11. João Valentão (1953)
12. Oração de Mãe Menininha (1972)
13. Saudade de Itapoã (1948)
14. Marina (1947)
15. Só louco (1955)                  
16. A vizinha do lado (1946)
17. Sábado em Copacabana (1951) - Parceria com Carlos Guinle
18. Maracangalha (1956)

domingo, 3 de agosto de 2014

Exposição 'Caymmi 100 anos' mostra em São Paulo o que o baiano tinha

São Paulo (SP) - Em cartaz até 7 de setembro de 2014 no Centro Cultural Correios, no Centro da cidade de São Paulo (SP), a exposição Caymmi 100 anos mostra de forma bem convencional o que o baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008) tinha de tão singular e encantador. Os principais fatos da vida e obra do cantor, compositor e músico estão relatados na Linha do tempo. Capas dos discos do artista são expostas entre instalações, televisores - que exibem continuamente depoimentos dos familiares mais próximos do artista - e quadros de Caymmi, que também era pintor. Ao centro, uma jangada evoca o universo marítimo que inspirou as canções praieiras do compositor. O espaço mais inusitado da exposição - organizada com curadoria da jornalista e escritora Stella Caymmi, neta e biógrafa de Dorival - reproduz estúdio de gravação de uma emissora de rádio dos anos 1940. Nesse estúdio, o visitante da exposição Caymmi 100 anos pode cantar um dos sambas e canções do repertório do Buda Nagô. Aliás, as principais músicas do cancioneiro de Caymmi podem ser ouvidas na exposição. Entrada franca.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Biografia reeditada propicia mergulho fundo no mar e tempo de Caymmi

Resenha de livro
Título: Dorival Caymmi - O mar e o tempo
Autora: Stella Caymmi
Editora: 34
Cotação: * * * *

Em 2001, com a autoridade e a segurança de ser testemunha ocular de parte da história que conta em narrativa objetiva, a jornalista, escritora e professora Stella Caymmi lançou biografia de seu avô, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008), que logo se impôs como fonte confiável de dados por ter sido feita com o aval do cantor, compositor e violonista baiano. Sem extrapolar os limites da intimidade consentida ao leitor, Stella reconstituiu com clareza os principais passos pessoais e profissionais de Dorival. Decorridos 13 anos, o livro Dorival Caymmi - O mar e o tempo volta ao mercado literário - no embalo da celebração do centenário de nascimento do artista - pela mesma Editora 34 que o pôs nas prateleiras em 2001. A capa é outra, mas o conteúdo é idêntico (com prejuízo somente para a musicografia, mais completa na primeira edição). Como a autora explica no texto escrito em primeira pessoa para o posfácio da atual reedição, intitulado Bença, vô!, a opção foi por deixar o texto intacto, como se Caymmi ainda estivesse de corpo presente na música brasileira. Reside nesse posfácio de tom afetivo e pessoal, aliás,  informação até então inédita e relevante de que Caymmi sofria de câncer desde 1999, ano em que retirou um rim, mas recusou - com a cumplicidade de seus médicos - o invasivo tratamento da quimioterapia. A autora justifica a omissão da doença na edição original do livro pelo fato de Caymmi desconhecer a doença, da qual somente familiares e amigos mais próximos tiveram ciência. Sem se aprofundar, Stella também relata no posfácio os festejos pelos 90 anos de Dorival - completados em 2004 - e a saída de cena do artista em 16 de agosto de 2008, onze dias antes da companheira de toda a vida, Stella Maris (1922 - 2008). Novidades à parte, o valor de Dorival Caymmi - O mar e o tempo está no relato original de sua vida e obra. Com mix de entrevistas inéditas (a principal feita com o próprio biografado em sucessivas conversas) e reproduções de letras, manuscritos, partituras e depoimentos colhidos na imprensa da época da ascensão de Dorival, Stella monta completo painel da vida e obra do avô em rota que se inicia na mítica Bahia das décadas de 1910 e 1920 - com ecos que remontam à Itália do século XIV, origem da família Caymmi - e passa pelo boêmio Rio de Janeiro dos dourados anos 1940 e 1950, cenário da ascensão e consolidação da carreira de Dorival. Enfim, para quem não leu o monumental livro original de 2001, a reedição da biografia de Stella Caymmi propicia belo e fundo mergulho no mar e no tempo eterno do seminal Dorival Caymmi, gênio que dividiu águas na música popular brasileira.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

25º Prêmio da Música laureia álbuns de Ney, Edu, Das Neves e Caymmi

A expressão de felicidade de Ney Matogrosso - captada pelas lentes do fotógrafo Roberto Filho - traduz o orgulho do artista por ter sido laureado no 25º Prêmio da Música Brasileira com os troféus de Melhor cantor e Melhor álbum (Atento aos sinais, Som Livre, 2013) na categoria Pop / rock / reggae / hip hop / funk. Roteirizada pela cantora e compositora Zélia Duncan em torno do samba, homenageado da 25ª edição do prêmio idealizado e dirigido pelo empresário José Maurício Machline, a cerimônia de entrega dos prêmios aconteceu na noite de quarta-feira, 14 de maio de 2014, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na cidade natal da premiação, o Rio de Janeiro (RJ). Além de Ney, merecidamente reconhecido por ainda estar fazendo CDs tão arrojados quanto os discos do início de sua carreira solo, o 25º Prêmio da Música Brasileira laureou álbuns de Adriana Calcanhotto (mentora da contemporânea releitura do repertório do projeto infantil Arca de Noé, de Vinicius de Moraes), Ângela Maria & Cauby Peixoto (Reencontro, mais uma brava ação do produtor Thiago Marques Luiz para manter os dois veteranos cantores em atividade), Edu Lobo (o majestoso disco gravado ao vivo com a Metropole Orkest), Famíia Caymmi (Caymmi, irretocável tributo ao centenário de nascimento de Dorival Caymmi), Hamilton de Holanda (um tributo ao seminal Pixinguinha), Osesp e Wilson das Neves (o superestimado Se me chamar, ô sorte), entre outros nomes. Eis todos os álbuns premiados em 14 de maio nas diversas categorias 25º edição do Prêmio da Música Brasileira:

* Canção popular - Reencontro (Ângela Maria e Cauby Peixoto) 
* Eletrônico - Carnaval beach club vol. 1 (Rodrigo Sha)
* Erudito - Heitor Villa-Lobos - Sinfonia nº 6 e nº 7 (Osesp)
* Infantil - Arca de Noé (vários artistas)
* Instrumental - Mundo de Pixinguinha (Hamilton de Holanda)
* Língua estrangeira - Leila Maria canta Billie Holiday in Rio (Leila Maria)
* MPB - Edu Lobo e Metropole Orkest (Edu Lobo e Metropole Orkest)
* Pop / rock / reggae / hip hop / funk - Atento aos sinais (Ney Matogrosso)
* Projeto especial - Caymmi (Danilo Caymmi, Dori Caymmi e Nana Caymmi)
* Projeto visual - Arca de Noé (vários artistas)
* Regional - Zulusa (Patrícia Bastos)
* Samba - Se me chamar, ô sorte (Wilson das Neves)
* DVD - Criolo & Emicida ao vivo (Criolo e Emicida)

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Coletânea festeja os 100 de Caymmi nas vozes de Ary, Clara, Dick e Elza

Posta nas lojas pela Universal Music no fim de abril de 2014, a tempo de festejar o centenário de nascimento de Dorival Caymmi (1914 - 2008), a coletânea dupla Dorival Caymmi - 100 anos alinha 28 gravações do cancioneiro do compositor baiano. No disco 1, as músicas do Buda Nagô - cuja obra é contextualizada na música brasileira no breve texto escrito pelo jornalista Antonio Carlos Miguel para o encarte da compilação - são ouvidas em vozes emblemáticas como a de Ary Barroso (1903 - 1964), Carmen Miranda (1909 - 1955), Clara Nunes (1942 - 1983), Dick Farney (1921 - 1987) e Elza Soares, entre outros nomes recrutados para seleção que abrange o vasto período 1939 - 1996. No disco 2, o cancioneiro de Caymmi é ouvido em gravações feitas pelo próprio Dorival para álbuns lançados pela gravadora Odeon entre 1957 e 1960. Embora não absolva a Universal Music do pecado de manter fora de catálogo os álbuns originais de Caymmi, a coletânea ao menos impede o centenário do compositor de passar em branco na companhia que, ao incorporar em 2013 o acervo da EMI Music, passou a concentrar em seus arquivos a quase totalidade da obra fonográfica do genial artista. Eis, na ordem, os 28 fonogramas selecionados para a compilação dupla Dorival Caymmi - 100 anos, já nas lojas:

Disco 1
1. O que é que a baiana tem? - Carmen Miranda & Dorival Caymmi (1939)
2. Você já foi à Bahia? - Trio Irakitan (1958) 
3. Dora - Ary Barroso (1958)
4. O samba da minha terra - Elza Soares (1997) 
5. Morena do mar / Puxada da rede do xaréu - Clara Nunes (1972) 

6. Marina - Dick Farney  (1972)
7. Saudade da Bahia - Dorival Caymmi & Quarteto em Cy (1967) 
8. João Valentão - Nana Caymmi (1985)
9. Sargaço mar - Dori Caymmi (1996) 
10. Fiz uma viagem - Danilo Caymmi & João Nogueira (1997)
11. Nem eu (ao vivo) - Danilo, Dori, Nana & Dorival Caymmi (1987)
12. Só louco (ao vivo) - Danilo, Dori, Nana & Dorival Caymmi (1987)
13. Vatapá (ao vivo) - Danilo, Dori, Nana & Dorival Caymmi (1987)
14. Cala boca, menino - João Donato (1973) 

Disco 2
1. O mar - Dorival Caymmi (1957)
2. Promessa de Pescador - Dorival Caymmi (1957)
3. Maracangalha - Dorival Caymmi (1957)
4. Vatapá - Dorival Caymmi (1957)
5. Acontece que eu sou baiano - Dorival Caymmi (1957)
6. Risque - Dorival Caymmi (1958)
7. Na baixa do sapateiro - Dorival Caymmi (1958)
8. Rosa morena - Dorival Caymmi (1960)
9. Eu não tenho onde morar - Dorival Caymmi (1960)
10. A vizinha do lado - Dorival Caymmi (1960)
11. Pescaria (Canoeiro) - Dorival Caymmi (1959)
12. O vento (Vamos chamar o vento) - Dorival Caymmi (1959)
13. É doce morrer no mar - Dorival Caymmi (1959)
14. O bem do mar - Dorival Caymmi (1959)

Danilo registra, em CD, música inédita de Caymmi com Assis Chateaubriand

 Empresário do ramo de comunicações que construiu império no Brasil dos anos 1940 e 1950, o paraibano Assis Chateaubriand (1892 - 1968) se formou em Direito e atuou no jornalismo. Mecenas, Chatô - como era chamado no seu círculo de amigos - também se aventurou como compositor, fazendo parceria com ninguém menos do que Dorival Caymmi (1914 - 2008). Até então inédita em disco, a música assinada pelo compositor baiano com Chateuabriand, Segura Don Don, ganha registro de Danilo Caymmi no CD que o filho caçula de Dorival grava com músicas do pai na pegada contemporânea dos produtores Domenico Lancellotti (à esquerda na foto) e Bruno Di Lullo. A gravação de Segura Dom Dom foi feita por Danilo com os músicos Pedro Sá e Moreno Veloso, além de Domenico. O álbum celebra os 100 anos de Dorival Caymmi,  mas deverá sair somente em 2015.