Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


segunda-feira, 6 de abril de 2015

Nucci acarinha (de novo) o mestre em revisita simples à obra de Caymmi

Resenha de CD
Título: Claudio Nucci revisita Caymmi
Artista: Claudio Nucci
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * *

Em 2004, Claudio Nucci abordou o repertório de Dorival Caymmi (1914 - 2008) no álbum Ao mestre, com carinho, produzido por Luiz Fernando Gonçalves. Onze anos depois, o cantor e violonista paulista - de Jundiaí (SP) - volta ao cancioneiro do compositor baiano em outro álbum formatado por Gonçalves. Em Claudio Nucci revisita Caymmi, bom disco lançado por via independente no mercado fonográfico neste mês de abril de 2015, o cantor - projetado em 1979 como integrante da formação original do quarteto carioca Boca Livre - segue a toada de Caymmi com correção e intencional simplicidade. Como explica o próprio Nucci, em texto escrito para o encarte do CD, o objetivo foi ambientar o cancioneiro de Caymmi em sua atmosfera e tonalidades originais. Opção que garante a correção da revisita, mas que, por outro lado, deixa a impressão de que tudo já foi feito de forma muito mais sedutora pelo próprio Caymmi, intérprete soberano de seu cancioneiro. Nucci acarinha o mestre sem ao menos um afago inusitado que permita um vislumbre de outra face dessa obra já em si perfeita. Em boa forma vocal, o cantor revive obras-primas como Canção da partida (1957), Milagre (1977), Peguei um Ita no Norte (1945) e Maricotinha (1994) com arranjos calcados no seu próprio violão. O repertório prioriza o samba, base sólida de obra que também transitou com requinte pelo samba-canção sem cair no melodrama típico de boa parte do gênero. Além do violão, Nucci revisita Caymmi com as percussões sutis de Rafael Lorga e Renato Paquet, especialmente em evidência no samba Na cancela (1993), título menos conhecido do repertório, tendo sido lançado na voz de Toquinho há 22 anos. Dentre as boas surpresas do repertório, há também O anjo da noite - parceria de Dorival com seu filho caçula Danilo Caymmi, lançada em 1968 nas vozes da dupla Cynara & Cybele e desde então pouco lembrada - e Eu cheguei lá, samba apresentado pelo grupo MPB-4 em disco de 1971. Aliás, a voz de Nucci cai muito bem em sambas leves como Eu cheguei lá. Em contrapartida, o cantor jamais atinge a profundidade de Sargaço mar (1985), um dos títulos mais densos e sombrios do cancioneiro geralmente ensolarado de Caymmi. No fim, a revisita ao Buda Nagô culmina com samba inédito, Da cor de algodão, em que os compositores - o próprio Nucci, em parceria com Juca Filho - costuram referências desse cancioneiro que o cantor aborda com simplicidade e (mera) correção.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Em 2004, Claudio Nucci abordou o repertório de Dorival Caymmi (1914 - 2008) no álbum Ao mestre, com carinho, produzido por Luiz Fernando Gonçalves. Onze anos depois, o cantor e violonista paulista - de Jundiaí (SP) - volta ao cancioneiro do compositor baiano em outro álbum formatado por Gonçalves. Em Claudio Nucci revisita Caymmi, bom disco lançado por via independente no mercado fonográfico neste mês de abril de 2015, o cantor - projetado em 1979 como integrante da formação original do quarteto carioca Boca Livre - segue a toada de Caymmi com correção e intencional simplicidade. Como explica o próprio Nucci, em texto escrito para o encarte do CD, o objetivo foi ambientar o cancioneiro de Caymmi em sua atmosfera e tonalidades originais. Opção que garante a correção da revisita, mas que, por outro lado, deixa a impressão de que tudo já foi feito de forma muito mais sedutora pelo próprio Caymmi, intérprete soberano de seu cancioneiro. Nucci acarinha o mestre sem ao menos um afago inusitado que permita um vislumbre de outra face dessa obra já em si perfeita. Em boa forma vocal, o cantor revive obras-primas como Canção da partida (1957), Milagre (1977), Peguei um Ita no Norte (1945) e Maricotinha (1994) com arranjos calcados no seu próprio violão. O repertório prioriza o samba, base sólida de obra que também transitou com requinte pelo samba-canção sem cair no melodrama típico de boa parte do gênero. Além do violão, Nucci revisita Caymmi com as percussões sutis de Rafael Lorga e Renato Paquet, especialmente em evidência no samba Na cancela (1993), título menos conhecido do repertório, tendo sido lançado na voz de Toquinho há 22 anos. Dentre as boas surpresas do repertório, há também O anjo da noite - parceria de Dorival com seu filho caçula Danilo Caymmi, lançada em 1968 nas vozes da dupla Cynara & Cybele e desde então pouco lembrada - e Eu cheguei lá, samba apresentado pelo grupo MPB-4 em disco de 1971. Aliás, a voz de Nucci cai muito bem em sambas leves como Eu cheguei lá. Em contrapartida, o cantor jamais atinge a profundidade de Sargaço mar (1985), um dos títulos mais densos e sombrios do cancioneiro geralmente ensolarado de Caymmi. No fim, a revisita ao Buda Nagô culmina com samba inédito, Da cor de algodão, em que os compositores - o próprio Nucci, em parceria com Juca Filho - costuram referências desse cancioneiro que o cantor aborda com simplicidade e (mera) correção.

Rafael disse...

Todo tributo a Caymmi é válido. Salve Caymmi!

Luca disse...

fico com Caymmi