♪ Arquitetado há anos pelo produtor José Milton, um projeto ao vivo de tom retrospectivo da carreira fonográfica de Nana Caymmi pode enfim sair do plano das ideias em 2016 - ano em que a cantora carioca completará 75 anos de vida. Nana - em foto de Lívio Campos - nunca gravou um DVD solo com registro de show. Para a realização do tributo, a ideia é tomar como gancho os 50 anos da projeção da cantora na defesa da canção Saveiros (Dori Caymmi e Nelson Motta) em 1966 no I Festival Internacional da Canção, promovido e exibido pela TV Globo naquele ano de 1966. A rigor, a artista iniciou sua carreira fonográfica em 1960 com a edição de um disco de 78 rotações por minuto lançado pela gravadora Odeon antes de Nana casar e se radicar na Venezuela em 1961.
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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sexta-feira, 30 de outubro de 2015
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Voz de Nana valoriza registro ao vivo de 'Jobim jazz', projeto de Mario Adnet
♪ Após dois álbuns gravados em estúdio, Jobim jazz (Biscoito Fino, 2007) e + Jobim jazz (Biscoito Fino, 2011), o compositor, violonista, arranjador e produtor musical carioca Mario Adnet lança o registro ao vivo do projeto em que dá abordagem jazzística ao cancioneiro soberano de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994). Recém-lançado pela gravadora Biscoito Fino, o DVD Jobim jazz ao vivo exibe a gravação ao vivo, feita em apresentação no Auditório Ibirapuera, em São Paulo (SP), em 31 de outubro de 2013, do show da turnê que percorreu sete capitais do Brasil há dois anos. Na companhia da Orquestra Jobim Jazz, Adnet fez uso irrestrito da tal influência do jazz para reapresentar títulos menos ouvidos do cancioneiro de Jobim, casos de Antigua (1967), Mojave (1967), Sue Ann (1970), Takatanga (1970) e Tema jazz (1970) - composições lançadas por Antonio Brasileiro nos álbuns Wave (A & M, 1967) e Tide (CTI Records, 1970). A entrada em cena da cantora carioca Nana Caymmi - para soltar a voz singular em Derradeira primavera (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962), Por causa de você (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1957) e Estrada do sol (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1958) - valoriza a gravação ao vivo do projeto Jobim jazz. Exibido nos extras do DVD, o making of da (boa) gravação ao vivo do projeto inclui Daniel Jobim, Hamilton de Holanda, Letieres Leite, Lô Borges, Paulo Jobim e Yamandu Costa.
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Tributo a Santiago, na voz de Marques, 'Emilianamente' agrega Áurea e Nana
♪ Cantor da noite carioca, o também compositor Guto Marques foi apresentado a Emílio Santiago (1946-2013) por Nana Caymmi. O trio se tornou amigo. O que torna natural a presença da cantora carioca em Emilianamente, CD em tributo a Santiago lançado hoje, 23 de julho de 2015, por Marques. Em tons suaves, Nana canta com Marques Saigon (Cláudio Cartier, Paulo César Feital e Carão, 1985), música que alcançou seu pico de popularidade com a gravação feita por Emílio no álbum Aquarela brasileira 2 (Som Livre, 1989). Inédita, a música que batiza Emilianamente - CD gravado com arranjos e direção musical do maestro Ocimar de Paula - é samba-enredo de autoria de Marques e Paulo César Feital que alude nos versos a algumas músicas gravadas por Emílio, caso de Flamboyant, parceria de Jota Maranhão com Feital lançada pelo cantor em 1993 no sexto volume da série Aquarela brasileira. Flamboyant abre Emilianamente, disco em que, além de Nana, Guto Marques recebe convidados como a cantora carioca Áurea Martins - presente em Reciclar (Claúdio Cartier e Guto Marques, 2005) - e Altay Veloso, que participa de Essa fase do amor, parceria sua com Samuel Santana lançada por Emílio no já citado CD Aquarela brasileira 6 (Som Livre, 1996). Apesar das boas intenções, Emilianamente é tributo de tonalidade opaca que oferece interpretações pálidas sem o menor resquício do brilho do canto lapidar de Emílio Santiago.
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Coletânea celebra e perfila o Rio nas vozes de Caetano, Elza, Gil e Nana
♪ Coletânea produzida pela gravadora Universal Music para celebrar os 450 anos da cidade do Rio de Janeiro (RJ), festejados em 1º de março de 2015, ...E o Rio continua lindo foi batizada com verso extraído do samba Aquele abraço, composto e cantado por um baiano, Gilberto Gil, para ser sua carta de despedida no momento em que partiu para forçado exílio na Europa. Aquele abraço, claro, figura no repertório - selecionado por Carlos Savalla - na gravação original de 1969. Ao longo de 14 faixas, o Rio é perfilado através de gravações como as de Menino do Rio (Caetano Veloso, 1979) e Samba do carioca (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1962), músicas ouvidas nas vozes de Caetano Veloso e Wilson Simonal (1938 - 2000), respectivamente. Em sua maioria, as letras falam mais das belezas do que do caos do Rio, mas Rio 40 graus (Fernanda Abreu, Fausto Fawcett e Carlos Laufer, 1992) - ouvida na compilação em registro ao vivo feito em 2006 por sua intérprete original, Fernanda Abreu - atinge a temperatura ideal ao traçar perfil multifacetado da cidade partida, mas também unida por idiossincrasias sociais. Há também nostalgia em algumas das 14 saudações musicais ao Rio. Saudade do Rio (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro, 1998) e Rio antigo (Como nos velhos tempos) (Nonato Buzar e Chico Anísio, 1979) expressam - nas vozes de Nana Caymmi e de Alcione - saudade da cidade em épocas e águas passadas. E, como no Rio tudo (quase) sempre acaba em samba, Rio, Carnaval dos Carnavais (Padeirinho, Nilson Russo e Moacyr, 1972) cai na folia na voz valente de Elza Soares. O mais recente fonograma de ...E o Rio continua lindo é Ela é carioca (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1963), samba ouvido na voz suave de um legítimo carioca da gema, Marcos Valle, em gravação de 2011.
domingo, 7 de setembro de 2014
Cordas refinadas de 'Caymmi centenário' avivam brilho de solos de Nana
Resenha de CD
Título: Caymmi - Dorival Caymmi centenário
Artistas: Caetano Veloso, Chico Buarque, Danilo Caymmi, Dori Caymmi, Gilberto Gil,
Mario Adnet e Nana Caymmi
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2
Título: Caymmi - Dorival Caymmi centenário
Artistas: Caetano Veloso, Chico Buarque, Danilo Caymmi, Dori Caymmi, Gilberto Gil,
Mario Adnet e Nana Caymmi
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2
A bissexta reunião de Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil no álbum Caymmi - Dorival Caymmi centenário está longe de arrebatar ou justificar a compra do disco em que os maestros Dori Caymmi e Mario Adnet orquestram 15 conhecidos títulos do cancioneiro de Dorival Caymmi (1914 - 2008) em tributo ao centenário do compositor baiano. O trio está reunido na faixa que abre o CD, O que é que a baiana tem? (1939), mas não vai no Bonfim com os balangandãs exigidos pelo samba buliçoso de Caymmi. Como já ensinou o mestre João Gilberto, um violão pode ser suficiente para cair no samba de Caymmi. O atual tributo transita na trilha inversa, optando pela opulência em caminho que - justiça seja feita - também se depara diversas vezes com a beleza. Invariavelmente refinadas, as cordas orquestradas por Adnet e Dori no CD caem bem nos sambas-canção - e aí é preciso ressaltar a maestria da interpretação de Danilo Caymmi e do arranjo de Dori em Nem eu (1952) - e roçam o sublime nos dois solos de Nana Caymmi, destaques absolutos do álbum. Sargaço mar (1985) ganha sua melhor gravação. A orquestração de Adnet acentua a profundidade dessa doída e desesperada canção de fim de som. Nana arrebenta no tom exato do tema. Da mesma forma, Dori ilumina os tons sombrios da lagoa escura que emerge n'A lenda do Abaeté (1948). Como intérprete, Dori alcança seu melhor momento com João Valentão (1953) enquanto a escolha de Danilo para dar mais uma vez a receita do Vatapá (1942) peca pela previsibilidade. Sem comprometer, Adnet dá voz opaca ao samba A vizinha do lado (1946). Quanto a Caetano, Chico e Gil, os três cantam Caymmi em tons baixos, graves. Chico se desvia dos tons mais altos de Dora (1945) e delineia os contornos de Marina (1947) com precisão. Caetano realça toda a beleza de Sábado em Copacabana (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1951) e expressa Saudade da Bahia (1957) com mera correção. Já Gil cai no suingue de Rosa morena (1942) e do Samba da minha terra (1940) com seu apurado sem rítmico. Enfim, Caymmi - Dorival Caymmi centenário tem seus méritos pela sofisticação imprimida ao cancioneiro do mestre. Mas, com exceções dos solos de Nana e de Nem eu na voz de Danilo, a maioria das gravações não se impõe entre os melhores registros das músicas desse compositor genial cuja existência honra a música do Brasil. Como disse Caymmi, quem não tem balangandãs não vai no Bonfim.
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Alice e Lucas releem 'Tarde triste', música de Maysa já gravada por Nana
Já está em rotação, no portal SoundCloud, releitura de Tarde triste feita pela cantora carioca Alice Caymmi com Lucas Vasconcellos (músico projetado no duo carioca Letuce). De autoria de Maysa (1936 - 1977), a doída canção Tarde triste foi lançada pela cantora e compositora paulista em seu primeiro álbum, Convite para ouvir Maysa (RGE, 1956). Tia de Alice, a cantora carioca Nana Caymmi gravou Tarde triste no segundo semestre de 2001 para a trilha sonora da novela O clone (TV Globo, 2001 / 2002). Envolta pela atmosfera contemporânea dos sons e ruídos de Lucas Vasconcellos (músico que vem ganhando relevância na cena indie desde que iniciou sua carreira solo), a abordagem da canção por Alice Caymmi preserva a melancolia saudosa expressa nos versos confessionais e diretos de Maysa, confirmando o talento e a forte personalidade artística da neta de Dorival. A gravação é de ensaio de show de Lucas com Alice.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Claudette faz álbum em tributo a Caymmi com repertório escolhido por Nana
♪ A cantora carioca Claudette Soares está gravando em São Paulo (SP) um disco somente com músicas de Dorival Caymmi (1914 - 2008) em tributo ao centenário de nascimento do compositor baiano. O disco, que vai ser editado pela gravadora Pôr do Som em 2014, tem o aval dos três filhos de Dorival. Nana selecionou as 14 músicas do repertório - entre elas, os sambas-canção Não tem solução (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1950) e Sábado em Copacabana (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1951) - e acertou de assinar a produção do disco. Dori Caymmi vai assinar o texto de apresentação do CD. Já Danilo Caymmi ficou de gravar uma música em dueto com Claudette. Em tom suave, os arranjos do disco estão sendo feitos por Giba Estebez, pianista que trabalha com a cantora há quase 20 anos. Além de celebrar os 100 anos de Dorival Caymmi, o álbum também vai festejar os 60 anos de carreira fonográfica da Princesinha do Baião, que debutou em disco em 1954 com a gravação de 78 rotações por minuto editado pela gravadora Columbia com os baiões Você não sabe (de Jane com Castro Perret) e Trabalha, mané (João Batista da Silva e José Luis).
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Danilo, Dori e Nana se afinam ao celebrar no Rio obra de Dorival Caymmi
Evento: 51º Festival Villa-Lobos
Título: Caymmi 100 anos
Artistas: Danilo Caymmi, Dori Caymmi e Nana Caymmi (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 10 de novembro de 2013
Cotação: * * * * 1/2
Os olhares cúmplices dirigidos por Nana Caymmi a Dori Caymmi - com direito a gestos que expressavam seu contentamento com os arranjos do irmão maestro - foram a mais perfeita tradução da afinidade entre os três irmãos no sublime show que abriu no Rio de Janeiro (RJ) as comemorações pelo centenário de nascimento do compositor baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008). Ao lado do irmão caçula Danilo Caymmi, Dori e Nana celebraram a beleza atemporal do cancioneiro do patriarca da família, lustrando pérolas raras retiradas das profundezas do mar do compositor - registradas no álbum Caymmi (Som Livre), já garantido na lista de melhores discos de 2013 - e dando voz também aos sambas, canções praieiras e sambas-canção que atravessaram gerações e imortalizaram a obra de Dorival. Depois de passar por São Paulo (SP) em junho, o show de lançamento do CD Caymmi chegou à cidade que acolheu o artista (em abril de 1938) e lhe deu fama nacional. Foi na noite de ontem, 10 de novembro de 2013, em apresentação única que embeveceu o público que lotou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, apesar dos problemas no som (baixo) do microfone de Danilo Caymmi no início do espetáculo. Programado dentro da 51ª edição do Festival Villa-Lobos, o show roçou a perfeição do disco. "É inacreditável! Fico às vezes viajando nas canções do meu pai. São muito bonitas", enfatizou Nana, se permitindo ainda se surpreender com a arquitetura irretocável das letras e melodias de Dorival. Aos 72 anos, firme no posto de umas maiores cantoras do Brasil de todos os tempos, Nana somente entrou em cena na 16ª música do roteiro - o que fez com que a belíssima Sereia (Dorival Caymmi) fosse ouvida sem sua voz marcante (no disco, essa até então desconhecida canção praieira é entoada pelos três irmãos) no medley que juntou Sereia com Rainha do mar (Dorival Caymmi, 1939) pela afinidade temática. Na primeira parte do show, Dori - presente em cena do início ao fim, na condição de violonista, maestro e (eventual) cantor do espetáculo - dividiu o palco com Danilo, que abriu o show solando Caminhos do mar (Dorival Caymmi, Danilo Caymmi e Dudu Falcão, 2001) com Dori nos vocais. Na sequência, Dori solou Itapoã (Dorival Caymmi, 1972) - com aquela voz que evoca toda a profundeza do canto doce de Dorival - e puxou o cordão de Roda pião (Dorival Caymmi, 1939), sendo seguido por Danilo neste samba que alterna tons lúdicos e melancólicos ao abordar os efeitos do giro inexorável do tempo. Ao solar Fiz uma viagem (Dorival Caymmi, 1957), Danilo caiu com jeito no samba de Dorival. E, cada um a seu jeito, Danilo e Dori seguraram bem a atenção da plateia nesta primeira parte do show. Ao cantar O bem do mar (Dorival Caymmi, 1954) e Sargaço mar (Dorival Caymmi, 1985), Dori pareceu encarnar o velho pescador tão bem decantado no cancioneiro de Dorival. Como arranjador, Dori confirmou sua maestria ao remodelar o samba O que é que a baiana tem? (Dorival Caymmi,1939) com sutis alterações no andamento, no que o próprio Dori caracterizou como "uma versão mais contemporânea". Já Danilo brilhou ao esboçar registro mais emotivo para Nem eu (Dorival Caymmi, 1954), dentro do tom do samba-canção, e ao reger palmas e coro do público em Retirantes (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1975), após trazer à tona a Toada à toa (2009), menos inspirada parceria feita com seu pai (a partir de letra encontrada no baú de Dorival). Afinados entre si, os dois irmãos ainda uniram vozes no medley que agrega os sambas Quando eu durmo - outro título até então desconhecido do cancioneiro de Caymmi - e Balaio grande (Dorival Caymmi e Oswaldo Santiago, 1941). Foi após esse medley que entrou no palco Nana Caymmi, senhora da cena desde que abriu o vozeirão inigualável para entoar Cantiga de cego (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1981) - gravada por Dorival para a trilha sonora da novela Terras do sem fim (TV Globo, 1981/1982) - e, na sequência, solar Modinha para Tereza Batista (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1992), outro tema que linka o cancioneiro de Caymmi à obra literária do escritor baiano Jorge Amado (1912 - 2001), amigo e parceiro de Dorival. A Modinha para Tereza Batista foi a deixa para Danilo Caymmi puxar o samba Vamos falar de Tereza (1992), parceria sua com Dorival, produzida para a trilha sonora da minissérie Tereza Batista (TV Globo, 1992). Então Danilo saiu do palco, que passou a ser ocupado somente por Dori com Nana e com a banda virtuosa formada por Flávio Mendes (violão), Itamar Assiere (piano), Jefferson Lescowich (baixo), Armando Marçal (percussão) e Jurim Moreira (bateria). Foi quando Nana simulou um sotaque português para cantar Francisca Santos das Flores (Dorival Caymmi, 1972) em misto pungente de fado, samba-canção e modinha. Foi um dos momentos culminantes em show de pontos altos. Na sequência, com sua habitual categoria, Nana fez emergir A Mãe d'Água e a menina (Dorival Caymmi, 1985), deu a receita pouco conhecida de Acaçá (Dorival Caymmi, 1997), recontou História pro Sinhozinho (Dorival Caymmi, 1945) e, com o apoio vocal de Dori, elevou os tons para chamar Dora (Dorival Caymmi, 1945) - em momento arrepiante - e perfilou João Valentão (Dorival Caymmi, 1953). Os sambas-canção Só louco (Dorival Caymmi, 1955) e Não tem solução (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1950) reiteraram o fato de Nana sempre ter sido cantora grande o suficiente para cantar Caymmi à sua moda, num tom que é só seu. Mas que se afinou harmoniosamente com os tons de seus irmãos no samba-canção Marina (Dorival Caymmi, 1947) e no sempre comovente Acalanto (Dorival Caymmi, 1957). No fim, a Canção da partida (Dorival Caymmi, 1957) - parte da Suíte dos pescadores - preparou o clima de despedida da família Caymmi, encerrando show marcado pela emoção de reverenciar o imortal Dorival Caymmi, um dos maiores compositores do mundo.
Família Caymmi alterna raridades e sucessos de Dorival em show no Rio
Primeiro projeto fonográfico lançado em tributo ao centenário de nascimento Dorival Caymmi (1914 - 2008), a ser comemorado ao longo de 2014, o irretocável álbum Caymmi - posto nas lojas em junho deste ano de 2013, em edição da gravadora Som Livre - teve como maior mérito o resgate de músicas raras ou até mesmo desconhecidas do cancioneiro do compositor baiano. Danilo Caymmi, Dori Caymmi e Nana Caymmi deram vozes a pérolas pescadas nas profundezas do mar de Dorival, como a belíssima Sereia. No show de lançamento do disco, que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) dentro da programação da 51ª edição do Festival Villa-Lobos cinco meses após a estreia nacional em São Paulo (SP), a família Caymmi entrelaça tais raridades no roteiro com os principais sucessos do compositor. Eis o roteiro seguido por Dori, Nana e Danilo - em foto de Rodrigo Amaral - na apresentação do show Caymmi 100 anos que seduziu o Theatro Municipal do Rio de Janeiro na noite de domingo, 10 de novembro de 2013:
1. Caminhos do mar (Dorival Caymmi, Danilo Caymmi e Dudu Falcão, 2001) - Danilo
2. Itapoã (Dorival Caymmi, 1972) - Dori
3. Fiz uma viagem (Dorival Caymmi, 1957) - Danilo
4. Roda pião (Dorival Caymmi, 1939) - Danilo e Dori
5. Sereia (Dorival Caymmi) /
6. Rainha do mar (Dorival Caymmi, 1939) - Danilo e Dori
7. O bem do mar (Dorival Caymmi, 1954) - Dori
8. Nem eu (Dorival Caymmi, 1954) - Danilo
9. Sargaço mar (Dorival Caymmi, 1985) - Dori
10. Toada à toa (Dorival Caymmi e Danilo Caymmi, 2009) - Danilo
11. Maricotinha (Dorival Caymmi e Antonio Carlos Jobim, 1994) - Danilo
12. O que é que a baiana tem? (Dorival Caymmi, 1939) - Danilo e Dori
13. Retirantes (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1975) - Danilo
14. Quando eu durmo (Dorival Caymmi) /
15. Balaio grande (Dorival Caymmi e Oswaldo Santiago, 1941) - Danilo e Dori
16. Cantiga de cego (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1981) - Nana
17. Modinha para Tereza Batista (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1992) - Nana
18. Pra falar de Tereza (Dorival Caymmi e Danilo Caymmi, 1992) - Danilo
19. Francisca Santos das Flores (Dorival Caymmi, 1972) - Nana
20. A Mãe d'Água e a menina (Dorival Caymmi, 1985) - Nana
21. Acaçá (Dorival Caymmi, 1997) - Nana
22. História pro Sinhozinho (Dorival Caymmi, 1945) - Nana
23. Dora (Dorival Caymmi, 1945) - Nana (com Dori nos vocais)
24. João Valentão (Dorival Caymmi, 1953) - Nana (com Dori nos vocais)
25. Só louco (Dorival Caymmi, 1955) - Nana
26. Não tem solução (Dorival Caymmi e Carlos Guinle, 1950) - Nana
27. Marina (Dorival Caymmi, 1947) - Danilo, Dori e Nana
28. Acalanto (Dorival Caymmi, 1957) - Danilo, Dori e Nana
29. Canção da partida (Suíte dos pescadores) (Dorival Caymmi, 1957) - Danilo, Dori e Nana
Bis:
30. O bem e o mal (Danilo Caymmi e Dudu Falcão, 1990) - improviso de Danilo Caymmi
31. Modinha para Tereza Batista (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1992) - Danilo, Dori e Nana
domingo, 8 de setembro de 2013
Nana canta 'Janelas abertas' em CD que celebra os 100 anos de Vinicius
Nana Caymmi dá voz a Janelas abertas (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958) - música que nunca registrou em sua discografia - em gravação feita para o disco A vida tem sempre razão, produzido por José Milton para a gravadora Sony Music para celebrar os 100 anos de nascimento do poeta e compositor Vinicius de Moraes (1913 - 1980). O arranjo da gravação é assinado pelo pianista Cristóvão Bastos. Nana - em foto de Lívio Campos - integra o time de intérpretes arregimentados para o projeto. O CD vai ser lançado em outubro de 2013.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Nana, Dori e Danilo expõem profundezas do mar de Dorival em 'Caymmi'
Resenha de CD
Título: Caymmi
Artistas: Nana Caymmi, Dori Caymmi e Danilo Caymmi
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * * *
Título: Caymmi
Artistas: Nana Caymmi, Dori Caymmi e Danilo Caymmi
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * * *
Disco que abre as comemorações fonográficas pelo centenário de nascimento de Dorival Caymmi (1914 - 2008), a ser festejado em 30 de abril de 2014, o CD Caymmi é a mais bela e importante homenagem que Nana Caymmi, Dori Caymmi e Danilo Caymmi poderiam prestar ao patriarca da família. Por conta de criteriosa pesquisa que teve como ponto de partida consulta ao Cancioneiro da Bahia, livro publicado por Dorival em 1947 com as músicas que compusera até então, os filhos conseguem a proeza de (re)apresentar músicas que vão soar como inéditas para sucessivas gerações. É o caso da belíssima Sereia (Dorival Caymmi), canção praieira então desconhecida até por Danilo. O canto lindo de Sereia se faz ouvir em Caymmi nas vozes dos três filhos de Dorival em medley que entremeia a música com o samba Rainha do mar (1939). Outra raridade é o buliçoso samba Quando eu durmo, outro tema também desconhecido que abre este disco que sublinha o elo entre as obras de Caymmi e do escritor baiano Jorge Amado (1912 - 2001), letrista da pouco ouvida Cantiga de cego (gravada por Dorival em 1981 para a trilha sonora da novela Terras do sem fim e entoada neste tributo por Nana em registro que abarca as vozes de Danilo e Dori ao fim da faixa), da Modinha para Teresa Batista (também interpretada por Nana e unida no CD com a conhecida Vamos falar de Teresa, parceria de Dorival com Danilo propagada em 1992 na trilha sonora da minissérie Teresa Batista, exibida pela TV Globo) e de Retirantes (música lançada em 1975 na abertura da novela Escrava Isaura). O CD Caymmi reconstitui a imagem mítica e folclórica da Bahia cristalizada no cancioneiro de Dorival. Símbolo religioso desse universo afro-brasileiro habitado pela nega-personagem do samba Balaio grande (Dorival Caymmi e Oswaldo Santiago, 1941), Yemanjá é entidade evocada repetidas vezes em repertório que reapresenta Itapoã (1972), outro tema pouco ouvido deste cancioneiro magistral. Em estado de graça como intérprete, Nana brilha soberana em Caymmi ao dar a já ignorada receita de Acaçá (1997) e, sobretudo, ao transformar Francisco Santos das Flores (1972) em fado com direito a um sotaque português que concentra toda a pungência e melancolia do gênero lusitano. Na faixa sublime, o bandolim de Pedro Amorim cumpre o papel reservado no fado à guitarra portuguesa. Produtor do álbum, Dori Caymmi brilha como arranjador ao orquestrar a obra de Dorival com reverência - e com direito a flautas em seis das 13 faixas do CD lançado pela gravadora Som Livre - mas sem ranços nostálgicos. Moderno em sua atemporalidade, o cancioneiro de Caymmi soa atual e leve somente com uso de instrumentos tradicionais. Com destreza para cantar os sambas do pai, Danilo segue seguro pelo roteiro rítmico e melódico de Fiz uma viagem (1957) - outro exemplo da habilidade do trio para apresentar músicas que soam como novas - e se une ao mano Dori para circular Roda pião (1939), samba de gente grande que alude melancolica e metaforicamente ao giro inexorável do tempo em versos de tom lúdico. No fim do álbum, em mais um instante sublime de sua carreira, Nana mergulha na poesia da canção A mãe d'água e a menina (1985), fecho pungente de disco que expõe a profundeza do mar de canções de Dorival Caymmi, fazendo emergir joias valiosas que reiteram a genialidade do ourives baiano.
terça-feira, 2 de julho de 2013
Bethânia edita DVD com documentário sobre Nana por seu selo Quitanda
Cinco após focar com poesia a arte de Maria Bethânia no documentário Música é perfume (2005), o cineasta Georges Gachot - francês naturalizado suíço - lançou olhar impressionista sobre o canto de Nana Caymmi em outro documentário sobre intérprete da música brasileira. Filme que expõe na tela a grandeza do canto de Nana, entre flashes de um Rio de Janeiro (RJ) nublado, Rio sonata (2010) ganha edição em DVD pelo selo de Bethânia, Quitanda, três anos após as primeiras exibições em festivais. O DVD foi posto nas lojas no mês de junho de 2013 com distribuição da gravadora Biscoito Fino. Clique aqui para ler texto sobre Rio sonata.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Capa do CD que saúda 100 anos de Caymmi expõe autorretrato do artista
Autorretrato de Dorival Caymmi (1914 - 2008), que também era pintor, ilustra a capa do álbum em que os três filhos do compositor baiano - Danilo, Dori e Nana - celebram os 100 anos de nascimento do artista, a serem completos em 30 de abril de 2014. A ideia de usar o autorretrato na capa do disco - já nas lojas, em edição da gravadora Som Livre - foi de Danilo. Intitulado Caymmi, o CD alinha em 13 faixas 16 músicas menos ouvidas do genial cancioneiro do compositor-ourives. Produzido por Dori, o álbum expõe no encarte seis quadros de Caymmi.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Ney, Nana, Rosa e Salmaso dão o tom maior no prêmio que louvou Jobim
Marco inaugural da parceria de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) com Vinicius de Moraes (1913 - 1980), Se todos fossem iguais a você (1956) foi - na voz singular de Ney Matogrosso - o fecho majestoso dos onze números musicais da 24º edição do Prêmio da Música Brasileira, realizada no Rio de Janeiro (RJ) na noite de 12 de junho de 2013, sob a orquestração do empresário José Maurício Machline, idealizador do prêmio. Contudo, Ney - convocado na última hora para substituir Gal Costa, impossibilitada de se apresentar no evento por conta de forte resfriado - não foi o único intérprete que arrebatou o público de convidados que lotou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro para ver a homenagem a Tom Jobim que norteou a fluente entrega dos prêmios. Logo no começo da cerimônia, aberta com Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) no toque virtuoso de seis pianistas (Cristóvão Bastos, Gilson Peranzzetta, Leandro Braga, João Carlos Coutinho, João Carlos Martins e Wagner Tiso), Nana Caymmi reiterou que é senhora cantora ao dar voz a Por causa de você (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1957), incluída no roteiro informativo de Francisco Bosco para representar a parceria de Tom com Dolores Duran (1930 - 1959). Por sua vez, Rosa Passos mostrou que sabe tudo da arte de cantar ao remodelar Inútil paisagem (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1963) com sua divisão e sua bossa toda própria. Já Mônica Salmaso - intérprete escalada para cantar Derradeira primavera (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes) em tom camerístico - provou para quem tem ouvidos atentos que é uma das maiores cantoras do Brasil de todos os tempos. Outra dona do dom, Leny Andrade estava em casa ao reviver o samba Brigas nunca mais (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) em charmoso trio formado com Leila Pinheiro - seguríssima, como de hábito, em Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959) - e com Tulipa Ruiz, estranha no ninho que logo se ambientou ao defender Garota de Ipanema (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962) em interpretação depois dividida com Leila e Leny. Colega de geração de Tulipa, Céu foi a nota dissonante da noite ao interpretar Insensatez (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962) sem brilho e sem emoção. Céu parecia fora do tom da direção musical do maestro Jaques Morelenbaum, autor dos arranjos. Maria Gadú não chegou a ficar fora do tom, mas pecou ao inventar moda em Chega de saudade (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958), pedra fundamental na revolução estética causada pela Bossa Nova, e diluiu a bossa do tema. À frente da Nova Banda, Danilo Caymmi tropeçou na letra de Wave (Antonio Carlos Jobim, 1967) em número que destacou a a presença de Paula Morenlenbaum. João Bosco tratou Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959) com elegância sem de fato arrebatar a plateia. Proeza conseguida pelos cantores portugueses António Zambujo e Carminho, que voaram alto em pungente dueto em Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968), merecendo aplausos de pé. Em tom maior, Carminho e António Zambujo se destacaram na cerimônia conduzida pelas cantoras Adriana Calcanhotto (mais dura ao dizer aos textos, embora tenha arrancado risos da plateia com alguns comentários espirituosos) e Zélia Duncan (desenvolta no papel de apresentadora da festa-show). No tom eterno de Jobim, a 24º edição do Prêmio da Música Brasileira transcorreu ágil, reverente à soberania do maestro celebrado na noite e, em alguns momentos, arrebatadora por conta dos cantos em tom maior de António Zambujo, Carminho, Mônica Salmaso, Nana Caymmi, Ney Matogrosso e Rosa Passos - vistos na premiação em fotos de Rodrigo Amaral. Se todos fossem iguais a eles...
domingo, 24 de março de 2013
Sai em junho CD em que Danilo, Dori e Nana cantam 100 anos de Dorival
Tem lançamento agendado para junho de 2013, em edição da Som Livre, o CD em que os irmãos Danilo Caymmi, Dori Caymmi e Nana Caymmi celebram o centenário de nascimento de seu pai, o compositor baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008). Sob a produção de Dori, os três irmãos dão vozes a músicas menos conhecidas do patriarca da família. O CD Caymmi - 100 anos foi gravado no Rio de Janeiro (RJ) neste ano de 2013 para abrir a agenda do centenário.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Nana transforma tema de Caymmi em fado ao celebrar centenário do pai
Nana Caymmi deu ar de fado a uma das músicas menos ouvidas do cancioneiro magistral de seu pai, Dorival Caymmi (1914 - 2008). Trata-se de Francisca Santos das Flores (Dona Chica), música gravada pelo compositor no álbum Caymmi (Odeon, 1972). A releitura faz parte do CD Caymmi - 100 anos, dividido por Nana com seus irmãos Danilo e Dori Caymmi para festejar o centenário do nascimento do patriarca da família. O centenário vai ser celebrado em 2014, mas o disco - gravado em janeiro, no Rio de Janeiro (RJ), e já em fase de finalização - vai ser lançado neste ano de 2013 numa edição da gravadora Som Livre. A foto foca Nana no estúdio.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Dori produz no Rio CD em que família Caymmi saúda 100 anos de Dorival
Postada no Facebook de Danilo Caymmi, a foto flagra os irmãos Danilo, Dori e Nana Caymmi em estúdio, no Rio de Janeiro (RJ), gravando o CD Caymmi 100 Anos. Produzido por Dori, o disco festeja o centenário de nascimento do patriarca da família, Dorival Caymmi (1914 - 2008). Embora o 100º aniversário de Caymmi seja somente em abril de 2014, os irmãos vão dar a partida nos festejos em abril de 2013 com a edição do CD ora em processo de gravação.
domingo, 6 de janeiro de 2013
Nana, Danilo e Dori querem lançar disco em tributo a Caymmi já em abril
Os irmãos Nana, Danilo e Dori Caymmi já preparam o disco que assinam juntos em tributo ao centenário de nascimento do patriarca da família, Dorival Caymmi (1914-2008). O compositor faria 100 anos somente em abril de 2014. Mas o plano do trio é lançar o CD já em abril deste ano de 2013, iniciando o festejo do centenário. A ideia é gravar músicas obscuras de Caymmi.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
'Dama da Canção' encaixota belos discos que Nana não vestiu de bolero
Resenha de caixa de CDs
Título: Nana Caymmi - A Dama da Canção
Artista: Nana Caymmi
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * * *
Título: Nana Caymmi - A Dama da Canção
Artista: Nana Caymmi
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * * *
Posta nas lojas pela EMI Music neste mês de dezembro de 2012, sem poupar o coração e o bolso (pelo preço, cotado em cerca de R$ 450) dos fãs de Nana Caymmi, a caixa A Dama da Canção embala 18 álbuns dos tempos em que a cantora não vestia sua discografia de bolero. A rigor, há até dois títulos dedicados ao ritmo espanhol que se espalhou pela América Latina entre os 18 CDs encaixotados com capricho por Rodrigo Faour sob a supervisão de Jorge Lopes, Luiz Garcia e Ricardo Moreira. Trata-se de Bolero (álbum de 1993 que viabilizou a volta da intérprete à EMI, após hiato de quatro anos em que Nana gravou somente, em 1992, um dos 12 discos da padronizada série Academia Brasileira de Música, não incluído na caixa por questões editoriais) e Sangre de Mi Alma (refinadíssimo álbum de 2000 que não bisou o êxito comercial do antecessor de 1993). Contudo, o tom dos (primorosos) discos da caixa é outro. A rigor, todos os 18 álbuns encaixotados já tinham sido reeditados em CD, mas de forma avulsa, por vezes até desleixada. A Dama da Canção agrupa todos esses discos lançados por Nana entre 1965 e 2000 com as suas capas, contracapas e encartes originais - um dado especialmente importante no que diz respeito aos álbuns Nana Caymmi (disco de 1973 feito para a gravadora argentina Trova) e Nana (RCA-Victor, 1977), ambos nunca reeditados em CD no Brasil com suas capas originais. A excelência da remasterização - feita por Luigi Hoffer e Carlos Savalla - também contribui para que as atuais reedições ofereçam ganho na qualidade do som, inclusive nos casos dos dois álbuns da CID, Nana Caymmi (1975) e Renascer (1976), já alvos de recente remasterização. Ganhos técnicos à parte, o que salta aos ouvidos - e permanece inalterada ao longo das décadas - é a alta qualidade dos arranjos e do repertório irretocável de Nana Caymmi. Do Nana de 1965 (primeiro álbum solo da artista, lançado pela extinta Elenco) ao consagrador Resposta ao Tempo (EMI Music, 1998), que estourou o bolero que lhe dá título, Nana Caymmi deu voz ao supra-sumo da música brasileira em repertório que realçou belas páginas dos cancioneiros de compositores como Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), Claudio Nucci, Dominguinhos, Fátima Guedes, Ivan Lins, Milton Nascimento, Sueli Costa e, claro, o mestre e patriarca da musical Família Caymmi. A despeito de Dorival Caymmi (1914 - 2008) ser o grande intérprete de sua própria obra, Nana sempre impôs seu estilo e cantou seu pai à sua moda com interpretações também grandiosas. Em que pese tanta qualidade e estilo, ou talvez mesmo por causa dela, Nana poucas vezes alcançou o sucesso popular, de massa, com suas gravações. A primeira vez aconteceu quando sua regravação do samba-canção Se Queres Saber (Peter Pan) foi veiculada em escala nacional na abertura da minissérie Quem Ama Não Mata, exibida pela TV Globo em 1982 - e, nesse ponto, o alentado texto escrito por Faour para o libreto da caixa se equivoca ao creditar a lotação esgotada dos shows feitos por Nana em 1977 e 1978 nos projetos Pixinguinha e Seis e Meia (com Ivan Lins e Dori Caymmi) ao sucesso de Se Querer Saber, pois cinco anos separam o lançamento do disco (o Nana de 1977 feito para a RCA) da exposição nacional da faixa na minissérie da Globo. De todo modo, a lotação dos shows da cantora naquela época abriu para Nana as portas da EMI-Odeon, gravadora na qual ela registrou a partir de 1979, com regularidade quase anual (algo então inédito em sua espaçada carreira fonográfica), títulos emblemáticos de sua discografia. São dessa fase pérolas como Nana Caymmi (1979), Mudança dos Ventos (1980), ...E a Gente Nem Deu Nome (1981), Voz e Suor (1983 - disco de voz e piano feito com César Camargo Mariano), Chora Brasileira (1985) e Nana (1988). São álbuns de um tempo em que o canto de Nana - de início um diamante bruto a ser lapidado - já se mostrava depurado. Basta ouvir qualquer gravação da cantora na época - como a pungente Meu Silêncio (Claudio Nucci e Luiz Fernando Gonçalves), lançada em Mudança dos Ventos - para sentir a força do canto emotivo de Nana. Analisados em perspectiva na caixa A Dama da Canção (à qual foi adicionada a coletânea dupla Eu Sei que Vou te Amar, produzida com esmero por Faour com a reunião de 41 fonogramas avulsos da discografia da cantora), os 18 primeiros álbuns de Nana Caymmi corroboram a coerência e a personalidade desta digníssima dama da canção popular brasileira.
domingo, 9 de dezembro de 2012
Nana vai gravar mais músicas de Caymmi para festejar centenário do pai
Acalentado há anos, o projeto do produtor José Milton de gravar DVD de Nana Caymmi com repertório de caráter retrospectivo - incluindo músicas de todas as fases da discografia da cantora - está longe de ser concretizado. O próximo projeto fonográfico de Nana envolve a obra de Dorival Caymmi (1914 - 2008), seguindo série iniciada com O Mar e o Tempo (2002) e prosseguida com Para Caymmi - De Nana, Dori e Danilo - 90 Anos (álbum de 2004 que gerou DVD e CD ao vivo lançados naquele mesmo ano) e Quem Inventou o Amor (2007). Nana - em foto de Lívio Campos - pretende gravar músicas do compositor baiano ainda inéditas em sua voz para festejar o centenário de nascimento do pai, a ser celebrado em 2014. O CD - que vai ser gravado já em janeiro de 2013 - é dividido por Nana com os irmãos Danilo e Dori Caymmi.
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