Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sem obviedade, Sartori e Ribeiro celebram bem os 100 anos de Gonzaga

Resenha de CD
Título: Que se Deseja Rever
Artista: Mateus Sartori e Guilherme Ribeiro
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * 1/2 

Tema bem pouco associado a Luiz Gonzaga (1912 - 1989), Rosa do Mearim (Luiz Guimarães) floresce com toda sua beleza melódica na gravação de voz e piano que abre o CD Que se Deseja Rever. De afinação e emissão perfeitas, a voz é a de Mateus Sartori. O piano é o de Guilherme Ribeiro, instrumentista que divide com o cantor paulista este tributo nada óbvio ao centenário de nascimento do Rei do Baião. A escolha do repertório - que tira do baú de Gonzaga músicas pouco conhecidas como Sanfona Sentida (Dominguinhos e Anastácia), veículo ideal para Ribeiro exercitar seus dotes musicais no acordeom - contribui para que o álbum se diferencie dentre as numerosas abordagens da obra seminal do compositor. Mesmo um clássico já excessivamente revisitado como Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) tem seu sentido realçado por estar alocado juntamente com O Adeus da Asa Branca, tema em que o compositor Dalton Voleger dialoga com os versos poéticos de Humberto Teixeira (1915 - 1979) para celebrar o parceiro mais importante de Lua. É fato que a atmosfera algo formal do disco dilui a malícia e o humor contido em temas como Ou Casa Ou Morre (Elias Soares e Paulo Roberto Machado), faixa que esboça clima forrozeiro neste disco em que o canto de Sartori chega ao céu da perfeição em Ave Maria Sertaneja (Júlio Ricardo e O. de Oliveira), oração feita ao som do acordeom de Ribeiro. É o mesmo acordeom que faz desabrochar Acácia Amarela (Luiz Gonzaga e Orlando Silveira), exemplo da habilidade da dupla ao revirar o baú de Gonzagão. É fato que o repertório de Gonzaga tem vivacidade que pouco ou nada aparece em Que se Deseja Rever. De todo modo, o tom classicista do disco - ambientado em atmosfera camerística - se revela suficiente para realçar o lirismo saudosista de Noites Brasileiras (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), tema junino de grande beleza. E no fim tudo acaba em samba. Sim, Tenho Onde Morar (Luiz Gonzaga e Dário de Souza) é bissexto samba da obra nordestina do Rei do Baião - gravado em 1947 - que encerra o tributo, sinalizando que, com boa vontade, é possível garimpar outras joias do baú de Gonzaga sem bater nas mesmas teclas da sanfona...

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Tema bem pouco associado a Luiz Gonzaga (1912 - 1989), Rosa do Mearim (Luiz Guimarães) floresce com toda sua beleza melódica na gravação de voz e piano que abre o CD Que se Deseja Rever. De afinação e emissão perfeitas, a voz é a de Mateus Sartori. O piano é o de Guilherme Ribeiro, instrumentista que divide com o cantor paulista este tributo nada óbvio ao centenário de nascimento do Rei do Baião. A escolha do repertório - que tira do baú de Gonzaga músicas pouco conhecidas como Sanfona Sentida (Dominguinhos e Anastácia), veículo ideal para Ribeiro exercitar seus dotes musicais no acordeom - contribui para que o álbum se diferencie dentre as numerosas abordagens da obra seminal do compositor. Mesmo um clássico já excessivamente revisitado como Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) tem seu sentido realçado por estar alocado juntamente com O Adeus da Asa Branca, tema em que o compositor Dalton Voleger dialoga com os versos poéticos de Humberto Teixeira (1915 - 1979) para celebrar o parceiro mais importante de Lua. É fato que a atmosfera algo formal do disco dilui a malícia e o humor contido em temas como Ou Casa Ou Morre (Elias Soares e Paulo Roberto Machado), faixa que esboça clima forrozeiro neste disco em que o canto de Sartori chega ao céu da perfeição em Ave Maria Sertaneja (Júlio Ricardo e O. de Oliveira), oração feita ao som do acordeom de Ribeiro. É o mesmo acordeom que faz desabrochar Acácia Amarela (Luiz Gonzaga e Orlando Silveira), exemplo da habilidade da dupla ao revirar o baú de Gonzagão. É fato que o repertório de Gonzaga tem vivacidade que pouco ou nada aparece em Que se Deseja Rever. De todo modo, o tom classicista do disco - ambientado em atmosfera camerística - se revela suficiente para realçar o lirismo saudosista de Noites Brasileiras (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), tema junino de grande beleza. E no fim tudo acaba em samba. Sim, Tenho Onde Morar (Luiz Gonzaga e Dário de Souza) é bissexto samba da obra nordestina do Rei do Baião - gravado em 1947 - que encerra o tributo, sinalizando que, com boa vontade, é possível garimpar outras joias do baú de Gonzaga sem bater nas mesmas teclas da sanfona...

Fábio Passadisco disse...

CD belíssimo, tanto na criativa parte gráfica, quanto nos arranjos e escolha do repertório.

Vendeu bem aqui no Recife.

Fábio Passadisco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Romani disse...

Voz belíssima de Mateus Sartori. Talvez o melhor cantor da nova geração.

Flavio Loureiro disse...

Que bom Mauro que vc gostou do Cd. O show é tão bonito quanto.

Unknown disse...

CD lindíssimo com a bela interpretação de Mateus Sartori e arranjos sofisticados de Guilherme Ribeiro, que emciona com seu piano e acordeon. A melhor homenagem que vi ao centenário de Luiz Gonzaga. Imperdível.

Unknown disse...

CD lindíssimo. Bela interpretação de Mateus Sartori com arranjos sofisticados e elegantes de Guilherme Ribeiro, que nos emociona com o seu piano e acordeon. A melhor homenagem que ouvi ao centenário de Luiz Gonzaga. Para os amantes da boa música, uma obra imperdível!!