Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Los Van Van salva a pátria cubana na desbotada aquarela brasileira de Diogo

Resenha de CD e DVD
Título: Diogo Nogueira Ao Vivo em Cuba - Doc.Show
Artista: Diogo Nogueira
Gravadora: EMI Music
Cotação: * *

É sintomático que o samba que abre os trabalhos promocionais do terceiro registro ao vivo de show de Diogo Nogueira seja Verdade Chinesa, sucesso de Emílio Santiago em 1990, lançado pelo cantor no terceiro volume da série Aquarela Brasileira. Diogo Nogueira Ao Vivo em Cuba é uma espécie de aquarela brasileira na voz do filho de João Nogueira (1941 - 2000). A oportunidade de estreitar os laços com a música de Cuba é mal aproveitada por Diogo nesta gravação que perpetua o show que o cantor brasileiro fez no Teatro Karl Marx, em Havana, em 1º de novembro de 2011. Em essência, Diogo rebobina com arranjos triviais sambas conhecidos como Madalena (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza, 1970), Ex-Amor (Martinho da Vila, 1981) e O Que É O Que É (Gonzaguinha, 1982), funcionando como mero crooner para cubanos e para a comunidade brasileira residente em Havana. Quem salva a pátria cubana é o grupo Los Van Van, que entra em cena para revisitar El Cuarto de Tula, clássico cubano revitalizado pelo coletivo Buena Vista Social Club nos anos 90. Trata-se do melhor número do DVD por conta da interação entre os músicos do Van Van, hábeis na arte da improvisação, com a banda de Diogo. A simbiose faz com que El Cuarto de Tula - exemplo de son, ritmo cubano - seja redecorado com toques de partido alto, o tempero brasileiro do molho genericamente conhecido como salsa. Entre obviedades como Deixa Eu te Amar (Mauro Silva, Camilo e Agepê), número de tons sensuais em que o cantor explora a imagem de galã que tem lhe garantido casas lotadas e vendas expressivas de discos em todo o Brasil, o roteiro prima por aplicar esse molho de salsa em Tanta Saudade, a parceria de Chico Buarque com Djavan - propagada na trilha sonora do filme Para Viver Um Grande Amor (1983) - já naturalmente embebida em latinidad. Contudo, no todo, a aquarela brasileira de Diogo Nogueira resulta pálida. E o Doc.Show dos extras do DVD tampouco dá algum realce ao trabalho com sua mistura de entrevistas e cenas de bastidores. A rigor, este terceiro registro ao vivo de show pouco acrescenta à discografia do artista e - pior - depõe contra Diogo num momento em que ele começa mostrar nítida evolução como cantor. O intérprete titubeante do início de carreira está dando lugar a um cantor mais seguro em cena. Por isso mesmo, é hora de ir para o estúdio fazer um segundo álbum de inéditas com um repertório condizente com tal progresso e com as lições ensinadas por seu pai.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

É sintomático que o samba que abre os trabalhos promocionais do terceiro registro ao vivo de show de Diogo Nogueira seja Verdade Chinesa, sucesso de Emílio Santiago em 1990, lançado pelo cantor no terceiro volume da série Aquarela Brasileira. Diogo Nogueira Ao Vivo em Cuba é uma espécie de aquarela brasileira na voz do filho de João Nogueira (1941 - 2000). A oportunidade de estreitar os laços com a música de Cuba é mal aproveitada por Diogo nesta gravação que perpetua o show que o cantor brasileiro fez no Teatro Karl Marx, em Havana, em 1º de novembro de 2011. Em essência, Diogo rebobina com arranjos triviais sambas conhecidos como Madalena (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza, 1970), Ex-Amor (Martinho da Vila, 1981) e O Que É O Que É (Gonzaguinha, 1982), funcionando como mero crooner para cubanos e para a comunidade brasileira residente em Havana. Quem salva a pátria cubana é o grupo Los Van Van, que entra em cena para revisitar El Cuarto de Tula, clássico cubano revitalizado pelo coletivo Buena Vista Social Club nos anos 90. Trata-se do melhor número do DVD por conta da interação entre os músicos do Van Van, hábeis na arte da improvisação, com a banda de Diogo. A simbiose faz com que El Cuarto de Tula - exemplo de son, ritmo cubano - seja redecorado com toques de partido alto, o tempero brasileiro do molho genericamente conhecido como salsa. Entre obviedades como Deixa Eu te Amar (Mauro Silva, Camilo e Agepê), número de tons sensuais em que o cantor explora a imagem de galã que tem lhe garantido casas lotadas e vendas expressivas de discos em todo o Brasil, o roteiro prima por aplicar esse molho de salsa em Tanta Saudade, a parceria de Chico Buarque com Djavan - propagada na trilha sonora do filme Para Viver Um Grande Amor (1983) - já naturalmente embebida em latinidad. Contudo, no todo, a aquarela brasileira de Diogo Nogueira resulta pálida. E o Doc.Show dos extras do DVD tampouco dá algum realce ao trabalho com sua mistura de entrevistas e cenas de bastidores. A rigor, este terceiro registro ao vivo de show pouco acrescenta à discografia do artista e - pior - depõe contra Diogo num momento em que ele começa mostrar nítida evolução como cantor. O intérprete titubeante do início de carreira está dando lugar a um cantor mais seguro em cena. Por isso mesmo, é hora de ir para o estúdio fazer um segundo álbum de inéditas com um repertório condizente com esse progresso.

Pedro Progresso disse...

lindo desse jeito, se ainda fizer discão, não sobra pra ninguém.

Anônimo disse...

Acho que o Diogo já pagou o preço para a popularidade, até dançar no Faustão o cara dançou. Agora está na hora de um trabalho superior ao SOU EU, que é mediano.