Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A senhora cantora Áurea Martins ainda dá seu show em cena aos 72 anos

Resenha de show
Título: Iluminante 
Artista: Áurea Martins (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 14 de agosto de 2012
Cotação: * * * *

"Sou apenas uma senhora que ainda canta", se autodefiniu Áurea Martins em determinando instante do show que fez no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 14 de agosto de 2012 para celebrar a chegada às lojas de seu primeiro DVD, Iluminante. A cantora carioca fazia alusão ao título de um disco de   Zezé Gonzaga (1926 - 2008), outra senhora cantora, influência assumida de Áurea ao lado da divina Elizeth Cardoso (1920 - 1990). Aos 72 anos, Áurea Martins ainda dá seu show em cena com a categoria vocal tarimbada na noite do Rio de Janeiro (RJ), onde exerceu dos anos 70 aos 90 o ofício de crooner de boates como a Drink, situada em Copacabana. Quem há de ousar negar tal nobreza quando ouve Áurea cantar a capella  no palco do Rival Pela Rua, a música de Ribamar (1919 - 1987) e Dolores Duran (1930 - 1959) que interpretou na final consagradora do programa de calouros A Grande Chance, levando a nota máxima do júri integrado por nomes como o maestro Erlon Chaves (1933 - 1974), o pianista Bené Nunes (1920 - 1997), o maestro Guerra-Peixe (1914 - 1993) e a cantora Maysa (1936 - 1977)? Quem há de questionar a destreza com que a senhora cantora encarou em cena, ao vivo, a artilharia verbal de Bala com Bala (João Bosco e Aldir Blanc, 1972), mesmo tendo tropeçado levemente ao fim do número dividido solitariamente com o baterista Cassius Theperson? A big-band que acompanha Áurea em cena, aliás, é uma senhora banda. Tal como no disco De Ponta Cabeça (2010), cujo repertório é rebobinado em excesso no DVD Iluminante, os arranjos do violonista Lucas Porto ajudam Áurea a suportar com classe em cena o calvário amoroso do produtor Hermínio Bello de Carvalho, letrista de todas as músicas magoadas do CD de 2010. Mesmo assim, é sintomático que os aplausos mais fortes do público tenham ido para números como Janelas Abertas (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), feito somente com a voz iluminada de Áurea e o piano preciso de Gabriel Geszti, e Maninha (Chico Buarque), o tema que Áurea tantas vezes cantou na noite com o pianista Zé Maria Rocha e que gravou com Chico Buarque no CD e DVD Iluminante. "Senti falta de um homem aqui comigo", avaliou Áurea ao fim de Maninha. Preciosismos de uma senhora cantora que gravou muito menos discos do que deveria ter gravado! É que a voz de Áurea Martins se basta.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

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Toninho Lima disse...

"Voz iluminada de Áurea". Perfeita definição.

Que bom sabê-la assim, cantando e encantando.

Áurea merece ainda mais.

Parabéns pelo texto! :)

Anônimo disse...

Espero que Áurea grave mais. Fátima Guedes, Sueli Costa e Rosa Passos seriam bons nomes para serem gravados pro esta voz iluminada.