Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Onete acentua em 'Feitiço caboclo' a malícia sensual dos gêneros paraenses

Resenha de CD
Título: Feitiço caboclo
Artista: Dona Onete
Gravadora: Na Music
Cotação: * * * 1/2

 Aproveitando a aura hype que envolve atualmente artistas egressos do Pará e que abre espaço na ainda influente mídia do eixo Rio-São Paulo, Dona Onete tenta visibilidade nacional com o álbum Feitiço caboclo, produzido por Marco André. Aos 73 anos, Ionete da Silveira Gama é espécie de Dona Ivone Lara para a geração de Gaby Amarantos e Lia Sophia. Tanto que as ascendentes cantoras da cena paraense integram, reverentes, o coro que encorpa Homenagem aos orixás (Dona Onete) - tema que conecta o mundo do tecnobrega paraense ao universo afro-brasileiro do Candomblé - e a abolerada canção Louco desejo (Dona Onete). Sim, Onete também transita pelo universo kitsch da música sentimental brasileira, rota já perceptível em Poder da sedução (Dona Onete), faixa que abre o disco inteiramente autoral. Contudo, Feitiço caboclo é álbum dominado pela malícia sensual e pelo balanço brejeiro que caracterizam a música de Onete, criadora até de um estilo rotulado por ela de Carimbó chamegado, nome de sedutora faixa do CD. Entre a evocação da batida do tambor de Crioula paraense no envolvente merengue Balanço crioulo (Dona Onete) e o suingue caribenho de Lua namoradeira (Dona Onete), a artista firma parceria com MG Calibre em Rio de lágrimas. A miscigenada faixa concilia o rap de Calibre, a cadência do samba e a guitarra definidora do paraense Manoel Cordeiro, nome também presente em Boi guitarreiro (Dona Onete e Marco André), outra música marcada pela fusão, unindo o boi-bumbá à guitarrada. Em qualquer levada, o canto rústico de Onete acentua a sensualidade do balanço do Norte, como em Moreno morenado (Dona Onete) e em Jamburana, tema em que a compositora recorreu ao jambu - tempero local - para criar versos erotizados.  Dona de si, Onete confia no próprio feitiço caboclo.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Aproveitando a aura hype que cerca atualmente qualquer artista egresso do Pará, abrindo espaço na influente mídia do eixo Rio-São Paulo, Dona Onete tenta visibilidade nacional com o álbum Feitiço Caboclo, produzido por Marco André. Aos 73 anos, Ionete da Silveira Gama é uma espécie de Dona Ivone Lara para a geração de Gaby Amarantos e Lia Sophia. Tanto que as ascendentes cantoras da cena paraense integram reverentes o coro que encorpa Homenagem aos Orixás (Dona Onete) - tema que conecta o mundo do tecnobrega paraense ao universo afro-brasileiro do Candomblé - e a abolerada canção Louco Desejo (Dona Onete). Sim, Onete também transita pelo universo kitsch da música sentimental brasileira, rota já perceptível em Poder da Sedução (Dona Onete), faixa que abre o disco inteiramente autoral. Contudo, Feitiço Caboclo é álbum dominado pela malícia sensual e pelo balanço brejeiro que caracterizam a música de Onete, criadora até de um estilo, rotulado por ela de Carimbó Chamegado, nome de sedutora faixa do CD. Entre a evocação da batida do tambor de Crioula paraense no envolvente merengue Balanço Crioulo (Dona Onete) e o suingue caribenho de Lua Namoradeira (Dona Onete), a artista firma parceria com MG Calibre em Rio de Lágrimas. A miscigenada faixa concilia o rap de Calibre, a cadência do samba e a guitarra definidora do paraense Manoel Cordeiro, nome também presente em Boi Guitarreiro (Dona Onete e Marco André), outra música marcada pela fusão - no caso, a do boi-bumbá com a guitarrada. Em qualquer levada, o canto rústico de Onete acentua a sensualidade do balanço nortista, como em Moreno Morenado (Dona Onete) e em Jamburana, tema em que a compositora recorreu ao jambu - tempero local - para criar versos erotizados. Dona de si, Onete confia em seu feitiço caboclo.

bruniuhhh disse...

Finalmente esse disco vai ser lançado! Alias, quase um pecado Dona Onete começar sua carreira fonográfica tão tarde.

Luca disse...

agora é moda falar bem de qualquer disco de artista do Pará, nada contra essa senhora que nunca ouvi, só não acredito na crítica

bottini disse...

com ou sem moda, tomara q agora lembrem do rafael lima, grande músico e cantor paraense, totalmente desconhecido no brasil.

Rafael disse...

Ótimo saber que Dona Onete finalmente (e tardiamente) está lançando o seu primeiro disco. O que é lamentável é ela estar começando a sua carreira tão tardiamente, por preconceito, ignorância e total falta de despreparo de gravadoras e empresários em somente agora estarem reconhecendo o talento dessa grande artista que ela é. Sucesso para ela!!!