Mauro Ferreira no G1

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sábado, 18 de agosto de 2012

A 'aquarela brasileira' de Diogo Nogueira ganha mais cor e mais calor ao vivo

Resenha de show
Título: Diogo Nogueira ao Vivo em Cuba
Artista: Diogo Nogueira (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 17 de agosto de 2012
Cotação: * * * 
Show em cartaz no Amazônia Hall, em Belém (PA), em 25 de agosto de 2012

Ouve-se gritos de adjetivos como "gostoso!" na plateia da casa Vivo Rio já ao fim do primeiro número feito por Diogo Nogueira em cena, no início do show idealizado para promover o lançamento do CD e DVD Diogo Nogueira ao Vivo em Cuba. Já no medley que une Mineira (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) com Samba de Arerê (Arlindo Cruz, Xande de Pilares e Mauro Jr.) o mulherio de meia-idade - base do público que lotou a casa carioca na estreia nacional do show, em 17 de agosto de 2012 - se alvoroça com a figura carismática do filho de João Nogueira (1941 - 2000). Em ascensão no mercado fonográfico, como atestam as 100 mil cópias da tiragem inicial de seu terceiro DVD, Diogo entra no jogo e alimenta a pose de sambista-galã. A evolução como cantor e o crescente domínio de palco também são perceptíveis  já no começo do espetáculo. Além de cantar cada vez melhor, procurando ressaltar o sentido das letras de seus sambas, Diogo está mais solto em cena. Ele dança, ginga e samba no palco com desenvoltura. E o fato é que, mesmo assumindo (momentaneamente, espera-se) o papel de mero crooner de sambas alheios, Diogo seduz em cena. Talvez porque o roteiro de sucessos - espécie de Aquarela Brasileira do samba, à moda de Emílio Santiago, de quem aliás o cantor revive o sucesso Verdade Chinesa (Gilson e Carlos Colla) - facilite a imediata absorção do show por seu público menos exigente. Seja como for, justiça seja feira: a Aquarela Brasileira de Diogo Nogueira ganha cor e calor ao vivo. Pouco importa que seja quase imperceptível a "pitada de salsa" - como o cantor diz - posta em Que Maravilha (Jorge Ben Jor e Toquinho). Ou que o sucesso cubano El Cuarto de Tula (Sérgio E. Siaba) - propagado pelo coletivo Buena Vista Social Club nos anos 90 - fique desbotado sem a participação do grupo Los Van Van (convidado do DVD). A entrada em cena dos bailarinos da Cia. de Dança Carlinhos de Jesus acaba chamando mais a atenção do que o suingue do número, aliás. Mas isso pouco importa. Basta Diogo fazer um gestos eróticos para explorar a sensualidade de Deixa Eu te Amar (Mauro Silva, Camilo e Agepê) que seu público delira. É para esse fã-clube feminino que ele tira o paletó na segunda metade do show e exibe os braços bem torneados no bloco ambientado em clima de gafieira com sucessos como Malandro É Malandro, Mané É Mané (Neguinho da Beija-Flor), A Voz do Morro (Zé Kétti) e Homenagem ao Malandro (Chico Buarque). É quando a metaleira da big-band dá tom ainda mais caliente dos arranjos. Enfim, Diogo cumpre seu papel emoldurado pelos painéis que reproduzem ruas de Cuba no belo cenário de Luiz Henrique Pinto. Resta torcer para que o cantor aproveite seus progressos como intérprete em futuro CD de repertório menos óbvio. Diogo Nogueira deve se mirar no espelho que reflete a obra e a postura bamba de seu pai...

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Ouve-se gritos de adjetivos como "gostoso!" na plateia da casa Vivo Rio já ao fim do primeiro número feito por Diogo Nogueira em cena, no início do show idealizado para promover o lançamento do CD e DVD Diogo Nogueira ao Vivo em Cuba. Já no medley que une Mineira (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) com Samba de Arerê (Arlindo Cruz, Xande de Pilares e Mauro Jr.) o mulherio de meia-idade - base do público que lotou a casa carioca na estreia nacional do show, em 17 de agosto de 2012 - se alvoroça com a figura carismática do filho de João Nogueira (1941 - 2000). Em ascensão no mercado fonográfico, como atestam as 100 mil cópias da tiragem inicial de seu terceiro DVD, Diogo entra no jogo e alimenta a pose de sambista-galã. A evolução como cantor e o crescente domínio de palco também são perceptíveis já no começo do espetáculo. Além de cantar cada vez melhor, procurando ressaltar o sentido das letras de seus sambas, Diogo está mais solto em cena. Ele dança, ginga e samba no palco com desenvoltura. E o fato é que, mesmo assumindo (momentaneamente, espera-se) o papel de mero crooner de sambas alheios, Diogo seduz em cena. Talvez porque o roteiro de sucessos - espécie de Aquarela Brasileira do samba, à moda de Emílio Santiago, de quem aliás o cantor revive o sucesso Verdade Chinesa (Gilson e Carlos Colla) - facilite a imediata absorção do show por seu público menos exigente. Seja como for, justiça seja feira: a Aquarela Brasileira de Diogo Nogueira ganha cor e calor ao vivo. Pouco importa que seja quase imperceptível a "pitada de salsa" - como o cantor diz - posta em Que Maravilha (Jorge Ben Jor e Toquinho). Ou que o sucesso cubano El Cuarto de Tula (Sérgio E. Siaba) - propagado pelo coletivo Buena Vista Social Club nos anos 90 - fique desbotado sem a participação do grupo Los Van Van (convidado do DVD). A entrada em cena dos bailarinos da Cia. de Dança Carlinhos de Jesus acaba chamando mais a atenção do que o suingue do número, aliás. Mas isso pouco importa. Basta Diogo fazer um gestos eróticos para explorar a sensualidade de Deixa Eu te Amar (Mauro Silva, Camilo e Agepê) que seu público delira. É para esse fã-clube feminino que ele tira o paletó na segunda metade do show e exibe os braços bem torneados no bloco ambientado em clima de gafieira com sucessos como Malandro É Malandro, Mané É Mané (Neguinho da Beija-Flor), A Voz do Morro (Zé Kétti) e Homenagem ao Malandro (Chico Buarque). É quando a metaleira da big-band dá o tom ainda mais caliente dos arranjos. Enfim, Diogo Nogueira cumpre seu papel emoldurado pelos painéis que compõem o belo cenário de Luiz Henrique Pinto e reproduzem ruas de Cuba. Resta torcer para que o cantor aproveite seus progressos como intérprete em um próximo disco de repertório menos óbvio. Diogo Nogueira deve se mirar no espelho que reflete a obra e a postura coerentes de seu pai.

Bruno disse...

"Ouvem-se...", Mauro, não?

Mauro Ferreira disse...

Bruno, grato pelo toque, mas esta é uma questão controvertida. No caso, acho que vale também o 'ouve-se' porque os gritos não são o sujeito da frase. É como eu tivesse escrito 'ouve-se na plateia gritos...'. Enfim, há controvérsias, como disse. Mas não acredito que esteja errado. De todo modo, grato por levantar a questão. Abs, MauroF

Bruno disse...

Sem querer polemizar em cima de algo pequeno (principalmente diante da crítica tão precisa e agradável), Mauro, mas "gritos" são, sim, o sujeito dessa frase. É um caso de voz passiva sintética e o sujeito, ainda que paciente, faz com que o verbo flexione com ele. É como em "vendem-se casas" ou "fazem-se festas". Bom, pelo menos foi assim que aprendi. Mas, de qualquer forma, é bom agradecer sempre pelas suas notícias tão frescas e pelas suas críticas tão boas! Abraço!