Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 18 de março de 2013

Sensualidade vintage de '20/20 experience' freia o avanço de Timberlake

Resenha de CD
Título: The 20/20 experience
Artista: Justin Timberlake
Gravadora: RCA Records / Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Embora seja definitivamente um bom disco, The 20/20 experience - terceiro aguardado álbum de estúdio de Justin Timberlake, nas lojas a partir desta segunda-feira, 18 de março de 2013 - freia o avanço do cantor e compositor norte-americano no terreno da música. Em seu primeiro álbum solo, Justified (2003), Timberlake ecoou influências de Michael Jackson (1958 - 2009) e mostrou de cara que tinha talento e cérebro suficientes para impedir condenamentos por seu passado na boyband 'N Sync. No posterior FutureSex / LoveSounds (2006), Timberlake tendeu mais para Prince e injetou sensualidade na música dos EUA. Primeiro álbum do artista em sete anos, The 20/20 experience é disco calcado nessa sensualidade - tônica de músicas como Spaceship coupe - e seduz com seu ar vintage sem nunca de fato arrebatar. O disco mira o passado da música negra norte-americana - olhar traduzido na imagem de terno e gravata com que o cantor evoca os crooners dos bailes de tempos idos - enquanto se mantém conectado ao presente. Link já sinalizado pelo single Suit & tie, gravado com a adesão do rap de Jay-Z e  lançado em janeiro como aperitivo do álbum. A introdução orquestral da faixa de abertura, Push love girl, evoca os bailes de gala, mas logo a música cai em groove moderno que remete de imediato à obra de Prince. Talvez a manutenção da parceria de Timberlake com o produtor Timbaland - piloto das dez (longas) faixas da edição standard do álbum ao lado de Jerome Harmon e do próprio Timberlake - seja a responsável pela sensação de que o artista recicla em The 20/20 experience sons já trabalhados em seus dois álbuns anteriores. Timbaland, afinal, já deixou há anos de ser o cara. De todo modo, ao encerrar o álbum, a climática Blue ocean floor sinaliza caminho experimental ainda não trilhado pelo artista - possível pista de um provável segundo volume do álbum, com mais dez músicas, que sairia no fim deste ano de 2013. Contudo, a rigor, o que se ouve em The 20/20 experience é refinado mais do mesmo. Um r & b pop e estiloso, com toques de neo soul, levado pelo falsete do cantor e pelos grooves burilados pelos produtores. Strawberry bublegum e That girl reforçam a ideia de que, em essência, o disco é uma cantada bem dada de Timberlake. Mais agitada, Let the groove get in se joga na pista de Michael Jackson, mas com dose adicional de latinidade. A balada r & b Mirrors se insinua como o grande hit do disco por sua pegada envolvente. Há nesta faixa uma aura pop perceptível também em, com menor densidade, em Tunnel vision, outro provável destaque do repertório. Em contrapartida, uma boa música como Don't hold the wall deixa a impressão de se estender além da conta no CD. Enfim, por ter sido muito aguardado, The 20/20 experience não justifica toda a expectativa depositada na volta de Justin Timberlake ao disco após sucessivas incursões pelo cinema, como ator. Ainda assim, trata-se de bom álbum que firma a identidade musical do artista em suas experiências sonoras.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Embora seja definitivamente um bom disco, The 20/20 experience - terceiro aguardado álbum de estúdio de Justin Timberlake, nas lojas a partir desta segunda-feira, 18 de março de 2013 - freia o avanço do cantor e compositor norte-americano no terreno da música. Em seu primeiro álbum solo, Justified (2003), Timberlake ecoou influências de Michael Jackson (1958 - 2009) e mostrou de cara que tinha talento e cérebro suficientes para impedir condenamentos por seu passado na boyband 'N Sync. No posterior FutureSex / LoveSounds (2006), Timberlake tendeu mais para Prince e injetou sensualidade na música dos EUA. Primeiro álbum do artista em sete anos, The 20/20 experience é disco calcado nessa sensualidade - tônica de músicas como Spaceship coupe - e seduz com seu ar vintage sem nunca de fato arrebatar. O disco mira o passado da música negra norte-americana - olhar traduzido na imagem de terno e gravata com que o cantor evoca os crooners dos bailes de tempos idos - enquanto se mantém conectado ao presente. Link já sinalizado pelo single Suit & tie, gravado com a adesão do rap de Jay-Z e lançado em janeiro como aperitivo do álbum. A introdução orquestral da faixa de abertura, Push love girl, evoca os bailes de gala, mas logo a música cai em groove moderno que remete de imediato à obra de Prince. Talvez a manutenção da parceria de Timberlake com o produtor Timbaland - piloto das dez (longas) faixas da edição standard do álbum ao lado de Jerome Harmon e do próprio Timberlake - seja a responsável pela sensação de que o artista recicla em The 20/20 experience sons já trabalhados em seus dois álbuns anteriores. Timbaland, afinal, já deixou há anos de ser o cara. De todo modo, ao encerrar o álbum, a climática Blue ocean floor sinaliza caminho experimental ainda não trilhado pelo artista - possível pista de um provável segundo volume do álbum, com mais dez músicas, que sairia no fim deste ano de 2013. Contudo, a rigor, o que se ouve em The 20/20 experience é refinado mais do mesmo. Um r & b pop e estiloso, com toques de neo soul, levado pelo falsete do cantor e pelos grooves burilados pelos produtores. Strawberry bublegum e That girl reforçam a ideia de que, em essência, o disco é uma cantada bem dada de Timberlake. Mais agitada, Let the groove get in se joga na pista de Michael Jackson, mas com dose adicional de latinidade. A balada r & b Mirrors se insinua como o grande hit do disco por sua pegada envolvente. Há nesta faixa uma aura pop perceptível também em, com menor densidade, em Tunnel vision, outro provável destaque do repertório. Em contrapartida, uma boa música como Don't hold the wall deixa a impressão de se estender além da conta no CD. Enfim, por ter sido muito aguardado, The 20/20 experience não justifica toda a expectativa depositada na volta de Justin Timberlake ao disco após sucessivas incursões pelo cinema, como ator. Ainda assim, trata-se de bom álbum que firma a identidade musical do artista em suas experiências sonoras.

Daniel disse...

Tb esperava muito do álbum. Embora ache o Justin muito talentoso, o estilo das suas musicas ainda não tinha me arrebatado. Pensei que talvez fosse dessa vez que algumas faixas conseguiriam me conquistar, mas definitivamente não. Achei o álbum péssimo. Boa mesmo só Mirrors, Suit And Tie é mediana e o resto eu passo. Por todo esse hiato eu esperava algo mais grandioso, mais pop.