Mauro Ferreira no G1

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sábado, 5 de setembro de 2015

Álbum raro em que Vanusa deu voz à MPB valoriza segunda caixa da cantora

Resenha de caixa de CDs
Título: Vanusa vol. 2 (1974 - 1979)
Artista: Vanusa
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * *

Para colecionadores de discos, a inclusão na caixa Vanusa vol. 2 (1974 - 1979) da primeira reedição em CD de Amigos novos e antigos (RCA Victor, 1975) - álbum em que a cantora paulista deu voz a músicas de compositores da MPB que deu o tom dos anos 1970 - justifica por si só a aquisição da segunda das duas caixas produzidas pelo pesquisador Marcelo Fróes para seu selo Discobertas com reedições dos oito primeiros álbuns da carreira fonográfica de Vanusa. Até então inédito no formato de CD, Amigos novos e antigos foi tentativa válida da cantora de se associar à elite da MPB. A artista vinha de um álbum - Vanusa (Continental, 1974), primeiro dos quatro discos embalado nessa segunda caixa (título já relançado em CD pelo próprio Marcelo Fróes em 2008, na série Ídolos da Jovem Guarda) - que emplacara nas rádios um sucesso popular, Sonhos de um palhaço (Antonio Marcos e Sérgio Sá, 1974). Só que Vanusa tinha sucessos, e não status. Àquela altura, a cantora já tinha lançado discos impregnados de soul e de psicodelia, no período de 1969 a 1971, mas ainda lhe faltava o prestígio adquirido pelas vozes admitidas no seleto clube da MPB. Aberto pela gravação original de Paralelas (1975), um dos maiores sucessos da musicografia do compositor cearense Belchior, o álbum Amigos novos e antigos buscou esse prestígio sob a produção de Moracy do Val e Lincoln Olivetti (1954 - 2015). Lançada por Maria Alcina em 1974, a música-título Amigos novos e antigos era da lavra de João Bosco & Aldir Blanc, dupla que vivia momento áureo, avalizada por Elis Regina (1945 - 1982). Congênito era música então inédita fornecida por Luiz Melodia, compositor carioca que havia sido lançado por Gal Costa em 1971. Parceria bissexta e inusitada do cearense Fagner com Antonio Marcos (1945 - 1992), cantor e compositor paulistano casado com Vanusa na época, Coração americano parecia tentativa de simular as canções épicas de Milton Nascimento e Fernando Brant (1946 - 2015) - compositores dos quais, aliás, Vanusa revivia Outubro (1967) na sequência de Coração americano. E por falar em sequência, Vanusa 30 anos (Som Livre, 1977) - álbum cujo título aludia à idade da cantora naquele ano de 1977 - foi uma tentativa de dar continuidade à linha adotada pela cantora em Amigos novos e antigos. Em Vanusa 30 anos, disco já relançado no formato de CD em 2011 pela gravadora Joia Moderna, a intérprete apresentou a primeira gravação de Avohai (Zé Ramalho), lançou inédita de Caetano Veloso (Duas manhãs) e teve a primazia de registrar outra música de Belchior (Brincando com a vida). Contudo, Vanusa 30 anos - álbum produzido por Augusto César Vannucci e Lincoln Olivetti - acabou não sedimentando o caminho de Vanusa na trilha da MPB. O disco vendeu abaixo das expectativas, o que fez com que a cantora voltasse para a gravadora RCA. Último dos quatro títulos da caixa, Viva Vanusa (RCA, 1979) é o disco do sucesso popular Mudanças, composto pela própria Vanusa com seu parceiro Sérgio Sá. Na onda feminina que invadiu a MPB naquele ano de 1979, Vanusa deu voz ao seu hino feminista. A partir de 1980, década em que gravou (regularmente) álbuns aquém de sua voz e de seu histórico fonográfico, Vanusa foi perdendo progressivamente a popularidade até sumir na poeira da estrada, reaparecendo em 2009 como motivo de piada na web por ter se atrapalhado com a letra do Hino Nacional Brasileiro (Francisco Manoel da Silva e Joaquim Osório Duque Estrada, 1822) em solenidade pública. Mas a grande maioria dos oito álbuns reeditados por Marcelo Fróes nas duas caixas dedicadas à discografia da artista mostra que Vanusa Santos Flores  era cantora para ser levada a sério em seu período áureo.

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Para colecionadores de discos, a inclusão na caixa Vanusa vol. 2 (1974 - 1979) da primeira reedição em CD de Amigos novos e antigos (RCA Victor, 1975) - álbum em que a cantora paulista deu voz a músicas de compositores da MPB que deu o tom dos anos 1970 - justifica por si só a aquisição da segunda das duas caixas produzidas pelo pesquisador Marcelo Fróes para seu selo Discobertas com reedições dos oito primeiros álbuns da carreira fonográfica de Vanusa. Até então inédito no formato de CD, Amigos novos e antigos foi tentativa válida da cantora de se associar à elite da MPB. A artista vinha de um álbum - Vanusa (Continental, 1974), primeiro dos quatro discos embalado nessa segunda caixa (título já relançado em CD pelo próprio Marcelo Fróes em 2008, na série Ídolos da Jovem Guarda) - que emplacara nas rádios um sucesso popular, Sonhos de um palhaço (Antonio Marcos e Sérgio Sá, 1974). Só que Vanusa tinha sucessos, e não status. Àquela altura, a cantora já tinha lançado discos impregnados de soul e de psicodelia, no período de 1969 a 1971, mas ainda lhe faltava o prestígio adquirido pelas vozes admitidas no seleto clube da MPB. Aberto pela gravação original de Paralelas (1975), um dos maiores sucessos da musicografia do compositor cearense Belchior, o álbum Amigos novos e antigos buscou esse prestígio sob a produção de Moracy do Val e Lincoln Olivetti (1954 - 2015). Lançada por Maria Alcina em 1974, a música-título Amigos novos e antigos era da lavra de João Bosco & Aldir Blanc, dupla que vivia momento áureo, avalizada por Elis Regina (1945 - 1982). Congênito era música então inédita fornecida por Luiz Melodia, compositor carioca que havia sido lançado por Gal Costa em 1971. Parceria bissexta e inusitada do cearense Fagner com Antonio Marcos (1945 - 1992), cantor e compositor paulistano casado com Vanusa na época, Coração americano parecia tentativa de simular as canções épicas de Milton Nascimento e Fernando Brant (1946 - 2015) - compositores dos quais, aliás, Vanusa revivia Outubro (1967) na sequência de Coração americano. E por falar em sequência, Vanusa 30 anos (Som Livre, 1977) - álbum cujo título aludia à idade da cantora naquele ano de 1977 - foi uma tentativa de dar continuidade à linha adotada pela cantora em Amigos novos e antigos. Em Vanusa 30 anos, disco já relançado no formato de CD em 2011 pela gravadora Joia Moderna, a intérprete apresentou a primeira gravação de Avohai (Zé Ramalho), lançou inédita de Caetano Veloso (Duas manhãs) e teve a primazia de registrar outra música de Belchior (Brincando com a vida). Contudo, Vanusa 30 anos - álbum produzido por Augusto César Vannucci e Lincoln Olivetti - acabou não sedimentando o caminho de Vanusa na trilha da MPB. O disco vendeu abaixo das expectativas, o que fez com que a cantora voltasse para a gravadora RCA. Último dos quatro títulos da caixa, Viva Vanusa (RCA, 1979) é o disco do sucesso popular Mudanças, composto pela própria Vanusa com seu parceiro Sérgio Sá. Na onda feminina que invadiu a MPB naquele ano de 1979, Vanusa deu voz ao seu hino feminista. A partir de 1980, década em que gravou (regularmente) álbuns aquém de sua voz e de seu histórico fonográfico, Vanusa foi perdendo progressivamente a popularidade até sumir na poeira da estrada, reaparecendo em 2009 como motivo de piada na web por ter se atrapalhado com a letra do Hino Nacional Brasileiro (Francisco Manoel da Silva e Joaquim Osório Duque Estrada, 1822) em solenidade pública. Mas a grande maioria dos oito álbuns reeditados por Marcelo Fróes nas duas caixas dedicadas à discografia da artista mostra que Vanusa Santos Flores era cantora para ser levada a sério em seu período áureo.

Rafael disse...

Assim como a primeira caixa da Vanusa, esta segunda também é indispensável para quem quer ouvir boa música... Só não entendi porque lançaram novamente o disco de 30 anos de carreira da Vanusa, já que a Jóia Moderna lançou esse mesmo álbum.

Marcelo disse...

VIVA VANUSA é um discaço!! Tem canções lindas!!

Emilio Pacheco disse...

O objetivo dessas caixas foi o de apresentar todos os álbuns dentro de um determinado período, independente de já terem sido relançados ou não. O primeiro dela também já tinha saído em CD, assim como o de 1974 e o "Viva Vanusa". E os "30 Anos" se referem à idade, não ao tempo de carreira, que a cantora tinha na época.

Roberto de Brito disse...

Não teria sentido o "Vanusa 30 Anos" não entrar na caixa, que abrange o período de 74 a 79, só porque já foi lançado anteriormente pela Jóia Moderna. Até porque o "Viva Vanusa" também já saiu em cd também, na série "2 LPs em 1 Cd", junto com o "Vanusa", de 81.

Adriano disse...

O iTUnes atualizou com alguns álbuns das caixas novas e com parte dos álbuns dos anos 80 também, seria muito interessante ter o resto da discografia dela saindo em novas caixas.

Unknown disse...

Esta segunda caixa é um luxo.Garanti a minha.Há muito tempo eu sonhava com estes discos da Vanusa.Gosto de todas as fases dela,mas a Vanusa da MPB é que mais me cativou por conseguir mostrar todo potencial de cantora.