Mauro Ferreira no G1

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sábado, 15 de novembro de 2014

Pueril, Projota rima para o universo (pop) em álbum que o tira do gueto do rap

Resenha de CD
Título: Foco, força e fé
Artista: Projota
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * 1/2

"Essa mulher é raridade, já virei fã / Vou dedicar pra ela todas as canções do Djavan", rima Projota em verso de O vento (Projota, Markos Vinicius e Skeeter), uma das 15 músicas do primeiro álbum do rapper paulistano, projetado fora do gueto ao fazer participação no DVD gravado pela funkeira pop carioca Anitta no início deste ano de 2014. Em essência, O vento é uma cantada passada por Projota através de canção que soa mais próxima do universo pop folk do que do nicho do hip hop. Foco, força e fé é o título do álbum ora lançado pela gravadora multinacional Universal Music com 11 músicas inéditas entre suas 15 faixas. A fé parece estar depositada nas possibilidades mercadológicas de um disco que rima para o universo pop com a legitimidade de um rapper que quer extrapolar o gueto. "Curto Charlie Sheen, mas prefiro Sean Penn / Renato Russo e Elis também / Cresci entre Sabotage e Kurt Cobain", rima Projota, listando influências nos versos da faixa-título Foco, força e fé (Projota, Pedro Dash e Dan Valbusa), rap alocado na abertura do disco, como carta de intenções do artista. A referência a Renato Russo (1960 - 1996) é explicitada no uso de Tempo perdido (Renato Russo, 1986) como tema incidental de Carta aos meus (Projota e Nave), rap que faz messiânico discurso positivista dirigido à legião urbana da geração de Projota. "Somos tão jovens...", conclui o rap gravado com a participação do legionário Dado Villa-Lobos. Por mais que o discurso de Projota soe pueril nos temas de cunho social como Hey, irmão (Projota, Markos Vinicius e Fernanda Porto) e Um dia a mais (Projota e Nixon Silva), Foco, força e fé é o retrato jovial de um rapper que se sente no direito (legítimo, cabe repetir) de recusar os nichos e cortejar o universo pop com tudo que lhe é permitido. Com o foco direcionado para as possibilidades e caminhos que se abrem numa gravadora multinacional como a Universal Music, Projota se permite fazer conexão com o cantor e compositor colombiano de reggaeton J. Balvin - cujo hit Tranquila (2012) ganha versão em português assinada por Projota e gravada com adesão do próprio Balvin - assim como topa encarnar a personagem do mano fodão em Elas gostam assim, rap cujo discurso machista e sexista é dividido por Projota com o colega carioca Marcelo D2, com direito à citação de Chico Buarque ("Você não gosta de mim, mas sua filha gosta"). Bom, o ser humano é falho, como canta Negra Li no refrão de O homem que não tinha nada (Projota, Pedro Dash e Dan Valbusa). Entre erros e acertos, Projota mantém o foco nos objetivos. "Aqui um em um milhão nasce para vencer / Mas nada impede que esse um seja você / E tudo que você precisa ter é / Foco, um objetivo para alcançar...", receita o rapper nos versos do rap que batiza Foco, força e fé. Entre rimas fáceis, o recado é dado a quem quiser ouvir. E, sim, (já) há quem queira...

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ "Essa mulher é raridade, já virei fã / Vou dedicar pra ela todas as canções do Djavan", rima Projota em verso de O vento (Projota, Markos Vinicius e Skeeter), uma das 15 músicas do primeiro álbum do rapper paulistano, projetado fora do gueto ao fazer participação no DVD gravado pela funkeira pop carioca Anitta no início deste ano de 2014. Em essência, O vento é uma cantada passada por Projota através de canção que soa mais próxima do universo pop folk do que do nicho do hip hop. Foco, força e fé é o título do álbum ora lançado pela gravadora multinacional Universal Music com 11 músicas inéditas entre suas 15 faixas. A fé parece estar depositada nas possibilidades mercadológicas de um disco que rima para o universo pop com a legitimidade de um rapper que quer extrapolar o gueto. "Curto Charlie Sheen, mas prefiro Sean Penn / Renato Russo e Elis também / Cresci entre Sabotage e Kurt Cobain", rima Projota, listando influências nos versos da faixa-título Foco, força e fé (Projota, Pedro Dash e Dan Valbusa), rap alocado na abertura do disco, como carta de intenções do artista. A referência a Renato Russo (1960 - 1996) é explicitada no uso de Tempo perdido (Renato Russo, 1986) como tema incidental de Carta aos meus (Projota e Nave), rap que faz messiânico discurso positivista dirigido à legião urbana da geração de Projota. "Somos tão jovens...", conclui o rap gravado com a participação do legionário Dado Villa-Lobos. Por mais que o discurso de Projota soe pueril nos temas de cunho social como Hey, irmão (Projota, Markos Vinicius e Fernanda Porto) e Um dia a mais (Projota e Nixon Silva), Foco, força e fé é o retrato jovial de um rapper que se sente no direito (legítimo, cabe repetir) de recusar os nichos e cortejar o universo pop com tudo que lhe é permitido. Com o foco direcionado para as possibilidades e caminhos que se abrem numa gravadora multinacional como a Universal Music, Projota se permite fazer conexão com o cantor e compositor colombiano de reggaeton J. Balvin - cujo hit Tranquila (2012) ganha versão em português assinada por Projota e gravada com a adesão do próprio Balvin - assim como topa encarnar a personagem do mano fodão em Elas gostam assim, rap cujo discurso machista e sexista é dividido por Projota com o colega carioca Marcelo D2, com direito à citação de Chico Buarque ("Você não gosta de mim, mas sua filha gosta"). Bom, o ser humano é falho, como canta Negra Li no refrão de O homem que não tinha nada (Projota, Pedro Dash e Dan Valbusa). Entre erros e acertos, Projota mantém o foco em seus objetivos. "Aqui um em um milhão nasce para vencer / Mas nada impede que esse um seja você / E tudo que você precisa ter é / Foco, um objetivo para alcançar...", receita o rapper nos versos do rap que batiza Foco, força e fé. Entre rimas fáceis, o recado é dado a quem quiser ouvir.

Luca disse...

Mauro só fala bem do Criolo e do Emicida, Projota não é da turma dele