Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


domingo, 2 de novembro de 2014

Encontros reforçam em CD e DVD o caminho caipira de Paula Fernandes

Resenha de CD e DVD
Título: Encontros pelo caminhos
Artista: Paula Fernandes
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *

Paula Fernandes é uma artista caipira e, no caso, o adjetivo pode ser usado no bom e no mau sentido.  Encontros pelo caminho  - coletânea de duetos da artista mineira , já nas lojas no formato de CD simples, CD duplo e DVD via Universal Music - reforça a trilha caipira seguida por essa cantora e compositora mineira desde sempre associada ao universo sertanejo. Dona de bela voz grave, Paula Fernandes é caipira no sentido nobre do adjetivo quando, por exemplo, se encontra com Renato Teixeira e Sérgio Reis para reviver Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira, 1922), pioneiro e pungente clássico do cancioneiro rural brasileiro. Ou quando se encontra com Almir Satter para seguir a toada melódica de Jeito de mato (Maurício Santini e Paula Fernandes, 2008), joia moderna do universo sertanejo.  Em contrapartida, Paula Fernandes é caipira no pior sentido do termo quando forja dueto com o cantor norte-americano Frank Sinatra (1915 - 1998) em Brazil, a versão em inglês de Aquarela do Brasil (Ary Barroso, 1939), escrita pelo letrista norte-americano Bob Russell (1914 - 1970) em 1942 e gravada por Sinatra em álbum lançado em 1958. Ao se aproximar de forma real ou por meios tecnológicos de artistas estrangeiros (como Chayanne, Juanes e Michael Bolton - todos presentes em Encontros pelo caminho em fonogramas mais ou menos recentes), Paula parece querer enfatizar que sua música tem sotaque pop contemporâneo e que extrapola o universo sertanejo. Só que tal ênfase é feita de forma natural na própria discografia da artista. Bonita, Paula Fernandes tem sido moldada pela gravadora Universal Music para personificar no Brasil a versão nacional da cantora norte-americana de country que quer se livrar do rótulo de caipira. É sintomático, aliás, que o dueto escolhido para promover de início essa coletânea de encontros - lançada com status de álbum por conter algumas gravações inéditas, mas ainda assim é uma compilação - tenha sido o dueto bilíngue de Paula com Shania Twain em You're still the one (Shania Twain e Robert John Lange, 1998), um dos maiores sucessos de Shania, cantora que seguiu nos Estados Unidos na década de 1990 a trilha ora pavimentada por Paula Fernandes no Brasil desde a segunda metade dos anos 2000. Dentro dessa trilha, Paula apresenta - em gravação inédita feita com a dupla Victor & Leo - uma das melhores músicas da atual safra sertaneja, Depois, parceria da artista com Victor Chaves. Depois é música bem mais sedutora do que a também inédita Pegando lágrimas, balada chorosa de Xororó, gravada por Paula com a dupla Chitãozinho & Xororó. Depois e Pegando lágrimas são ouvidas no DVD em clipes de tom artificial, filmados na fazenda (no caso de Depois) e no estúdio (no caso de Pegando lágrimas). Artificial também é o texto de abertura do DVD, recitado ao som violeiro que pauta a Canção do caminho (Paula Fernandes e Márcio Santini). Nessa abertura, Paula é vista andando por uma estrada de terra, ponto de partida de uma caminhada musical que resulta mais interessante quando os encontros se dão de forma natural, sem a preocupação de realçar uma universalidade já embutida na formatação pop de sua música essencialmente caipira.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Paula Fernandes é uma artista caipira e, no caso, o adjetivo pode ser usado no bom e no mau sentido. Encontros pelo caminho - coletânea de duetos da artista mineira , já nas lojas no formato de CD simples, CD duplo e DVD via Universal Music - reforça a trilha caipira seguida por essa cantora e compositora mineira desde sempre associada ao universo sertanejo. Dona de bela voz grave, Paula Fernandes é caipira no sentido nobre do adjetivo quando, por exemplo, se encontra com Renato Teixeira e Sérgio Reis para reviver Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira, 1922), pioneiro e pungente clássico do cancioneiro rural brasileiro. Ou quando se encontra com Almir Satter para seguir a toada melódica de Jeito de mato (Maurício Santini e Paula Fernandes, 2008), joia moderna do universo sertanejo. Em contrapartida, Paula Fernandes é caipira no pior sentido do termo quando forja dueto com o cantor norte-americano Frank Sinatra (1915 - 1998) em Brazil, a versão em inglês de Aquarela do Brasil (Ary Barroso, 1939), escrita pelo letrista norte-americano Bob Russell (1914 - 1970) em 1942 e gravada por Sinatra em álbum lançado em 1958. Ao se aproximar de forma real ou por meios tecnológicos de artistas estrangeiros (como Chayanne, Juanes e Michael Bolton - todos presentes em Encontros pelo caminho em fonogramas mais ou menos recentes), Paula parece querer enfatizar que sua música tem sotaque pop contemporâneo e que extrapola o universo sertanejo. Só que tal ênfase é feita de forma natural na própria discografia da artista. Bonita, Paula Fernandes tem sido moldada pela gravadora Universal Music para personificar no Brasil a versão nacional da cantora norte-americana de country que quer se livrar do rótulo de caipira. É sintomático, aliás, que o dueto escolhido para promover de início essa coletânea de encontros - lançada com status de álbum por conter algumas gravações inéditas, mas ainda assim é uma compilação - tenha sido o dueto bilíngue de Paula com Shania Twain em You're still the one (Shania Twain e Robert John Lange, 1998), um dos maiores sucessos de Shania, cantora que seguiu nos Estados Unidos na década de 1990 a trilha ora pavimentada por Paula Fernandes no Brasil desde a segunda metade dos anos 2000. Dentro dessa trilha, Paula apresenta - em gravação inédita feita com a dupla Victor & Leo - uma das melhores músicas da atual safra sertaneja, Depois, parceria da artista com Victor Chaves. Depois é música bem mais sedutora do que a também inédita Pegando lágrimas, balada chorosa de Xororó, gravada por Paula com a dupla Chitãozinho & Xororó. Depois e Pegando lágrimas são ouvidas no DVD em clipes de tom artificial, filmados na fazenda (no caso de Depois) e no estúdio (no caso de Pegando lágrimas). Artificial também é o texto de abertura do DVD, recitado ao som violeiro que pauta a Canção do caminho (Paula Fernandes e Márcio Santini). Nessa abertura, Paula é vista andando por uma estrada de terra, ponto de partida de uma caminhada musical que resulta mais interessante quando os encontros se dão de forma natural, sem a preocupação de realçar uma universalidade já embutida na formatação pop de sua música essencialmente caipira.

ADEMAR AMANCIO disse...

Conotação negativa em ser caipira,gostei.

Alan disse...

Boa resenha. Achei muito forçada essa compilação, do tipo de disco pra "dar um fôlego" pra Paula, que estava dando uns sinais de falta de força no último DVD. Mas como as gravadoras não param, fizeram esse tapa buraco, e talvez ajude ela a criar um disco legal ano que vem.

google disse...

O comentário acima não condiz em nada com a realidade.... Paula continua sendo um nome de destaque da música brasileira, nas premiações é sempre umas das grandes vencedoras, em nada falta fôlego para ela pois em questão de vendas continua sendo uma das maiores do país tanto que o DVD e CD já são disco de platina e ano passado ela teve 3 CDs no Top10 dos mais vendidos... Sobre a coletânea: Concordo em partes com a crítica! Em nada me apareceu forçada, pois se é uma coletânea pra representar os encontros musicais que ele teve está ótima, pois mostra a Paula caipira do inicio e a Paula mais contemporânea de hoje em dia... Tanto que os duetos bilíngües me pareceu natural pois isso já é uma prática natural nos seus últimos CDs, então como é uma coletânea pra representar os seus "encontros musicais" a forma como as músicas foram apresentadas na minha opinião ficou como que tinha ser: belas canções que representam bem o caminho que sua carreira tomou e está tomando, de caipira pra contemporânea!

Marcelo disse...

Lixo!