Mauro Ferreira no G1

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sábado, 18 de abril de 2015

Partindo do Norte, Alaídenegão tece som coeso no CD 'Senoide sensual'

Resenha de CD
Título: Senoide sensual
Artista: Alaídenegão
Gravadora: Deck
Cotação: * * * *

É curioso que os dois principais integrantes do grupo Alaídenegão - nascido entre Manaus (AM) e Boa Vista (RO), em 2008, a partir da amizade entre o paraibano Agenor Vasconcelos (baixo e voz) e o pernambucano Davi Escobar (guitarra e voz) - tenham origens nordestinas. Afinal, os ritmos e sons regionais associados ao Norte do Brasil - carimbó, guitarrada e brega, sobretudo - pautam a maioria das 14 músicas do primeiro álbum do quinteto, Senoide sensual, lançado em edição física em CD, via Deck, neste mês de abril de 2015 na sequência da edição digital apresentada em 17 de março. Já aos primeiros segundos da faixa que abre o disco, Tecendo o som (Davi Escobar, Agenor Vasconcelos, Rafael Ângelo, Markito Rock e Anastácio Jr.), o suingue do Norte dá o tom. Mas outros ritmos e levadas aparecem ao longo do álbum sem que a fina mistura desande. Ao contrário. Combinando músicas inéditas, como a carnavalesca Caia em si (Antonio Vicente, Davi Escobar, Agenor Vasconcelos, Rafael Ângelo, Markito Rock e Anastácio Jr.), com composições já previamente gravadas em seus três EPs, a banda tece som coeso em Senoide sensual, partindo do Norte em direção a outras praias. Nessa tessitura sonora, os trompetes de Markito Rock e de Jessé Sadoc (também no flugelhorn) - músico convidado do álbum - são determinantes para que Alaídenegão caia no suingue sem se afastar de sua origem nortista, como mostra o arranjo de Rodar na bica (Antonio Vicente e Davi Escobar), música de pegada sedutora. Contudo, Senoide sensual jamais se limita ao já em si rico universo musical do Norte do Brasil. Samba novo (Agenor Vasconcelos e Davi Escobar) entra à moda carioca na cadência do gênero que lhe dá título, com o mesmo humor que marca Batom na cueca (Eliakin Rufino e Davi Escobar), incursão pelo cabaré do brega. Já Zapata (Davi Escobar e Antonio Vicente) põe as células rítmicas do samba a serviço de recado político ("Prefiro morrer em pé cansado / Do que viver em pé ajoelhado"). Entre a evocação afro do Toque dos ancestrais (Davi Escobar e Antonio Vicente) e  a psicodelia embutida em Chica mala (Agenor Vasconcelos), música menos inspirada do repertório, Senoide sensual soa rocker mais na atitude do que no som, feito também pela bateria de A.J. e pela guitarra de Rafael Ângelo. A produção azeitada de Rafael Ramos certamente contribuiu para impedir que a mistura desande. E o fato é que Senoide sensual é ótima surpresa deste ano fonográfico de 2015.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ É curioso que os dois principais integrantes do grupo Alaídenegão - nascido entre Manaus (AM) e Boa Vista (RO), em 2008, a partir da amizade entre o paraibano Agenor Vasconcelos (baixo e voz) e o pernambucano Davi Escobar (guitarra e voz) - tenham origens nordestinas. Afinal, os ritmos e sons regionais associados ao Norte do Brasil - carimbó, guitarrada e brega, sobretudo - pautam a maioria das 14 músicas do primeiro álbum do quinteto, Senoide sensual, lançado em edição física em CD, via Deck, neste mês de abril de 2015 na sequência da edição digital apresentada em 17 de março. Já aos primeiros segundos da faixa que abre o disco, Tecendo o som (Davi Escobar, Agenor Vasconcelos, Rafael Ângelo, Markito Rock e Anastácio Jr.), o suingue do Norte dá o tom. Mas outros ritmos e levadas aparecem ao longo do álbum sem que a fina mistura desande. Ao contrário. Combinando músicas inéditas, como a carnavalesca Caia em si (Antonio Vicente, Davi Escobar, Agenor Vasconcelos, Rafael Ângelo, Markito Rock e Anastácio Jr.), com composições já previamente gravadas em seus três EPs, a banda tece som coeso em Senoide sensual, partindo do Norte em direção a outras praias. Nessa tessitura sonora, os trompetes de Markito Rock e de Jessé Sadoc (também no flugelhorn) - músico convidado do álbum - são determinantes para que Alaídenegão caia no suingue sem se afastar de sua origem nortista, como mostra o arranjo de Rodar na bica (Antonio Vicente e Davi Escobar), música de pegada sedutora. Contudo, Senoide sensual jamais se limita ao já em si rico universo musical do Norte do Brasil. Samba novo (Agenor Vasconcelos e Davi Escobar) entra à moda carioca na cadência do gênero que lhe dá título, com o mesmo humor que marca Batom na cueca (Eliakin Rufino e Davi Escobar), incursão pelo cabaré do brega. Já Zapata (Davi Escobar e Antonio Vicente) põe as células rítmicas do samba a serviço de recado político ("Prefiro morrer em pé cansado / Do que viver em pé ajoelhado"). Entre a evocação afro do Toque dos ancestrais (Davi Escobar e Antonio Vicente) e a psicodelia embutida em Chica mala (Agenor Vasconcelos), música menos inspirada do repertório, Senoide sensual soa rocker mais na atitude do que no som, feito também pela bateria de A.J. e pela guitarra de Rafael Ângelo. A produção azeitada de Rafael Ramos certamente contribuiu para impedir que a mistura desande. E o fato é que Senoide sensual é ótima surpresa deste ano fonográfico de 2015.

Luca disse...

essa turma do Norte já deu.