Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 7 de abril de 2015

Cidadão instiga ao refazer rotas roqueiras no seu quarto álbum, Fortaleza

Resenha de álbum
Título: Fortaleza
Artista: Cidadão instigado
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * 1/2
 Disco disponível para download gratuito no site oficial da banda

Embora seja natural de Fortaleza, capital do Ceará na qual veio ao mundo em 1994, Cidadão Instigado é do mundo. Fortaleza é o título do quarto álbum do grupo e o nome de uma das 12 músicas inéditas do disco produzido por Fernando Catatau - com coprodução dos outros músicos da banda - e lançado neste mês de abril de 2015. Gravada com o violão de Dado Villa-Lobos, Fortaleza - a música - sobressai no repertório inteiramente autoral do disco, explicitando a origem nordestina do Cidadão, tal como fazem introdução e riffs de Perto de mim, outra das 12 músicas de um disco de rock. Sim, a ambiência, os riffs e os toques das guitarras de Catatau e Dustan Gallas em músicas como Ficção científica não deixam dúvidas de que Fortaleza pode ser classificado como um disco de rock que refaz viagens dos anos 1970, soando menos psicodélico do que O ciclo da de.cadência (Independente, 2002), menos pop do que Cidadão instigado e o método túfo de experiências (Independente, 2005) e menos confuso do que seu antecessor UHUUU! (Independente, 2009). Ainda assim, é um rock pouco palatável. Como sinalizam músicas como Até que enfim e Dudu vivi dada, as melodias do Cidadão Instigado trilham caminhos inesperados, tortos, que mais instigam do que cativam o ouvinte. É como se elas, as melodias, seguissem o fluxo livre e espontâneo que norteia a personagem dos versos de Os viajantes. O preço a pagar pela heterodoxia é o fato de o Cidadão Instigado permanecer sendo grupo composto por músicos isoladamente mais fortes na cena contemporânea do que a própria banda. Os toques da guitarra de Catatau e dos teclados de Gallas - músico que também assume a guitarra neste disco sem abandonar o baixo e os teclados - estão impressos em grandes álbuns alheios produzidos por ambos. De toda forma, há recompensas para quem desbravar a trilha árdua de Fortaleza. Com eventuais versos em inglês em letras escritas em bom português, Land of light e Green card reverberam ecos de bandas viajantes dos anos 1970, sobretudo do grupo britânico Pink Floyd. Já o voo de Besouros e borboletas evoca rotas já seguidas pelo cantor e compositor paraibano Zé Ramalho nas viagens musicais que fez naquela década. Quando a máscara cai repõe em pauta um peso e uma sujeira quase punk. No fim, Lá lá lá lá lá lá fecha o álbum em tom pop que soa quase alienígena por contrastar com a ambiência roqueira impregnada em Fortaleza, bom álbum que encorpa o som da banda, provando que o cearense Cidadão Instigado é do mundo.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Embora seja natural de Fortaleza, capital do Ceará na qual veio ao mundo em 1994, Cidadão Instigado é do mundo. Fortaleza é o título do quarto álbum do grupo e o nome de uma das 12 músicas inéditas do disco produzido por Fernando Catatau - com coprodução dos outros músicos da banda - e lançado neste mês de abril de 2015. Gravada com o violão de Dado Villa-Lobos, Fortaleza - a música - sobressai no repertório inteiramente autoral do disco, explicitando a origem nordestina do Cidadão, tal como fazem introdução e riffs de Perto de mim, outra das 12 músicas de um disco de rock. Sim, a ambiência, os riffs e os toques das guitarras de Catatau e Dustan Gallas em músicas como Ficção científica não deixam dúvidas de que Fortaleza pode ser classificado como um disco de rock que refaz viagens dos anos 1970, soando menos psicodélico do que O ciclo da de.cadência (Independente, 2002), menos pop do que Cidadão instigado e o método túfo de experiências (Independente, 2005) e menos confuso do que seu antecessor UHUUU! (Independente, 2009). Ainda assim, é um rock pouco palatável. Como sinalizam músicas como Até que enfim e Dudu vivi dada, as melodias do Cidadão Instigado trilham caminhos inesperados, tortos, que mais instigam do que cativam o ouvinte. É como se elas, as melodias, seguissem o fluxo livre e espontâneo que norteia a personagem dos versos de Os viajantes. O preço a pagar pela heterodoxia é o fato de o Cidadão Instigado permanecer sendo grupo composto por músicos isoladamente mais fortes na cena contemporânea do que a própria banda. Os toques da guitarra de Catatau e dos teclados de Gallas - músico que também assume a guitarra neste disco sem abandonar o baixo e os teclados - estão impressos em grandes álbuns alheios produzidos por ambos. De toda forma, há recompensas para quem desbravar a trilha árdua de Fortaleza. Com eventuais versos em inglês em letras escritas em bom português, Land of light e Green card reverberam ecos de bandas viajantes dos anos 1970, sobretudo do grupo britânico Pink Floyd. Já o voo de Besouros e borboletas evoca rotas já seguidas pelo cantor e compositor paraibano Zé Ramalho nas viagens musicais que fez naquela década. Quando a máscara cai repõe em pauta um peso e uma sujeira quase punk. No fim, Lá lá lá lá lá lá fecha o álbum em tom pop que soa quase alienígena por contrastar com a ambiência roqueira impregnada em Fortaleza, bom álbum que encorpa o som da banda, provando que o cearense Cidadão Instigado é do mundo.

Raffa disse...

Achei esse disco forçado. Acredito que posso mudar minha opinião escutando-o mais vezes, assim como foi com o Método Tufo e Uhuuu. Mas mesmo não digerindo de cara, nas primeiras audições dos anteriores, algumas canções já me cativaram; o que não rolou com esse.

Luca disse...

Achei chato, só isso,