Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

CD 'Flor Morena' alicerça a voz e o samba de Aline Calixto no terreirão nativo

Resenha de CD
Título: Flor morena
Artista: Aline Calixto
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

 Em 2009, Aline Calixto despontou no mercado fonográfico nativo com o lançamento de álbum superestimado, cujo repertório remetia à vivência mineira dessa cantora nascida no Rio de Janeiro (RJ), mas criada nas Geraes. Sucessor de Aline Calixto (2009), Flor morena chega às lojas neste mês de junho de 2011 com alteração na rota geográfica do samba propagado na voz afinada da intérprete. Embora faça escalas em vários pontos da crioula nação do samba, reverenciada em Cabila (Peu Meurray e Leonardo Reis), o segundo disco de Calixto aposta na diversidade do gênero ao mesmo tempo em que aproxima mais a artista do samba cultivado nos mais nobres quintais cariocas - a ponto de ter sua inédita faixa-título assinada pela dupla de bambas Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho (com a adesão de Jr. Dom). Flor morena - o samba fornecido pelo trio carioca para Calixto - segue linha melódica e poética pouco original, mas é belo e dá o tom elegante de um disco que começa em clima de terreiro com a Gemada carioca oferecida por Martinho da Vila. A letra desenha a árvore genealógica da cantora. Na sequência, Me deixa que eu quero sambar - grande tema de Mauro Diniz - celebra o próprio samba, citando em seus versos a luz divina que iluminou a obra atemporal de criadores como Candeia (1935 - 1978). É sob essa luz que floresce ainda a regravação de Coração vulgar (Paulinho da Viola), samba de 1965, alvo de registro interiorizado. Contudo, certa de que o samba não tem fronteiras, Calixto extrapola o quintal carioca em Flor morena. Caçuá (Edil Pacheco e Paulo César Pinheiro) - tema já gravado por Edil no álbum O samba me pegou (2003) - evoca a sensual manemolência baiana com citação de Maracangalha (Dorival Caymmi) enquanto De partir chegar (Joca Perpignan e João Cavalcanti) transita com poesia entre a ciranda e o maracatu de Pernambuco. Já Conversa fiada - única faixa assinada somente por Calixto - esboça diálogo entre o samba e a salsa que não chega a ganhar forma e consistência. Ainda na seara autoral, Calixto é parceira de Thiago Paschoa e Arhtur Maia na romântica Teu Ouvido, faixa em que o som do bumbo simboliza as batidas descompassadas de um coração apaixonado. Em linha mais bem-humorada, Je suis la Maria (Dora Lopes, Jorge Rangel e Jean Pierre) leva o samba para um salão de gafieira por conta dos sopros arranjados por Marcelo Martins. Aliás, há todo um frescor nos arranjos que valorizam até sambas medianos como Blá blá blá (Serginho Beagá) - efeito provável da produção de Flor morena ter sido confiada ao baixista Arthur Maia, nome pouco pronunciado nos quintais onde se cultiva o samba mais tradicional. Maia pilotou o álbum com respeito às tradições do samba, mas sem os clichês recorrentes em discos do gênero. Neste CD pautado pelo sincretismo musical, Ecumenismo (Moacyr Luz e Nei Lopes) reza pela cartilha da diversidade religiosa no mesmo tom libertário da miscigenação saudada em Cafuso (Toninho Geraes e Toninho Nascimento).  Cafuso prepara o terreiro para o fecho de ouro do disco, Reza forte (Rodrigo Maranhão e Mauro Reza), samba-jongo que explicita a criação mineira da artista enquanto festeja a nobreza suburbana na qual está enraizado o samba cultivado nos quintais do Rio de Janeiro. Muito superior ao primeiro disco da cantora, Flor Morena alicerça a voz eficiente, a boa imagem e o samba reverente de Aline Calixto.

20 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 2009, Aline Calixto despontou no mercado fonográfico com o lançamento de álbum superestimado, cujo repertório remetia à vivência mineira dessa cantora nascida no Rio de Janeiro (RJ), mas criada nas Geraes. Sucessor de Aline Calixto (2009), Flor Morena chega às lojas neste mês de junho de 2011 com alteração na rota geográfica do samba propagado na voz afinada da intérprete. Embora faça escalas em vários pontos da crioula nação do samba, reverenciada em Cabila (Peu Meurray e Leonardo Reis), o segundo disco de Calixto aposta na diversidade do gênero ao mesmo tempo em que aproxima mais a artista do samba cultivado nos mais nobres quintais cariocas - a ponto de ter sua inédita faixa-título assinada pela dupla de bambas Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho (com a adesão de Jr. Dom). Flor Morena - o samba fornecido pelo trio carioca para Calixto - segue linha melódica e poética pouco original, mas é belo e dá o tom elegante de um disco que começa em clima de terreiro com a Gemada Carioca oferecida por Martinho da Vila. A letra desenha a árvore genealógica da cantora. Na sequência, Me Deixa que Eu Quero Sambar - grande tema de Mauro Diniz - celebra o próprio samba, citando em seus versos a luz divina que iluminou a obra atemporal de criadores como Candeia (1935 - 1978). É sob essa luz que floresce ainda a regravação de Coração Vulgar (Paulinho da Viola), samba de 1965, alvo de registro interiorizado. Contudo, certa de que o samba não tem fronteiras, Calixto extrapola o quintal carioca em Flor Morena. Caçuá (Edil Pacheco e Paulo César Pinheiro) - tema já gravado por Edil no álbum O Samba me Pegou (2003) - evoca a sensual manemolência baiana com citação de Maracangalha (Dorival Caymmi) enquanto De Partir Chegar (Joca Perpignan e João Cavalcanti) transita com poesia entre a ciranda e o maracatu de Pernambuco. Já Conversa Fiada - única faixa assinada somente por Calixto - esboça diálogo entre o samba e a salsa que não chega a ganhar forma e consistência. Ainda na seara autoral, Calixto é parceira de Thiago Pascoal e Arhtur Maia na romântica Teu Ouvido, faixa em que o som do bumbo simboliza as batidas descompassadas de um coração apaixonado. Em linha mais bem-humorada, Je Suis la Maria (Dora Lopes, Jorge Rangel e Jean Pierre) leva o samba para um salão de gafieira por conta dos sopros arranjados por Marcelo Martins. Aliás, há todo um frescor nos arranjos que valorizam até sambas medianos como Blá Blá Blá (Serginho Beagá) - efeito provável da produção de Flor Morena ter sido confiada ao baixista Arthur Maia, nome pouco pronunciado nos quintais onde se cultiva o samba mais tradicional. Maia pilotou o álbum com respeito às tradições do samba, mas sem os clichês recorrentes em discos do gênero. Neste CD pautado pelo sincretismo musical, Ecumenismo (Moacyr Luz e Nei Lopes) reza pela cartilha da diversidade religiosa no mesmo tom libertário da miscigenação saudada em Cafuso (Toninho Geraes e Toninho Nascimento). Cafuso prepara o terreiro para o fecho de ouro do disco, Reza Forte (Rodrigo Maranhão e Mauro Reza), samba-jongo que explicita a criação mineira da artista enquanto festeja a nobreza suburbana na qual está enraizado o samba cultivado nos quintais do Rio de Janeiro. Muito superior ao primeiro disco da cantora, Flor Morena alicerça a voz, a imagem e o samba reverente de Aline Calixto.

André Luís disse...

Disco aguardadíssimo! Vou comprar de olhos fechados e ouvidos abertos! Porém só quando o preço baixar um pouco, porque o valor que tá no momento (em pré-venda) tá de R$23,90 pra cima!

Luca disse...

Todas querem cantar samba agora, já cansou...

Orlando Júnior disse...

Pelas músicas que já pudemos escutar através da Internet o Cd está Incrível. Aguardadíssimo o lançamento do segundo disco desta que, pra mim, está entre as grandes revelações da música brasileira contemporânea.

Tiago disse...

Me desculpe Luca, "todas querem" mas somente algumas PODEM!!! Contudo, deveria pesquisar mais sobre de onde vem a veia musical dessa diva maravilhosa do samba...Uma nova Bamba do novo Samba... Uma vez que respeitada por toda a Velha Guarda, não há "Luca" que venha me dizer...

Ansioso pela nova obra...e depois dessa descrição do Mauro, nem precisa dizer mais nada...

Sucesso Diva Aline Calixto!!!

Tiago disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tiago disse...

Olá Mauro, saiu no Estado de Minas, que a composiçao de "Teu Ouvido", a qual estou curiosíssimo, que é de Aline, Arthur e Thiago "PASCHOA", e não Pascoal. (não há necessidade de aprovar este coment) Um forte Abraço.

Mauro Ferreira disse...

Tem razão, Tiago. Obrigado por me avisar. Abs, mauroF

Rafael disse...

É incrível que todos os comentários desse Luca aqui no blog são somente para criticar os artistas e cantores. Se não gosta de nada aqui, por quê então acessa o blog a todo momento??? Vá fazer outra coisa então... Se está querendo aparecer, meu caro, aqui não é o lugar certo para você, procure outras praias. Desconte sua raiva no Orkut!!!

Equipe U2R - Universo2Rodas disse...

Adoro a Aline Calixto...espero assitir um show dela desse novo trabalho.

helio disse...

Sou realmente fã de carteirinha da Calixto. Aliás, me torno mais fã a cada dia, pois ela está em ascendente evolução. Pude ouvir algumas músicas desse novo disco no site do Sonora, e fiquei muito curioso pra ver o restante. Fiquei mais feliz ainda em saber Mauro, que ela não gravou somente sambas nesse cd.
Tiago, meu caro, concordo com vc e vou além, pois Aline está se firmando cada vez mais no hall das grandes divas da Música Brasileira.
Aguardo esse já tão elogiado cd...

Cassiana Lima disse...

Caro Mauro,
conheço o trabalho de Aline Calixto desde o ano de 2001 e posso afirmar que o som dessa cantora carioca, criada em terras mineiras, veio para ficar. Acompanho a muito sua intensa pesquisa sobre as raízes do samba brasileiro, seu interesse em conhecer e experimentar rítmos e matizes de nossa tão variada cultura, que é, como bem sabia Mário de Andrade e seu Macunaíma, desgeograficada.
Portanto, parabéns por sua resenha:Ela reconhece, a tempo, uma personalidade musical, que com honestidade e consistência, está aí para fazer jus à riqueza da música brasileira. Aline como geográfa que é, também sabe: o samba não tem geografia. E viva nossos tambores, pandeiros e cuícas!
Cassiana Lima Cardoso

antônia disse...

Gente! Não vejo a hora desse cd chegar às minhas mãos!!! Mauro, parabéns pela crítica! Só acrescentaria mais uma palavrinha no final: "Flor Morena alicerça a voz, a imagem e o samba reverente (e irreverente!) de Aline Calixto.

Digo irreverente porque acho que ela faz um samba diferente das suas demais contemporâneas. A maioria, é mais do mesmo e sem consistência. Aline Calixto é um misto de tradição com modernidade.

Pesquisei e achei no site da FNAC o melhor preço do cd dela. Quem quiser aí vai o link: http://www.fnac.com.br/flor-morena-FNAC,,musica-581779-2173.html


Antônia Borba

Gilberto disse...

Prezado Mauro,
sinto-me, como também geógrafo, navegando nas melodias da cantora Aline Calixto, não só pelo Brasil, mas pelo mundo afora e n0 que aflora do meu lindo e rico país. Faço, ouvindo suas melodias e letras, viagens rebuscadas de história que traze, em sí, conhecimento aliado à gostosura de experimentar o diferente e o inusitado. Características natas de uma pessoa inteligente, carcás, criativa, cativante. E que, com humildade, melodia e pura brasilidade já conquistou e irá muito, mas muito mais longe, levando com mimo, dengo, molejo... um pouco de cada um de nós, por esse mundão afora - de oeste à leste, do sul ao norte. O resultado é sucesso puro e apurado.Representa parte de mim, de você, é tudo junto e misturado, representando esse Brasil tão mixigenado.
Sou primeiro fã e de carteirinha
Gilberto Fialho Moreira

Luciano disse...

Aline Calixto reafirma que há música brasileira de qualidade. Acho que o brasileiro sente falta disso, ter acesso à cantores tão talentosos.

Gabi disse...

Acompanho o trabalho dela e digo: se o cd for tão bom como é ela no palco.... será o melhor cd do ano! Pelas músicas que já ouvi, to gostando demais.
E mais curiosa ainda em saber que ela está cantando outro tipo de música (ciranda com maracatu, deve ter ficado incrível).
Aguardo muitíssimo ansiosa!

Gabriela

Maru disse...

Acho Aline Calixto e Roberta Sá um poder! São as melhores da atualidade. Cantam lindo e são belíssimas. Cada uma com seus encantos, Aline tem canto forte e é enregia pura no palco, Roberta tem cando doce e é super meiga no palco. Agora convenhamos, a Aline precisava aparecer mais nessas mídias, pois o povo desse país precisa conhecer essa artista que ao meu ver, é completa! Só falta mesmo uma maior visibilidade pra ela estourar de vez!!!

Maru Morais

Negruska disse...

Essa bichinha é porreta hein! Conheci ela esse ano no Sarau du Brown, cantando ao lado da minha querida amiga Ivete Sangalo.
A menina parecia até baiana gente... cantou e encantou a todos!

Vejo que algumas pessoas já ouviram músicas do novo disco. Onde acho isso gente de Deus???
Se alguém souber, fico agradecida.

Poliana disse...

Pela pequena amostra desse Cd já dá para perceber que a carreira brilhante da Aline está se consolidando cada vez mais. Com certeza o jeito cativante e mineirinho de ser dessa mineiroca vai encantar todo o Brasil, como encantou os ouvidos das nossa Gerais...

gladyslene disse...

Parabens Aline ! Pois o seu primeiro CD foi Fantastico e esse Já é sucesso .Parabéns para vc tambem Mauro pois o seu bom gosto pelas coisas boas nos agrada e muito.Sucesso para Aline Calixto .