Mauro Ferreira no G1

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sábado, 11 de junho de 2011

Sardinha's Club expõe a miscigenação nativa no disco 'Cidade Mestiça'

Resenha de CD
Título: Cidade Mestiça
Artista: Pagode Jazz Sardinha's Club
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

A despeito de trazer no repertório lírica regravação de Morena do Mar, tema do baianíssimo Dorival Caymmi (1914 -2008), levado no bandolim tocado pelo arranjador Rodrigo Lessa, Cidade Mestiça é álbum pautado pela miscigenação natural que rege a música feita e ouvida no Rio de Janeiro (RJ), terra natal desse grupo formado em 1997. Sucessor de Pagode Jazz Sardinha's Club  (1999) e  Sardinhas (2004), o terceiro disco do septeto não expõe por acaso na capa uma foto dos músicos que tem como moldura a Baía de Guanabara. Como também não é por caso que um dos de seus melhores temas instrumentais, Praia do Pinto (Rodrigo Lessa, Eduardo Neves e Louis Louchard), exalta a homônima comunidade extinta no Leblon. Por mais que tenha certa baianidade no samba Lola Criola (Geraldo Babão e Roberto Mendes, cantado por Arlindo Cruz), o CD está impregnado do suingue carioca. Se Salsixe (Rodrigo Lessa e Roberto Marques) esboça certa mistura de salsa e maxixe, Olha a Pretinha (Eduardo Neves e Rodrigo Lessa) tem bossa tão peculiar que o Sardinha's Club dedica a faixa a Tom Jobim (1927 - 1994) e a João Donato. Dentro do quintal do samba, o disco rebobina - com a voz de Oswaldo Cavalo - Machucando o Jiló, tema do compositor carioca Geraldo Babão (1926 - 1988). E, como Cidade Mestiça é dedicado a Paulo Moura (1932 - 2010), faz todo sentido que o disco inclua no repertório Na Glória (Ary Santos e Raul de Barros) - mas sem a pulsação que normalmente norteia o célebre tema - e que junte uma guarânia paraguaia (Índia, de J. A. Flores e M. O. Guerreiros) com valsa de Zequinha de Abreu (1880 - 1935), Branca. Afinal, como ensinou o saudoso clarinetista (desbravador ao apontar novos caminhos para o choro), a música não tem fronteiras e, mais do que carioca, a mestiçagem está no germe do som nativo.

3 comentários:

Luca disse...

Black Rio já fez isso melhor nos anos 70

Alexandre disse...

Caro Mauro,Aqui quem te escreve é o Xande Figueiredo, baterista do Pagode Jazz. Em primeiro lugar gostaria de te agradecer por abrir este espaço para nosso grupo,Obrigado!Em segundo gostaria de fazer duas ressalvas ao teu texto: este é o 3º Cd do grupo, o primeiro não independente. E a música "Praia do Pinto" é um tributo ao Leblon. Este título se refere ao nome de uma antiga favela que, ao ser removida, deu lugar ao conjunto de prédios de classe média "Selva de Pedra". A citação de vários personagens da região e da "Cruzada São Sebastião", famoso conjunto habitacional popular do bairro, explicitam a homenagem a este carioquíssimo pedaço de chão.
Att, Xande Figueiredo.

Mauro Ferreira disse...

Xande, grato pelas oportunas correções. Já alterei o texto. Abs, MauroF