Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Relançada por Tiê com voz de Carlo, 'Isqueiro azul' acende a pressão por hits

EDITORIAL - A gravadora Warner Music está lançando hoje, 29 de janeiro de 2016, nas plataformas digitais um single gravado por Tiê com Alexandre Carlo, vocalista da banda brasiliense de reggae Natiruts. Isqueiro azul é a música composta por Tiê com Rita Wainer e gravada pela cantora paulistana no terceiro álbum, Esmeraldas (Warner Music, 2014). Só que Isqueiro azul figura no álbum sem a voz do cantor Alexandre Carlo e sem a levada de pop reggae que conduz o single. A reedição da música com a adição da voz de Carlo reacende questão crucial, recorrente na indústria fonográfica do Brasil e do mundo: a pressão por hits radiofônicos posta em cima de artistas que vem de um grande sucesso popular. É o caso de Tiê. Alvo de grande investimento da Warner Music, o álbum Esmeraldas parecia fadado ao fracasso quando a canção A noite - versão em português (escrita por Tiê com Adriano Cintra, André Whoong e Rita Wainer) da canção italiana La notte (Giuseppe Anastasi), lançada pela cantora italiana Arisa no álbum Amami (Warner Music, 2012) - começou a tocar sem parar na novela I love Paraisópolis (TV Globo, 2015), se tornou na sequência um hit radiofônico, virou viral na web com 17 milhões de acessos do clipe e fez Tiê - artista até então conhecida somente no circuito indie - migrar para o mainstream em caso raro de crossover. A noite se tornou uma das músicas mais populares de 2015. Esse sucesso fenomenal propagou a voz e o nome de Tiê, mas encobre uma armadilha cruel: após um hit desse porte, a gravadora espera (e cobra, mesmo silenciosamente) do artista um outro hit na mesma proporção. O que explica a regravação de Isqueiro azul com Alexandre Carlo. A intenção é iluminar e amplificar o potencial radiofônico da música, em tentativa de gerar outro hit popular para Tiê. Os problemas começam quando o artista é levado - pela gravadora e/ou por ele mesmo (o sucesso, afinal, parece embriagar) - a baixar o nível artístico da música que compõe e/ou grava para manter a cotação alta no mercado comum do disco. Tomara Tiê saiba manter o nível, para preservar o brilho de discografia docemente pop...

8 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ EDITORIAL - A gravadora Warner Music está lançando hoje, 29 de janeiro de 2016, nas plataformas digitais um single gravado por Tiê com Alexandre Carlo, vocalista da banda brasiliense de reggae Natiruts. Isqueiro azul é a música composta por Tiê com Rita Wainer e gravada pela cantora paulistana no terceiro álbum, Esmeraldas (Warner Music, 2014). Só que Isqueiro azul figura no álbum sem a voz do cantor Alexandre Carlo e sem a levada de pop reggae que conduz o single. A reedição da música com a adição da voz de Carlo acende questão crucial, recorrente na indústria fonográfica do Brasil e do mundo: a pressão por hits radiofônicos posta em cima de artistas que vem de um grande sucesso popular. É o caso de Tiê. Alvo de grande investimento da Warner Music, o álbum Esmeraldas parecia fadado ao fracasso quando a canção A noite - versão em português (escrita por Tiê com Adriano Cintra, André Whoong e Rita Wainer) da canção italiana La notte (Giuseppe Anastasi), lançada pela cantora italiana Arisa no álbum Amami (Warner Music, 2012) - começou a tocar sem parar na novela I love Paraisópolis (TV Globo, 2015), se tornou na sequência um hit radiofônico, virou viral na web com 17 milhões de acessos do clipe e fez Tiê - artista até então conhecida somente no circuito indie - migrar para o mainstream em caso raro de crossover. A noite se tornou uma das músicas mais populares de 2015. Esse sucesso fenomenal propagou a voz e o nome de Tiê, mas encobre uma armadilha cruel: após um hit desse porte, a gravadora espera (e cobra, mesmo silenciosamente) do artista um outro hit na mesma proporção. O que explica a regravação de Isqueiro azul com Alexandre Carlo. A intenção é iluminar e amplificar o potencial radiofônico da música, em tentativa de gerar outro hit popular para Tiê. Os problemas começam quando o artista é levado - pela gravadora e/ou por ele mesmo (o sucesso, afinal, parece embriagar) - a baixar o nível artístico da música que compõe e/ou grava para manter a cotação alta no mercado comum do disco. Tomara Tiê saiba manter o nível, para preservar o brilho de discografia docemente pop...

Luca disse...

Tiê tá fazendo esse sucesso todo? pra mim ela continua no mesmo lugar

Marcelo disse...

Que horror!! E ainda por cima com foto didática???
Que horror (2)...

Denilson Santos disse...

Essa música "A Noite" é muito fraca, na minha opinião.
Se é para continuar nessa linha, coitada da Tiê...

abração,
Denilson

Victor Moraes, disse...

É uma linha bem tênue entre tentar e conseguir ser popular e não perder o nível. Não pode ser desesperado, nem devagar demais. Parcerias me soam muito desespero, mas até que um nome não-popular assim, como o de Carlo, não soou dessa maneira. Mas regravações de si mesmo sempre soará desespero. Não se pode tirar leite de pedra de uma música só e nem se pode atirar pra todos lados para lançar o sucesso substituto. Não é fácil.

Rhenan Soares disse...

- Não deu certo, lança de novo!

ou

- Vou regravar aqui essa música do meu álbum mais recente, porque realmente é ótima.

Curioso & divertido.

Vou continuar pensando em como isso se deu, porque realmente é um acontecimento incrível. Deveriam ao menos ter pedido pra alguém regravar e convidar a Tiê. Dava pra ter forjado alguma coisa mais interessante.

O horror, né...

Eu implico com a Tiê, tudo bem... Mas olha aí, ela não colabora. Tá forçado, tá chato...

Chico disse...

eu achei a música melhorou bastante na segunda versão, porque a Tiê sozinha, tadinha, insossa, sem personalidade nenhuma. achei o novo arranjo bem melhor, mais divertido, andamento mais agradável. se houve algum investimento para hit radiofônico, eles tentaram, e conseguiram melhorar a música de Tiê antes de lançar no mercado

Anderson Lopes disse...

A Tiê é a prova de que no Brasil, ainda que em menor força, as novelas ainda ditam as regras dos hits. Quanto ao insossa e outros adjetivos semelhantes, o brasileiro precisa parar de tratar os seus artistas dessa forma e tentar entender a proposta de cada um. Ou nem tentar e partir pra outra.