Mauro Ferreira no G1

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domingo, 1 de fevereiro de 2015

Groove azeitado confere elegância ao retrô pop black power de Sergio Pi

Resenha de CD
Título: Meu pop é black power
Artista: Sergio Pi
Gravadora: Lab 344
Cotação: * * * 1/2

O título do primeiro álbum de Sergio Pi, Meu pop é black power, já diz muito sobre o som deste cantor e compositor carioca que, dez anos após abrir o selo indie Lab 344, sai dos bastidores da indústria fonográfica para se lançar como o artista que sempre quis ser. Produzido pelo próprio Pi, em parceria com nomes como Dudu Viana e Flavio Mendes, o disco se sustenta pelo azeitado balanço black que pauta composições autorais como 11:11, música assinada por Pi com o guitarrista e produtor norte-americano Paul Pesco. Tema alocado na abertura do CD, como carta de intenções do artista, 11:11 já dá a pista certa: Meu pop é black power é disco de groove, tecnicamente muito bem gravado e produzido (qualidade incomum na cena indie brasileira) - como já sinalizara o single Desesperadamente (Sergio Pi), jogado na rede em abril de 2014. Pi não chega a impressionar como compositor e sobretudo como cantor, mas fez um disco coeso que alcança seu melhor momento em No tempo de um abraço (Sergio Pi), delícia pop com ecos de Lulu Santos e Rita Lee. Influência assumida do artista, Rita tem sua obra com Roberto de Carvalho evocada através de citações feitas na letra de Pelo mundo (Sergio Pi) e revivida com a lembrança de Barriga da mamãe (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1982) em releitura alinhada com o conceito de um disco enraizado no pop feito no Brasil e no mundo entre 1977 e 1983 - o que justifica a levada de disco music sintetizada ao fim de Precisa não (Sergio Pi). Até Lobão entra no balanço black de Pi com a abordagem de Girassóis da noite (Lobão, 1987). A onda da balada Ilusão lunar (Sérgio Pi) - faixa que embute citação do samba-enredo E eles verão a Deus (Mazinho, Ambrósio e Renatinho), apresentado pela escola Unidos da Ponte no Carnaval de 1983 - representa outro pico de sedução em disco que adquire tom filosófico em Submerso / Universo elegante (Sergio Pi), faixa de instrumental exuberante que combina guitarras, percussões e as cordas do Quarteto Bessler. Estação do olhar (Paz Helena) brilha como sol de verão em gravação explicitamente pop. Músicas assinadas por Pi com o compositor japonês Hide Tanaka, Oito minutos e Integrando o amor são exemplos de como a embalagem harmonicamente sofisticada do pop black de Sergio Pi aumenta o poder de sedução de repertório que, em outro contexto e com outra textura (termo usado na ficha técnica do álbum), talvez soasse trivial. O universo musical de Sergio Pi é elegante.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ O título do primeiro álbum de Sergio Pi, Meu pop é black power, já diz muito sobre o som deste cantor e compositor carioca que, dez anos após abrir o selo indie Lab 344, sai dos bastidores da indústria fonográfica para se lançar como o artista que sempre quis ser. Produzido pelo próprio Pi, em parceria com nomes como Dudu Viana e Flavio Mendes, o disco se sustenta pelo azeitado balanço black que pauta composições autorais como 11:11, música assinada por Pi com o guitarrista e produtor norte-americano Paul Pesco. Tema alocado na abertura do CD, como carta de intenções do artista, 11:11 já dá a pista certa: Meu pop é black power é disco de groove, tecnicamente muito bem gravado e produzido (qualidade incomum na cena indie brasileira) - como já sinalizara o single Desesperadamente (Sergio Pi), jogado na rede em abril de 2014. Pi não chega a impressionar como compositor e sobretudo como cantor, mas fez um disco coeso que alcança seu melhor momento em No tempo de um abraço (Sergio Pi), delícia pop com ecos de Lulu Santos e Rita Lee. Influência assumida do artista, Rita tem sua obra com Roberto de Carvalho evocada através de citações feitas na letra de Pelo mundo (Sergio Pi) e revivida com a lembrança de Barriga da mamãe (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1982) em releitura alinhada com o conceito de um disco enraizado no pop feito no Brasil e no mundo entre 1977 e 1983 - o que justifica a levada de disco music sintetizada ao fim de Precisa não (Sergio Pi). Até Lobão entra no balanço black de Pi com a abordagem de Girassóis da noite (Lobão, 1987). A onda da balada Ilusão lunar (Sérgio Pi) - faixa que embute citação do samba-enredo E eles verão a Deus (Mazinho, Ambrósio e Renatinho), apresentado pela escola Unidos da Ponte no Carnaval de 1983 - representa outro pico de sedução em disco que adquire tom filosófico em Submerso / Universo elegante (Sergio Pi), faixa de instrumental exuberante que combina guitarras, percussões e as cordas do Quarteto Bessler. Estação do olhar (Paz Helena) brilha como sol de verão em gravação explicitamente pop. Músicas assinadas por Pi com o compositor japonês Hide Tanaka, Oito minutos e Integrando o amor são exemplos de como a embalagem harmonicamente sofisticada do pop black de Sergio Pi aumenta o poder de sedução de repertório que, em outro contexto e com outra textura (termo usado na ficha técnica do álbum), talvez soasse trivial. O universo musical de Sergio Pi é elegante.

Luca disse...

quem quer isso?