Mauro Ferreira no G1

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sábado, 13 de dezembro de 2014

Banda Dônica acerta ao (já) se lançar no mercado do disco pelo 'mainstream'

EDITORIAL - Banda carioca que faz som com influência do rock progressivo dos anos 1970 e que tem ganhado visibilidade na mídia impressa por ter entre seus integrantes o compositor Tom Veloso, filho de Caetano Veloso, a Dônica está se lançando no mundo da música e do disco pelo caminho do mainstream. É um caminho trilhado na contramão do seguido por cantores e grupos distantes do som massivo direcionado ao chamado povão. O discurso do mundo indie bate com insistência na tecla do desprezo pelo modelo tradicional do mercado fonográfico. Mas há exageros nesse discurso, às vezes provocados pela impossibilidade de fazer parte desse mainstream. A banda Dônica - vista em foto de Fernando Young - tem essa possibilidade (até por ser empresariada pela controvertida, mas poderosa e eficiente, Paula Lavigne) e faz muito bem de aproveitar a chance. Um contrato com a multinacional Sony Music vai permitir a amplificação em escala nacional do som da Dônica, que já lançou um single (Bicho burro) e acaba de ter editado o EP digital Dônica, com quatro músicas autorais, aperitivos do álbum programado para o primeiro semestre de 2015. Se esse som vai ser assimilado pelo público-alvo da banda e se a Dônica vai conseguir pavimentar uma carreira bem-sucedida, somente o tempo e o público vão dizer. Mas a banda já começa bem, aproveitando as oportunidades que o mercado lhe oferece com um contrato com a Sony Music - a mesma gravadora, aliás, à qual a Banda do Mar (o maior sucesso do pop brasileiro em 2014 do ponto de vista comercial) recorreu para lançar seu primeiro (ótimo) álbum no mercado fonográfico brasileiro. É bobagem, nessa altura do jogo, desprezar o modelo indie e as formas alternativas de se lançar no mundo da música e do disco. A cantora e compositora paulistana Tulipa Ruiz, por exemplo, lota shows por todo o Brasil sem jamais ter se aliado a uma gravadora multinacional para editar seus dois álbuns. Mas é bobagem também minimizar os benefícios que um contrato com uma Sony Music - ou uma Universal Music (a cujo elenco pertence Filipe Catto, cantor e compositor gaúcho que conseguiu formar expressivo público) - podem proporcionar a um artista ou grupo iniciante. De um modo ou de outro, o importante é que o disco e a música do artista ou grupo estejam ao alcance do público. Seja através da distribuição de uma multinacional do disco (caminho optado pela Banda do Mar), seja através do download gratuito oferecido pelo próprio artista (como acaba de fazer Thiago Pethit, liberando seu primoroso terceiro álbum, Rock'n'roll sugar darling, para quem quiser baixá-lo de forma legalizada). O que não dá para fazer é adotar o modelo indie, mas impedir o acesso do público ao disco, caminho equivocado seguido por Moreno Veloso, cujo álbum solo Coisa boa permanece praticamente ignorado por não ter sido disponibilizado para download e tampouco distribuído com grande visibilidade no mercado tradicional. Ou seja, quase ninguém ouviu. É fato incontestável que a indústria fonográfica teve seus alicerces abalados pelas ferramentas digitais, mas ainda está de pé, ao contrário do discurso uniforme repetido na cena indie. Cabe a um cantor ou grupo escolher o caminho que lhe for mais viável - e possível - para apresentar seu som e seu disco. Esse disco precisa estar disponível, ao alcance. No caso da Dônica, a banda faz bem em aceitar a facilidade que o mercado tradicional já lhe oferta. Há mal nenhum nisso...

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Editorial - Banda carioca que faz som com influência do rock progressivo dos anos 1970 e que tem ganhado visibilidade na mídia impressa por ter entre seus integrantes o compositor Tom Veloso, filho de Caetano Veloso, a Dônica está se lançando no mundo da música e do disco pelo caminho do mainstream. É um caminho trilhado na contramão dos novos artistas e grupos distantes do som massivo direcionado ao chamado povão. O discurso do mundo indie bate com insistência na tecla do desprezo pelo modelo tradicional do mercado fonográfico. Mas há exageros nesse discurso, às vezes provocados pela impossibilidade de fazer parte desse mainstream. A banda Dônica - vista em foto de Fernando Young - tem essa possibilidade (até por ser empresariada pela controvertida, mas poderosa e eficiente, Paula Lavigne) e faz muito bem de aproveitar a chance. Um contrato com a multinacional Sony Music vai permitir a amplificação em escala nacional do som da Dônica, que já lançou um single (Bicho burro) e acaba de ter editado o EP digital Dônica, com quatro músicas autorais, aperitivos do álbum programado para o primeiro semestre de 2015. Se esse som vai ser assimilado pelo público-alvo da banda e se a Dônica vai conseguir pavimentar uma carreira bem-sucedida, somente o tempo e o público vão dizer. Mas a banda já começa bem, aproveitando as oportunidades que o mercado lhe oferece com um contrato com a Sony Music - a mesma gravadora, aliás, à qual a Banda do Mar (o maior sucesso do pop brasileiro em 2014 do ponto de vista comercial) recorreu para lançar seu primeiro (ótimo) álbum no mercado fonográfico brasileiro. É bobagem, nessa altura do jogo, desprezar o modelo indie e as formas alternativas de se lançar no mundo da música e do disco. A cantora e compositora paulistana Tulipa Ruiz, por exemplo, lota shows por todo o Brasil sem jamais ter se aliado a uma gravadora multinacional para editar seus dois álbuns. Mas é bobagem também minimizar os benefícios que um contrato com uma Sony Music - ou uma Universal Music (a cujo elenco pertence Filipe Catto, cantor e compositor gaúcho que conseguiu formar expressivo público) - podem proporcionar a um artista ou grupo iniciante. De um modo ou de outro, o importante é que o disco e a música do artista ou grupo estejam ao alcance do grupo. Seja através da distribuição de uma multinacional do disco (caminho optado pela Banda do Mar), seja através do download gratuito oferecido pelo próprio artista (como acaba de fazer Thiago Pethit, liberando seu primoroso terceiro álbum, Rock'n'roll sugar darling, para quem quiser baixá-lo de forma legalizada). O que não dá para fazer é adotar o modelo indie, mas impedir o acesso do público ao disco, caminho equivocado seguido por Moreno Veloso, cujo álbum solo Coisa boa permanece praticamente ignorado por não ter sido disponibilizado para download e tampouco distribuído com visibilidade no mercado tradicional. Ou seja, quase ninguém ouviu. É fato incontestável que a indústria fonográfica teve seus alicerces abalados pelas ferramentas digitais, mas ainda está de pé, ao contrário do discurso uniforme repetido na cena indie. Cabe a um cantor ou grupo escolher o caminho que lhe for mais viável - e possível - para apresentar seu som e seu disco. No caso da Dônica, a banda faz (muito) bem em aceitar a facilidade que o mercado tradicional está lhe oferecendo. Há mal nenhum nisso.

Luca disse...

ouvi o single Bicho burro e gostei,só acho que o som da Dônica não é pra massa, não sei o que uma gravadora como a sony pode fazer pela banda

Antonio Fausto disse...

Pensei que música fosse pro mundo. Pra todo mundo, aliás.
Esse papo de 'música que não é pra massa' é de uma mesquinhez cultural absurda.

ADEMAR AMANCIO disse...

Será que Egberto Gismonti faz músicas pra massa?