Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

CD 'Natal em família 2' mantém tom sertanejo e pagodeiro do primeiro disco

Resenha de CD
Título: Natal em família 2
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * 1/2

Em 2013, a gravadora Som Livre produziu e lançou coletânea de gravações inéditas, Natal em família, que trouxe os maiores standards natalinos brasileiros e estrangeiros para o universo da música sertaneja e do pagode em sua forma mais diluída. Bem-sucedida, a intenção do disco foi reapresentar os hits de Natal com o som consumido em larga escala pelo povo de um país que escancara cada vez mais sua face sertaneja e pagodeira. Tanto que, neste mês de dezembro de 2014, a gravadora pôs nas lojas um segundo volume do projeto. Também com gravações inéditas, Natal em família 2 preserva o tom sertanejo e pagodeiro do primeiro disco. As músicas também são quase as mesmas. O que muda é o elenco, recrutado entre o cast da Som Livre. Sucesso da cantora Simone em 1995, Então é Natal - versão de Claudio Rabello para Happy x-mas (War is over), canção pacifista de John Lennon (1940 - 1980) e Yoko Ono lançada pelo beatle em 1971 - ganha o toque pop roqueiro da banda paulistana Malta em gravação dividida com a dupla sertaneja Victor & Leo. Com mais pegada do que a gravação feita por Luan Santana no primeiro volume de Natal em família, o atual registro de Então é Natal tem cacife para concorrer com o de Simone na atual preferência popular. Luan, a propósito, marca presença em Natal em família 2 com reverente gravação de Noite feliz feita com o grupo de pagode Sorriso Maroto e com coro. Desta vez, o arranjo e a adaptação de Silent night (Franz Gruber e Joseph Mohr, 1818) foi feita por Michel Fujiwara. No geral, os clássicos natalinos perdem parte de sua beleza ao ganhar proximidade com o som popular que pauta a trilha sonora do Brasil de 2014. Sino de Belém (1951) - versão do compositor carioca Evaldo Rui (1913 - 1954) para Jingle bells (James Pierpont, 1857) - bate menos sedutor com o mix de sertanejo e forró que dá o tom da gravação que junta Michel Teló e Wesley Safadão. Jingle bell rock (Joseph Carleton Beal e James Ross Boothe, 1958) vira pagodão na gravação feita pelo o grupo Sambô com a participação discreta da cantora Ana Cañas. Um feliz Natal (1999) - versão de Ivan Lins para Feliz Navidad (José Feliciano, 1970) - também vira pagode com o grupo Bom Gosto, mas ganha o tempero do funk de MC Koringa. Já Cristiano Araújo e Gaby Amarantos dissipam toda a melancolia contida na marcha Boas festas (Assis Valente, 1933) em animação artificial que se choca com o toque social deste primeiro grande sucesso do cancioneiro natalino brasileiro. Em contrapartida, o grupo Suricato acerta ao imprimir um tom bluesy a Natal branco (1955) - versão de Marino Pinto (1916 - 1965) para o standard norte-americano White Christmas (Irving Berlin, 1942) - em gravação feita com a dispensável adesão da cantora Claudia Leitte. Também fora do universo sertanejo, o grupo paulista Pollo insere seu rap em O homem de Nazareth (Claudio Fontana, 1973) na gravação de tom pagodeiro feita pelo Raça Negra, grupo paulista que já havia abordado este sucesso do cantor paulista Antonio Marcos (1945 - 1992) no primeiro volume de Natal em família. O rap de Pollo tem mais fervor do que a linear interpretação de Jesus Cristo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1970) por Jads & Jadson. De todo modo, para o bem ou para o mal, Natal em família 2 cumpre sua função ao fornecer para as festas uma trilha sonora condizente com o som ouvido atualmente no Brasil em escala massiva.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Em 2013, a gravadora Som Livre produziu e lançou coletânea de gravações inéditas, Natal em família, que trouxe os maiores standards natalinos brasileiros e estrangeiros para o universo da música sertaneja e do pagode em sua forma mais diluída. Bem-sucedida, a intenção do disco foi reapresentar os hits de Natal com o som consumido em larga escala pelo povo de um país que escancara cada vez mais sua face sertaneja e pagodeira. Tanto que, neste mês de dezembro de 2014, a gravadora pôs nas lojas um segundo volume do projeto. Também com gravações inéditas, Natal em família 2 preserva o tom sertanejo e pagodeiro do primeiro disco. As músicas também são quase as mesmas. O que muda é o elenco, recrutado entre o cast da Som Livre. Sucesso da cantora Simone em 1995, Então é Natal - versão de Claudio Rabello para Happy x-mas (War is over), canção pacifista de John Lennon (1940 - 1980) e Yoko Ono lançada pelo beatle em 1971 - ganha o toque pop roqueiro da banda paulistana Malta em gravação dividida com a dupla sertaneja Victor & Leo. Com mais pegada do que a gravação feita por Luan Santana no primeiro volume de Natal em família, o atual registro de Então é Natal tem cacife para concorrer com o de Simone na atual preferência popular. Luan, a propósito, marca presença em Natal em família 2 com reverente gravação de Noite feliz feita com o grupo de pagode Sorriso Maroto e com coro. Desta vez, o arranjo e a adaptação de Silent night (Franz Gruber e Joseph Mohr, 1818) foi feita por Michel Fujiwara. No geral, os clássicos natalinos perdem parte de sua beleza ao ganhar proximidade com o som popular que pauta a trilha sonora do Brasil de 2014. Sino de Belém (1951) - versão do compositor carioca Evaldo Rui (1913 - 1954) para Jingle bells (James Pierpont, 1857) - bate menos sedutor com o mix de sertanejo e forró que dá o tom da gravação que junta Michel Teló e Wesley Safadão. Jingle bell rock (Joseph Carleton Beal e James Ross Boothe, 1958) vira pagodão na gravação feita pelo o grupo Sambô com a participação discreta da cantora Ana Canãs. Um feliz Natal (1999) - versão de Ivan Lins para Feliz Navidad (José Feliciano, 1970) - também vira pagode com o grupo Bom Gosto, mas ganha o tempero do funk de MC Koringa. Já Cristiano Araújo e Gaby Amarantos dissipam toda a melancolia contida na marcha Boas festas (Assis Valente, 1933) em animação artificial que se choca com o toque social deste primeiro grande sucesso do cancioneiro natalino brasileiro. Em contrapartida, o grupo Suricato acerta ao imprimir um tom bluesy a Natal branco (1955) - versão de Marino Pinto (1916 - 1965) para o standard norte-americano White Christmas (Irving Berlin, 1942) - em gravação feita com a dispensável adesão da cantora Claudia Leitte. Também fora do universo sertanejo, o grupo paulista Pollo insere seu rap em O homem de Nazareth (Claudio Fontana, 1973) na gravação de tom pagodeiro feita pelo Raça Negra, grupo paulista que já havia abordado este sucesso do cantor paulista Antonio Marcos (1945 - 1992) no primeiro volume de Natal em família. O rap de Pollo tem mais fervor do que a linear interpretação de Jesus Cristo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1970) por Jads & Jadson. De todo modo, para o bem ou para o mal, Natal em família 2 cumpre sua função ao fornecer para as festas uma trilha sonora condizente com o som ouvido atualmente no Brasil em escala massiva.

Douglas Carvalho disse...

Gaby Amarantos avacalhando mais uma música. Esculhambou "Boas festas". Não consigo entender o que é que viram nessa mulher pra elevarem às alturas.