Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Álbum do DeFalla, 'Monstro' vomita os delírios de 'anormal' do rock brasileiro

Resenha de álbum
Título: Monstro
Artista: DeFalla
Gravadora: Deck
Cotação: * * * *

Grupo gaúcho cujo som chegou a reverberar nacionalmente nos anos 1980 sem jamais chegar ao mainstream do pop rock brasileiro, DeFalla sempre foi objeto das mutações do mentor Edu K, nome artístico do cantor, compositor, guitarrista e produtor musical gaúcho Eduardo Dornelles. K sempre foi espécie de outsider que jamais se deixou enquadrar em qualquer escaninho do universo pop nativo. Primeiro álbum de músicas inéditas do DeFalla em 14 anos, Monstro vem ao mundo 31 anos após a banda ter sido lançada na coletânea Rock Grande do Sul (Plug / RCA, 1985). Sucessor de Superstar (Independente, 2002), Monstro expele venenos e vocifera delírios de um grupo que sempre fez questão de parecer anormal. O som vai do rock-balada de cepa pop - exemplificado por Dez mil vezes, parceria de Edu K com o guitarrista Castor Daudt e o ex-desafeto e conterrâneo gaúcho Humberto Gessinger - ao rock pesado de Love is for losers (Castor Daudt, Edu K, Biba Meira e Flávio Santos), passando pelo funk roqueiro que dá o tom vigoroso de Fruit punch tears (In the treasure hunt) (Castor Daudt, Edu K, Biba Meira e Fúlvio Santos), música em inglês que evoca o funk metal do grupo norte-americano Red Hot Chili Peppers, e de Zen Frankenstein (Castor Daudt e Edu K). Já Ken Kesey (Edu K) explicita a influência que o som de James Brown (1933 - 2006) exerceu na vida de Edu K. Do ponto de vista poético, Monstro vomita alucinações de mentes dementes. Faixa de tom grunge valorizada pela voz de Pitty, Delírios de um anormal (Castor Daudt, Edu K, Biba Meira, Flávio Santos e Fábio Pinto) aquece o disco com as febres ardentes do mundo sobrenatural e uma letra inspirada no universo macabro de Zé do Caixão. Nesse sentido, Monstro se revela quase um álbum conceitual. As 14 músicas dialogam entre si. A atmosfera de terror já se instala no interlúdio que abre o álbum, com sons de temporal, e prepara o clima para a música-título Monstro (Castor Daudt, Edu K, Biba Meira, Flávio Santos e Mário Bortolotto), cuja letra perfila sujeito estranho, mesquinho, fora de sintonia com os códigos sociais. É uma mente perturbada que parece ser expandida pela psicodelia entranhada nas músicas batizadas com os nomes do escritor inglês Aldous Huxley (1894 - 1963), do escritor norte-americano Ken Kesey (1935 - 2001) e do psicólogo norte-americano Timothy Leary (1920 - 1996). No repertório delirante de Monstro, as músicas Aldous Huxley (Castor Daudt, Edu K, Biba Meira, Flávio Santos e Nenung), a já mencionada Ken Kesey (Edu K) e Timothy Leary (Castor Daudt, Edu K e Beto Bruno) - formatada com versos e o canto de Beto Bruno, vocalista da banda gaúcha Cachorro Grande - formam espécie de trilogia psicodélica em louvor a três gurus da contracultura que defenderam o uso de drogas para a expansão da mente. Monstro abre as portas da percepção do som alucinado do DeFalla, grupo que vê anormalidades e deformações até no exercício do amor, como expõe em Veneno (Castor Daudt, Edu K, Biba Meira, Flávio Santos e Solange De-Ré) e em Mate-me (Castor Daudt, Edu K, Biba Meira. Flávio Santos e Solange De-Ré). Nada que soe estranho no universo alucinado de um álbum revigorante que mostra a renovada sintonia entre Edu K (voz e guitarra), Biba Meira (bateria), Carlo Pianta (baixo) e Castor Daudt (guitarra). Como sinalizam os diálogos, efeitos e ruídos da vinheta final, Minha vida é uma aventura existencial filmado por Godard (Edu K e Hell Ravani), o veneno do DeFalla é também o antídoto salvador desse grupo outsider, anormal.

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Grupo gaúcho cujo som chegou a reverberar nacionalmente nos anos 1980 sem jamais chegar ao mainstream do pop rock brasileiro, DeFalla sempre foi objeto das mutações do mentor Edu K, nome artístico do cantor, compositor, guitarrista e produtor musical gaúcho Eduardo Dornelles. K sempre foi espécie de outsider que jamais se deixou enquadrar em qualquer escaninho do universo pop nativo. Primeiro álbum de músicas inéditas do DeFalla em 14 anos, Monstro vem ao mundo 31 anos após a banda ter sido lançada na coletânea Rock Grande do Sul (Plug / RCA, 1985). Sucessor de Superstar (Independente, 2002), Monstro expele venenos e vocifera delírios de um grupo que sempre fez questão de parecer anormal. O som vai do rock-balada de cepa pop - exemplificado por Dez mil vezes, parceria de Edu K com o baixista Carlo Pianta e com o ex-desafeto e conterrâneo gaúcho Humberto Gessinger - ao rock pesado de Love is for losers (Castor Doubt, Edu K, Biba Meira e Flávio Santos), passando pelo funk roqueiro que dá o tom vigoroso de Fruit punch tears (In the treasure hunt) (Castor Daubt, Edu K, Biba Meira e Fúlvio Santos), música em inglês que evoca o funk metal do grupo norte-americano Red Hot Chili Peppers, e de Zen Frankenstein (Castor Daubt e Edu K). Já Ken Kesey (Edu K) explicita a influência que o som de James Brown (1933 - 2006) exerceu na vida de Edu K. Do ponto de vista poético, Monstro vomita alucinações de mentes dementes. Faixa de tom grunge valorizada pela voz de Pitty, Delírios de um anormal (Castor Daubt, Edu K, Biba Meira, Flávio Santos e Fábio Pinto) aquece o disco com as febres ardentes do mundo sobrenatural e uma letra inspirada no universo macabro de Zé do Caixão. Nesse sentido, Monstro se revela quase um álbum conceitual. As 14 músicas dialogam entre si. A atmosfera de terror já se instala no interlúdio que abre o álbum, com sons de temporal, e prepara o clima para a música-título Monstro (Castro Daubt, Edu K, Biba Meira, Flávio Santos e Mário Bortolotto), cuja letra perfila sujeito estranho, mesquinho, fora de sintonia com os códigos sociais. É uma mente perturbada que parece ser expandida pela psicodelia entranhada nas músicas batizadas com os nomes do escritor inglês Aldous Huxley (1894 - 1963), do escritor norte-americano Ken Kesey (1935 - 2001) e do psicólogo norte-americano Timothy Leary (1920 - 1996). No repertório delirante de Monstro, as músicas Aldous Huxley (Castor Daubt, Edu K, Biba Meira, Flávio Santos e Nenung), a já mencionada Ken Kesey (Edu K) e Timothy Leary (Castor Daubt, Edu K e Beto Bruno) - formatada com versos e o canto de Beto Bruno, vocalista da banda gaúcha Cachorro Grande - formam espécie de trilogia psicodélica em louvor a três gurus da contracultura que defenderam o uso de drogas para a expansão da mente. Monstro abre as portas da percepção do som alucinado do DeFalla, grupo que vê anormalidades e deformações até no exercício do amor, como expõe em Veneno (Castor Doubt, Edu K, Biba Meira, Flávio Santos e Solange De-Ré) e em Mate-me (Castor Doubt, Edu K, Biba Meira. Flávio Santos e Solange De-Ré). Nada que soe estranho no universo alucinado de um álbum revigorante que mostra a renovada sintonia entre Edu K (voz e guitarra), Biba Meira (bateria), Carlo Pianta (baixo) e Castor Daudt (guitarra). Como sinalizam os diálogos, efeitos e ruídos da vinheta final, Minha vida é uma aventura existencial filmado por Godard (Edu K e Hell Ravani), o veneno do DeFalla é também o antídoto salvador desse grupo outsider, anormal.

Luca disse...

ouvi esse disco e achei repetitivo, mas a faixa da Pitty vale

Castor disse...

Sou o Castor Daudt da banda DEFALLA
Gostei da resenha do disco, massa!
Tem uns ajustes, se quiser:
Meu nome: Castor Daudt
Não "Castor Daubt"...haha...embora tenha gostado da ideia...quem sabe mudo...
E a música "DEZ MIL VEZES" é minha, com parceria do EDU K e letra do HUMBERTO GESSINGER. (O baixista, Carlo Pianta, não é autor, e nem tocou algum instrumento nesta faixa).
Enfim, só detalhes!
Agradeço desde já
Valeu a força, tamos juntos!!
ABS!!

Mauro Ferreira disse...

Valeu, Castor. Vou consertar o texto. Abs, MauroF

Castor disse...

Bah...que rapidez, valeu companheiro!

Dia 18 de Junho estaremos no Rio fazendo aquele showzaço!!

ABS!!!

Castor disse...

Bah...que rapidez, valeu!

E dia 18 de junho estaremos no Rio fazendo show!

Bora lá comemorar conosco!!

ABS!!!