Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Primeiro álbum de Corina Magalhães mapeia contribuição mineira ao samba

Em verso do Samba da benção (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966), o poeta decretou há 50 anos que o samba nasceu lá na Bahia. O mesmo poeta - o carioca Vinicius de Moraes (1913-1980) - caracterizaria equivocadamente a cidade de São Paulo (SP) como o túmulo do samba. Mas o fato é que, mesmo que tenha nascido na Bahia, o samba cresceu e apareceu entre os morros e os asfaltos da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Só que, nessa cidade, muitos compositores mineiros - bambas na arte de fazer música - contribuíram decisivamente para a popularização do samba. A cantora Corina Magalhães mapeia a contribuição mineira ao samba no primeiro álbum, Tem mineira no samba (Independente, 2015), ao longo de regravações de 13 sambas de compositores das Geraes. Um dos 14 sambas, Guerreira (1978), é da lavra dos cariocas João Nogueira e Paulo César Pinheiro, mas tem presença justifica no repertório por ter sido lançado e propagado na voz da cantora mineira Clara Nunes (1942 - 1983). O título do disco alude à origem da cantora nascida em Cambuí (MG), mas a mineirice é tanto da cantora quanto dos compositores. Montando painel que vai de Ary Barroso (1903 e 1964) a Vander Lee, passando por Ataulfo Alves (1909 - 1969) e Affonsinho, Corina cai com leveza no suingue dos arranjos de Edu Malta - baixista e produtor do disco - para dar voz a sambas de bambas como Geraldo Pereira (1918 - 1955) e João Bosco, triplamente representado no disco por A nível de... (1982), Casa de marimbondo (1975) e Prêt-à-porter de tafetá (1984), três tabelinhas com Aldir Blanc. O seminal Ary também aparece em dose tripla com Camisa amarela (1939), Faceira (1931) e Morena boca de ouro (1941). Apesar da casual origem carioca, Milton Nascimento é compositor de alma mineira que também caiu no samba com o conterrâneo Fernando Brant (1946 - 2015), parceiro em Aqui é o país do futebol (1970). E por falar em futebol, Corina faz descer redonda a bola de Galo e Cruzeiro (1999), de Vander Lee, e repõe em campo bom samba de Affonsinho,  Enfeitiçado (2009), lançado na voz suave de Aline Calixto, cantora associada a Minas Gerais, onde se criou e acumulou vivência musical, mas de origem acidentalmente carioca.

3 comentários:

Galex disse...

Caro Mauro,

Aline Calixto não é mineira, mas carioca criada em Minas.

Luca disse...

deve ter um tipo de samba mais mineiro mesmo, no jeito. o que ela gravou são sambas cariocas feitos no Rio por compositores mineiros, nada mais

Mauro Ferreira disse...

Tem razão, Galex. Abs, obrigado