Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 12 de março de 2015

Ode ao primeiro disco dos Raimundos ganha peso ao tirar peso do grupo

Resenha de álbum digital
Título: Raimundos - Eu quero é rock!
Artista: Vários artistas
Gravadora: Edição independente do site Urbanaque
Cotação: * * * 1/2
Disco disponível para download gratuito no site Urbanaque


Lançado em maio de 1994, o primeiro álbum da banda brasiliense Raimundos marcou época no universo do pop rock brasileiro com forrocore tocado com energia adolescente e formatado pelo produtor Carlos Eduardo Miranda. Apresentado neste mês de março de 2015 através do site Urbanaque, o tributo digital Raimundos - Eu quero é rock! celebra com um ano de atraso as duas décadas da edição desse antológico álbum intitulado Raimundos (Banguela Records / Warner Music, 1994). Um elenco indie tira o peso do repertório da banda, reapresentado no tributo na mesma ordem do álbum de 1994, mas é justamente quando se desvia do trilho mais óbvio que o disco ganha peso no sentido figurado e alcança relevância. A banda mato-grossense Vanguart, por exemplo, torna Nêga Jurema (Rodolfo Abrantes, Digão, Canisso e Fred) uma balada de tom melancólico contrastante com a euforia de versos que fazem a festa com ato de fumar maconha. Apesar da falta da sintonia entre letra e canto, a faixa resulta bonita. Já o grupo carioca Do Amor leva Carro forte (tema de domínio público adaptado pelos Raimundos) em direção surpreendente em rota que leva seis minutos e 37 segundos para ser percorrida até o fim. Do início a capella, Do Amor conduz Carro forte para estrada psicodélica. Conterrâneo dos Raimundos, o grupo brasiliense Móveis Coloniais de Acaju caem em certo suingue no começo de Palhas do coqueiro, mas logo o registro - feito com a participação de Evandro Ribeiro, parceiro de Martin Luthero na música - atinge a velocidade do hardcore. Vocalista da banda acriana Los Porongas, Diogo Soares baixa a velocidade de Puteiro em João Pessoa (Rodolfo Abrantes, Digão, Canisso e Fred) sem sair do trilho roqueiro em seu registro noise. Banda catarinense de hardcore, Euthanasia segue a cartilha do gênero no cover de MM's (Rodolfo Abrantes, Digão, Canisso e Fred), feito com a adesão de Guilherme Zimmer, vocalista do quarteto (também catarinense) Ambervisions. A receita básica do hardcore também é seguida pelo grupo paulista Capim Maluco na abordagem de Minha cunhada (Rodolfo Abrantes, Digão, Fred, Canisso e Martin Luthero). Mais sedutora é a cadência imposta pela banda curitibana Lemoskine ao medley que junta Deixei de fumar (Durval Vieira e Graça Góes) e Cana Caiana (Tio Jovem e Zenilton). Outro medley - com Cajueiro (tema de domínio público adaptado por Martin Luthero com os Raimundos) e Rio das pedras (Durval Vieira e Zenilton) - é (bem) levado no toque tecnobrega da guitarra paraense de Felipe Cordeiro. Já o trio paulistano Rollbando repõe o tributo na rota do hardcore com sua gravação de Bê a bá (Rodolfo Abrantes, Fred, Digão e Canisso). Apesar da pista errada dada pelo piano na introdução de Bicharada (Rodolfo Abrantes, Fred, Digão e Canisso), o duo Floreosso também põe a pressão do rock na música, exemplo da bestialidade adolescente que pauta grande parte do repertório do álbum Raimundos. Já Marujo (Rodolfo Abrantes e Martin Luthero) navega com certo balanço na cadência do rock do trio paranaense Nevilton. Cantor e compositor cearense radicado em São Paulo (SP), Daniel Groove também acerta ao acentuar o tom desavergonhadamente brega de Selim (Cristiano Telles, Rodolfo Abrantes, Fred, Digão e Canisso), um dos maiores sucessos do disco de 1994, mostrando que o peso de Eu quero é rock! reside menos na reverência cega ao  forrocore  dos  Raimundos e mais na capacidade de se distanciar da matriz do rock  da banda.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Lançado em maio de 1994, o primeiro álbum da banda brasiliense Raimundos marcou época no universo do pop rock brasileiro com forrocore tocado com energia adolescente e formatado pelo produtor Carlos Eduardo Miranda. Apresentado neste mês de março de 2015 através do site Urbanaque, o tributo digital Raimundos - Eu quero é rock! celebra com um ano de atraso as duas décadas da edição desse antológico álbum intitulado Raimundos (Banguela Records / Warner Music, 1994). Um elenco indie tira o peso do repertório da banda, reapresentado no tributo na mesma ordem do álbum de 1994, mas é justamente quando se desvia do trilho mais óbvio que o disco ganha peso no sentido figurado e alcança relevância. A banda mato-grossense Vanguart, por exemplo, torna Nêga Jurema (Rodolfo Abrantes, Digão, Canisso e Fred) uma balada de tom melancólico contrastante com a euforia de versos que fazem a festa com ato de fumar maconha. Apesar da falta da sintonia entre letra e canto, a faixa resulta bonita. Já o grupo carioca Do Amor leva Carro forte (tema de domínio público adaptado pelos Raimundos) em direção surpreendente em rota que leva seis minutos e 37 segundos para ser percorrida até o fim. Do início a capella, Do Amor conduz Carro forte para estrada psicodélica. Conterrâneo dos Raimundos, o grupo brasiliense Móveis Coloniais de Acaju caem em certo suingue no começo de Palhas do coqueiro, mas logo o registro - feito com a participação de Evandro Ribeiro, parceiro de Martin Luthero na música - atinge a velocidade do hardcore. Vocalista da banda acriana Los Porongas, Diogo Soares baixa a velocidade de Puteiro em João Pessoa (Rodolfo Abrantes, Digão, Canisso e Fred) sem sair do trilho roqueiro em seu registro noise. Banda catarinense de hardcore, Euthanasia segue a cartilha do gênero no cover de MM's (Rodolfo Abrantes, Digão, Canisso e Fred), feito com a adesão de Guilherme Zimmer, vocalista do quarteto (também catarinense) Ambervisions. A receita básica do hardcore também é seguida pelo grupo paulista Capim Maluco na abordagem de Minha cunhada (Rodolfo Abrantes, Digão, Fred, Canisso e Martin Luthero). Mais sedutora é a cadência imposta pela banda curitibana Lemoskine ao medley que junta Deixei de fumar (Durval Vieira e Graça Góes) e Cana Caiana (Tio Jovem e Zenilton). Outro medley - com Cajueiro (tema de domínio público adaptado por Martin Luthero com os Raimundos) e Rio das pedras (Durval Vieira e Zenilton) - é (bem) levado no toque tecnobrega da guitarra paraense de Felipe Cordeiro. Já o trio paulistano Rollbando repõe o tributo na rota do hardcore com sua gravação de Bê a bá (Rodolfo Abrantes, Fred, Digão e Canisso). Apesar da pista errada dada pelo piano na introdução de Bicharada (Rodolfo Abrantes, Fred, Digão e Canisso), o duo Floreosso também põe a pressão do rock na música, exemplo da bestialidade adolescente que pauta grande parte do repertório do álbum Raimundos. Já Marujo (Rodolfo Abrantes e Martin Luthero) navega com certo balanço na cadência do rock do trio paranaense Nevilton. Cantor e compositor cearense radicado em São Paulo (SP), Daniel Groove também acerta ao acentuar o tom desavergonhadamente brega de Selim (Cristiano Telles, Rodolfo Abrantes, Fred, Digão e Canisso), um dos maiores sucessos do disco de 1994, mostrando que o peso de Eu quero é rock! reside menos na reverência cega ao forrocore dos Raimundos e mais na capacidade de se distanciar da matriz do rock da banda.

BIGODE disse...

Tributo bacana, nem parece que esse disco foi lançado faz 20 anos...ele é mais jovem que a maioria dos discos de rock dos anos 2000

Vanguart muito bacana, Juliano Gauche, Nevilton, Lemoskine e Daniel Groove ficaram demais...
Ruim mesmo só Los Porongas parece que eles estavam incomodados com os palavrões, pouco a vontade

Luca disse...

quem quer isso?