Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 25 de julho de 2012

'Skank 91' ressalta que o som embrionário do grupo já tinha boa pegada

Resenha de CD
Título: Skank 91
Artista: Skank
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * 

Vocalista e guitarrista do Skank, Samuel Rosa tem ressaltado em entrevistas que o CD Skank 91 não deve ser visto como um título oficial da discografia do grupo mineiro. Embora esteja sendo oficialmente lançado pela gravadora Sony Music neste mês de julho de 2012, o disco - que festeja com um ano de atraso as duas décadas de vida do quarteto - deve de fato ser encarado como item de colecionador. Trata-se de coletânea com as primeiras gravações do Skank, feitas em 1991. São dez registros de estúdio - captados no Studio Ferretti, em Belo Horizonte (MG) - e seis números ao vivo do primeiro show da banda, feito em 5 de junho de 1991 no projeto Disco Reggae Night, da casa Aeroanta, templo pop indie de São Paulo (SP) na época. Mesmo embrionário, o som do grupo já tinha pegada. A rigor, o Skank começou a dizer a que veio a partir do segundo álbum, Calango (1994), mas, analisadas com o benefício da retrospectiva, essas gravações seminais já sinalizavam um grupo hábil na fusão da linguagem da música brasileira com os ritmos jamaicanos. Pelo filtro do reggae, do ska, do raggamuffin' e do dancehall, Samuel Rosa, Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferretti (bateria) passavam músicas inéditas - ainda não tão ao ponto quanto as das safras posteriores, tanto que Amanhã (Samuel Rosa), Eterna Resposta (Samuel Rosa), Eu me Perdi (Samuel Rosa) e A Tela (Samuel Rosa) nem seriam aproveitadas pelo Skank no primeiro álbum - e temas alheios. Sucessos da banda Gang 90 e do cantor Frank Sinatra (1915 - 1998), Telefone (Júlio Barroso, 1983) e Let me Try Again (Paul Anka, Samuel Cahn, Caravelli e Michel Jourdan, 1973) resistem bem à passagem por tal filtro. Em contrapartida, Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) perde toda sua força e suingue - tanto que a releitura jamais ganhou registro na discografia oficial do Skank, ficando restrita a pré-história do grupo. Quanto às músicas então inéditas, os arranjos ouvidos em Skank 91 são diferentes dos perpetuados no primeiro álbum da banda, gravado em 1992. Sutilezas à parte, estes registros de alto valor documental já traziam a semente boa que iria germinar e dar frutos, gerando álbuns coesos. Embora nunca tenha se desapegado dos sons da Jamaica, o Skank começou a se agigantar quando começou a se afastar da praia do reggae em álbuns como Siderado (1998), a obra-prima Maquinarama (2000) e o também memorável Cosmotron (2003). Foi quando o grupo começou a se conectar com Lô Borges, frequentando outros clubes, já com discernimento para  valorizar as harmonias dos temas de Milton Nascimento e Cia. Seja como for, já passa da hora de o Skank apresentar álbum de inéditas. Previsto de início para 2012, o sucessor de Estandarte (2008) sairá somente em 2013, dando continuidade à luminosa história do Skank.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Vocalista e guitarrista do Skank, Samuel Rosa tem ressaltado em entrevistas que o CD Skank 91 não deve ser visto como um título oficial da discografia do grupo mineiro. Embora esteja sendo oficialmente lançado pela gravadora Sony Music neste mês de julho de 2012, o disco - que festeja com um ano de atraso as duas décadas de vida do quarteto - deve de fato ser encarado como item de colecionador. Trata-se de coletânea com as primeiras gravações do Skank, feitas em 1991. São dez registros de estúdio - captados no Studio Ferretti, em Belo Horizonte (MG) - e seis números ao vivo do primeiro show da banda, feito em 5 de junho de 1991 no projeto Disco Reggae Night, da casa Aeroanta, templo pop indie de São Paulo (SP) na época. Mesmo embrionário, o som do grupo já tinha pegada. A rigor, o Skank começou a dizer a que veio a partir do segundo álbum, Calango (1994), mas, analisadas com o benefício da retrospectiva, essas gravações seminais já sinalizavam um grupo hábil na fusão da linguagem da música brasileira com os ritmos jamaicanos. Pelo filtro do reggae, do ska e do dancehall, Samuel Rosa, Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferretti (bateria) passavam músicas inéditas - ainda não tão ao ponto quanto as das safras posteriores - e temas alheios. Sucessos da banda Gang 90 e do cantor Frank Sinatra (1915 - 1998), Telefone (Júlio Barroso, 1983) e Let me Try Again (Paul Anka, Samuel Cahn, Caravelli e Michel Jourdan, 1973) resistem bem à passagem por tal filtro. Em contrapartida, Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) perde toda sua força e suingue - tanto que a releitura jamais ganhou registro na discografia oficial do Skank, ficando restrita a pré-história do grupo. Quanto às músicas então inéditas, os arranjos ouvidos em Skank 91 diferente dos perpetuados no primeiro álbum da banda, gravado em 1992. Sutilezas à parte, estes registros de alto valor documental já traziam a semente boa que iria germinar e dar frutos, gerando álbuns coesos. Embora nunca tenha se desapegado dos sons da Jamaica, o Skank começou a se agigantar quando começou a se afastar da praia do reggae em álbuns como Siderado (1998), a obra-prima Maquinarama (2000) e o também memorável Cosmotron (2003). Foi quando o grupo começou a se conectar com Lô Borges, frequentando outros clubes, já com discernimento para valorizar as harmonias dos temas de Milton Nascimento e Cia. Seja como for, já passa da hora de o Skank apresentar álbum de inéditas. Previsto de início para 2012, o sucessor de Estandarte (2008) sairá somente em 2013, dando continuidade à luminosa história do Skank.

Anônimo disse...

Com todo o respeito ao Skank (gosto bastante), acho que eles erraram em "vender" esse disco.

Deveria ter sido disponibilizado gratuitamente aos fãs.

E ainda vem dizer que não faz parte da discografia.