Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mumuzinho não faz jus ao aval de Arlindo e Zeca no CD 'Dom de Sonhar'

Resenha de CD
Título: Dom de Sonhar
Artista: Mumuzinho
Gravadora: Universal Music
Cotação: * 1/2 

Há estratégia de marketing orquestrada pela gravadora Universal Music para fazer crer que Mumuzinho é a grande revelação do samba carioca. Os avais públicos de Arlindo Cruz, Dudu Nobre e Zeca Pagodinho levam a crer que o cantor - amadrinhado pela atriz e apresentadora de TV Regina Casé - é mais uma cria do Cacique de Ramos. Mas Mumuzinho - nome artístico de Márcio da Costa Batista, artista que ganhou alguma visibilidade como ator por ter participado dos filmes Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007) - nega o legado desta turma boa em seu álbum Dom de Sonhar, que rebobina o repertório de seu real primeiro CD, Transpirando Amor, lançado em 2011 na internet. A capa é outra, o visual do artista foi repaginado, mas o conteúdo é praticamente o mesmo. Em bom português,  Mumuzinho canta pagode romântico de linha trivial. Basta ouvir faixas como Curto-Circuito (Claudemir e Felipe Silva) e Te Amo (Carlos Caetano e Adriano Ribeiro) para perceber que o samba de seu disco está mais para o pagode banal de Belo do que para o partido alto e o bom samba romântico cultivado nos quintais do Cacique de Ramos por bambas como Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho. Até há um partido em Dom de Sonhar, É Tudo Improvisado (Claudemir e Rafael Delgado), mas ele não chega às alturas do gênero ao versar sobre o cotidiano dos botequins. O fato de a produção do disco vir assinada por Bruno Cardoso, Sergio Jr. e Lelê já dá a pista certa do som de Mumuzinho. O trio responde pela formatação do som do grupo Sorriso Maroto. Dentro das poucas novidades do repertório de Dom de Sonhar, há regravação de Minha Rainha (Rita Ribeiro e Lourenço Cavalcante Neto), samba romântico popularizado no início dos anos 80 na voz do cantor Wilson de Assis (e posteriormente alvo de sucessivas regravações). Dentro do gênero, é o tema mais inspirado do irregular repertório de Mumuzinho. Destoando do tom sentimental do disco, o samba O Dono do Morro radiografa com certa tensão a violência das comunidades em tempos pré-pacificadores. É um dos poucos sambas do disco em que não imperam os teclados de Jota Moraes, arranjador de todas as faixas de Dom de Sonhar. Enfim, Mumuzinho faz o jogo do mercado fonográfico neste disco que, ao contrário do que apregoa o marketing da Universal Music, está bem distante do samba de Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Há estratégia de marketing orquestrada pela gravadora Universal Music para fazer crer que Mumuzinho é a grande revelação do samba carioca. Os avais públicos de Arlindo Cruz, Dudu Nobre e Zeca Pagodinho levam a crer que o cantor - amadrinhado pela atriz e apresentadora de TV Regina Casé - é mais uma cria do Cacique de Ramos. Mas Mumuzinho - nome artístico de Márcio da Costa Batista, artista que ganhou alguma visibilidade como ator por ter participado dos filmes Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007) - nega o legado desta turma boa em seu álbum Dom de Sonhar, que rebobina o repertório de seu real primeiro CD, Transpirando Amor, lançado em 2011 na internet. A capa é outra, o visual do artista foi repaginado, mas o conteúdo é praticamente o mesmo. Em bom português, Mumuzinho canta pagode romântico de linha trivial. Basta ouvir faixas como Curto-Circuito (Claudemir e Felipe Silva) e Te Amo (Carlos Caetano e Adriano Ribeiro) para perceber que o samba de seu disco está mais para o pagode banal de Belo do que para o partido alto e o bom samba romântico cultivado nos quintais do Cacique de Ramos por bambas como Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho. Até há um partido em Dom de Sonhar, É Tudo Improvisado (Claudemir e Rafael Delgado), mas ele não chega às alturas do gênero ao versar sobre o cotidiano dos botequins. O fato de a produção do disco vir assinada por Bruno Cardoso, Sergio Jr. e Lelê já dá a pista certa do som de Mumuzinho. O trio responde pela formatação do som do grupo Sorriso Maroto. Dentro das poucas novidades do repertório de Dom de Sonhar, há regravação de Minha Rainha (Rita Ribeiro e Lourenço Cavalcante Neto), samba romântico popularizado no início dos anos 80 na voz do cantor Wilson de Assis (e posteriormente alvo de sucessivas regravações). Dentro do gênero, é o tema mais inspirado do irregular repertório de Mumuzinho. Destoando do tom sentimental do disco, o samba O Dono do Morro radiografa com certa tensão a violência das comunidades em tempos pré-pacificadores. É um dos poucos sambas do disco em que não imperam os teclados de Jota Moraes, arranjador de todas as faixas de Dom de Sonhar. Enfim, Mumuzinho faz o jogo do mercado fonográfico neste disco que, ao contrário do que apregoa o marketing da Universal Music, está bem distante do samba de Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.

maroca disse...

Augusto Flávio (Juazeiro-Ba) Disse:

Mauro, no dia 26 de junho, faleceu em Salvador o grande cantador Dércio Marques, você ficou sabendo?

Abraços!

Mauro Ferreira disse...

Não, não sabia. Abs, MauroF

Marcelo Barbosa disse...

Eu passo!
Abs,

Denilson Santos disse...

Dércio marques, mais uma glória desconhecida da música brasileira.
Perda irreparável para a nossa cultura.
Abração, denilson