Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nina e Callado equilibram doçura pop e experimentalismo em CD a dois

Resenha de CD
Título: Gambito Budapeste
Artista: Nina Becker & Marcelo Callado
Gravadora: YB Music / Bolacha
Cotação: * * * 1/2

Primeiro CD da cantora e compositora carioca Nina Becker com o baterista e compositor Marcelo Callado, Gambito Budapeste é um disco de casal. Não somente por ser assinado conjuntamente pelos artistas, parceiros na música e na vida, mas sobretudo porque o repertório essencialmente autoral está embebido em vivências do romantismo cotidiano - inclusive na única faixa não assinada por Nina e/ou Callado, Armei a Rede (Assis Valente e Arsênio Antônio), baião de 1951 que serve de veículo para o casal expressar malícia sensual de tom interiorano. Entre exposições de seu cotidiano amoroso, traduzido até na foto casual exposta na capa, Nina e Callado alcançam em Gambito Budapeste salutar ponto de equilíbrio entre a doçura pop e (certo) experimentalismo, com ligeira ênfase na primeira. Cantora de tonalidade cool que vem de dois álbuns de cores (nem tão) diferentes lançados em 2010, Azul e Vermelho, Nina consegue uma maior proximidade com o universo pop neste disco de duo, sobretudo nas músicas em que Gambito Budapeste  se pauta pelo tempo da delicadeza. Bonita e aconchegante canção que abre o CD produzido por Carlos Eduardo Miranda com Callado, Cadê Você? (Nina Becker) é o drops saboroso de Gambito Budapeste. Levemente salgado pela guitarra slide de Callado, o drops tem gosto de "É bom amar" - como sentencia o verso final de Saudade Vem (Marcelo Callado e Nina Becker), bela canção que remete na forma à parcela mais suave da obra de Arnaldo Antunes. Contudo, o clima psicodélico de Blues (Marcelo Callado) - faixa-vinheta alocada logo no início do disco - parece sinalizar que sempre há nuvens na atmosfera dos casais. Da mesma forma, o tom mais experimental da segunda metade de Futuro (Marcelo Callado) - canção menos inspirada do repertório - parece talhada para alterar o sabor doce de casal feliz que poderia deixar o álbum excessivamente açucarado. Como cantor bissexto, Callado harmoniza bem sua voz com a de Nina em temas como  (Marcelo Callado e Nina Becker) e Nuvem (Marcelo Callado e Nina Becker), além de se aventurar a interpretar sozinho Essa Menina (Marcelo Callado), faixa aquecida pelo baticum das percussões comandadas por Callado e pelo coro de amigos. É instante de calor que se alinha com a pegada roqueira de Marco Zero (Nina Becker e Marcelo Callado) e que se contrapõe ao clima cool do canto de Nina em Sem Lei (Nina Becker), em Packing to Leave (Nina Becker) - única faixa composta e cantada em inglês - e em De Cor, Coração (Nina Becker). No fim, tudo se harmoniza com o canto a duas vozes de Tucanos (Nina Becker e Marcelo Callado), mostrando que o sol encobre as nuvens no cotidiano romântico do casal cool.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Primeiro CD da cantora e compositora carioca Nina Becker com o baterista e compositor Marcelo Callado, Gambito Budapeste é um disco de casal. Não somente por ser assinado conjuntamente pelos artistas, parceiros na música e na vida, mas sobretudo porque o repertório essencialmente autoral está embebido em vivências do romantismo cotidiano - inclusive na única faixa não assinada por Nina e/ou Callado, Armei a Rede (Assis Valente e Arsênio Antônio), baião de 1951 que serve de veículo para o casal expressar malícia sensual de tom interiorano. Entre exposições de seu cotidiano amoroso, traduzido até na foto casual exposta na capa, Nina e Callado alcançam em Gambito Budapeste salutar ponto de equilíbrio entre a doçura pop e (certo) experimentalismo, com ligeira ênfase na primeira. Cantora de tonalidade cool que vem de dois álbuns de cores (nem tão) diferentes lançados em 2010, Azul e Vermelho, Nina consegue uma maior proximidade com o universo pop neste disco de duo, sobretudo nas músicas em que Gambito Budapeste se pauta pelo tempo da delicadeza. Bonita e aconchegante canção que abre o CD produzido por Carlos Eduardo Miranda com Callado, Cadê Você? (Nina Becker) é o drops saboroso de Gambito Budapeste. Levemente salgado pela guitarra slide de Callado, o drops tem gosto de "É bom amar" - como sentencia o verso final de Saudade Vem (Marcelo Callado e Nina Becker), bela canção que remete na forma à parcela mais suave da obra de Arnaldo Antunes. Contudo, o clima psicodélico de Blues (Marcelo Callado) - faixa-vinheta alocada logo no início do disco - parece sinalizar que sempre há nuvens na atmosfera dos casais. Da mesma forma, o tom mais experimental da segunda metade de Futuro (Marcelo Callado) - canção menos inspirada do repertório - parece talhada para alterar o sabor doce de casal feliz que poderia deixar o álbum excessivamente açucarado. Como cantor bissexto, Callado harmoniza bem sua voz com a de Nina em temas como Só (Marcelo Callado e Nina Becker) e Nuvem (Marcelo Callado e Nina Becker), além de se aventurar a interpretar sozinho Essa Menina (Marcelo Callado), faixa aquecida pelo baticum das percussões comandadas por Callado e pelo coro de amigos. É instante de calor que se alinha com a pegada roqueira de Marco Zero (Nina Becker e Marcelo Callado) e que se contrapõe ao clima cool do canto de Nina em Sem Lei (Nina Becker), em Packing to Leave (Nina Becker) - única faixa composta e cantada em inglês - e em De Cor, Coração (Nina Becker). No fim, tudo se harmoniza com o canto a duas vozes de Tucanos (Nina Becker e Marcelo Callado), mostrando que o sol encobre as nuvens no cotidiano romântico do casal cool.

Anônimo disse...

To adorando esse disco. Um passo a frente na carreira dos dois.

lurian disse...

Gostei mais das faixas que se antenam ao universo nordestino. Acho a voz da Nina tão bonita, ela fez algo tão bom cantando Lágrimas negras, que penso que um grande trabalho ainda está por vir!
No geral não me atraem músicas açucaradas e essa ingenuidade da onda new-yê-yê-yê que pontuam os trabalhos de alguns 'novos talentos' de Marcelo Jeneci, passando por Tulipa Ruiz à Nina Becker, prefiro algo mais 'encorpado'... Poe isso achei o disco apenas razoável

Luca disse...

curti Azul e Vermelho, vou atrás desse