Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Adnet repisa a floresta de sons de Jobim e Villa-Lobos no CD 'Amazônia'

Resenha de CD
Título: Amazônia - Na Trilha da Floresta
Artista: Mario Adnet
Gravadora: Adnet Mvsica
Cotação: * * * *

Basta ouvir Trilhas da Floresta - tema de Mario Adnet que abre o CD Amazônia - para perceber que o violonista, compositor e arranjador repisa matas já trilhadas pelo compositor e maestro carioca Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) neste projeto inspirado nos sons da flora do Norte do Brasil. Não é por acaso, aliás, que o segundo movimento de Saudades das Selvas Brasileiras, peça sinfônica de Villa, encerra o álbum ora editado pela Adnet Mvsica. Gravado com patrocínio do Ibope, Amazônia - Na Trilha da Floresta é disco orquestral que finca raízes na obra de Villa-Lobos e no cancioneiro de outro maestro soberano, Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), para revisitar temas que evocam a natureza e a trilha sonora da floresta amazônica, ponto mais verde do Norte do Brasil. O CD entrelaça a linguagem da música erudita com canções populares, seguindo receita já testada com sucesso em discos anteriores de Adnet. A presença de Jobim é sentida ao longo do álbum - e não somente nas músicas de autoria do compositor, casos de Borzeguim (cantada por Adnet com Mônica Salmaso) e O Boto (solada por Lenine com reverência ao universo jobiniano). Os belos vocais femininos ouvidos na introdução de A Rã (João Donato e Caetano Veloso) - música cantada por Antonia Adnet - remetem de imediato ao coro da Banda Nova que acompanhou Jobim nos palcos do Brasil e do mundo a partir dos anos 80. Acreano cuja música suingante  está enraizada (também) nos sons do Norte, Donato é outro compositor recorrente no disco. Sua Amazonas II (João Donato, Arnaldo Antunes e Péricles Cavalcanti) é reouvida em Amazônia na voz de Roberta Sá, cantora escalada também para entoar Canoa Canoa (Nelson Ângelo e Fernando Brant) - o que faz com correção, mas sem um brilho especial. Com mais intimidade com os sons da floresta, Salmaso brilha em Uirapuru (Waldemar Henrique), tema que evoca lendas e mistérios da Amazônia, assim como Saci (Guinga e Paulo César Pinheiro), música difícil, encarada com valentia pelo jovem Vicente Nucci, intérprete também de Os Rios (Cláudio Nucci e Juca Filho). Enfim, por mais que não aponte caminhos novos numa floresta de sons que já vem sendo trilhada desde que Villa-Lobos a desbravou, Adnet reitera o alto nível de sua obra fonográfica em Amazônia.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Basta ouvir Trilhas da Floresta - tema de Mario Adnet que abre o CD Amazônia - para perceber que o violonista, compositor e arranjador repisa matas já trilhadas pelo compositor e maestro carioca Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) neste projeto inspirado nos sons da flora do Norte do Brasil. Não é por acaso, aliás, que o segundo movimento de Saudades das Selvas Brasileiras, peça sinfônica de Villa, encerra o álbum ora editado pela Adnet Mvsica. Gravado com patrocínio do Ibope, Amazônia - Na Trilha da Floresta é disco orquestral que finca raízes na obra de Villa-Lobos e no cancioneiro de outro maestro soberano, Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), para revisitar temas que evocam a natureza e a trilha sonora da floresta amazônica, ponto mais verde do Norte do Brasil. O CD entrelaça a linguagem da música erudita com canções populares, seguindo receita já testada com sucesso em discos anteriores de Adnet. A presença de Jobim é sentida ao longo do álbum - e não somente nas músicas de autoria do compositor, casos de Borzeguim (cantada por Adnet com Mônica Salmaso) e O Boto (solada por Lenine com reverência ao universo jobiniano). Os belos vocais femininos ouvidos na introdução de A Rã (João Donato e Caetano Veloso) - música cantada por Antonia Adnet - remetem de imediato ao coro da Banda Nova que acompanhou Jobim nos palcos do Brasil e do mundo a partir dos anos 80. Acreano cuja música suingante está enraizada (também) nos sons do Norte, Donato é outro compositor recorrente no disco. Sua Amazonas II (João Donato, Arnaldo Antunes e Péricles Cavalcanti) é reouvida em Amazônia na voz de Roberta Sá, cantora escalada também para entoar Canoa Canoa (Nelson Ângelo e Fernando Brant) - o que faz com correção, mas sem um brilho especial. Com mais intimidade com os sons da floresta, Salmaso brilha em Uirapuru (Waldemar Henrique), tema que evoca lendas e mistérios da Amazônia, assim como Saci (Guinga e Paulo César Pinheiro), música difícil, encarada com valentia pelo jovem Vicente Nucci, intérprete também de Os Rios (Cláudio Nucci e Juca Filho). Enfim, por mais que não aponte caminhos novos numa floresta de sons que já vem sendo trilhada desde que Villa-Lobos a desbravou, Adnet reitera o alto nível de sua obra fonográfica em Amazônia.

Luca disse...

parem as máquinas: Mauro falando mal de sua queridinha Roberta Sá, é a notícia do ano

Raul disse...

Queria entender como Adnet consegue fazer tantos projetos patrocinados em curto espaço de tempo. Ele devia ensinar esse know-how pra muita gente...

lurian disse...

Mauro tem razão Roberta Sá não foi bem ao interpretar Canoa, canoa. Esse é um tema encorpado que pede voz mais firme e maturada como foram as Milton, e das Simone's (Bittencourt e Guimarães), o mesmo eu já observara quando ela anteriormente cantou mal, por sinal, Valsa da solidão (do repertório da Elizeth).
Quem foi muito bem no disco foi Mônica Salmaso, mas essa dificilmente erra.

Felipe Candido disse...

Realmente, Mônica está sublime! Mas se Roberta está desbotada em “Canoa, Canoa” ela se redime ao brilhar em “Amazonas II”.