Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mesmo sem o status de álbum, 'Lioness' revela tesouros do baú de Amy

Resenha de CD
Título: Amy Winehouse Lioness:  Hidden Treasures
Artista: Amy Winehouse
Gravadora: Island / Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Já é sabido que não existe - e tampouco existirá algum dia... - um terceiro álbum de Amy Winehouse (1983 - 2011). O que há são fragmentos de gravações feitas pela cantora inglesa para o que poderia ser o sucessor do genial Back to Black (2007). Alguns destes registros embrionários foram finalizados pelos produtores Salaam Remi e Mark Ronson. Registros que, somados a alguns takes alternativos de sucessos da cantora e a demos, resultaram no CD póstumo Amy Winehouse Lioness: Hidden Treasures, nas lojas a partir desta segunda-feira, 5 de dezembro de 2011, em lançamento mundial orquestrado pela gravadora Universal Music. Justiça seja feita: trata-se de um bom disco que, mesmo sem ter o status de um álbum, revela tesouros escondidos no baú de Amy. Dois deles, Our Day Will Come e Between the Cheats, já valem a aquisição do disco. Our Day Will Come é deliciosa versão em reggae do doo-wop lançado em 1963 pelo grupo de pop e r & b Ruby & The Romantics. Foi gravada em maio de 2002, com a voz de Amy tinindo. Na mesma linha vintage que evoca a arquitetura vocal de um doo-wop, Between the Cheats é música inédita gravada por Amy em maio de 2008, com produção de Salaam Remi, para um possível terceiro álbum. Melancólica, a letra versa sobre o turbulento relacionamento afetivo de Amy com Blake Civil-Fielder. Da mesma época da bela Between the Cheats, e possivelmente das mesmas sessões de estúdio, aparece Like a Smoke, um r & b finalizado com adição do rap de Nas. Não se notam na voz de Amy, nas gravações destas músicas inéditas, sinais dos excessos que acabariam tirando precocemente a cantora de cena em 23 de julho de 2011. Salta também aos ouvidos o bom acabamento dos arranjos de Amy Winehouse Lioness: Hidden Treasures. Will You Still Love me Tomorrow? - cover da música de Carole King, gravado por Amy em setembro de 2004 com produção de Mark Ronson - tem adesão do grupo The Dap Kings e cordas arranjadas com propriedade por Chris Elliott. Sucesso em 1960 na gravação do grupo The Shirelles, Will You Still Love me Tomorrow? já fazia parte do repertórito de Amy. Assim como Valerie, sucesso do grupo The Zuttons em 2006. Valerie reaparece em Hidden Treasures em andamento mais lento em registro de dezembro de 2006, pilotado por Rason, que fica aquém da gravação de Amy que veio à tona. Tears Dry - versão mais lenta de Tears Dry on Their Own, gravada em ritmo de balada, em novembro de 2005, sob a batuta de Salaam Remi - resulta mais interessante no confronto com o registro oficial da cantora. Já The Girl From Ipanema - o clássico mundial de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, ouvido em inédita gravação de 2002, feita por Amy com o objetivo de mostrar seus dotes vocais para Remi - exala frescor e reitera que a intérprete tinha bossa toda especial. Habilidade que também saltava aos ouvidos nos temas de tom mais jazzy como Halftime, inédita sobra do primeiro álbum de Amy (Frank, 2003), gravada em agosto de 2002. Das sessões de gravação do posterior Back to Black (2003), o álbum que consagraria Amy em escala mundial, aparece a demo de Wake Up Alone, música ouvida em andamento mais lento, em gravação embrionária de março de 2006 que não tem a pulsação sentida em Best Friends, música gravada em fevereiro de 2003, com produção de Salaam Remi, e já ouvida nos shows feitos por Amy na época do lançamento do álbum Frank. Época em que a voz de Amy tinha o vigor que eventualmente já começou a falhar lá pelos idos de 2009, ano do registro caseiro de A Song For You (Leon Russell), finalizada por Salaam Remi. Embora a derradeira gravação oficial de Amy - o refinado dueto com Tony Bennett em Body & Soul, gravado em março deste ano de 2011 para o recém-lançado disco de Bennett e incluído em Hidden Treasures - tenha sinalizado o contrário, efeito provável da garra dessa Leoa que partiu cedo demais. Digno, seu primeiro álbum póstumo - alguém duvida que haverá outros? - ameniza a saudade deixada pela artista sem (jamais) afrontar a memória de Amy Winehouse.

8 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Já é sabido que não existe - e tampouco existirá algum dia... - um terceiro álbum de Amy Winehouse (1983 - 2011). O que há são fragmentos de gravações feitas pela cantora inglesa para o que poderia ser o sucessor de Back to Black (2007). Alguns destes registros embrionários foram finalizados pelos produtores Salaam Remi e Mark Ronson. Registros que, somados a alguns takes alternativos de sucessos da cantora e a demos, resultaram no CD póstumo Amy Winehouse Lioness: Hidden Treasures, nas lojas a partir desta segunda-feira, 5 de dezembro de 2011, em lançamento mundial orquestrado pela gravadora Universal Music. Justiça seja feita: trata-se de um bom disco que, mesmo sem ter o status de um álbum, revela tesouros escondidos no baú de Amy. Dois deles, Our Day Will Come e Between the Cheats, já valem a aquisição do disco. Our Day Will Come é deliciosa versão em reggae do doo-wop lançado em 1963 pelo grupo de pop e r & b Ruby & The Romantics. Foi gravada em maio de 2002, com a voz de Amy tinindo. Na mesma linha vintage que evoca a arquitetura vocal de um doo-wop, Between the Cheats é música inédita gravada por Amy em maio de 2008, com produção de Salaam Remi, para seu terceiro álbum. Melancólica, a letra versa sobre o turbulento relacionamento afetivo de Amy com Blake Civil-Fielder. Da mesma época de Between the Cheats, e possivelmente das mesmas sessões de estúdio, aparece Like a Smoke, r & b finalizado com a adição do rap de Nas. Não se nota na voz de Amy, nas gravações destas músicas inéditas, sinais dos excessos que acabariam tirando precocemente a cantora de cena em 23 de julho de 2011. Salta também aos ouvidos o bom acabamento dos arranjos de Amy Winehouse Lioness: Hidden Treasures. Will You Still Love me Tomorrow? - cover da música de Carole King, gravado por Amy em setembro de 2004 com produção de Mark Ronson - tem adesão do grupo The Dap Kings e cordas arranjadas com propriedade por Chris Elliott. Sucesso em 1960 na gravação do grupo The Shirelles, Will You Still Love me Tomorrow? já fazia parte do repertórito de Amy. Assim como Valerie, sucesso do grupo The Zuttons em 2006. Valerie reaparece em Hidden Treasures em andamento mais lento em registro de dezembro de 2006, pilotado por Rason, que fica aquém da gravação de Amy que veio à tona. Tears Dry - versão mais lenta de Tears Dry on Their Own, gravada em ritmo de balada, em novembro de 2005, sob a batuta de Salaam Remi - resulta mais interessante no confronto com o registro oficial da cantora. Já The Girl From Ipanema - o clássico mundial de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, ouvido em inédita gravação de 2002, feita por Amy com o objetivo de mostrar seus dotes vocais para Remi - exala frescor e reitera que a intérprete tinha bossa toda especial. Habilidade que também saltava aos ouvidos nos temas de tom mais jazzy como Halftime, inédita sobra do primeiro álbum de Amy (Frank, 2003), gravada em agosto de 2002. Das sessões de gravação do posterior Back to Black (2003), o álbum que consagraria Amy em escala mundial, aparece a demo de Wake Up Alone, música ouvida em andamento mais lento, em gravação embrionária de março de 2006 que não tem a pulsação sentida em Best Friends, música gravada em fevereiro de 2003, com produção de Salaam Remi, e já ouvida nos shows feitos por Amy na época do lançamento do álbum Frank. Época em que a voz de Amy tinha o vigor que eventualmente já começou a falhar lá pelos idos de 2009, ano do registro caseiro de A Song For You (Leon Russell), finalizada por Salaam Remi. Embora a derradeira gravação oficial de Amy - o refinado dueto com Tony Bennett em Body & Soul, gravado em março deste ano de 2011 para o recém-lançado disco de Bennett e incluído em Hidden Treasures - tenha sinalizado o contrário, efeito provável da garra dessa Leoa que partiu cedo demais. Digno, seu primeiro álbum póstumo - alguém duvida que haverá outros? - ameniza a saudade deixada pela artista sem (jamais) afrontar a memória de Amy Winehouse.

Vitor disse...

Até gostei de uma inédita, mas as músicas em andamentos diferentes ficaram péssimas. Tears Dry é minha preferida do B2B, mas conseguiram estragar a música nesse cd. Amy não merecia isso

aguiar_luc disse...

O CD é ótimo por completo. Amy Forever

Anônimo disse...

Olha como eu sou atrasilda...sou fã dela e nem ouvi ainda. Valeu Mauro pela informaçao.

MM disse...

Eu achei o disco totalmente dispensável. Sem graça. Parece que fizeram um catadão de gravações esquecidas numa gaveta para montar um "produto" forçado. Não colou!

Anderson Lopes disse...

Between the Cheats é excelente. Ótimo presente de final de ano.

MM, o cd é exatamente um catadão de gravações perdidos numa gaveta, já dá para perceber isso no título do cd.

Vinny disse...

Está lindo o cd . Eu nao conhecia esses tracks . Portanto , para mim é novidade . Nao dá para esperar um album como se fosse de uma pessoa viva gravando musicas novas no estudio . Acorda pessoal . Só tinha que ser coisas guardadas . Ela nao fez nada que prestasse nos ultimos anos . Com exceção de Body and Soul que ficou ótima .

Vinny disse...

Eu gostei do Cd . Está lindo . Eu não conhecia esses tracks . Então , está valendo . Acorda pessoal , só poderia ser coisas guardadas ou versões diferentes do que já foi feito . Ela nao fez nada que prestasse nos ultimos anos . Mal parava em pé !