Mauro Ferreira no G1

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domingo, 18 de dezembro de 2011

Em cena, programações e guitarras dão peso ao som solo de Pedro Luís

Resenha de show
Título: Tempo de Menino
Artista: Pedro Luís (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Studio RJ (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 15 de dezembro de 2011
Cotação: * * * 1/2

Em seu primeiro disco solo, Tempo de Menino, Pedro Luís foca a miscigenação rítmica nacional com olhar carioca. Em cena, o suingue e o toque contemporâneo do álbum - formatado pelo MiniStereo, duo formado pelo produtor Rodrigo Campello e o guitarrista Jr. Tostoi - ganham peso porque as guitarras (a de Leo Saad e a do próprio Pedro Luís) e as programações sobressaem nos arranjos moldados para o palco. A julgar pela estreia nacional do show Tempo de Menino, apresentada na casa carioca Studio RJ em 15 de dezembro de 2011, a pegada do som solo de Pedro Luís fica mais quente em cena, às vezes até abafando as letras impregnadas de crítica social. Nesse tom inflamado e urbano, Incêndio (tema de alma punk extraído pelo cantor do baú de sua extinta banda Urge, em atividade na cena indie carioca dos anos 80) e Miséria S.A. (música de Pedro lançada pelo grupo carioca O Rappa em 1996 no álbum Rappa Múndi) se ajustam bem ao roteiro que prioriza as músicas do disco Tempo de Menino. Dentro dessa atmosfera pesada, a roda de capoeira não chega a se armar em Nas Estrelas (Pedro Luís e Sérgio Paes), número de abertura do show. Em contrapartida, o samba-rock Tempo de Menino - reminiscência afetiva de um Rio de Janeiro mais humano e menos automatizado - e Hoje e Amanhã Não Saio de Casa (Luiz Melodia, 1980) crescem muito no show. Única música fora da esfera autoral do artista, o tema de Melodia é jogado por Pedro na praia do reggae em levada envolvente que torna o número um dos melhores do show. Alvo de ainda inédito clipe filmado sob a direção de Jorge Bispo, a funkeada Menina do Salão de Beleza (Pedro Luís, Beto Valente e Rodrigo Cabelo) também se adequa bem à pressão dos arranjos do palco. Já a toada Imbora (Zé Renato e Pedro Luís) - definida pelo cantor como "o momento singelo do show" - perde naturalmente um pouco de sua beleza e delicadeza na pegada quente do palco. Em evolução crescente como cantor, efeito da preparação vocal feita com Felipe Abreu, Pedro Luís revive Soul (Pedro Luís, Fernando Cabrera e Moska) - tema do repertório dividido com a Parede e com Ney Matogrosso no disco e show Vagabundo (2004) - e Mão e Lua (Pedro Luís), canção dada a Adriana Calcanhotto para o álbum Maritmo (1998). Entre a cadência bonita do samba que norteia Na Medida do meu Coração (parceria com Ricardo Silveira, levada no cavaquinho por Pedro) e a levada elétrica de Tá? (Pedro Luís, Roberta Sá e Carlos Rennó), Pedro surpreende no bis ao cantar Do Zero, parceria com Seu Jorge que deu título ao segundo CD da cantora Anna Ratto. Faz sentido. Embora Pedro Luís já esteja na estrada desde dos anos 80, até então associado a projetos coletivos, este primeiro disco solo delimita novo tempo na obra do artista que sempre cai no suingue com consciência social e, no palco, se porta como um menino ávido por imprimir o seu olhar carioca no mundo.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em seu primeiro disco solo, Tempo de Menino, Pedro Luís foca a miscigenação rítmica nacional com olhar carioca. Em cena, o suingue e o toque contemporâneo do álbum - formatado pelo MiniStereo, duo formado pelo produtor Rodrigo Campello e o guitarrista Jr. Tostoi - ganham peso porque as guitarras (a de Leo Saad e a do próprio Pedro Luís) e as programações sobressaem nos arranjos moldados para o palco. A julgar pela estreia nacional do show Tempo de Menino, apresentada na casa carioca Studio RJ em 15 de dezembro de 2011, a pegada do som solo de Pedro Luís fica mais quente em cena, às vezes até abafando as letras impregnadas de crítica social. Nesse tom inflamado e urbano, Incêndio (tema de alma punk extraído pelo cantor do baú de sua extinta banda Urge, em atividade na cena indie carioca dos anos 80) e Miséria S.A. (música de Pedro lançada pelo grupo carioca O Rappa em 1996 no álbum Rappa Múndi) se ajustam bem ao roteiro que prioriza as músicas do disco Tempo de Menino. Dentro dessa atmosfera pesada, a roda de capoeira não chega a se armar em Nas Estrelas (Pedro Luís e Sérgio Paes), número de abertura do show. Em contrapartida, o samba-rock Tempo de Menino - reminiscência de um Rio de Janeiro mais afetivo e menos automatizado - e Hoje e Amanhã Não Saio de Casa (Luiz Melodia, 1980) crescem muito no show. Única música fora da esfera autoral do artista, o tema de Melodia é jogado por Pedro na praia do reggae em levada envolvente que torna o número um dos melhores do show. Alvo de ainda inédito clipe filmado sob a direção de Jorge Bispo, a funkeada Menina do Salão de Beleza (Pedro Luís, Beto Valente e Rodrigo Cabelo) também se adequa bem à pressão dos arranjos do palco. Já a toada Imbora (Zé Renato e Pedro Luís) - definida pelo cantor como "o momento singelo do show" - perde naturalmente um pouco de sua beleza e delicadeza na pegada quente do palco. Em evolução crescente como cantor, efeito da preparação vocal feita com Felipe Abreu, Pedro Luís revive Soul (Pedro Luís, Fernando Cabrera e Moska) - tema do repertório dividido com a Parede e com Ney Matogrosso no disco e show Vagabundo (2004) - e Mão e Lua (Pedro Luís), canção dada a Adriana Calcanhotto para o álbum Maritmo (1998). Entre a cadência bonita do samba que norteia Na Medida do meu Coração (parceria com Ricardo Silveira, levada no cavaquinho por Pedro) e a levada elétrica de Tá? (Pedro Luís, Roberta Sá e Carlos Rennó), Pedro surpreende no bis ao cantar Do Zero, parceria com Seu Jorge que deu título ao segundo CD da cantora Anna Ratto. Faz sentido. Embora Pedro Luís já esteja na estrada desde dos anos 80, até então associado a projetos coletivos, este primeiro disco solo delimita novo tempo na obra do artista que sempre cai no suingue com consciência social e, no palco, se porta como um menino ávido por imprimir o seu olhar carioca no mundo.

Maria disse...

Sem dúvidas um ótimo músico!! e compositor porem não gosto como cantor bom saber que Adriana Calcanhotto e O Rappa já gravaram canções suas.

Vitor disse...

Tb não consigo gostar dele como cantor. A voz dele é tão irritante que acaba estragando as músicas

leitordomauro disse...

Um disco irregular, mas confirmador para quem se interessa pela obra de Pedro Luis. Algumas canções interessam e valem a audição