Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Planeta psicodélico da galáxia gaúcha, Júpiter Maçã sai de cena aos 47 anos

"Um ser humano sem filtros". "Um fio desencapado exposto aos ventos de sua inquietude". As duas definições de Júpiter Maçã - dadas no Facebook pelo cantor e compositor gaúcho Luís Nenung em post no qual lamentava a saída de cena do colega conterrâneo - são perfeitas traduções do espírito desassossegado de Flávio Basso (26 de janeiro de 1968 - 21 de dezembro de 2015). Transformado em lenda do rock gaúcho ao longo de 31 anos de atividade profissional, Basso - mais conhecido como Júpiter Maçã ou como Júpiter Apple - saiu hoje de cena na mesma cidade de Porto Alegre (RS) onde nasceu há 47 anos e onze meses (o artista iria completar 48 anos em janeiro de 2016). Se o Rio Grande do Sul é uma galáxia à parte no universo pop, Júpiter Maçã foi o planeta psicodélico que encheu de cores um mundo ainda longe demais das capitais do mainstream. Iniciada em 1984, quando Basso integrava o TNT (grupo gaúcho da geração pop da década de 1980 que misturava punk e rockabilly), a viagem foi feita ao som de sexo, álcool, drogas e rock'n'roll, curtidos em doses calculadas na medida do prazer. Pela eletricidade natural que vinha do fio desencapado da alma do artista, Basso logo mudou de banda em 1986, fundando e integrando Os Cascavelettes, outro lendário grupo do universo pop gaúcho. Mas foi em carreira solo - iniciada na década de 1990, já com o nome artístico de Júpiter Maçã (alterado posterior e eventualmente para Júpiter Apple) - que as estrelas do planeta psicodélico se alinharam com mais naturalidade. O primeiro álbum solo de Júpiter, A sétima efervescência (Antídoto, 1997), explicitou a influência exercida pelo som viajante do grupo inglês Pink Floyd na rota criativa do artista. Dois anos depois, Júpiter gravitou em outra frequência ao lançar um segundo álbum solo, Plastic soda (Trama, 1999), em que adicionou toque de bossa nova ao coquetel psicodélico do disco. A partir da década de 2000, Júpiter - em foto de Sidd Rodrigues colorizada artificialmente e postada pelo artista no Facebook  - radicalizou ainda mais nas experiências em álbuns de repercussão mais restrita como Hisscivilization (Noland Man, 2002) e Uma tarde na fruteira (Elefaint Spain / Monstro Discos, 2007). Artista sem filtros e normas, Júpiter Maça tem a efervescência eternizada no DVD Six colours frenesi - Ao vivo no Opinião, gravado em show no Teatro Opinião, em Porto Alegre (RS), e lançado em 2014. Neste ano de 2015, Júpiter deu outra volta em torno do universo pop, lançando dois singles, They're all beatniks e Constantine's empire, de tom folk. E assim orbitou Júpiter Maçã,  "fio desencapado exposto aos ventos de sua inquietude",  até partir hoje para outra galáxia.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

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ADEMAR AMANCIO disse...

Não conhecia este fio desencapado.Belo texto.