Mauro Ferreira no G1

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sábado, 16 de agosto de 2014

'Titia' Pitty faz séquito carioca delirar com 'hard' rock do show 'Sete vidas'

Resenha de show
Título: Sete vidas
Artista: Pitty (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 15 de agosto de 2014
Cotação: * * * *
Show em cartaz até 16 de agosto de 2014 no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ)

Pitty cresceu em público e com seu público. Já a caminho dos 37 anos, a serem completados em 7 de outubro de 2014, a cantora e compositora baiana até ironizou a idade (já não tão pouca) na estreia carioca de seu show Sete vidas. "Titia gosta", disparou, marota, no palco do Circo Voador ao comentar o fato de que o público já estava cantando todas as músicas de seu recente quarto álbum solo de estúdio, Sete vidas (Deck, 2014), base e inspiração do show que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) no fim da noite de 15 de agosto, uma semana após a estreia nacional da turnê, em 9 de agosto, na casa Áudio Club, de São Paulo (SP). Sim, o público canta tudo. Já quando Pitty abriu o show com a música-título Sete vidas (Pitty, 2014), ficou clara a total adesão do público ao repertório do disco que renovou o fôlego roqueiro da artista após mergulho mais íntimo e pessoal no cancioneiro pop folk do duo Agridoce, projeto paralelo de Pitty. Público que, no caso de Pitty, mais parece um séquito disposto a manter a cantora entronizada no posto de rainha do rock brasileiro pós-anos 2000. Com sua trupe-banda, na qual sobressaiu o guitarrista Martin Mendezz, Pitty fez delirar a plateia que se espremeu na pista e nas arquibancadas do Circo Voador. Pitty, aliás, pareceu mais uma vez se sentir em casa ao cantar no Circo Voador. Sob a lona mais pop do Rio de Janeiro, a artista enfileirou 19 músicas de sua discografia solo com pegada hard roqueira. O coro popular ouvido em músicas como Admirável chip novo (Pitty, 2003) e Semana que vem (Pitty, 2003) - coro sempre forte, enérgico e espontâneo - reiterou a sintonia entre a titia e seus sobrinhos de todas as idades. Talvez para marcar território e ressaltar que o Agridoce é um projeto paralelo, Pitty fez show essencialmente roqueiro, acentuando em cena o peso de músicas como Pouco (Pitty, 2014), A massa (Pitty, 2014) e Deixa ela entrar (Pitty e Martin Mendezz, 2014). Aberto com texto que versa sobre o número sete, o show foi valorizado pelas elegantes projeções exibidas na maior parte das músicas. Se Memórias (Pitty, 2005) foi ilustrada com imagens da anatomia do corpo humano, Pequena morte (Pitty e Martin Mendezz, 2014) teve sua conotação sexual explicitada com signos do universo erótico. A adesão do séquito ao cancioneiro de Pitty foi tamanha que a habitual catarse provocada pela delícia pop Me adora (Pitty, 2009) apenas sublinhou a energia que moveu cantora e público ao longo da apresentação. Mesmo quando o roteiro abriu espaço para a execução de eventuais baladas, como Equalize (Pitty e Peu de Souza, 2003), a energia - e a sinergia - entre artista e plateia permaneceram inalteradas. No fim, o show foi ficando mais surpreendente sem perder a pegada. Um leão (Pitty, 2014) rugiu no toque coletivo da percussão enquanto exuberante Serpente (Pitty, 2014) insinuou ao fim do show - encerrado corajosamente sem bis - troca de pele em futuro álbum. A julgar pela estreia carioca de Sete vidas, show que reiterou o peso do CD mais coeso de Pitty, Titia está com fôlego adolescente.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Pitty cresceu em público e com seu público. Já a caminho dos 37 anos, a serem completados em 7 de outubro de 2014, a cantora e compositora baiana até ironizou a idade (já não tão pouca) na estreia carioca de seu show Sete vidas. "Titia gosta", disparou, marota, no palco do Circo Voador ao comentar o fato de que o público já estava cantando todas as músicas de seu recente quarto álbum solo de estúdio, Sete vidas (Deck, 2014), base e inspiração do show que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) no fim da noite de 15 de agosto, uma semana após a estreia nacional da turnê, em 9 de agosto, na casa Áudio Club, de São Paulo (SP). Sim, o público canta tudo. Já quando Pitty abriu o show com a música-título Sete vidas (Pitty, 2014), ficou clara a total adesão do público ao repertório do disco que renovou o fôlego roqueiro da artista após mergulho mais íntimo e pessoal no cancioneiro pop folk do duo Agridoce, projeto paralelo de Pitty. Público que, no caso de Pitty, mais parece um séquito disposto a manter a cantora entronizada no posto de rainha do rock brasileiro pós-anos 2000. Com sua trupe-banda, na qual sobressaiu o guitarrista Martin Mendezz, Pitty fez delirar a plateia que se espremeu na pista e nas arquibancadas do Circo Voador. Pitty, aliás, pareceu mais uma vez se sentir em casa ao cantar no Circo Voador. Sob a lona mais pop do Rio de Janeiro, a artista enfileirou 19 músicas de sua discografia solo com pegada hard roqueira. O coro popular ouvido em músicas como Admirável chip novo (Pitty, 2003) e Semana que vem (Pitty, 2003) - coro sempre forte, enérgico e espontâneo - reiterou a sintonia entre a titia e seus sobrinhos de todas as idades. Talvez para marcar território e ressaltar que o Agridoce é um projeto paralelo, Pitty fez show essencialmente roqueiro, acentuando em cena o peso de músicas como Pouco (Pitty, 2014), A massa (Pitty, 2014) e Deixa ela entrar (Pitty e Martin Mendezz, 2014). Aberto com texto que versa sobre o número sete, o show foi valorizado pelas elegantes projeções exibidas na maior parte das músicas. Se Memórias (Pitty, 2005) foi ilustrada com imagens da anatomia do corpo humano, Pequena morte (Pitty e Martin Mendezz, 2014) teve sua conotação sexual explicitada com signos do universo erótico. A adesão do séquito ao cancioneiro de Pitty foi tamanha que a habitual catarse provocada pela delícia pop Me adora (Pitty, 2009) apenas sublinhou a energia que moveu cantora e público ao longo da apresentação. Mesmo quando o roteiro abriu espaço para a execução de eventuais baladas, como Equalize (Pitty e Peu de Souza, 2003), a energia - e a sinergia - entre artista e plateia permaneceram inalteradas. No fim, o show foi ficando mais surpreendente sem perder a pegada. Um leão (Pitty, 2014) rugiu no toque coletivo da percussão enquanto exuberante Serpente (Pitty, 2014) insinuou ao fim do show - encerrado corajosamente sem bis - troca de pele em futuro álbum. A julgar pela estreia carioca de Sete vidas, show que reiterou o peso do CD mais coeso de Pitty, Titia está com fôlego adolescente.