Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Vander Lee tece 'Loa' sem inventar moda e sem revelar uma canção marcante

Resenha de álbum
Título: Loa
Artista: Vander Lee
Gravadora: Balaio / Radar Records
Cotação: * * /12

 Em dezembro de 2013, Vander Lee anunciou o oitavo álbum da discografia - então obviamente intitulado 8 - com a edição de EP em que apresentou duas das onze inéditas autorais do disco produzido por Robertinho Brant. Na ocasião, as canções Tu e Siga em paz sinalizaram disco agradável, de sonoridade leve, mas - a julgar pelas duas músicas - nada marcante. E eis que Loa, álbum recém-lançado pela Radar Records, confirma tal impressão. O disco tem elegância harmônica e soa coerente, mas falta uma canção realmente especial que venha se juntar ao time de clássicos do cantor e compositor mineiro. Canções de poesia frugal como Saudade do infinito e Procissão de um homem até reforçam a assinatura autoral do compositor de músicas inspiradas como Contra o tempo (1997), Românticos (1999), Onde Deus possa me ouvir (2002) e Esperando aviões (2003). Mas parecem sem fôlego para passar na peneira fina do tempo. Gravado por extensa lista de cantores brasileiros que inclui até Maria Bethânia (intérprete original do congado Estrela, de 2009), Lee tece Loa sem inventar moda - como no álbum anterior, Sambarroco (LGK Music / Radar Records, 2012), trabalho de repertório pautado pela diversidade rítmica - e sem impressionar. Se a canção ABC flagra o cantor em profunda melancolia, o tema instrumental Vinho exala o cheiro de disco bem acabado do ponto de vista harmônico, mas trivial como a abordagem de Retrato da vida (Djavan e Dominguinhos, 1998), única música que não ostenta a assinatura de Lee. "Sou do mundo do que não tem pressa / Sou do canto dos de pouca pressa / Vou garimpando a vida na bateia / Revirando areia em pedra preciosa", poetiza Lee em voz terçada com a de Laura Catarina. Título inaugural do selo do artista, Balaio, Loa é disco gravado entre julho e setembro de 2013. Para fãs radicais de Lee, pode ser que músicas como Menino e A vida é bela (de suingue bissexto na obra do artista) soem especiais. Mas Lee já mostrou mais inspiração. De todo modo, ele parece seguir a própria toada em paz, no tempo dele. "Não quero ser melhor / Nem pior,  sou assim / Só quero ser eu", ressalta Lee em  Seu rei. O aviso já está dado...

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Em dezembro de 2013, Vander Lee anunciou seu oitavo álbum - então obviamente intitulado 8 - com a edição de EP em que apresentou duas das onze inéditas autorais do disco produzido por Robertinho Brant. Na ocasião, as canções Tu e Siga em paz sinalizaram um disco agradável, de sonoridade leve, mas - a julgar pelas duas músicas - nada marcante. E eis que Loa, álbum recém-lançado pela Radar Records, confirma tal impressão. O disco tem elegância harmônica e soa coerente, mas falta uma canção realmente especial que venha se juntar ao naipe de clássicos do cantor e compositor mineiro. Canções de poesia frugal como Saudade do infinito e Procissão de um homem só até reforçam a assinatura autoral do compositor de eventuais músicas inspiradas como Contra o tempo (1997), Românticos (1999), Onde Deus possa me ouvir (2002) e Esperando aviões (2003). Mas parecem sem fôlego para passar na peneira fina do tempo. Gravado por extensa lista de cantores brasileiros que inclui até Maria Bethânia (intérprete original do congado Estrela, de 2009), Lee tece Loa sem inventar moda - como em seu álbum anterior, Sambarroco (LGK Music / Radar Records, 2012), trabalho de repertório pautado pela diversidade rítmica - e sem impressionar. Se a canção ABC flagra o cantor em profunda melancolia, o tema instrumental Vinho exala o cheiro de um disco bem acabado do ponto de vista harmônico, mas trivial como a abordagem de Retrato da vida (Djavan e Dominguinhos, 1998), única música que não ostenta a assinatura de Lee. "Sou do mundo do que não tem pressa / Sou do canto dos de pouca pressa / Vou garimpando a vida na bateia / Revirando areia em pedra preciosa", poetiza Lee em voz terçada com a de Laura Catarina. Título inaugural do selo do artista, Balaio, Loa é disco gravado entre julho e setembro de 2013. Para fãs radicais de Lee, pode ser que músicas como Menino e A vida é bela (de suingue bissexto na obra do artista) soem especiais. Mas Vander Lee já mostrou mais inspiração. De todo modo, ele parece seguir sua toada em paz, no seu tempo. "Não quero ser melhor / Nem pior, sou assim / Só quero ser eu", ressalta Lee em Seu rei. O aviso está dado...