Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dado se movimenta bem nos climas do disco solo 'O Passo do Colapso'

Resenha de CD
Título: O Passo do Colapso
Artista: Dado Villa-Lobos
Gravadora: Rockit!
Cotação: * * *
Disco à venda no iTunes com lançamento físico em CD previsto para março de 2013

Dado Villa-Lobos está em movimento. Mesmo que cada passo dado em sua carreira solo vá sempre ser confrontado com a caminhada feita com a Legião Urbana (1982 - 1996), banda-ícone do rock brasileiro dos anos 80, o guitarrista tem direcionado sua música para um rumo todo próprio. Segundo álbum solo gravado em estúdio por Dado, já disponível em edição digital, O Passo do Colapso empurra o artista para frente e o desvincula definitivamente do som da Legião. Efeito provável de a produção ter sido dividida por Dado com o onipresente Kassin - uma das grifes da recente produção fonográfica nacional - e com Carlos Laufer. O Passo do Colapso abre com um rock - Colapso (Dado Villa-Lobos, China e Jr. Black), de versos imagéticos como "Eu sou a força e o que move o desejo dos deuses" - e fecha com o funkaço que lhe dá título e que capta a efervescência do caos planetário no toque dançante dos metais arranjados por Marlon Sette. Contudo, o álbum resulta no todo climático, espiritualizado, por conta da presença forte de Nenung - mentor do grupo gaúcho Os The Darma Lóvers - na composição do repertório. Aliás, O Passo do Colapso, a música, é parceria de Dado com Nenung, autor solitário ou parceiro de Dado em cinco das 12 inéditas do repertório. Crítica delicada ao culto às aparências e ao domínio materialista num tempo que sobrepõe o ter ao ser, O Homem que Calculava (Nenung) é exemplo da linha pop zen-budista do cancioneiro de Nenung. Que também assina Quando a Casa Cai, canção sobre o fim de união afetiva, entoada por Dado com Mallu Magalhães, cujo canto se ajusta perfeitamente ao espírito do disco. Contudo, apesar da predominância de Nenung na autoria do repertório (ele é parceiro de Dado também em Lucidez e em Sobriedade, temas de menor poder de sedução dentro do conjunto do álbum), O Passo do Colapso também caminha em outras direções. Tudo Bem (Marcelo Guimarães) é bom rock vintage com tendência ao blues. Versão em português de Son (Scott Weilland e Victor Indrizzi), assinada pelo próprio Dado Villa-Lobos, Filho é mergulho profundo na sensibilidade de pai que vela por seu filho - no caso de Dado, o já crescido Nicolau - sem derramar pieguice ou clichês na letra embebida em poesia. E há duas salutares conexões com Fausto Fawcett, poeta do caos urbano. Beleza Americana (Fausto Fawcett e Carlos Laufer) segue a cinematográfica rota Paris-Texas com versos declamados por Fawcett. Com seus vocais, Paula Toller e Arto Lindsay (em inglês) são os companheiros de Dado na viagem. Outra parceria de Fawett com Laufer, Overdose Coração bate em compasso progressivamente mais forte no clima acalorado e sensual em que está ambientada a poética do cronista do purgatório urbano. Já Brilho de Gente que Faz Brilhar (Beto Callado) é faixa que evidencia a forte marca de Kassin na produção do disco. A riqueza de timbres e a sonoridade das faixas valorizam repertório cantado por Dado com sua voz pequena, mas sempre bem colocada. Enfim, o disco é o passo mais largo do guitarrista da Legião Urbana na construção de sua identidade como artista solo. Bom, O Passo do Colapso prova que, sim, Dado Villa-Lobos está em movimento.

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Dado Villa-Lobos está em movimento. Mesmo que cada passo dado em sua carreira solo vá sempre ser confrontado com a caminhada feita com a Legião Urbana (1982 - 1996), banda-ícone do rock brasileiro dos anos 80, o guitarrista tem direcionado sua música para um rumo todo próprio. Segundo álbum solo gravado em estúdio por Dado, já disponível em edição digital, O Passo do Colapso empurra o artista para frente e o desvincula definitivamente do som da Legião. Efeito provável de a produção ter sido dividida por Dado com o onipresente Kassin - uma das grifes da recente produção fonográfica nacional - e com Carlos Laufer. O Passo do Colapso abre com um rock - Colapso (Dado Villa-Lobos, China e Jr. Black), de versos imagéticos como "Eu sou a força e o que move o desejo dos deuses" - e fecha com o funkaço que lhe dá título e que capta a efervescência do caos planetário no toque dançante dos metais arranjados por Marlon Sette. Contudo, o álbum resulta no todo climático, espiritualizado, por conta da presença forte de Nenung - mentor do grupo gaúcho Os The Darma Lóvers - na composição do repertório. Aliás, O Passo do Colapso, a música, é parceria de Dado com Nenung, autor solitário ou parceiro de Dado em cinco das 12 inéditas do repertório. Crítica delicada ao culto às aparências e ao domínio materialista num tempo que sobrepõe o ter ao ser, O Homem que Calculava (Nenung) é exemplo da linha pop zen-budista do cancioneiro de Nenung. Que também assina Quando a Casa Cai, canção sobre o fim de união afetiva, entoada por Dado com Mallu Magalhães, cujo canto se ajusta perfeitamente ao espírito do disco. Contudo, apesar da predominância de Nenung na autoria do repertório (ele é parceiro de Dado também em Lucidez e em Sobriedade, temas de menor poder de sedução dentro do conjunto do álbum), O Passo do Colapso também caminha em outras direções. Tudo Bem (Marcelo Guimarães) é bom rock vintage com tendência ao blues. Versão em português de Son (Scott Weilland e Victor Indrizzi), assinada pelo próprio Dado, Filho é mergulho profundo na sensibilidade de pai que vela por seu filho - no caso de Dado, o já crescido Nicolau - sem derramar pieguice ou clichês na letra embebida em poesia. E há duas salutares conexões com Fausto Fawcett, poeta do caos urbano. Beleza Americana (Fausto Fawcett e Carlos Laufer) segue a cinematográfica rota Paris-Texas com versos declamados por Fawcett. Com seus vocais, Paula Toller e Arto Lindsay (em inglês) são os companheiros de Dado na viagem. Outra parceria de Fawett com Laufer, Overdose Coração bate em compasso progressivamente mais forte no clima acalorado e sensual em que está ambientada a poética do cronista do purgatório urbano. Já Brilho de Gente que Faz Brilhar (Beto Callado) é faixa que evidencia a forte marca de Kassin na produção do disco. A riqueza de timbres e a sonoridade das faixas valorizam repertório cantado por Dado com sua voz pequena, mas sempre bem colocada. Enfim, o disco é o passo mais largo do guitarrista da Legião Urbana na construção de sua identidade como artista solo. Bom, O Passo do Colapso prova que, sim, Dado Villa-Lobos está em movimento.

Rafael disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Igor_RoDOx disse...

^^
Baixista ? kkk
Tá sabendo bem..

Igor_RoDOx disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luca disse...

O Dado foi O GUITARRISTA da Legião

Rafael disse...

O grande guitarrista do Legião. Acho esse cara fodástico. Curioso para ouvir o novo trabalho dele.

Daทilo disse...

Dado é um guitarrista meia boca, mas é inteligente. Jardim de Cactus é muito bom. Tô curioso pra conferir esse trabalho.