Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Caixa embala boas reedições de discos feitos por Fafá com tom regional

Resenha de caixa de CDs
Título: Três Tons de Fafá de Belém 
Artista: Fafá de Belém
Gravadora: Universal Music
Cotação da caixa: * * * *
Cotação dos álbuns: Água (* * * * *), Banho de Cheiro (* * * 1/2) e Estrela Radiante (* * * *)

Fora de catálogo desde 1993, ano em que foram lançados na desleixada Série Colecionador pela gravadora então denominada PolyGram, três álbuns da primeira fase da discografia de Fafá de Belém ganham oportunas reedições na série ... Tons de..., da Universal Music. Produzida com capricho por Thiago Marques Luiz, sob a coordenação de Alice Soares, a caixa Três Tons de Fafá de Belém repõe nas lojas três títulos fundamentais da obra fonográfica da cantora paraense, gravados com fortes traços regionais, sobretudo o primeiro, Água (1977), obra-prima da caixa. Neste álbum de 1977, produzido por Roberto Santana para suceder o bem-recebido Tamba-Tajá (1976), Fafá deu voz a duas músicas ainda hoje pedidas em seus shows, Pauapixuna e o bolero Foi Assim, ambas da lavra dos compositores Paulo André e Ruy Barata. Milton Nascimento e Fernando Brant também assinavam duas músicas, a sensual Sedução - composta para Fafá - e Raça, lançada pela dupla um ano antes na antológica trilha sonora do balé Maria Maria, encenado pelo Grupo Corpo. Belo mergulho na sonoridade de um Brasil interiorano, Água ainda soa perfeito e retorna ao catálogo com quatro faixas-bônus. O repertório adicional inclui a pouco ouvida versão em espanhol de Foi Assim (gravada em 1977), uma também desconhecida  regravação de Não Há Dinheiro que Pague (Renato Barros) - sucesso de Roberto Carlos em 1968, abordado por Fafá em 1976 para o projeto O Dinheiro na Música Popular - e as já não tão raras faixas do primeiro compacto da artista, lançado em 1975 com duas músicas de João Donato, Emoriô (João Donato e Gilberto Gil) e Naturalmente (João Donato e Caetano Veloso). Na sequência de Água, Fafá lançou Banho de Cheiro (1978), disco produzido por Sérgio de Carvalho, de repertório não tão irretocável como o do seu antecessor, mas ainda assim interessante. Os (grandes) arranjos - assinados por nomes como Wagner Tiso, como nos sucessos Dentro de Mim Mora um  Anjo (Sueli Costa e Cacaso) e Maria Solidária (Milton Nascimento e Fernando Brant) - valorizam repertório de inspiração irregular no qual convivem bolero como Tu, Mi Delirio (Cesar Portillo de La Luz), cantado por Fafá num espanhol pouco fluente, e uma canção então inédita de Gonzaguinha (1945 - 1991), Gostoso. Moça do Mar (Octavio Burnier e Ivan Wrigg) foi um dos sucessos deste disco que tentou suavizar o tom regional da obra de Fafá. Que gravou merengue - Baiuca's Bar (Paulo André e Ruy Barata), faixa que de certa forma adiantou o mergulho nos ritmos caribenhos que a cantora faria nos anos 80 e 90 - e caiu no samba à sua moda regional em Estrelê (Paulo Levita e Walter Queiroz). Terceiro título da caixa, Estrela Radiante (1979) fez brilhar ainda mais o romantismo já latente no canto encorpado de Fafá. O bolero Sob Medida (Chico Buarque), feito para ser cantado pela atriz Sandra Bréa (1952 - 2000) no filme República dos Assassinos (1979) e gravado por Simone no mesmo ano, encontrou em Fafá a sua melhor intérprete - e nem abordagens posteriores de cantoras como Maria Bethânia conseguiram dar ao bolero uma interpretação tão exata para os versos escritos por Chico Buarque sob ótica feminina. Uma gravação moleca, como bem define a própria Fafá em depoimento para Thiago Marques Luiz, reproduzido no texto encartado na caixa para contextualizar a gravação desses três álbuns. Com sucessos como Estrela Radiante (Walter Queiroz) e Que me Venha Esse Homem (David Tygel e Bruna Lombardi), canção de contornos sensuais que se ajustou bem à voz de Fafá e foi tema de novelas, o álbum Estrela Radiante foi produzido por Luis Alves e Armando Pittigliani e consolidou o sucesso da popular cantora nos anos 70. Contudo, o posterior Crença (1980) - infelizmente não incluído na caixa - sinalizou logo em seguida o desgaste da fórmula regional-romântica que pautava a discografia da artista, fazendo Fafá virar a mesa no álbum seguinte, Essencial (1982), que encerrou um ciclo na obra da cantora, que migrou para a gravadora Som Livre em 1983 e, a partir daí, mergulhou progressivamente nas águas da canção popular. Valorizadas pela excelente remasterização (capitaneada por Luigi Hoffer e Carlos Savalla), as reedições embaladas na caixa Três Tons de Fafá de Belém reavivam discos importantes na carreira de Fafá de Belém. Não são os títulos comercialmente mais bem-sucedidos da irregular discografia da artista, que não grava um CD desde 2006, mas são discos de alto valor artístico.

19 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Fora de catálogo desde 1993, ano em que foram lançados na desleixada Série Colecionador pela gravadora então denominada PolyGram, três álbuns da primeira fase da discografia de Fafá de Belém ganham oportunas reedições na série ... Tons de..., da Universal Music. Produzida com capricho por Thiago Marques Luiz, sob a coordenação de Alice Soares, a caixa Três Tons de Fafá de Belém repõe nas lojas três títulos fundamentais da obra fonográfica da cantora paraense, gravados com fortes traços regionais, sobretudo o primeiro, Água (1977), obra-prima da caixa. Neste álbum de 1977, produzido por Roberto Santana para suceder o bem-recebido Tamba-Tajá (1976), Fafá deu voz a duas músicas ainda hoje pedidas em seus shows, Pauapixuna e o bolero Foi Assim, ambas da lavra dos compositores Paulo André e Ruy Barata. Milton Nascimento e Fernando Brant também assinavam duas músicas, a sensual Sedução - composta para Fafá - e Raça, lançada pela dupla um ano antes na antológica trilha sonora do balé Maria Maria, encenado pelo Grupo Corpo. Belo mergulho na sonoridade de um Brasil interiorano, Água ainda soa perfeito e retorna ao catálogo com quatro faixas-bônus. O repertório adicional inclui a pouco ouvida versão em espanhol de Foi Assim (gravada em 1977), uma também desconhecida regravação de Não Há Dinheiro que Pague (Renato Barros) - sucesso de Roberto Carlos em 1968, abordado por Fafá em 1976 para o projeto O Dinheiro na Música Popular - e as já não tão raras faixas do primeiro compacto da artista, lançado em 1975 com duas músicas de João Donato, Emoriô (João Donato e Gilberto Gil) e Naturalmente (João Donato e Caetano Veloso). Na sequência de Água, Fafá lançou Banho de Cheiro (1978), disco produzido por Sérgio de Carvalho, de repertório não tão irretocável como o do seu antecessor, mas ainda assim interessante. Os (grandes) arranjos - assinados por nomes como Wagner Tiso, como nos sucessos Dentro de Mim Mora um Anjo (Sueli Costa e Cacaso) e Maria Solidária (Milton Nascimento e Fernando Brant) - valorizam repertório de inspiração irregular no qual convivem bolero como Tu, Mi Delirio (Cesar Portillo de La Luz), cantado por Fafá num espanhol pouco fluente, e uma canção então inédita de Gonzaguinha (1945 - 1991), Gostoso. Moça do Mar (Octavio Burnier e Ivan Wrigg) foi um dos sucessos deste disco que tentou suavizar o tom regional da obra de Fafá. Que gravou merengue - Baiuca's Bar (Paulo André e Ruy Barata), faixa que de certa forma adiantou o mergulho nos ritmos caribenhos que a cantora faria nos anos 80 e 90 - e caiu no samba à sua moda regional em Estrelê (Paulo Levita e Walter Queiroz).

Mauro Ferreira disse...

Terceiro título da caixa, Estrela Radiante (1979) fez brilhar ainda mais o romantismo já latente no canto encorpado de Fafá. O bolero Sob Medida (Chico Buarque), feito para ser cantado pela atriz Sandra Bréa (1952 - 2000) no filme República dos Assassinos (1979) e gravado por Simone no mesmo ano, encontrou em Fafá a sua melhor intérprete - e nem abordagens posteriores de cantoras como Maria Bethânia conseguiram dar ao bolero uma interpretação tão exata para os versos escritos por Chico Buarque sob ótica feminina. Uma gravação moleca, como bem define a própria Fafá em depoimento para Thiago Marques Luiz, reproduzido no texto encartado na caixa para contextualizar a gravação desses três álbuns. Com sucessos como Estrela Radiante (Walter Queiroz) e Que me Venha Esse Homem (David Tygel e Bruna Lombardi), canção de contornos sensuais que se ajustou bem à voz de Fafá e foi tema de novelas, o álbum Estrela Radiante foi produzido por Luis Alves e Armando Pittigliani e consolidou o sucesso da popular cantora nos anos 70. Contudo, o posterior Crença (1980) - infelizmente não incluído na caixa - sinalizou logo em seguida o desgaste da fórmula regional-romântica que pautava a discografia da artista, fazendo Fafá virar a mesa no álbum seguinte, Essencial (1982), que encerrou um ciclo na obra da cantora, que migrou para a gravadora Som Livre em 1983 e, a partir daí, mergulhou progressivamente nas águas da canção popular. Valorizadas pela excelente remasterização (capitaneada por Luigi Hoffer e Carlos Savalla), as reedições embaladas na caixa Três Tons de Fafá de Belém reavivam discos importantes na carreira de Fafá de Belém. Não são os títulos comercialmente mais bem-sucedidos da irregular discografia da artista, que não grava um CD desde 2006, mas são discos de alto valor artístico.

André Queiroz disse...

Eu já comprei o da Fafá e da Maysa e pretendo comprar o de Carlos Lyra,já em pré-venda na Saraiva.Torço que ao longo de 2013,a Universal continue e relance outros títulos como por exemplo Erlon Chaves, Luiz Eça, Wilson das Neves, Os Cariocas, Alcione, Boca Livre, Tamba Trio,etc..

Rafael disse...

Há 2 semanas atrás vi essa caixa da Fafá na Livraria Leitura do shopping perto de minha casa. Ainda não peguei os discos, mas pretendo pegá-los em breve. O da Maysa ainda não vi em loja alguma, estranhamente. Seria bom se a Universal se predisposse a lançar os demais discos de Fafá com o áudio remasterizado e dos demais cantores do casting da gravadora.

Denis disse...

Simplesmente excelente! Pena que são só três títulos, compraria o box completo sem pensar!
Mas é o que tem pra hoje...

Maria disse...

Putzz Fafá é muito brega! não dá.

Marcelo disse...

Na minha opinião são os 3 melhores discos da Fafá. Arranjos , repertório e o próprio canto da Fafá. Lançamento muito bem vindo!!!!

Fabio disse...

Putz Maria! Não leu a resenha do Mauro? Ele falou sobre a Fafá da década de 70, não da Fafá fase mais popular! Affff....vc tem de conhecer melhor a MPB antes de falar m...

KL disse...

Relançamento em cd há muitos anos ansiosamente aguardado, testemunho de uma época em que a música popular de qualidade ia para as fms, para as trilhas de novelas e filmes. E as cantoras tinham personalidade tão marcante que era impossível confundir uma com outra - como frequentemente acontece agora. Esses álbuns têm canções em parte desconhecidas, mas todas excelentes, arranjadas e tocadas por grandes músicos e com interpretações ora delicadas ora vigorosas, tudo na medida certa.
Em resumo, essa série Tons - pelos títulos raros que já se noticiaram - é toda indispensável.

KL disse...

P.S.: alguém aí, por favor, avise a Dona Maria que ela está na sala errada.

maroca disse...

Augusto Flávio (Juazeiro-Ba)

Já vi que gosto é coisa à parte. Mauro deu 3 estrelas e meia, ao BANHO DE CHEIRO, eu acho os cinco primeiros discos dela, 5 ESTRELAS. FANTÁSTICO!!!

lurian disse...

Fafá fez gravações excepcionais na época e se mostrava uma cantora promissora: me recordo da delicadeza de "Ontem ao luar" gravado em Água, "Se eu disser" e "Tanto" (que teve sua melhor versão com Fafá, na época bem próxima do Clube da Esquina)para Banho de cheiro; e as não menos interessantes: "Mesa de bar" e "Bom dia Belém" que tão bem representa sua cidade, e o afoxé "Estrela radiante" para Estrela radiante.
Embora essas caixas normalmente contenham 3 discos, a Universal fica com a divida de relançar com esse esmerado cuidado o primeiro disco de Fafá - Tamba tajá, n minha opinião muito bom!

Eduardo Cáffaro disse...

Pena a caixa não trás os 5 primeiros Albuns, como chegou a ser divulgado tempos atrás, vou comprar, pra quem sabe eles lançarem mais títulos da fafa.

Douglas Carvalho disse...

Maria, concordo que Fafá FICOU brega. Mas os 6 primeiros discos dela são primorosos. Tudo era bom: cantora, arranjos e repertório. Pena que o Tambatajá, o Crença e o Essencial não terem sido relançados também.

Marcelo disse...

O Crença e o Essencial são fabulosos também. Ali se apresentava a Fafá que eu tanto adorava. Uma pena depois ela ter entrado numa seara de músicas popularescas de baixa qualidade. No Crença tem uma gravação dela pra uma música da Joyce que é sublime!!!! Deveriam relançar!!

Fabio disse...

Crença e Essencial estão à venda no iTunes. O único porém é a falta de encarte.

Márcio disse...

Comprei assim que saiu, e vale cada centavo. Fafá de Belém cantando muito e bastante bem acompanhada. Aguardo o (re)lançamento em CD dos demais primeiros discos dela.

Rafael disse...

Os 5 primeiros discos de Fafá são primorosos. Muito bons mesmo.

ouisa55 disse...

Em genero, numero e grau, meu povo. A Fafá dos cinco primeiros disco é imbatível!