Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Gray relê 'Talking Book' sem dar visão relevante sobre álbum de Wonder

Resenha de CD
Título: Talking Book
Artista: Macy Gray
Gravadora: 429 Records / Lab 344
Cotação: * * *

Lançado em 1972, o 15º álbum de Stevie Wonder, Talking Book, logo se impôs como obra-prima da década áurea do cantor e compositor norte-americano. Embora embebido em soul e funk (ritmo de seu maior sucesso, Superstition), o disco abriu uma janela pop no cancioneiro de Wonder com a ensolarada canção de amor You Are The Sunshine of My Life sem diluir a visão social do artista, presente em temas como Big Brother. Também nascida em berço norte-americano, Macy Gray tinha três anos quando Talking Book chegou às lojas, em outubro de 1972. Contudo, a perenidade do álbum fez com que Gray fosse mais tarde seduzida pelo disco na medida em que foi crescendo e se familiarizando com a música negra norte-americana. Tal devoção a Talking Book motivou Gray a regravar o disco clássico de Wonder para celebrar o 40º aniversário do álbum. Íntima do universo do soul e do r & b, Gray relê Talking Book com essa sincera devoção, mas sem excessiva reverência, sob a produção de Zoux e Hal Wilner. De todo modo, o segundo consecutivo CD de covers de Gray - sucessor do ótimo Covered (2012) - tampouco oferece visão relevante ou realmente inovadora sobre as 10 músicas, repertório precioso que inclui pérolas como a balada Blame It on the Sun (Stevie Wonder e Syreet Wright). Nada soa ruim. Mas também nada soa especialmente marcante ou memorável, mesmo quando Gray acerta, como em Maybe Your Baby, tema que ganha registro de peso. A épica I Believe (When I Fall in Love It Will Be Forever) - música de Wonder que ganhou letra de Yvonne Wright - também merece menção honrosa, inclusive pelo acento gospel do coro. Entre a reverência quase absoluta ao arranjo original (como na irresistível You Are The Sunshine of My Life) e a salutar tentativa de repaginar uma ou outra  música (You've Got It Bad Girl, outra parceria de Wonder com Yvonne Wright, ganhou o toque dos sintetizadores de Zoux), Macy Gray jamais constrange ao reler Talking Book. Mas tampouco anula a persistente sensação de que as gravações feitas por Stevie Wonder há 40 anos são melhores e definitivas.

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Lançado em 1972, o 15º álbum de Stevie Wonder, Talking Book, logo se impôs como obra-prima da década áurea do cantor e compositor norte-americano. Embora embebido em soul e funk (ritmo de seu maior sucesso, Superstition), o disco abriu uma janela pop no cancioneiro de Wonder com a ensolarada canção de amor You Are The Sunshine of My Life sem diluir a visão social do artista, presente em temas como Big Brother. Também nascida em berço norte-americano, Macy Gray tinha três anos quando Talking Book chegou às lojas, em outubro de 1972. Contudo, a perenidade do álbum fez com que Gray fosse mais tarde seduzida pelo disco na medida em que foi crescendo e se familiarizando com a música negra norte-americana. Tal devoção a Talking Book motivou Gray a regravar o disco clássico de Wonder para celebrar o 40º aniversário do álbum. Íntima do universo do soul e do r & b, Gray relê Talking Book com essa sincera devoção, mas sem excessiva reverência, sob a produção de Zoux e Hal Wilner. De todo modo, o segundo consecutivo CD de covers de Gray - sucessor do ótimo Covered (2012) - tampouco oferece visão relevante ou realmente inovadora sobre as 10 músicas, repertório precioso que inclui pérolas como a balada Blame It on the Sun (Stevie Wonder e Syreet Wright). Nada soa ruim. Mas também nada soa especialmente marcante ou memorável, mesmo quando Gray acerta, como em Maybe Your Baby, tema que ganha registro de peso. A épica I Believe (When I Fall in Love It Will Be Forever) - música de Wonder que ganhou letra de Yvonne Wright - também merece menção honrosa, inclusive pelo acento gospel do coro. Entre a reverência quase absoluta ao arranjo original (como na irresistível You Are The Sunshine of My Life) e a salutar tentativa de repaginar uma ou outra música (You've Got It Bad Girl, outra parceria de Wonder com Yvonne Wright, ganhou o toque dos sintetizadores de Zoux), Macy Gray jamais constrange ao reler Talking Book. Mas tampouco anula a persistente sensação de que as gravações feitas por Stevie Wonder há 40 anos são melhores e definitivas

Rafael disse...

O disco feito por Stevie é sensacional. Mas por mais que eu goste de Macy Gray, achei o disco morno. Não achei o resultado final tão interessante. Espera uma interpretação fenomenal, de arrepiar os cabelos de "You And I", para mim uma das mais belas canções de Stevie. Porém achei a versão da Macy bem apagadinha, como o disco no geral. Prefiro ficar com o disco clássico do Stevie mesmo.

Maria disse...

São sempre melhores fato! Stevie é único.
E por falar nele, terá show dele e de Gilberto Gil olha que maravilha! dia 25/12 no Rio de Janeiro.
Cariocas, aproveitem por mim!

Anônimo disse...

Clássico dos clássicos!
O Talking Book mais o Fulfillingness Firts Finale, o Innervisions e o Song In The Key Os Life formam para mim o quarteto de ouro do mestre.

PS: Esse show com o Gil é mesmo de dar inveja!

Anônimo disse...

Ahh, quanto a Macy Gray.
Se não teve reverencia excessiva, como disse o Mauro, valeu.

PS: O melhor disco brazuca do ano foi o do Los Sebosos!

Rafael disse...

Acho sensacional a idéia dela de pegar um disco inteiro e regravá-lo, dedicando-o a um artista. O único porém, ao meu ver, é que esse tributo não ficou à altura do disco original.

Anônimo disse...

Gente, se fosse pra fazer igual ao do Steve, teria sentido?
Esse trabalho é o dela!, dedicado a ele.
Eu não a conheço bem, mas voz interessante. Não me soa pretensioso.
Claro, não é o disco do Steve. E, Mauro:"Mas também nada soa especialmente marcante ou memorável, mesmo quando Gray acerta..." Putz, aí fica difícil.
Ainda "Mas tampouco anula a persistente sensação de que as gravações feitas por Stevie Wonder há 40 anos são melhores e definitivas." Claro que são! E foi preciso coragem e real amor pela música dele pra realizar este disco.
Por isso ele é o Stevie Wonder, um gênio!
Ela não seria assim tão ingênua de achar que faria gravações superiores ao do original, pelo o que ela fez, demonstra o contrário - inteligência!
Mas me parece que, no caso, três estrelas é de bom tamanho, visto que o do Stevie, dentro dessa ótica seria 5. Mas existe contradição entre o que vc escreve e essa avaliação.Me pareceu...
Abraço