Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


terça-feira, 21 de junho de 2016

Tatá Aeroplano flutua fluente no espaço afetivo e boêmio de 'Step psicodélico'

Resenha de álbum
Título: Step psicodélico
Artista: Tatá Aeroplano
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * 1/2

"Eu vou na fé com a vela e o barco no ar, no ar, nu / Eu continuo voando", avisa Tatá Aeroplano em versos da canção Dois lamentos (Tatá Aeroplano), uma das dez músicas de Step psicodélico, o terceiro independente álbum solo deste artista que, além de cantor e compositor, foi sempre um agitador da cena musical da cidade de São Paulo (SP). A autodefinição soa precisa. Em 2012, após anos de atividade com as bandas Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro, Aeroplano alçou enfim voo solo em álbum, Tatá Aeroplano (Independente, 2012), em que desfiou doída lira paulistana. Dois anos depois, Aeroplano alcançou atitude menor no segundo reiterativo álbum solo, Na loucura & na lucidez (Independente, 2014), sem deixar de ser fiel ao voo existencial. Step psicodélico é mais um passo de Aeroplano nessa rota fluente e por vezes fluida que o flagra flutuando no espaço afetivo que envolve músicas como Todo os homens da terra (Tatá Aeroplano e Peri Pane) e Cadente (Tatá Aeroplano), de clima espacial. O álbum foi pilotado pelos dois fiéis produtores e arranjadores de Aeroplano, o instigante cidadão Dustan Gallas (nos baixos e teclados) e Junior Boca (nas guitarras), mas a tripulação incorpora desta vez Bruno Buarque (na bateria e percussão) como copiloto de Step psicodélico. Pontuado por vozes femininas como as de Bárbara Eugênia, Ciça Góes e Julia Valiengo, todas presentes na dionisíaca música-título Step psicodélico (Tatá Aeroplano, Julia Valiengo e Dustan Gallas), o álbum é mais uma viagem pelo universo particular de Aeroplano. "Nós avoa de mãos dadas com a passarada / Nós é do espaço / Nós vive de ponta cabeça", reitera o artista em outros versos de Dois lamentos, canção-senha para a decifração desse universo. Quem embarcar na viagem de coração aberto vai se deparar no caminho com belezas como a melodia de Outono à toa (Flávio Lima e Tatá Aeroplano) - música cuja letra cita nominalmente Gal Costa e o guitarrista Lanny Gordin - e como a narrativa de Luz no fim da tela, parceria de Aeroplano com Gustavo Galo criada com versos que citam filmes e cineastas. Galo canta o tema com Tatá na cadência que tangencia a pulsação de um pop reggae. Com batida mais roqueira, Aventureiros (Luiz Gayotto e Flavio Boaventura) expõe o tom eventualmente mais solar deste disco que versa sobre amor e amizade com algum dose de melancolia, mas sem as dores agudas expostas no primeiro álbum solo do artista. Contudo, Eu Inezito (Tatá Aeroplano e Juli Manzi) e o rock'n'roll punk Copo de pedra (Tatá Aeroplano e Julia Valiengo) versam sobre bebedeiras, lembrando que o universo de Aeroplano é substancialmente noturno e boêmio. Saideira de Step psicodélico, Passando o chapéu na noite purpurina (Tatá Aeroplano) flagra Tatá Aeroplano amanhecido na noite boemia, no limiar entre a loucura e lucidez, vivendo de ponta cabeça.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ "Eu vou na fé com a vela e o barco no ar, no ar, nu / Eu continuo voando", avisa Tatá Aeroplano em versos da canção Dois lamentos (Tatá Aeroplano), uma das dez músicas de Step psicodélico, o terceiro independente álbum solo deste artista que, além de cantor e compositor, foi sempre um agitador da cena musical da cidade de São Paulo (SP). A autodefinição soa precisa. Em 2012, após anos de atividade com as bandas Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro, Aeroplano alçou enfim voo solo em álbum, Tatá Aeroplano (Independente, 2012), em que desfiou doída lira paulistana. Dois anos depois, Aeroplano alcançou atitude menor no segundo reiterativo álbum solo, Na loucura & na lucidez (Independente, 2014), sem deixar de ser fiel ao voo existencial. Step psicodélico é mais um passo de Aeroplano nessa rota fluente e por vezes fluida que o flagra flutuando no espaço afetivo que envolve músicas como Todo os homens da terra (Tatá Aeroplano e Peri Pane) e Cadente (Tatá Aeroplano), de clima espacial. O álbum foi pilotado pelos dois fiéis produtores e arranjadores de Aeroplano, o instigante cidadão Dustan Gallas (nos baixos e teclados) e Junior Boca (nas guitarras), mas a tripulação incorpora desta vez Bruno Buarque (na bateria e percussão) como copiloto de Step psicodélico. Pontuado por vozes femininas como as de Bárbara Eugênia, Ciça Góes e Julia Valiengo, todas presentes na dionisíaca música-título Step psicodélico (Tatá Aeroplano, Julia Valiengo e Dustan Gallas), o álbum é mais uma viagem pelo universo particular de Aeroplano. "Nós avoa de mãos dadas com a passarada / Nós é do espaço / Nós vive de ponta cabeça", reitera o artista em outros versos de Dois lamentos, canção-senha para a decifração desse universo. Quem embarcar na viagem de coração aberto vai se deparar no caminho com belezas como a melodia de Outono à toa (Flávio Lima e Tatá Aeroplano) - música cuja letra cita nominalmente Gal Costa e o guitarrista Lanny Gordin - e como a narrativa de Luz no fim da tela, parceria de Aeroplano com Gustavo Galo criada com versos que citam filmes e cineastas. Galo canta o tema com Tatá na cadência que tangencia a pulsação de um pop reggae. Com batida mais roqueira, Aventureiros (Luiz Gayotto e Flavio Boaventura) expõe o tom eventualmente mais solar deste disco que versa sobre amor e amizade com algum dose de melancolia, mas sem as dores agudas expostas no primeiro álbum solo do artista. Contudo, Eu Inezito (Tatá Aeroplano e Juli Manzi) e o rock'n'roll punk Copo de pedra (Tatá Aeroplano e Julia Valiengo) versam sobre bebedeiras, lembrando que o universo de Aeroplano é substancialmente noturno e boêmio. Saideira de Step psicodélico, Passando o chapéu na noite purpurina (Tatá Aeroplano) flagra Tatá Aeroplano amanhecido na noite boemia, no limiar entre a loucura e lucidez, vivendo de ponta cabeça.

ADEMAR AMANCIO disse...

Mais um desconhecido.Boa sorte.