Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 14 de junho de 2016

Versão brasileira de 'Love story' harmoniza música e melodrama com fluência

Resenha de musical de teatro
Título: Love story - O musical
Texto original: Erich Segal
Música: Howard Goodall   Texto e letras: Stephen Clark
Direção: Tadeu Aguiar
Versão brasileira: Artur Xexéo
Direção musical: Liliane Seco
Elenco: Kacau Gomes, Fabio Ventura, Sérgio Menezes, Ronnie Marruda, Flávia Santana, Ester
             Freitas, Rafaela Fernandes, Susana Santana, Raí Valadão, Emílio Farias e Caio Giovani
Foto: Cristina Granato
Cotação: * * * 1/2
♪ Espetáculo em cartaz no Imperator - Centro Cultural João Nogueira, no Rio de Janeiro (RJ) 
   De sexta-feira a domingo, até 31 de julho de 2016

Desde que a Broadway é a Broadway, histórias e roteiros cinematográficos são adaptados para musicais de teatro e textos de teatro viram filmes. Love story, o musical recém-estreado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), se enquadra no primeiro caso. Trata-se da versão brasileira do musical inglês de 2010 adaptado do filme de 1970, blockbuster calcado numa folhetinesca história de amor que arrastou multidões ao cinema quando o mundo ainda curtia a ressaca da festa da década de 1960. Na versão brasileira, assinada por Artur Xexéo, Love story - O musical harmoniza com fluência o melodrama com a música criada a partir da união das melodias de Howard Goodall (típicas de musicais) com as letras de Stephen Clark. Sem o tema mais conhecido da trilha sonora do filme, (Where do I begin?) (Love story) (Francis Lai e Carl Sigman, 1970), a história reposta em cena é entrelaçada com as composições feitas especialmente para o musical inglês. Essa história já é tão conhecida em escala mundial que, já primeira música, What can you say?, os compositores ousam anunciar o desfecho trágico do caso de amor entre Jennifer Cavalleri (Kacau Gomes na personagem que foi de Ali MacGraw no filme) e Oliver Barrett IV (Fabio Ventura no papel que foi de Ryan O'Neal). A história original em si se utiliza dos ingredientes básicos do folhetim e, não por acaso, já foi reciclada em várias novelas. O texto do espetáculo se alimenta dos choques geracionais entre pais e filhos e dos desajustes entre namorados de personalidades diferentes. Por isso, Love story é ainda popular e chega aos palcos brasileiros com cacife para cativar o chamado grande público. Com a habilidade lapidada em anos de bons serviços prestados ao teatro musical, Tadeu Aguiar conduz a encenação sem inventar moda, ajudado pela desenvoltura do texto da versão brasileira de Xexéo. A história se passa nos Estados Unidos, mas o mote da trama é universal. A encenação nacional de Love story é veículo para a exposição do talento de Kacau Gomes e Fábio Ventura, ótimos atores de musicais que há muito mereciam os postos de protagonistas, funções que valorizam com brilho. Aliás, eles protagonizam mesmo Love story, concentrando toda a ação deste musical sem tramas paralelas. Ao elenco de 11 atores, fica reservado o papel de coadjuvante em participações episódicas, com exceções de Sérgio Menezes (muito bem na pele do pai de Jennifer) e de Ronnie Marruda (em atuação engessada, até robótica, no papel do pai de Oliver - o que prejudica as cenas de embate com o filho). A história tem tantos ganchos folhetinescos que, em algumas cenas, como no jantar em que Jennifer conhece os pais de Oliver, fica a sensação de que a música soa até invasiva, diluindo o conflito dramatúrgico. Em contrapartida, a música dá graça e leveza ao espetáculo na cena do casamento e, sobretudo, na cena em que o casal protagonista brinca com as massas na cozinha. O entrosamento perfeito entre Kacau Gomes - virtuosa ao solar Nocturnes - e Fabio Ventura dá credibilidade a uma trama já em si tão déjà vu. O casal de atores segura bem o melodrama do final, sem carregar no tom. Para quem gosta de histórias de amor, o folhetinesco musical Love story cumpre (bem) a função de entreter e emocionar.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

♪ Desde que a Broadway é a Broadway, histórias e roteiros cinematográficos são adaptados para musicais de teatro e textos de teatro viram filmes. Love story, o musical recém-estreado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), se enquadra no primeiro caso. Trata-se da versão brasileira do musical inglês de 2010 adaptado do filme de 1970, blockbuster calcado numa folhetinesca história de amor que arrastou multidões ao cinema quando o mundo ainda curtia a ressaca da festa da década de 1960. Na versão brasileira, assinada por Artur Xexéo, Love story - O musical harmoniza com fluência o melodrama com a música criada a partir da união das melodias de Howard Goodall (típicas de musicais) com as letras de Stephen Clark. Sem o tema mais conhecido da trilha sonora do filme, (Where do I begin?) (Love story) (Francis Lai e Carl Sigman, 1970), a história reposta em cena é entrelaçada com as composições feitas especialmente para o musical inglês. Essa história já é tão conhecida em escala mundial que, já primeira música, What can you say?, os compositores ousam anunciar o desfecho trágico do caso de amor entre Jennifer Cavalleri (Kacau Gomes na personagem que foi de Ali MacGraw no filme) e Oliver Barrett IV (Fabio Ventura no papel que foi de Ryan O'Neal). A história original em si se utiliza dos ingredientes básicos do folhetim e, não por acaso, já foi reciclada em várias novelas. O texto do espetáculo se alimenta dos choques geracionais entre pais e filhos e dos desajustes entre namorados de personalidades diferentes. Por isso, Love story é ainda popular e chega aos palcos brasileiros com cacife para cativar o chamado grande público. Com a habilidade lapidada em anos de bons serviços prestados ao teatro musical, Tadeu Aguiar conduz a encenação sem inventar moda, ajudado pela desenvoltura do texto da versão brasileira de Xexéo. A história se passa nos Estados Unidos, mas o mote da trama é universal. A encenação nacional de Love story é veículo para a exposição do talento de Kacau Gomes e Fábio Ventura, ótimos atores de musicais que há muito mereciam os postos de protagonistas, funções que valorizam com brilho. Aliás, eles protagonizam mesmo Love story, concentrando toda a ação deste musical sem tramas paralelas. Ao elenco de 11 atores, fica reservado o papel de coadjuvante em participações episódicas, com exceções de Sérgio Menezes (muito bem na pele do pai de Jennifer) e de Ronnie Marruda (em atuação engessada, até robótica, no papel do pai de Oliver - o que prejudica as cenas de embate com o filho). A história tem tantos ganchos folhetinescos que, em algumas cenas, como no jantar em que Jennifer conhece os pais de Oliver, fica a sensação de que a música soa até invasiva, diluindo o conflito dramatúrgico. Em contrapartida, a música dá graça e leveza ao espetáculo na cena do casamento e, sobretudo, na cena em que o casal protagonista brinca com as massas na cozinha. O entrosamento perfeito entre Kacau Gomes - virtuosa ao solar Nocturnes - e Fabio Ventura dá credibilidade a uma trama já em si tão déjà vu. O casal de atores segura bem o melodrama do final, sem carregar no tom. Para quem gosta de histórias de amor, o folhetinesco musical Love story cumpre (bem) a função de entreter e emocionar.