Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 25 de março de 2016

Gurjão estreia solo com inusitado álbum pautado por leveza contemporânea

Resenha de álbum
Título: Ela
Artista: Clara Gurjão
Gravadora: Edição independente da artista
Cotação: * * * 1/2

♪ O currículo musical de Clara Gurjão é tão vasto e diversificado que a cantora, compositora e violonista carioca poderia ter partido para qualquer direção no primeiro álbum solo. Bacharel em MPB pela faculdade fluminense UniRio, Gurjão já foi violonista do grupo de samba Cabide de Molambo, cantora de samba-jazz do Clara Gurjão Trio e integrante do grupo Violeiros Urbanos, além de ter atuado como arranjadora e produtora musical de shows alheios. Mas Ela - o álbum solo que Gurjão lança neste mês de março de 2016 por via independente - situa ela, a artista multifacetada, em segmento pop contemporâneo com ecos da MPB atuante na formação musical da artista. Ela expõe de cara uma compositora promissora, de talento evidenciado no suingue em que cai a música-título Ela - turbinado pelo naipe de metais formado pelo trompete de Diogo Gomes, o sax alto de Emerson Costa, o sax barítono de Rodrigo Revelles e o trombone de Wanderson Cunha - e nas síncopes e alternâncias de tempo que pautam Sempre é pouco. Ela, Sempre é pouco e O mundo é tentador, rapaz (faixa guiada pelo groove) sobressaem na safra autoral que totaliza dez composições inéditas de autoria da artista. Contudo, o álbum extrapola a produção autoral da artista e apresenta duas regravações. A do bonito bolero Como fue - título mais célebre do cancioneiro do compositor espanhol Ernesto Duarte Brito (1922 - 1988), lançado originalmente em 1953 - foge das lembranças óbvias do gênero, reforçando o tom inusitado de Ela. Já Muito (Caetano Veloso, 1978) ressurge nos tons contemporâneos de Danilo Andrade (teclados e arranjo vocal), Kassin (baixo e guitarra fuzz), Marcelo Costa (bateria), Maurício Pacheco (guitarra) e Stéphane San Juan (percussão) - músicos que formam a banda.arregimentada para o disco. No caso de Muito, há a adesão de Gabriel Mayall, o Bubu, piloto de uma das guitarras da faixa. Entre um samba lento (Armadilha) e uma Canção lisboeta (sem a atmosfera lusitana pretendida pela artista), Gurjão soa mais original quando descortina a hipocrisia social em Pequenos segredos, ácida música gravada com a adesão da cantora Silvia Machete e com picardia na voz e no arranjo que destaca o piano e os metais em estilo ragtime. A voz da cantora, a propósito, soa leve neste disco (bem) produzido pela própria Clara Gurjão com Danilo Andrade, Kassin e Marcelo Costa. A sonoridade dos produtores valoriza o repertório de Ela, disco que, tivesse sido formatado por outras mãos e cérebros, talvez perdesse a leveza contemporânea porque, em essência, há intensidade até kitsch nos versos de músicas como Rendição e Leonino. Enfim, Clara Gurjão deixa boa impressão no CD por não se parecer com ninguém, sobretudo como compositora.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ O currículo musical de Clara Gurjão é tão vasto e diversificado que a cantora, compositora e violonista carioca poderia ter partido para qualquer direção no primeiro álbum solo. Bacharel em MPB pela faculdade fluminense UniRio, Gurjão já foi violonista do grupo de samba Cabide de Molambo, cantora de samba-jazz do Clara Gurjão Trio e integrante do grupo Violeiros Urbanos, além de ter atuado como arranjadora e produtora musical de shows alheios. Mas Ela - o álbum solo que Gurjão lança neste mês de março de 2016 por via independente - situa ela, a artista multifacetada, em segmento pop contemporâneo com ecos da MPB atuante na formação musical da artista. Ela expõe de cara uma compositora promissora, de talento evidenciado no suingue em que cai a música-título Ela - turbinado pelo naipe de metais formado pelo trompete de Diogo Gomes, o sax alto de Emerson Costa, o sax barítono de Rodrigo Revelles e o trombone de Wanderson Cunha - e nas síncopes e alternâncias de tempo que pautam Sempre é pouco. Ela, Sempre é pouco e O mundo é tentador, rapaz (faixa guiada pelo groove) sobressaem na safra autoral que totaliza dez composições inéditas de autoria da artista. Contudo, o álbum extrapola a produção autoral da artista e apresenta duas regravações. A do bonito bolero Como fue - título mais célebre do cancioneiro do compositor espanhol Ernesto Duarte Brito (1922 - 1988), lançado originalmente em 1953 - foge das lembranças óbvias do gênero, reforçando o tom inusitado de Ela. Já Muito (Caetano Veloso, 1978) ressurge nos tons contemporâneos de Danilo Andrade (teclados e arranjo vocal), Kassin (baixo e guitarra fuzz), Marcelo Costa (bateria), Maurício Pacheco (guitarra) e Stéphane San Juan (percussão) - músicos que formam a banda.arregimentada para o disco. No caso de Muito, há a adesão de Gabriel Mayall, o Bubu, piloto de uma das guitarras da faixa. Entre um samba lento (Armadilha) e uma Canção lisboeta (sem a atmosfera lusitana pretendida pela artista), Gurjão soa mais original quando descortina a hipocrisia social em Pequenos segredos, ácida música gravada com a adesão da cantora Silvia Machete e com picardia na voz e no arranjo que destaca o piano e os metais em estilo ragtime. A voz da cantora, a propósito, soa leve neste disco (bem) produzido pela própria Clara Gurjão com Danilo Andrade, Kassin e Marcelo Costa. A sonoridade dos produtores valoriza o repertório de Ela, disco que, tivesse sido formatado por outras mãos e cérebros, talvez perdesse a leveza contemporânea porque, em essência, há intensidade até kitsch nos versos de músicas como Rendição e Leonino. Enfim, Clara Gurjão deixa boa impressão no CD por não se parecer com ninguém, sobretudo como compositora.

Luca disse...

quem?

...ZeRziL disse...

Além do álbum ser ótimo, assisti ao show de estreia no Solar de Botafogo e ELA foi ainda melhor ao vivo!!!