Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Bio mapeia cena 'hardcore' dos EUA ao recontar altos e baixos de Grohl

Resenha de livro
Título: This Is a Call - A Vida e a Música de Dave Grohl
Autor: Paul Brannigan
Editora: Leya
Cotação: * * * * 

Em 1987, Dave Grohl estava efetivado no posto de baterista do grupo Scream quando dirigia - com seu amigo Jimmy Swanson - a van que levava o Scream em turnê pelos Estados Unidos. Entorpecidos pela maconha que fumavam sem parar, Ghrol e Swanson perderam a atenção e a direção, fazendo com que a van saísse fora da estrada em velocidade que roçava os 110 km / h. Como bem sabem fãs da da extinta banda Nirvana e do grupo Foo Fighters, o incidente não teve maiores consequências, mas poderia ter encerrado - antes mesmo de começar para valer - a carreira de um dos mais furiosos bateristas da história do rock. A passagem está relatada pelo jornalista Paul Brannigan numa das 548 páginas de This Is a Call - A Vida e a Música de Dave Grohl, sua biografia não autorizada do artista, lançada em 2011 nos Estados Unidos e recém-editada no Brasil pela editora Leya. Embora seja amigo de Grohl, Brannigan escreveu um livro aparentemente imparcial, valorizado pelo texto estiloso e fundamentado do autor. A primeira parte é saborosa para fãs de rock porque, ao relatar passagens da adolescência e juventude de Grohl, Brannigan acaba mapeando a cena hardcore dos Estados Unidos na era punk e pós-punk. Desfilam pelo livro bandas que, mesmo sem projeção mundial, influenciaram o garoto que despertou cedo para o mundo do rock. À medida em que depurava o toque animal de sua bateria, Grohl fez parte de algumas dessas bandas - Scream entre elas - antes de ganhar o passaporte mundial para a fama ao ser convidado para ingressar no Nirvana. Por ser jornalista especializado nessa cena hardcore, Brannigan contextualiza a pré-história musical de Grohl com conhecimento de causa, tirando qualquer eventual glamour dessa cena ao narrar o cotidiano sacrificante das bandas em busca de um lugar para tocar e/ou dormir. Na segunda parte, a biografia se debruça sobre a relação de Grohl com Kurt Cobain (1967 - 1994), marcada por tensões e sentimentos contraditórios. É a parte em que Brannigan também redimensiona o impacto de Bleach (1989) - o primeiro álbum do Nirvana - na então emergente cena grunge de Seattle (EUA), mostrando como a gravadora Sub Pop armou suas jogadas de marketing para explorar o sucesso do Nirvana e como a Geffen reagiu mal ao ouvir a primeira crua versão do que seria o álbum In Utero (1993), sucessor do arrasa-quarteirão Nevermind (1991), pedra fundamental do grunge que jogou Cobain e Grohl no olho do furacão. Com o suicídio de Cobain, quase previsível por conta do estado mental do artista, o autor mostra - sempre de forma objetiva, sem pieguismo - como Grohl perdeu momentaneamente seu chão e afundou, sem motivação para continuar sua carreira, até se reerguer com a criação do Foo Fighters, grupo que tem sua caminhada repisada no livro até o lançamento do álbum Wasting Light (2011). Enfim, mesmo sem alterar a visão do que já se sabia (superficialmente) acerca de Grohl, Brannigan apresenta relato confiável, interessante e embasado sobre altos e baixos da vida desse cultuado baterista que sobreviveu ao suicídio de Cobain com seu amor pelo rock.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 1987, Dave Grohl estava efetivado no posto de baterista do grupo Scream quando dirigia - com seu amigo Jimmy Swanson - a van que levava o Scream em turnê pelos Estados Unidos. Entorpecidos pela maconha que fumavam sem parar, Ghrol e Swanson perderam a atenção e a direção, fazendo com que a van saísse fora da estrada em velocidade que roçava os 110 km / h. Como bem sabem fãs da da extinta banda Nirvana e do grupo Foo Fighters, o incidente não teve maiores consequências, mas poderia ter encerrado - antes mesmo de começar para valer - a carreira de um dos mais furiosos bateristas da história do rock. A passagem está relatada pelo jornalista Paul Brannigan numa das 548 páginas de This Is a Call - A Vida e a Música de Dave Grohl, sua biografia não autorizada do artista, lançada em 2011 nos Estados Unidos e recém-editada no Brasil pela editora Leya. Embora seja amigo de Grohl, Brannigan escreveu um livro aparentemente imparcial, valorizado pelo texto estiloso e fundamentado do autor. A primeira parte é saborosa para fãs de rock porque, ao relatar passagens da adolescência e juventude de Grohl, Brannigan acaba mapeando a cena hardcore dos Estados Unidos na era punk e pós-punk. Desfilam pelo livro bandas que, mesmo sem projeção mundial, influenciaram o garoto que despertou cedo para o mundo do rock. À medida em que depurava o toque animal de sua bateria, Grohl fez parte de algumas dessas bandas - Scream entre elas - antes de ganhar o passaporte mundial para a fama ao ser convidado para ingressar no Nirvana. Por ser jornalista especializado nessa cena hardcore, Brannigan contextualiza a pré-história musical de Grohl com conhecimento de causa, tirando qualquer eventual glamour dessa cena ao narrar o cotidiano sacrificante das bandas em busca de um lugar para tocar e/ou dormir. Na segunda parte, a biografia se debruça sobre a relação de Grohl com Kurt Cobain (1967 - 1994), marcada por tensões e sentimentos contraditórios. É a parte em que Brannigan também redimensiona o impacto de Bleach (1989) - o primeiro álbum do Nirvana - na então emergente cena grunge de Seattle (EUA), mostrando como a gravadora Sub Pop armou suas jogadas de marketing para explorar o sucesso do Nirvana. Com o suicídio de Cobain, o autor mostra - sempre de forma objetiva, sem pieguismo - como Grohl perdeu momentaneamente seu chão e afundou, sem motivação para continuar sua carreira, até se reerguer com a criação do Foo Fighters, grupo que tem sua caminhada repisada no livro até o lançamento do álbum Wasting Light (2011). Enfim, mesmo sem alterar a visão do que já se sabia (superficialmente) acerca de Grohl, Brannigan apresenta relato confiável, interessante e embasado sobre altos e baixos da vida desse cultuado baterista que sobreviveu ao suicídio de Cobain com seu amor pelo rock.

Maria disse...

Foo Fighters é massa! e o Dave Grohl um ótimo vocalista.