Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Gottsha e Verney se afinam e se iluminam sob as luzes de 'Movie Stars'

Resenha de show
Título: Movie Stars
Artistas: Gottsha e Alessandra Verney (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 25 de junho de 2012
Cotação: * * *

Boas cantoras projetadas em musicais encenados em palcos do Rio de Janeiro (RJ), Gottsha e Alessandra Verney se afinam, se harmonizam e ganham luz própria no show Movie Stars. Idealizado pelas artistas em 2005, ano em que estreou no Teatro Rival (RJ), o show acaba de cumprir temporada às segundas-feiras no recém-reinaugurado Theatro Net Rio. Assinado pelas intérpretes, o roteiro enfileira músicas que fizeram parte de trilhas sonoras de filmes. Sob a direção de Luiz Henrique Nogueira e Paula Joory, Gottsha e Verney se revezam em solos e duos que expõem os dotes vocais de cada cantora. Sem caráter didático, cronológico e retrospectivo, o show serve basicamente de veículo para essa exposição. A direção musical e os arranjos de Liliane Secco - nome recorrente nas fichas técnicas de musicais do teatro carioca - moldam as canções para a cena com eficiência, mas também com certa burocracia na combinação de vozes, piano, baixo e bateria. O momento mais ousado do show - e, não por acaso, um dos mais aplaudidos - é quando as cantoras entrelaçam Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá e Antônio Maria), canção popularizada em escala mundial no filme Orfeu Negro (Marcel Camus, 1959), com My Funny Valentine (Richards Rodgers e Lorenz Hart), standard originário de musical da Broadway (Babes In Arms, 1937), mas também incluído em trilhas sonoras de filmes. O número abre com Manhã de Carnaval, mas, na sequência, Gottsha começa a cantar os versos de My Funny Valentine enquando Verney  prossegue com o clássico brasileiro. E por falar em Brasil, Pecado Original - música composta por Caetano Veloso para a trilha sonora do filme A Dama do Lotação (Neville de Almeida, 1978) - é uma das representantes nacionais do roteiro, alocada ao lado de Mil Perdões (Chico Buarque), tema do filme Perdoa-me por me Traíres (Braz Chediak, 1983). Medley com temas de filmes da série 007 - Goldfinger, For Your Eyes Only, Nobody Does It Better - sinaliza que a tentativa de querer abranger grande número de músicas no roteiro acaba empanando o brilho de algumas interpretações. Feito sem pressa, o solo de Gottsha em You Light Up My Life (Joe Brooks) - tema da trilha sonora do homônimo filme You Light Up My  Life (1977), dirigido pelo autor da bela balada, o compositor e cineasta norte-americano Joseph Brooks (1938 - 2011) - permite que se admire a extensão e o volume da voz da cantora. Mas o painel é amplo e, para dar conta de tal amplitude, o roteiro transcorre ágil, quase em ritmo de aventura, como diz o título do filme de 1967 estrelado por Roberto Carlos. Medley que inclui temas da trilha sonora do filme Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (Roberto Farias, 1967) - E Por Isso Estou Aqui (Roberto Carlos) e Eu Sou Terrível (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) - lembra que o Rei da Juventude dos anos 60 também exerceu seu reinado nas telas de cinema. Já o dueto de Gottsha e Verney em Miss Celie's Blues (Sister) (Quincy Jones, Rod Temperton e Lionel Richie) - tema da trilha sonora do filme A Cor Púrpura (Steven Spielberg, 1985) - serve como veículo para a exposição da afetividade que rege a relação das cantoras dentro e fora de cena. Afinidade reiterada no bis, no dueto das intérpretes em Singin' in the Rain (Arthur Freed e Nacio Herb Brown), clássico eternizado no filme Cantando na Chuva (Stanley Doney e Gene Kelly, 1952). Essa irmandade contribui para a harmonia vista e ouvida no show Movie Stars.

8 comentários:

Mauro Ferreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Oi Mauro,

Parabéns pelo site!
Uma pergunta: sou estudante de jornalismo e estou fazendo uma pesquisa sobre as críticas musicais na década de 80. Principalmente de bandas nacionais como Paralamas do Sucesso, Roupa Nova, Kid Abelha e Barão Vermelho. Você tem alguma crítica nesse período de alguma dessas bandas? Poderia me mandar por email? Estou pegando uma amostragem de vários críticos que já atuavam na época para fazer esse trabalho. Você começou nessa fase, não foi?

Se puder me ajudar, vai ser muito bom! Desde já agradeço.
Beijos

Mauro Ferreira disse...

Bruna, bem-vinda ao Notas Musicais. Embora tenha começado minha carreira em 1987 num jornal da Baixada Fluminense enquanto ainda estava na faculdade, ingressei no Globo somente em 1989 e, no caso, mais ligado à MPB. Passei a escrever sobre essas bandas, sim, mas a partir dos anos 90. E não tenho esse material digitalizado. Abs, MauroF

Anônimo disse...

Bruna, vc deve procurar o jornalista Jamari França. Ele é um dos maiores experts em rock brazuca dos anos 80.
O nome do blog dele é Jam Sessions.
Joga o nome Jamari no Google que dá lá.

Rafael disse...

Tomara que saia um CD desse projeto. Gostei da relação de faixas cantadas nesse show.

Rafael disse...

Um detalhes que esqueci de comentar no comentário anterior: a canção "You Light Up My Life" ganhou o Oscar de melhor canção.

Luca disse...

cantoras de musicais cantam sempre igual, nunca viram cantoras com carreira própria

Danilo disse...

Caro Luca,

vc está bem equivocado neste teu comentário. Gottsha possui sua carreira solo e internacional desde os anos 90. Foi uma das primeiras (senão a primeira) brasileiras a gravar um disco em inglês totalmente produzido aqui no Brasil. Faça uma forcinha e verifique no youtube a quantidade de clips que ela possui.