Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Mais uma vez a dois, Ana & Jorge se jogam na pista pop popular com inédita

Resenha de single
Título da música: Mais uma vez (Nós dois)
Compositores: Ana Carolina, Dudu Falcão, Gabriel Moura, Leandro Fab e Pretinho da Serrinha
Intérpretes: Ana Carolina & Seu Jorge (em foto de Leo Aversa)
Gravadora: Sony Music / Universal Music
Cotação: * * *

A união de Ana Carolina com Seu Jorge em 2005 acenou para as massas, dando a visibilidade que Jorge até então não tinha como cantor e compositor e amplificando a popularidade da música de Ana. Derivada do show acústico calcado nas vozes e nos violões dos artistas, a gravação da música É isso aí - versão em português (escrita pela própria Ana Carolina) que diluiu a densidade da canção mais sublime do compositor irlandês Damien Rice, The blower's daughter (2002) - cumpriu a função de gerar megahit para a dupla intitulada Ana & Jorge. O sucesso foi tanto que, desde então, Ana Carolina se debate entre manter a ampla conexão popular ou desenvolver obra autoral de méritos indiscutíveis sem preocupações mercadológicas. Onze anos depois, a reunião de Ana & Jorge - em turnê nacional programada para percorrer as principais capitais do Brasil entre abril e junho deste ano de 2016 e para gerar gravação ao vivo a ser editada em CD e DVD em parceria bissexta das gravadoras Sony Music (à qual o selo de Ana, Armazém, está vinculado) e Universal Music (que tem Jorge no elenco) - tem o claro objetivo de reacender a chama do sucesso de massa. A música inédita que anuncia a turnê - Mais uma vez (Nós dois), disponível para audição no site oficial da dupla - também acena para as massas, jogando a dupla na pista do pop mais popular. A batida eletrônica é trivial, mas a melodia e a levada são grudentas, típicas das boas músicas produzidas em escala industrial. A associação de compositores de universos distintos - de um lado, Ana e Dudu Falcão, dois hábeis artesãos de baladas pop românticas. De outro, Gabriel Moura, Leandro Fab e Pretinho da Serrinha, habituais colaboradores de Jorge na criação de samba pop - gerou música com breve discurso de rap (dito por Seu Jorge) e jeito de hit cantado a plenos pulmões por grandes plateias. Música animada que sinaliza o clima de show que certamente vai jogar para a galera das baladas que movimenta a indústria da música no Brasil de hoje. Mais uma vez (Nós dois) tem tom festivo que se afina com o sentimento do público que já anseia por (re)ver Ana & Jorge em cena. É música sem alma, como tantas produzidas em esquemática linha de montagem. Mas é, sim, uma música eficiente dentro da proposta.  A missão - tão musical quanto comercial - foi bem cumprida.

23 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ A união de Ana Carolina com Seu Jorge em 2005 acenou para as massas, dando a visibilidade que Jorge até então não tinha como cantor e compositor e amplificando a popularidade da música de Ana. Derivada do show acústico calcado nas vozes e nos violões dos artistas, a gravação da música É isso aí - versão em português (escrita pela própria Ana Carolina) que diluiu a densidade da canção mais sublime do compositor irlandês Damien Rice, The blower's daughter (2002) - cumpriu a função de gerar megahit para a dupla intitulada Ana & Jorge. O sucesso foi tanto que, desde então, Ana Carolina se debate entre manter a ampla conexão popular ou desenvolver obra autoral de méritos indiscutíveis sem preocupações mercadológicas. Onze anos depois, a reunião de Ana & Jorge - em turnê nacional programada para percorrer as principais capitais do Brasil entre abril e junho deste ano de 2016 e para gerar gravação ao vivo a ser editada em CD e DVD em parceria bissexta das gravadoras Sony Music (à qual o selo de Ana, Armazém, está vinculado) e Universal Music (que tem Jorge no elenco) - tem o claro objetivo de reacender a chama do sucesso de massa. A música inédita que anuncia a turnê - Mais uma vez (Nós dois), disponível para audição no site oficial da dupla - também acena para as massas, jogando a dupla na pista do pop mais popular. A batida eletrônica é trivial, mas a melodia e a levada são grudentas, típicas das boas músicas produzidas em escala industrial. A associação de compositores de universos distintos - de um lado, Ana e Dudu Falcão, hábeis artesãos de baladas pop românticas. De outro, Gabriel Moura, Leandro Fab e Pretinho da Serrinha, habituais colaboradores de Jorge na criação de samba pop - gerou música com notória capacidade para se tornar hit. Música animada que sinaliza o clima de show que certamente vai jogar para a galera das baladas que movimenta a indústria da música no Brasil de hoje. Mais uma vez (Nós dois) tem tom festivo que se afina com o sentimento do público que já anseia por (re)ver Ana & Jorge em cena. A missão - tão musical quanto comercial - foi cumprida...

Marcelo disse...

Bons tempos qdo nossos artistas vinham "as paradas de sucesso" naturalmente. Sem armações e coisas fabricadas pra vender e grudar em nossas mentes. Que cenário triste! Mas...se há quem goste ...tá tudo bem!!

Estalactites hemorrágicas disse...

Para quem gosta, bom presente de páscoa.
Prefiro chocolate


Ricardo Sérgio

Rhenan Soares disse...

A música é muito boa. Pra festa, pra comemorar, pra trazer boas energias e pra dançar! Não gosto dos vocais no fundo da faixa, mas quando assumidos pelo público será oportuno.

Sobre o "Ana&Jorge" inicial, bem, foi incrível e muito além da música. As pessoas precisam parar de esperar somente música de um espetáculo. Aquilo foi definitivo. Colocou vários fatos políticos na boca do povo, trouxe pensamentos sofisticados e facilitados, cutucou feridas ainda expostas. E, diferentemente do que a crítica resmungou à época, o roteiro apontava a boa música popular do Brasil. Eu garanto que teve mais gente ouvindo Chico, Djavan, Tom Zé, nossos sambistas... Esse deboche é um equívoco e uma injustiça. Um trabalho honesto, reverenciando a nossa arte e os nossos valores, levando a música brasileira a um alcance inquestionável e formando público para isso. Grande coisa ficar pensando em interpretações sublimes e desempenho irretocável. Vocês não estão entendo nada.

Leonardo Ribeiro - Personal Dancer - BH disse...

Ótima resenha, Mauro! Eu apenas daria uma estrelinha a mais. rs
****

Coisas do Sertão disse...

Emanuel Andrade


Inegável que os dois são grandes cantores-compositores. Mas o primeiro disco acho um saco. Exceção pra Tanta Saudade. Ana Carolina esta qual arroz de festa em todo canto todo ano vários projetos. Não amadurece um e engata outros. Quer ficar bilionária? O modelo voz e violão pra mim é um saco até mesmo com os monstros da MPB. Vide o ulitmo enrolação de Fagner e Ramalho. A exceção é pra João Bosco, Gil, Geraldo Azevedo e Djavan, ou seja, quem sabe mesmo tocar Violão mesmo e demais.

Marcelo disse...

João Bosco com um violão....a sensação que se tem é de uma banda toda no palco. O cara é fera!! E tem cantado muuuuito!!

Rafael disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Unknown disse...

Já há data de gravação, Mauro? Outra coisa, o show será apenas com os dois no palco ou terá a participação do DJ Mikael Mutti?

Victor Moraes, disse...

"É isso aí" foi uma lástima, um ponto ruim, uma tristeza aos meus ouvidos. Tô pensando em algum adjetivo que não faça meu comentário ser excluído, por isso não consigo descrever bem o meu desgosto.
O DVD era muito bom e foi uma febre. Pra casa de quem eu fosse estava lá tocando. Só essa música "é isso aí" eu pedia pra passar, mudar, calar a boca quem tivesse cantando...
Poucas vezes na vida eu vi alguém conseguir destruir tanto a beleza da música original como essa. E não entendi como fez sucesso.
Até hoje me dá angústia lembrar dessa música. Que versão de mau gosto. Ana às vezes consegue soar tão amadora nas suas composições, tão iniciante fazendo um rascunho pra aula de redação da escola primária, tipo aquela do "tomei um tiro no vidro do meu carro, é a pobreza tirando o seu sarro"...pobreza era essa letra. Se fosse eu o compositor iam me arremessar um monte de tomate na cara.

PRONTO. Desabafei todo meu desgosto com a versão de "é isso aí" e umas letras ruins da Ana e já posso ir ao foco: a música nova.
Não sei se é radiofônica, sucesso, pop, chiclete, grudenta, taylor swift... Mas fato é que o single não tem a alma daquele primeiro encontro de Ana e Jorge ainda. Talvez pela pretensão de fazer algo de sucesso que, no fim, acaba tirando a química que o outro registro outrora tinha.
Mas acredito na possibilidade da gravação ao vivo vingar. Era bom mesmo. Espero que só que "é isso aí", "tomei um tiro no vidro" e "ela rebola rebola rebola, ela quer dólar" fiquem de fora do Setlist.

Rafael disse...

Pena que esse encontro está sendo feito apenas para gerar um novo lucro para os cantores em questão e para a gravadora envolvida... Nesse meio todo, acaba-se perdendo a qualidade...

Rafael disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Victor, descordo sobre a música "Notícias Populares" É uma das melhores composições dela.

Unknown disse...

Acho que o single não precisa ter a alma do primeiro encontro porque este é um ciclo encerrado. Ele precisa anunciar o que está por vir, e não tentar repetir o clima do show antigo. Fato que 'É isso aí' estará no novo show, afinal foi a música mais conhecida da dupla.

Mauro Ferreira disse...

Victor, não há data de gravação anunciada ainda. Quem está bancando que vai haver gravação sou eu. Pelo que sei, o show vai ter Mikael Mutti e outros músicos, além de Ana & Jorge. Abs, MauroF

Victor Moraes, disse...

Concordo quando dizem que o novo encontro não precisa repetir a fórmula/a alma do primeiro. Mas achei o single meio sem alma, na verdade. Não parece nem que os dois se encontraram no estúdio. Eles tem um algo a mais ao vivo e com algum arranjo mais cru.

Cristiano, eu não gosto mesmo. E já disse isso pra fãs, tem umas letras dela que são realmente ótimas e outras que eu acho que só tocam porque é assinada por ela. Uma fã até admitiu pra mim que iria odiar a música quando eu questionei o que ela faria se eu ou qualquer outra pessoa estranha fizesse aquela letra.

Mauro, acho que o mais provável é ter o registro, nem que seja um "multishow" da vida. Não precisam nem confirmar, rsrs. A demora deve ser só duas gravadoras se decidirem com o "dividendos". Acredito eu.

Rhenan Soares disse...

Há dez anos (quase onze) eu vejo gente dizer que o "Notícias populares" é "rascunho de música". Creio que xinguei o autor da expressão suficientemente, na época do lançamento do disco. Mas ainda acredito que a opinião se deu muito mais pelo fato de a faixa -- juntamente com "Nega marrenta" -- ter ficado de fora da edição do CD "Ana&Jorge". Entretanto, como vimos depois, as canções estavam reservadas para o álbum "Dois quartos". Sou suspeito, mas a música não é ruim coisa nenhuma. Outra bobagem que ficou. A letra é ótima, a melodia toda certinha e um assunto pertinente. É um insulto ao bom senso dizer que essa música é ruim. O que sempre aconteceu foi uma má interpretação. Ana resolveu colocar a música no roteiro de um show despretensioso e cantou, ali, ao vilão, numa boa, pra falar do assunto, porque sentiu necessidade. O arranjo no registro do "Dois Quartos" é excelente. A música é ótima.

Mesma coisa com "É isso aí". Eu não consigo acreditar que um sujeito como o Arthur Xexéo conseguiu a proeza de consagrar uma opinião tão insignificante. Até hoje vejo gente ~ entendida ~ falar mal da música e o argumento é sempre o bendito do vendedor de flores que ensina os filhos a escolher os amores. Mais uma vez, nada de errado. Outro equívoco de que a Ana é vítima. Quem não consegue perceber a poesia desses versos sequer merece réplica. Tem gente que nunca ouviu a gravação do gringo lá (dane-se o original)! Não é uma tradução, é versão / adaptação. O dicionário difere (recomendo ir atrás). Ruim é versão da Zélia, infelizmente. Porque além de também não ser nada próxima de uma tradução, é nitidamente mais fácil, e por isso de menor importância. Que diabos é "então me diz / faz frio agora / a musa inglória partiu / negando o seu papel"? A melodia das palavras não cabem na melodia da música! Não consigo nem ouvir o negócio. Dói. Ana foi ótima. E alcançou multidões porque sabe se retirar das canções e deixar apenas os sentimentos, que são comum a todos, afinal. Mas o legal é chamar a Ana de brega e a Zélia de cult, né... No mais, sempre achei essas críticas ao "É isso aí" mais um episódio da nossa síndrome de vira-latas.

Ney Sandim disse...

A que ponto chegamos. Ana e Jorge pensando apenas no vil metal. Essa música é uma mistura de David Guetta com Luan Santana. Parei!

Daniel disse...

Adorei a musica, é pop, é simples, não é uma obra de arte, mas tem alma. Ha tempos a Ana nao lanca algo que me cativa assim de cara, que gruda, mas comove de alguma forma.

Estalactites hemorrágicas disse...

Gente, metralhadora giratória essa música, atirando-se para tudo que é lado, uma mistura de Paulina Rubio, Pop americano, Criolo & Ivete, Vanessa da Matta, Sambalanço, só faltou sofrência, mas essa vai rolar se eles cometerem um clipe com pessoas dançando em segundo plano numa dessas boates da Men de Sá.

Ricardo Albuquerque


Victor Lobo disse...

É i$$o aí? mais uma vez?

A Ana Carolina conseguiu fazer uma canção ainda pior que as do último disco. É fake demais a obra, e isso fica cada vez mais explícito.

Acredito que até os imbatíveis fãs da Ana ficarão na sinuca de bico com essa música. Pelo menos os mais antigos.

Será que eles vão bater as 500.000 cópias do último lançamento e alcançar ainda maior notoriedade?

Sem essência não acredito que vale a pena.


Marcelo disse...

Ana Carolina é a Ivete Sangalo da MPB. Ambas trabalham na superfície. Tem público pra isso. Basta dar uma olhada nas vendas e nos shows bastante disputados. $$ é o maior objetivo. Reflexo do mercado atual. Certo? Errado? Nem uma coisa nem outra...é assim, apenas!

ADEMAR AMANCIO disse...

"Eu não sei parar de te olhar"... Lindo.
Se toda música radiofônica fosse como esta o Brasil seria um País de primeiríssimo mundo.