Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 2 de junho de 2015

Voz de Thais Macedo ganha calor em 'Borogodó', EP calcado em samba pop

Resenha de CD
Título: Borogodó
Artista: Thais Macedo
Gravadora: Edição independente da artista
Cotação: * * * 

Com o declínio do lacrimejante pagode romântico nas paradas, um outro gênero de samba - de pegada mais pop e linguagem mais jovial - vem ganhando espaço no mercado fonográfico e as vozes de cantores como Diogo Nogueira. Cantora fluminense que tentou entrar na roda em 2011 com um primeiro álbum pautado por samba mais tradicional, O dengo que a nega tem (Independente, 2011), Thais Macedo adere a esse samba pop em Borogodó, EP produzido por Wilson Prateado com sete músicas. Lançado hoje, 2 de junho de 2015, Borogodó é o segundo disco da artista, já que seu arquitetado segundo álbum - Batuqueria, idealizado para ser produzido por Muri Costa - não chegou efetivamente a ser lançado no mercado fonográfico. Borogodó pode até desagradar os puristas do sambas, mas o fato é que o canto de Thais - que soou comum no primeiro disco - ganha calor e vida neste EP, mais coeso do que o titubeante álbum de 2011. A música-título Borogodó (Dênio Braga e Orlando Emmerich) sobressai no repertório e mostra o dengo que a nega tem na voz. De todo modo, para efeitos mercadológicos, sambas como A seu critério (Pretinho da Serrinha, Leandro Fab e Gabriel Moura) estão mais em sintonia com o que público quer ouvir pelo tom coloquial e jovem das letras. Nesse sentido, quem gostou do tom de Samba meu (Warner Music, 2007) - o primeiro álbum de samba da cantora paulistana Maria Rita - vai se identificar com a levada de Meu nêgo, parceria do produtor Wilson Prateado com Luiz Cláudio Picolé. Com mais atitude, Thais vai para gandaia e roda a baiana em Se é pra fazer, faz direito (Marcelinho Moreira, Fred Camacho e Cassiano Andrade), outro destaque do repertório. Já Amor sem fim (Xande de Pilares e Juliana Diniz) flerta com a trivialidade do pagode romântico, mas sem chororô. Na sequência do EP, Hoje, só nós dois (Marcelinho Moreira, Fred Camacho e Cassiano Andrade) também bate com leveza na tecla amorosa. É uma espécie de Tô voltando (Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, 1979) dos novos tempos afetivos sem o peso da questão política. Por fim, há a única música que parece deslocada no disco. Além de a canção em si já estar exaurida diante de sucessivas abordagens, a regravação da balada Paciência (Lenine e Dudu Falcão, 1999) - pontuada pela gaita de Marcelo Braga - fecha o EP em anticlímax, sem o borogodó que pauta este segundo caloroso disco de Thais Macedo. Até porque Borodogó é disco de uma cantora impaciente para se fazer ouvir neste populoso país de cantoras e, como tal, se recusa a fazer hora.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Com o declínio do lacrimejante pagode romântico nas paradas, um outro gênero de samba - de pegada mais pop e linguagem mais jovial - vem ganhando espaço no mercado fonográfico e as vozes de cantores como Diogo Nogueira. Cantora fluminense que tentou entrar na roda em 2011 com um primeiro álbum pautado por samba mais tradicional, O dengo que a nega tem (Independente, 2011), Thais Macedo adere a esse samba pop em Borogodó, EP produzido por Wilson Prateado com sete músicas. Lançado hoje, 2 de junho de 2015, Borogodó é o segundo disco da artista, já que seu arquitetado segundo álbum - Batuqueria, idealizado para ser produzido por Muri Costa - não chegou efetivamente a ser lançado no mercado fonográfico. Borogodó pode até desagradar os puristas do sambas, mas o fato é que o canto de Thais - que soou comum no primeiro disco - ganha calor e vida neste EP, mais coeso do que o titubeante álbum de 2011. A música-título Borogodó (Dênio Braga e Orlando Emmerich) sobressai no repertório e mostra o dengo que a nega tem na voz. De todo modo, para efeitos mercadológicos, sambas como A seu critério (Pretinho da Serrinha, Leandro Fab e Gabriel Moura) estão mais em sintonia com o que público quer ouvir pelo tom coloquial e jovem das letras. Nesse sentido, quem gostou do tom de Samba meu (Warner Music, 2007) - o primeiro álbum de samba da cantora paulistana Maria Rita - vai se identificar com a levada de Meu nêgo, parceria do produtor Wilson Prateado com Luiz Cláudio Picolé. Com mais atitude, Thais vai para gandaia e roda a baiana em Se é pra fazer, faz direito (Marcelinho Moreira, Fred Camacho e Cassiano Andrade), outro destaque do repertório. Já Amor sem fim (Xande de Pilares e Juliana Diniz) flerta com a trivialidade do pagode romântico, mas sem chororô. Na sequência do EP, Hoje, só nós dois (Marcelinho Moreira, Fred Camacho e Cassiano Andrade) também bate com leveza na tecla amorosa. É uma espécie de Tô voltando (Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, 1979) dos novos tempos afetivos sem o peso da questão política. Por fim, há a única música que parece deslocada no disco. Além de a canção em si já estar exaurida diante de sucessivas abordagens, a regravação da balada Paciência (Lenine e Dudu Falcão, 1999) - pontuada pela gaita de Marcelo Braga - fecha o EP em anticlímax, sem o borogodó que pauta este segundo caloroso disco de Thais Macedo. Até porque Borodogó é disco de uma cantora impaciente para se fazer ouvir neste populoso país de cantoras e, como tal, se recusa a fazer hora.

Rafael disse...

Mauro, por gentileza, poderia informar a ordem correta das faixas? Quais são as faixas 1,2 e assim por diante. Não consigo encontrar essa informação em lugar algum.

Rafael disse...

Mauro, sei que seu tempo é corrido e mais, MAS POR FAVOR, RESPONDA ao pedido que lhe fiz na mensagem acima... É muito importante para mim...