Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


segunda-feira, 5 de março de 2012

Vulnerável, Sinéad se redime em 'How About I Be me (And You Be You)?

Resenha de CD
Título: How About I Be me (And You Be You)?
Artista: Sinéad O'Connor
Gravadora: One Little Indian / Lab 344
Cotação: * * * 1/2

“I don’t want to waste the life God gave me / And I don’t think that it’s too late to save me”, reflete Sinéad O'Connor na pele da personagem junkie perfilada em versos da balada Reason With me, uma das músicas mais bonitas de seu nono álbum de inéditas, How About I Be me (And You Be You)?, nas lojas do Brasil neste mês de março de 2012 em edição do selo Lab 344. Sim, a cantora e compositora irlandesa parece acreditar sinceramente que não é tarde demais para se salvar e sair vitoriosa na luta contra seus próprios demônios. Sinéad tem desperdiçado parte de sua vida às voltas com remédios, tentativas de suicídio e protestos contra a Igreja Católica. Tal desequilíbrio resultou numa (forte) vulnerabilidade que a artista expõe sem pudores em faixas como Very Far From Home. "I always was crazy", admite em verso expansivo de I Had a Baby, canção feita com a inspiração que escasseia em outra balada do CD, Back Where You Belong. Em essência, Sinéad busca sua redenção neste primeiro álbum de inéditas em cinco anos. Se o duplo Theology (2007) vinha revestido de espiritualidade, How About I Be me (And You Be You)? expõe um ser humano de carne e osso. Um ser inquieto que toca na ferida católica dos abusos sexuais em Take Off Your Shoes  e que alfineta a era das celebridades no discurso seco, direto e contundente de V.I.P., ótima faixa minimalista, eleita estrategicamente para encerrar este disco que faz Sinéad descer dos céus para repor seus pés na mundana terra, musicalmente evocada no álbum pela pegada de pop rock que sustenta Old Lady. Com faixa folk de tom regionalista (4th and Vine) e belo cover de John Grant (Queen of Denmark), How About I Be me (And You Be You)?  é CD coerente de artista controvertida que exprime honestidade rara no universo pop. Sinéad O' Connor se redime por sua música sincera.

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

“I don’t want to waste the life God gave me / And I don’t think that it’s too late to save me”, reflete Sinéad O'Connor na pele da personagem junkie perfilada em versos da balada Reason of me, uma das músicas mais bonitas de seu nono álbum de inéditas, How About I Be me (And You Be You)?, nas lojas do Brasil neste mês de março de 2012 em edição do selo Lab 344. Sim, a cantora e compositora irlandesa parece acreditar sinceramente que não é tarde demais para se salvar e sair vitoriosa na luta contra seus próprios demônios. Sinéad tem desperdiçado parte de sua vida às voltas com remédios, tentativas de suicídio e protestos contra a Igreja Católica. Tal desequilíbrio resultou numa (forte) vulnerabilidade que a artista expõe sem pudores em faixas como Very Far From Home. "I always was crazy", admite em verso expansivo de I Had a Baby, canção feita com a inspiração que escasseia em outra balada do CD, Back Where You Belong. Em essência, Sinéad busca sua redenção neste primeiro álbum de inéditas em cinco anos. Se o duplo Theology (2007) vinha revestido de espiritualidade, How About I Be me (And You Be You)? expõe um ser humano de carne e osso. Um ser inquieto que toca na ferida católica dos abusos sexuais em Take Off Your Shoes e que alfineta a era das celebridades no discurso seco, direto e contundente de V.I.P., ótima faixa minimalista, eleita estrategicamente para encerrar este disco que faz Sinéad descer dos céus para repor seus pés na mundana terra, musicalmente evocada no álbum pela pegada de pop rock que sustenta Old Lady. Com faixa folk de tom regionalista (4th and Vine) e belo cover de John Grant (Queen of Denmark), How About I Be me (And You Be You)? é CD coerente de artista controvertida que exprime honestidade rara no universo pop. Sinéad O' Connor se redime por sua música sincera.

Unknown disse...

é realmente muito satisfatório ver artistas tão singulares como Sinead em plena forma,se reinventando...
Back Where You Belong torna claro toda a criatividade e beleza da voz de Sinead...
Belíssimo post e parabéns pela qualidade do blog!

Rafael disse...

Ainda não consigo entender porque raios a gravadora inventou de colocar essa capa em cima da capa original, que é uma pintura feita pela própria Sinead... Vai entender...

José Alves disse...

Sinéad O´Connor esbanja talento e força neste álbum, o qual não paro de ouvir. É para os fortes. Uma das maiores artistas vivas do nosso tempo - sem dúvida! Parabéns pelo post.

Tiago Ferreira da Silva disse...

Mauro,

Só uma pequena correção: o nome da segunda faixa do disco é "Reason With Me", e não "Reason of Me", como você colocou.

Abraço!

Tiago Ferreira da Silva disse...

Mauro,

O nome correto da segunda faixa do disco é "Reason With Me", e não "Reason of Me", como você colocou.

Abraço,
Tiago

Mauro Ferreira disse...

Grato pela correção, Tiago. Abs, MauroF